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História Impasse - Tudo Me Leva Pra Você


Escrita por: DanyStan

Notas do Autor


Hey, meus queridos, aqui estou com mais um novo capitulo para vocês!
E pra quem estava com saudades do Zayn, o capitulo de hoje é no ponto de vista dele.
Espero que gostem!
Boa leitura :)

Capítulo 16 - Tudo Me Leva Pra Você


Fanfic / Fanfiction Impasse - Tudo Me Leva Pra Você

Zayn Malik POV’s

— Querido, vem pra cá. Está frio aí fora. — a garota gemeu rolando na cama, se virando em minha direção. Sorri fraco e voltei o olhar para a noite chuvosa.

Bastava uma foda sem graça para que Gemma voltasse a me chamar de “Querido” com os olhos transbordando de adoração. Não importa o quanto tente, sou incapaz de sentir algo por ela. Somos incompativeis, não adianta, amá-la está fora de cogitação embora me casar com ela faça parte dos meus planos.

Gemma é uma patricinha estupida e submissa, o tipo certo para homens como eu. Que não querem ter de se preocupar com uma mulher temperamental a sua espera quando chegasse em casa.

O que com certeza seria o caso de Rebecca.

Ah, Rebecca. Quase me esqueci dela.

Respiro profundamente, sentindo a garoa fina molhando minha pele, estou usando apenas uma boxer preta e meu corpo está totalmente exposto a rajada fria de vento que envolve a mansão. Mas eu gosto, ao menos me faz sentir algo. Diferente de Gemma, que só me dá dor de cabeça e tédio. Descanso a cabeça na parede da varanda, ouvindo a música longinqua do baile que acontece no andar debaixo.

Depois de minha briga com Rebecca permanecer ali era intragavel. Fiquei tão tomado pela furia que poderia acabar cometendo alguma estupidez, então atravessei o corredor e dei de cara com Gemma. Sem dizer nenhuma palavra a arrastei para meu quarto e em questão de minutos estava enterrando toda a minha raiva dentro dela. Não deu muito certo, continuo borbulhando de raiva.

Meus olhos estão cerrados quando sinto algo roçando os meus lábios. Puta que pariu, sai de perto, Gemma! Assim que abro a boca para falar, algo invade minha boca e prendo o maço grosso de baseado entre os meus dentes.

— Quem sabe isso ajuda a melhorar o seu mau humor. — brinca, correndo os dedos finos por minha barba. O arranco rapidamente de minha boca, virando o rosto para todos os lados, me certificando de que não há ninguém nas janelas ou na sacada ao lado. O quarto de Harry. Ele não está por perto, ninguém está.

— Está louca? Se o seu pai....

Gemma ri, me deixando ainda mais irritadiço.

— Para com isso, Zayn. Já está meio grandinho pra ter medo do papai.

— Eu não tenho medo de ninguém. — resmungo, levando o baseado até meus lábios, tragando e soltando a fumaça lentamente pela boca. Me deliciando com a paz que aquilo me proporcionava, não que eu fosse um viciado, mas era algo que servia pra me acalmar em momentos de muito estresse. Há uns quatro anos, quando Harry teve uma overdose de cocaina na garagem, qualquer tipo de drogas ou bebidas alcoolicas foram proibidas na casa. Apenas o champagne era liberado nas festas. Sendo assim, se Desmond sequer suspeitasse de que alguém estava fumando maconha debaixo do seu teto veriamos a terceira guerra mundial.

Eu não tenho medo dele, apenas preciso dele. E sim, eu também o respeito como um pai. Sua vontade é lei pra mim.

— O que acha da Rebecca? — Gem me arranca de meus devaneios e eu viro o rosto para ela.

Uma maluca pouco confiavel, penso, descendo os olhos pelo corpo de minha prima, ela está vestindo aquele mesmo hobby que deixou em meu apartamento certa vez e Rebecca o usou. Examinei seu corpo com curvas discretas, subi até seu rosto pálido, com os cabelos loiros desgrenhados e os olhos castanhos repletos de curiosidade. Estranho, ela não parece com Harry, Anne ou Desmond. Não parece com ninguém.

Franzo o cenho, concluindo que por mais bonita que Gemma seja ela não chega aos pés de Rebecca. Sim, ela é uma maluca pouco confiavel, mas é a mulher que eu amo. Não de um jeito convencional e saudavel, mas sim, eu a amo e é isso que importa. Que se foda o respeito, carinho e romantismo, eu mato quantos homens forem precisos por ela.

Melhor ainda se Harry estiver incluido nessa lista.

— Normal, não a conheço muito bem. — dou de ombros e Gemma rouba meu baseado levando até sua boca.

— Ela parece ser legal, não é nenhuma dama, porém eu acho que o Hazza gosta dela. Ele me pediu pra ser legal com ela. — expeliu a fumaça, encarando os carros que começavam a deixar o pátio da mansão. Enfim estavam indo embora — Apesar de ainda não a ter desculpado por me chamar de gorda.

Gorda? Foi por isso que Gemma apostou tanto em exercicios fisicos e dietas nas últimas semanas? Meu deus! Aquela mulher é incrivel. Nem me dei conta de que gargalhava escandalosamente quando Gemma virou os olhos arregalados de espanto.

— Está rindo de mim, Malik?

— Jamais! — menti descaradamente. Lhe dando as costas e voltando para o quarto. Comecei a vestir as calças e a procurar por minha camisa.

— A onde pensa que vai? — a loira me seguia. Como a garota grudenta que sempre foi.

— Pra minha casa.

— Essa é a sua casa, Zayn.

— Não essa é a casa da familia Styles. Por acaso eu tenho Styles no nome? Não. — retorqui ranzinza, terminando de abotoar a camisa social e calçar meus sapatos. Avistei meu blazer abandonado na poltrona, caminhei até ele, mas Gemma avançou me abraçando por trás.

— Você pode ter, se casar comigo pode ficar com o meu sobrenome. — disse estupidamente, com suas mãos amarrotando ainda mais minha camisa. Levei minhas mãos até as suas, as arrancando de meu corpo e segui até a poltrona.

— Eu não quero ser um Styles. Vou fazer meu nome no mundo dos negocios.

— Para com isso, Zayn! Por que tem de ser tão orgulhoso? Por que não pode ser como o Harry? Tenho certeza que se pedir ao papai... — começou, porém assim que me viu avançar até ela e agarrar seus ombros estreitos perdeu a voz.

— Eu não tenho vocação para ser um parasita como você e o seu irmão. — rosnei, cravando inconscientemente minhas unhas em sua pele, ela gemeu e eu a soltei de imediato — Perdão.

— Qual é o seu problema? Você não é assim! Desde que o Harry voltou você ficou estranho.

— Esquece, Gem. Hoje não foi o meu dia. Apenas esqueça o que eu disse e... — balancei o dedo no ar, indicando todo o epsodio — o que houve entre nós.

— Pensei que quisesse voltar comigo. — murmurou com os olhos começando a lacrimejar.

— Agora não, babe. — suspirei, me aproximando dela e acariciando seu rosto e depositando um beijo em sua testa — Quando eu conseguir tudo o que quero, prometo que será você quem desejará não ser uma Styles.

— Gemma Malik. — sussurrou, mordendo os lábios em cumplicidade. Ergui seu queixo e beijei o mesmo, assentindo.

— Exato, até lá, continue brincando com o Tomlinson, como eu pedi, amor. — Gem assentiu veemente e eu sorri satisfeito, seguindo em direção a porta.

Ajeitava o topete quando encontrei Desmond e Louis Tomlinson conversando animadamente em frente a escada. Era sempre um perigo quando aqueles dois estavam perto, diferente de Horan e Styles, Louis era a parte inteligente e astuta da sagrada trindade. Sendo assim, ele só podia estar derramando-se em elogios sobre o amigo e Desmond ficaria satisfeito ao pensar que Harry não era tão idiota quando todos nós sabemos que é.

— Senhores. — disse, me juntando a sua pequena discussão. Ambos sorriram educadamente e Tomlinson prosseguiu.

— É impressionante o quão grande é esse mercado. Deveriamos agradecer ao Harry, ele está levando o nome Styles a um novo patamar, na última semana recebi mais de duzentas ligações de investidores de todo o mundo querendo fazer parte do projeto. Incrivel. E Harry sabe comandar como ninguém, quem diria que ele desenvolveria tal espirito de liderança em tão pouco tempo.

— Foi o pulso firme do pai. — falava Desmond transbordando de orgulho de si mesmo. Ele é um gênio que fez fortuna do nada, mas infelizmente, assim como o filho era totalmente manipulavel e cedia facilmente ao ouvir meia duzia de palavras bonitas e manipulação é a especialidade de Louis.

Eu sempre o admirei por isso quando estava na vice-presidencia. Ele é o tipo de homem que você quer ter como aliado e nunca como inimigo. Esse era o próximo passo, fazer de Tomlinson um inimigo, não meu, mas de Harry.

Ele sorriu e em seus olhos azuis eu podia enxergar a irônia quase palpável.

— Com certeza, senhor. Seja como for, as negociações vão muito bem. Acabamos de entregar os últimos projetos e em poucos dias teremos a reunião final com os compradores. — disse Louis, olhando de soslaio para mim, procurando por alguma reação negativa. Não deixei transparecer nada. Louis sente o cheiro de medo, se ele suspeitar de algo. Estou fodido.

— Isso mesmo, tio. Voltei hoje e é impressionante a organização, todos respeitam e admiram Harry. É um lider nato que só trará orgulho e prestigio a familia.

Desmond deixou um sorriso ainda mais amplo tomar seu semblante e suspeitei de que a raiva de outrora de Harry tivesse se dissipado por completo.

— Meu menino se tornou um grande homem pelo que vejo, seus amigos o admiram. Otimo, e vou dar um voto de confiança à aquela garota como você sugeriu, Louis. — anunciou em alto e bom som, segurando meu ombro e o de Louis e os apertando — Conto com vocês, rapazes, para continuar o servindo bem. — meus olhos se encontraram com o de Louis. Assim como eu ele nutria certo desprezo pela arrogância latente do patriarca dos Styles. Ele nos via como degraus que só serviam para levar Harry ao topo.

— Claro, senhor. — respondemos em unissono e Des nos soltou.

— Bom, é melhor eu ir me despedir dos convidados. — disse, descendo as escadas, mas antes de prosseguir se virou para mim com um olhar severo — Não se esqueça da consulta, Zayn! — concordei e ele se afastou.

— Consulta? — indagou Louis.

— Ele quer que eu faça terapia. Acha que eu bati no Harry por ter tido algum tipo de surto psicotico.

— Desmond Styles e sua mania de mandar todos para a terapia ao invés de conversar. Deve ter sido muito dificil pra vocês crescer tendo alguém como ele como pai. — comentou com seu costumeiro sorriso sarcastico, o encarei balançando a cabeça em negação.

— Não, pior ainda foi ter Harry como “irmão.”

— Zayn, não implique com ele, tá legal? Enfim conseguiram fazer as pazes, não estrague tudo. — alertou.

Cruzei os braços, me aproximando um pouco mais dele.

— Não se preocupe, tudo o que quero nesse momento é viver em paz com o meu primo. Principalmente agora que ele está tão apaixonado. — fiz questão de dar ênfase a palavra e Louis revirou os olhos, como eu sabia que faria — Ele tem tempo para a namorada e o trabalho, incrivel, não acha? — Louis não respondeu — Ah, não, espere! Ele não tem tempo para o trabalho. Você é quem faz tudo, Tommo.

Louis ergueu os olhos atentos para mim.

— Cuidado!

— O que? Tem medo que alguém descubra que o verdadeiro presidente daquela empresa é você e o Harry não passa de fachada? Fique tranquilo, eu não vou falar nada pra ninguém. Eu te conheço há anos e sei bem como você. Fiel, até demais. — coçei o queixo, analisando cada movimento do menor a minha frente, ele não parecia muito orgulhoso de si — Ele te pediu pra fazer isso?

— O que? — se fez de desentendido e eu sorri ladino.

— Pra cuidar de tudo, enquanto ele brincava de CEO apaixonado?

Ele hesitou por alguns instantes.

— Ele é meu amigo, pediu a minha ajuda e eu não pude dizer não.

— Claro, mas eu sei que não aceitou por ser amigo dele. Você é como eu, Louis. Ambicioso. — murmurei, para que os próximos a nós não ouvissem — Se você se recussasse a ajudá-lo ele iria ferrar com você, sabe melhor do que qualquer um o gênio dificil que o pequeno Haz, não é? Se ouvisse um ‘não’ em menos de um segundo você estaria no meio da rua, com o nome arruinado e todas as portas sendo fechadas pra você.

Tomlinson sabia que era verdade. Harry não é mau, mas também não é a pessoa mais bondosa do mundo. Ele é caprichoso e cheio de vontades, se você não as cumpre ele não tem piedade e isso valia pra qualquer um.

Houve a vez em que Gemma não quis trocar de quarto com ele em uma viagem. Ele ficou tão aborrecido que sequestrou o gato da irmã e o escondeu em algum lugar. Não importava o quanto ela chorasse e implorasse pra ele dizer onde estava. Anne acabou por comprar outro, idêntico e Gemma acreditou ser o mesmo, mas Harry não se deixou abalar nem por um segundo com a dor da irmã e até hoje o bicho está desaparecido. Provavelmente morto.

Se ele fez isso por causa de um quarto que não ficaria nem por dois dias, imagine ter um pedido de ajuda recusado. Melhor nem imaginar.

— I-isso, não é verdade.

— É sim. É o que ele faz, usa as pessoas, ele vem fazendo isso conosco desde criança, Louis. — rebati e Louis ficou aborrecido porqu eu tenho toda a razão e seu coração sangra ao ter que admitir que o outro não é bem um santo.

— O que você quer, Malik? Você sabe melhor do que eu, que o Harry não serve pra essa vida de executivo, ele não é como nós. O dinheiro, sucesso e reconhecimento não importa pra ele. Eu sinceramente não sei o porquê dele ter voltado, talvez tenha sido apenas pra garantir que você não fique com a presidencia ou ele tenha o desejo de aprender o oficio. Sei lá, não é da minha conta. A única coisa que me diz respeito é a Ross e se isso inclui ter que mentir pro pai dele, dizendo que ele é otimo e tudo mais, que seja. O meu dever é não deixar ele arruinar tudo, só isso.

— Sabe que se fosse eu na presidência você seria o meu vice. — relembrei o observando assentir calmamente.

— Eu sei.

— Mas ao invés disso virou a babá do Styles. — provoquei aumentando o tom de voz, quando os velhotes que nos cercavam foram embora.

— Eu não sou babá de ninguém, Zayn.

— Sério? Você limpa a bagunça dele, faz o trabalho dele e ainda tem que dar os creditos pra ele. Desculpe, mas eu achava que você era melhor do que isso, irmão.

Ele bufou furioso e enterrou os dedos nos cabelos, bagunçando a franja. Interessante, não fazia ideia do quão de saco cheio Louis já estava de Harry, não precisei dizer quase nada e ele parecia estar em combustão. Apenas o toque final.

— Não é a toa que ele não deixou a Gem ficar com você.

— O que foi que você disse?

— A Gemma terminou comigo por causa de você, ela está apaixonada, Tommo. Só que o Harry se intrometeu e disse que não quer vocês dois juntos, segundo ele... — fingi estar constrangido e Louis se aproximou, puxando a lapela de meu blazer, me obrigando a voltar o olhar para seu rosto.

— O que foi que ele disse de mim?

— Que não queria que ela se envolvesse com um fracassado.

— Ele não disse isso. — disse, sem por muita fé em suas próprias palavras.

— Se duvida de mim, pergunte à Gem. Mas se eu fosse você não faria isso. —ele arqueou uma sobrancelha, numa pergunta silenciosa — Ele é o chefe agora, arrumar briga com ele só vai te prejudicar.

— Espera que eu fique calado?

— Espero que aja como o homem esperto que é, Louis. — disse, afastando calmamente sua mão de minha roupa — Todos estamos em situaçães delicadas no momento, é melhor andar na linha. — acenei, me virando e descendo as escadas.

E a semente da discordia foi plantada com sucesso.

Vaguei pelo jardim, bebendo a garrafa de Jack Daniels que surrupiei da adega antes de sair. A chuva tinha ido embora e deixara um céu limpo, com algumas estrelas. Era lua cheia e eu particularmente gostava de apreciá-la. Ela me fazia lembrar de minha mãe, em momentos silenciosos como este, quando estou completamente só gosto de pensar nela.

Talvez a minha vida fosse muito diferente se ela ainda estivesse aqui.

Eu seria melhor se tivesse sido criado por ela? Se tivesse tido o seu amor? Quem sabe.

Foi durante uma noite de lua cheia que eu a encontrei. Encolhida no chão, soluçando de tanto chorar, com o pequeno corpo contra a parede, enquanto aquele homem imundo gritava com ela marcando sua pele delicada a cada tapa e chute que desferia. Naquele momento algo mudou dentro de mim, eu não pensei, apenas me joguei pra cima dele e não parei de bater até que estivesse nocauteado. Então, olhei para o lado e lá estava ela, com os grandes olhos amendoados olhando apavorada, aos poucos ela foi se levantando e eu pensei que ela iria correr pra longe, quando de repente senti seus braços ao redor de meu pescoço, ao sentir sua pele contra minha uma corrente eletrica passou de seu corpo para o meu.

E eu soube. Eu sou dela e ela é minha.

Pensei no que aquele homem e no que eu fiz hoje. Não foi muito diferente, às vezes eu perco o controle e ajo como um tolo. O problema é que eu a amo tanto que isso aos poucos foi me enlouquecendo. Nunca estipulamos um limite entre nós, nada, apenas agimos de acordo com o que sentimos e isso é errado. Eu sei.

Pessoas como eu e Rebecca nunca deveria sequer andar na mesma calçada quem dirá dividir a cama, uma vida, uma filha.

Jéssica.

Sinto um aperto no peito e um som estranho invade meus ouvidos. Uma risada, ergo os olhos e os avisto, eles estão na piscina. De onde estou não posso ver com exatidão, procuro me aproximar discretamente, mas eles não parecem me ver.

— Harry, não, para com isso. — ela diz em meios aos risos, se enroscando no pescoço do meu primo.

— Deixa de ser medrosa. Nadar não é dificil, só tenta. — disse com a voz animada, tentando desvencilhá-la. Rebecca tentou por um instante, mas assim que afundou, Harry a pegou no colo e suas mãos apertaram com firmeza sua cintura.

— Eu te disse, idiota. — não havia nem um pingo de irritação em sua voz, então após o que pareceu uma eternidade, enquanto seus olhos se encontravam, ela colocou a mão em sua nuca e o puxou para si colocando seus lábios no dele.

Os observei se beijando e algo borbulhou dentro de mim. Não era ciúmes, com certeza não. Eu nunca tive ciumes dela, não precisava, sabia que eu não a perderia, mas nunca tive certeza sobre uma coisa. Sua lealdade. Rebecca era mais esperta do que transparecia, era preciso que ela parasse apenas por um segundo e se desse conta de que era muito mais seguro e vantajoso ficar com Harry que já era o herdeiro bilionário do que me ajudar a roubá-lo.

Se aqueles dois se unissem contra mim, eu teria sérios problemas.

Mas mesmo que ela não faça isso. Que continue do meu lado, quando tudo acabar vou ter que encontrar uma forma de me livrar dela. Rebecca também é uma ameaça para mim pela sua falta de controle.

Dou privacidade para o casal e sigo em direção a garagem encontrando, Raul dentro da limusine folheando alguma revista pornô. Ignorei e entrei no carro, fazendo bastante barulho ao fechar a porta e me jogar no banco de trás.

— Oh, Sr. Malik! Mil perdões, eu não o vi... — o interrompi, sinalizando que ele se calasse.

— Tá, tá, chega disso. Agora vamos para a Waldor Strett 23. — mandei, dando mais um gole na bebida e sentindo meus musculos relaxarem.

— O hospital? — notei o estranhamento em sua voz e por um tris não arremecei aquela maldita garrafa na cabeça do homem. Estou de péssimo humor.

— Exato. Cala a boca e vamos.

— Sim, senhor.

Ele se calou e eu fechei os olhos, cochilando. Acordei com o solavanco do carro ao parar no estacionamento. Recusei a ajuda de Raul para sair do carro e segui cambaleando até o elevador, apertei o botão da cobertura e tapei o ouvido para não ter o desprazer de ouvir aquela musica irritante de elavador. Em poucos segundos estava parado em frente ao quarto de número 13 discutindo com a Dra. Hils.

— Senhor Malik, já tivemos essa conversa diversas vezes. Precisa se programar para vir mais cedo, faz muito mal a ela quando vem tarde da noite.

— Fala como se eu fosse atrapalhar o sono dela. Tem medo que eu a acorde? Por acaso está mantendo a minha filha em coma de propósito? — zombei com a voz embargada e a mulher alta e esguia a minha frente, cruzou os braços negando com a cabeça.

— Claro que não....

— Eu pago uma fortuna por mês pra vocês ficarem aqui vendo ela dormir, então sim. Eu posso vir a hora que eu quiser conversar com a Jéssica. Abra a porra da porta e sai da minha frente.

Assisti a mulher rolar os olhos e abrir a porta a contragosto. Ela entrou primeiro, acendendo a luz e permaneci do lado de fora.

— Ela não veio mais? — perguntei mesmo sabendo qual seria a resposta. A médica enterrou as mãos nos bolsos do jaleco e franziu as sobrancelhas, negando com a cabeça.

— Faz quatro meses. Não sei, mas tenho a impressão de que a presença da Srta. Sullivan sempre faz mal para Jéssica e vice-versa, soube que da última vez ela acabou tendo um surto. Como ela está?

— Bem melhor, ela parou com os remédios e manerou na bebida.

— Isso é bom, é um começo. — disse me dando passagem para entrar e saindo do quarto batendo a porta em seguida.

Voltei os olhos em direção a cama no meio do quarto. As paredes continuavam forradas por desenhos feitos pelas outras crianças para Jéssica. Sempre estranhei essa mania delas de se considerarem amigas da minha filha mesmo que ela nunca tivesse acordado, mas por algum motivo elas acabavam se afeiçoando a ela apenas por olharem seu belo rosto oval, sereno e meigo, que costumava ser identico ao de Rebecca, porém com o passar do tempo foi ficando mais parecido com o meu, os cabelos estavam mais compridos do que eu me lembrava, longos cachos negros emolduravam seu rosto pálido, tal como o pequeno corpo vestido com um dos pijamas cor-de-rosa de gatinhos.

Quando aprendeu a falar tudo o que sabia fazer era me pedir um gatinho. Eu vivia dizendo que ela deveria esperar, quando estivesse maior eu lhe traria um.

Bem, agora ela está maior, mas em compensação em coma há anos.

Me sento ao seu lado na cama, tomando cuidado com os fios e tubos presos em seu corpo e puxo delicadamente seu pequeno corpo para perto do meu. Repuso meu queixo sob sua cabeça, inalando o perfume de seus cabelos e fecho os olhos lembrando do som de sua risada histerica e cheia de vida, dos olhos iguais aos meus, muito mais brilhantes e alegres do que os meus jamais foram.

Quando ela nasceu eu fiz isso por horas, apenas sentei ao seu lado, aproximando seu rosto do meu e analisando cada pedacinho dela. Jéssica era perfeita, minha cópia fiel, um pedaço de mim. Minha parte fundamental, meu coração, meu mundo.

Desde o inicio eu a amei e assim seria para todo o sempre. Com ela viva ou morta.

— Como foi o seu dia, querida? Acho que não foi dos mais movimentados. — falei. Sim, eu sei que ela está em coma e que não vai despertar milagrosamente apenas para que me responder. Sei disso, mas isso não faz com que ela deixe de ser a minha melhor amiga — Seus amigos continuam te trazendo presentes. — olhei a parede, haviam vários desenhos do rosto de Jess, todos assinados por um tal de August — Pelo visto o Gus está apaixonado por você, é melhor avisar que tem um pai muito ciumento e que não vou entregar a minha princesinha a qualquer pirralho, viu? — escorreguei a mão por seu peito, sentindo as batidas fortes de seu coração — Você é tão forte, filha, então porque não acorda? Pelo amor de deus, acorde!

Permiti que uma lágrima solitária escorresse por minha bochecha e caísse em seus fios escuros.

— Eu não tenho muita fé. Não acredito em quase nada, o amor parece muito falho e aquela  coisa de esperança é pior ainda, mas eu não consigo deixar de ter a certeza de que algum dia você irá abrir seus olhos e voltar pra mim. — solucei — Você é a única coisa nesse mundo que eu amo completamente. É tudo o que eu tenho. Você não tem esse direito, Jéssica Malik, não tem o direito de me fazer sofrer. Como se não bastasse ter que aguentar a maluca da sua mãe e o insuportavel do meu primo, ainda tenho que aturar os seus caprichos.

Eu ri descrente de que estava realmente começando a dar uma bronca em uma criança inconsciente.

— Daria qualquer coisa pra te levar pro seu primeiro dia de aula, óbvio que você daria um show naquelas crianças idiotas. Você é minha filha, com certeza é mais inteligente do que as outras, não é como aquela garotinha boba do Niall que ainda usa fraldas. Definitivamente você não se misturaria com Princess Horan, não. Quem sabe você poderia ter alguma irmã, poderiamos chamá-la de Avannah, como aquela sua boneca bonita, a loirinha. Seria bom. Seria ótimo, na verdade. — suspirei, sentindo meu rosto cada vez mais úmido — Mas isso não vai acontecer, não é mesmo? Já fazem anos e você continua exatamente igual como no dia em que te encontrei desmaiada na cozinha. A culpa foi minha, a Rebecca nunca foi capaz de tanto, ela não consegue cuidar de si mesma, imagine de uma criança, mas... sei lá, acho que me iludi, acreditei que eu conseguiria a presidência na Ross, que poderia me casar com ela e ser um bom pai pra você. Meus planos não deram certo.

Fiquei em silêncio, apenas deslizando meus dedos pelos fios macios feito seda e admirando seu rostinho. Tão calmo, como se estivesse num sono leve, qualquer barulho que eu fizesse poderia acordá-la. Você não vai acordar.

Nunca mais.

“Papai” sua voz gritava em minha mente, numa querida lembrança de quando eu entrava no apartamento e ela corria com seus bracinhos estendidos os envolvendo em meu pescoço e me enchendo de beijos.

— Será que um dia eu vou descobrir o motivo do mundo me detestar tanto? Ele insiste em me fazer provar do paraiso só para depois me lançar no inferno novamente. Sabe, Jess, eu já estou tão cansado disso. — depositei um beijo em seu mão — Eu tenho tanto medo de ficar sozinho. Medo do que eu estou me tornando. Queria poder receber um abraço seu e te ouvir dizer que vai ficar tudo bem, mas não vai acontecer, isso não vai acabar bem.

Encarava um dos desenhos do rosto de Jess quando ouvi as leves batidas na porta, o joguei dentro de uma das gavetas mandando que a pessoa entrasse. Girei na cadeira a tempo de ver o sorriso largo da minha nova secretária, que mais parecia uma atriz pornô com aquele micro-vestido preto colado no corpo, ressaltando suas curvas pecaminosas, cachos castanhos caiam por seus ombros e o rosto bonito com olhos azuis repletos de malicia toda vez que se voltava para mim

— Com licença, Sr. Malik, tem alguns papéis que precisam ser assinados urgentemente. — sua voz era baixa e sexy demais para ser natural, ela estava realmente tentando me seduzir. Nada que ela não tentasse fazer desde que foi contratada.

Harry tinha que ter deixado Horan encarregado da contratação das novas secretarias, ele só podia tê-las encontrado em um club de strippers, ao menos essa era bem melhor do que a de Liam. A mulher simplesmente repudiava usar roupas intimas e gostava de saias curtas demais.

— Que papéis são esses, Brie? — disse me inclinando sob a mesa, analisando os papéis que ela me entregava.

— Sua aprovação para a entrada de Louis Tomlinson e Niall Horan na diretoria.

— Horan e Tomlinson na diretoria, mas pra quê? — balbuciei, com meu cérebro trabalhando rapidamente ao juntar as peças. Niall não, ele não é perigoso, mas o outro, Tomlinson na diretoria é uma péssima ideia, porque assim ele estaria perto de... — Harry, maldito! — praguejei, batendo o punho fechado contra a mesa e me levantando, assutando Brie — Chame Liam imediatamente!

— Ele não chegou, senhor. Na verdade, o Sr. Styles deu folga para todos. — não pude conter minha risada de escárnio ao ouvi-la.

— Harry deu folga para todo mundo? Folga no meio de uma transição? Diga-me, Brie, que tipo de merda você acha que tem na cabeça do meu primo? — rosnei, amassando o papel entre meus dedos — Quem te disse isso?

— Bem, foi o Sr. Horan, ele ligou em nome do chefe e disse que era pela comemoração do aniversario de Rebecca Sullivan.

— Hm, é claro, a primeira-dama. — murmurei, voltando a me jogar contra a cadeira e mordendo o lábio inferior com força para não xingá-la também.

Tudo estava fora de controle.

Harry não tinha um pingo de autoridade. Niall fazia o que queria e as coisas só iriam piorar quando ele tivesse o poder de um diretor. Sem falar das minhas suspeitas com Louis, eu tenho certeza de que o plano de Harry é colocá-lo como vice-presidente, ou seja, dar à ele o meu cargo.

Sem falar que depois da minha briga com Rebecca de ontem, tinha nos afastado e agora eu não faço a menor ideia de como ela irá agir. Preciso manter o foco nela e preciso fazer com que ela mantenha o foco em mim, e a melhor forma é ciumes. Olho para a mulher ao meu lado, parada feito uma idiota. Levanto, dando a volta na mesa e parando em frente a mesma, me escorando e roçando meus dedos pelo braço de Brie.

Ela se arrepia facilmente.

— Ele disse mais alguma coisa? — digo inocentemente, com um sorriso gentil formando-se em meus lábios, seus olhos se direcionam até minha boca e eu sei que ela quer me beijar.

— D-Disse que-que... — ela limpa a garganta, tentando desviar o olhar, seguro seu queixo a fazendo me encarar — vai haver uma festa, ele disse que seria legal se o senhor fosse.

Passo a lingua lentamente por meus lábios sem quebrar o contato visual e deslizo minhas mãos até sua cintura fina e a puxo para mim, trazendo seu corpo de encontro ao meu, ela arfa e eu sorrio aproximando minha boca de sua orelha.

— Que tal ir comigo até essa festa? — a sinto se derreter em meus braços.

— Seria uma honra, Sr. Malik. — mordisco seu lóbulo e ouço um gemido entrecortado escapar de sua boca.

— Me chame de Zayn.

— Zayn. — ela geme, quando minha mão desce para sua coxa e minha boca toca a pele de seu pescoço.


Notas Finais




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