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História Immutationes - Sangue Metamorfo - Garoto encrenca


Escrita por: DonaIzzy

Notas do Autor


Como no capítulo anterior, coloquei um desenho para representar um dos personagens. Esse ai é o Cam Slander **♡**

Capítulo 2 - Garoto encrenca


Fanfic / Fanfiction Immutationes - Sangue Metamorfo - Garoto encrenca

Alexia e sua amiga, Mariana Condell, me guiaram pelos corredores movimentados até o refeitório. Era barulhento, movimentado e tinha cheiro de batatas fritas queimadas.

O refeitório era como um grande pátio cheio de mesas e cadeiras com barracas de comida ladeando as colunas laterais. Todos os alunos da escola estavam aqui, então nós demoramos um pouco para achar uma mesa vaga. Olhei para fora, o gramado que rodeia o refeitório, e vi mais alunos sentados embaixo da sombra de algumas árvores, comendo ao ar livre.

Alexia se encarregou de comprar os lanches e sobrara somente eu e Mariana na mesa. Depois de alguns segundos desconfortáveis, ela chama dois jovens para se sentar conosco.

- Oi, Mary! – A menina cumprimenta a colega animadamente. Ela tinha os cabelos negros com algumas mechas azuis e usava um batom forte. – E você seria...

- Essa é a Samantha, a aluna nova. – Mariana nos apresentou rapidamente.

- Prazer, Samantha. – Ela disse. – Eu sou Hanna Felmans e este é o meu irmão, Kylie Felmans.

O garoto tirou o pirulito da boca e sorriu para mim.

- Prazer em conhecer, Sam. Posso te chamar de Sam, não é? – Ele perguntou, carismático.

- Claro. – Sorri.

- Mas então, me conte mais sobre você. – Hanna pediu enquanto se sentava ao meu lado. - O que está achando de Farley?

- Eu sou de... – Comecei a falar quando desviei os olhos por um segundo para ver Alexia vindo em nossa direção, as mãos cheias de lanches.

Um rapaz alto e usando uma jaqueta jeans esbarrou em Alexia, fazendo com que ela derrubasse tudo o que tinha nas mãos. Esperei que ele parasse e a ajudasse, mas ele apenas se virou e falou:

- Olha por onde anda, sua desastrada.

Era o garoto encrenca.

Fui até Alexia e a ajudei a pegar todas as embalagens de salgadinhos do chão.

- Babaca mal educado! – Disse, alto o suficiente para que ele ouça.

Ele se virou para mim e perguntou:

- O que foi que você disse?

- Babaca mal educado. - Repeti lentamente, como se ele fosse algum tipo de retardado.

Eu conseguia reconhecer um valentão metido quando via um. Detestava o modo como tentavam colocar todos para baixo e como ninguém se levantava para desafiá-los. Eu imaginei que esbarraria em um com o tempo, porque as escolas são cheias de estereótipos. Sempre vai ter a garota popular que todos odeiam, a que é ridicularizada por todo mundo, o astro da escola, o galã-galinha, o nerd, o valentão e assim segue a lista enorme de estereótipos. Lembrei-me de que eu sempre tentei NÃO ser um estereótipo, que eu sempre tentei ser diferente, mas lembrei que só havia funcionado por um tempo. Agora eu achava que estamos todos fadados a nos tornarmos cópias do que tentávamos fugir.

Encarei o garoto encrenca por um tempo, irritada pelo fato dele não ter se manifestado e de me encarar de volta. Minha visão se desfocou um pouco, o que sempre acontecia quando eu ficava muito irritada, muito feliz, muito triste ou qualquer coisa que fosse muito. Geralmente acontecia antes de uma briga, quando eu ficava à flor da pele com os insultos e xingamentos. O garoto encrenca continuou me encarando, a perfeita imagem do desdém, até que precisei piscar por conta da luz que ofuscou minha visão. Quando voltei a encará-lo no que parecia um jogo eterno para ver quem desviava o olhar primeiro, vi-o arregalar os olhos brevemente.

- Tsc, tsc, tsc. Mais respeito, mocinha. - Ele sorriu, se virou e foi embora.

Fiquei confusa e olhri para Mariana, mas ela apenas negou com a cabeça, também não tendo entendido nada.

- Quem era esse? – Perguntei enquanto íamos para a mesa.

- Cam Slander, o badboy da escola. – Hanna respondeu por todos. Ela retorceu a boca. – Parece odiar todo mundo, o que acho que é aquele típico caso de "preciso de atenção". Um desperdício de beleza, se quer saber.

- Realmente. – Mariana concordou. – E aquela bunda? Se ele fosse apenas um pouquinho mais sociável... Eu pegaria.

Kylie pigarreou e as meninas riram.

Assunto foi e venho, mas o garoto encrenca não saiu da minha cabeça.

***

Um grilo cricrilava em algum lugar na casa e meus pais conversavam sobre algum vizinho que conheceram hoje e o que eles poderiam fazer com o quintal. Steven Spielberg era um homem robusto de quarenta e três anos, muito bem conservado e com a força de um touro. Seus cabelos eram castanhos e seus olhos, de um verde diluído. Mamãe, Sara Spielberg, tinha trinta e oito anos e também estava em forma. Tinha cabelos também castanhos, só que mais escuros, olhos completamente negros e um sorriso arrebatador.
Eu comia em silêncio, observando os dois. Era engraçado como interagiam. Mamãe sorrindo a cada frase dita pelo meu pai, balançando o cabelo e batendo os cílios, como um casal de namorados. Papai falava gesticulando, sempre tocando de leve no ombro da minha mãe. Deixei escapar uma risada, chamando a atenção dos meus progenitores. Tossi para disfarçar e limpei a boca com as costas da mão.

- E como foi a escola, Sam? - Meu pai me perguntou.

- Foi bem legal.

- Algum amigo novo? - Minha mãe emendou.

- Talvez. - Sorri um pouco ao pensar em Alexia, Mariana e os irmãos Felmans. - As pessoas de lá são legais, na verdade. Até os professores, o que é estranho.

- Que bom. - Papai disse. Ele bebeu um pouco de suco e voltou a falar. - Eu vi que alguns garotos das redondezas vão pra a escola de moto, então eu falei com o senhor Condell e ele me disse que a polícia não implica se você não procurar encrenca, se é que me entendem.

- Espere, como assim? - Perguntei, afobada. Muitas ideias me vieram à mente, mas não supus nada em voz alta.

- O senhor Condell tem um filho um pouco mais velho que mexe com motos. Fizemos um negócio e agora temos uma moto um pouco acabada. - Ele continuou como se eu não tivesse falado nada. - Ainda não falei com o garoto, mais o pai dele diz que ele não cobra muito caro para dar um jeito naquela "duas rodas".

- Você não está querendo que Samantha ande de moto por aí, não é? - Minha mãe perguntou, incrédula. O instinto superprotetor sobrepondo sua expressão amável.

- É mais fácil para ela se locomover, querida. Tanto para ir à cidade quanto para ir à escola.

- Mas moto é um dos meios de transporte mais perigosos do mundo! Ela pode se machucar!

- Ei! - Me meti na conversa. - Isso é sobre mim, o.k.? E mãe, eu sei me cuidar. Já andei de moto antes, lembra?

- E você sabe no que deu. - Ela fez uma careta. Copiei seu gesto.

- Eu vou ter mais cuidado agora. - Eu prometi. - E papai está certo. Não vai ter como ele me deixar na escola todos os dias. Vai ser bem melhor assim. - Tentei manter a animação fora da minha voz, para que eles não mudassem de ideia ou algo do tipo. Quer dizer, ninguém entendia os pais, então todo movimento era arriscado.

Voltar a andar de moto seria incrível. E meu pai sugerir isso era uma prova de que ele estava voltando a confiar em mim de novo. Eu já conseguia imaginar o vento batendo em meu rosto e a adrenalina aumentando a cada curva. Um pequeno sorriso despontou nos meus lábios.

- Acorde cedo amanhã para nós irmos ver essa moto. - Meu pai disse, dando o assunto por encerrado enquanto se levantava para levar o prato à pia.

- Certo.

Terminei de comer e fui ao meu quarto. Troquei de roupa e me joguei no colchão no chão, embaixo da janela. Olhei para as estrelas novamente e confirmei o que eu já sabia. Elas ainda estavam lá. Elas sempre estariam lá.

Pensei, meio sonolenta, que essa nova vida estava sendo muito boa até agora. Aquela reputação ruim não me acompanhou e eu podia recomeçar do zero agora, fazendo as escolhas certas dessa vez. Repeti isso várias vezes enquanto adormecia.

Fazer as escolhas certas.



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