História Imprinting - Meeting

E antes mesmo de saber o seu nome, eu sabia que te amava.

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Nunca ninguém imaginou que eu Jung Hoseok iria quase se matar pra salvar a vida de alguém? E olha só para o meu estado: Escoriações pelo corpo, torção no pulso, ferimento superficial na cabeça e uma costela fraturada. Temos sorte de ter corpos geneticamente mudados que facilitam nossa cicatrização, não que eu esteja cem por cento, mas a dor é suportável.

Jin queria que eu ficasse em observação no hospital, mas ficar olhando as paredes daquele quarto estava me enlouquecendo. Ficar parado em um quarto branco de ambiente silencioso ao extremo não é pra mim. Precisava me movimentar ficar imóvel só me faz pensar mais nele.

Sacudia minha cabeça quando mais pensamentos sobre ele aparecerem. Isso só piorava a situação dos meus ferimentos, mas eles não são tão agoniantes como pensar sobre ele. Tentei até mesmo me distrair amarando firme as ataduras que mantém minha costela no lugar.

Namjoon e Jin pediram pra eu ficar quieto em casa, porém eu não conseguia fazer isso sabendo que provavelmente o meu suposto objeto de imprinting podia estar perto. Eu praticamente o sentia, era estranho. E quanto mais perto ficava da faculdade, mais a agoniante meu peito ficava.

Assim como ontem o santo destino resolveu ficar do meu lado. Eu sabia que era ele. Eu podia ouvir meus batimentos cardíacos como uma escola de samba adentando a Sapucaí. Aqueles eram os olhos que eu tanto ansiei para ver. Era tão estranho, olhar dentro dos olhos dele, e ver na minha frente tudo que eu sempre quis…

Seu rosto era tão bonito... Mesmo com uma expressão surpresa em sua face, ele era quase angelical de tão perfeito aos meus olhos. O castanho claro de seus cabelos combinava com os olhos (que malditamente me enfeitiçaram). E mesmo com um rosto de expressões um pouco infantis ele conseguia ser talvez maior que ou por poucos centímetros. Ele era fisicamente perfeito pra mim.

— Você... — aquela voz baixa que eu também me lembro, só assim minha ficha verdadeiramente caí que ele estava aqui bem na minha frente. — D-esculpe por ontem... Eu tive um imprevisto não pude te acompanhar, você está bem? Não foi nada grave né? Eu sinto muito, muito mesmo. – havia um rubor em seu rosto, ele definitivamente me enfeitiça.

 — Bem, estou bem agora. – as palavras saíram mais para acalmar meu coração do que para respondê-lo.

Não acreditei em Jin quando ele disse que havia tido um imprinting e até alguns minutos atrás eu ainda não acreditava, mas agora eu sinto todos os meus sentidos elevados ao máximo apenas por ele estar perto. Minha audição, visão e reflexos todos eles em alerta esperando só um vestígio de perigo para lançar-me a ele e protege-lo.

— Nossa! Eu sou um idiota! – ele me despertou do meu momento perdido o olhando, quanto afastou seu corpo do meu — Eu tenho que te agradecer. Estou muito grato se você não tivesse aparecido eu nem sei... Muito, muito obrigado. Sou Kim Taehyung.

Kim Taehyung esse era o nome da minha perdição, aquele que veio para me tirar do meu sossego. Ele me ofereceu a mão, eu fiquei receoso pensando que se tocasse nele eu iria me perder mais. E estava certo. Sua mão era fria demais me fazendo querer desesperadamente aquece-la.

— Jung Hoseok. – lembrei-me de responder. Eu não queria solta-lo, queria que um dia inteiro pensando nele acabasse conosco assim, porém ele forçou a soltura, fazendo-me perceber que eu estava agindo como um maníaco. Senti-me um completo estranho.

Ele me apresentou aos seus amigos. Um beta arisco e um casal. Não me importava muito com o ômega, mas o alfa me olhava de um jeito competitivo, talvez, para marcar território, porém eu não queria seu ômega.

O que me abalou mesmo foi às reações de Taehyung para com ele.  Não sei como eu sei, não entendia o que estava acontecendo, nem o porquê eu tenho um radar desses dentro de mim agora. Mas os batimentos dele se descontrolaram só de falar o nome daquele garoto. O fluxo de sangue de seu corpo ficou inquieto.

— Você vai estudar aqui?

— Comecei hoje, segundo ano de direito.

— Oh!

— Acho que estamos atrasados... Hum, se importa de eu almoçar com vocês. Garoto novo sabe?

Sorri, mesmo não querendo ir o pátio já estava quase vazia e ele podia ter problemas em eu estar o atrasando (e novamente o imprinting me faz pensar só nele). Ele estava divagando prendendo o lábio inferior nos dentes, era hipnotizante.

— SIM ELE ACEITA! — berrou o pequeno ômega ruivo, e pela primeira vez me simpatizei com ele.

Eles começaram a conversar e se dispensar, até o ruivo se ofereceu para mostrar o caminho. Por coincidência éramos da mesma sala. Despedir-me dele foi doloroso, mesmo que eu fosse vê-lo em poucas horas. E se acontecer algo com ele nesse tempo? Bati de leve em meu rosto afastando aqueles pensamentos.

Depois de o professor me apresentar a turmas, e eles ficarem abalados ao saber que tinha ficado em primeiro lugar no concurso, sentei ao lado de Jimin que parecia muito solicito e simpático. Eu queria perguntar a ele mais sobre Taehyung mais eu acho muito desesperado da minha parte. E uma coisa que eu tenho absoluta certeza que nunca fui, era ser desesperado por alguém que estivesse atraído.

Nem me dei conta de quanto tempo infernal passei naquela sala, quanto o sinal tocou voei para fora. O amontoado de pessoas começaram a encher o refeitório, muitas pessoas que só atrapalhavam a visão. Impaciente eu tinha me tornado um merda sem paciência.

Até meus sentidos encontrarem ele, carregando com dificuldade uma maquete de massinha de modelar, muitos alunos esbarravam nele. Até um cara empurra-lo sem intenção um pouco mais forte e antes que o objeto se chocasse com o chão eu me aproximei impedindo o baque. Aquilo foi uma dor imensurável para minha costela, mas eu impedi qualquer cara de dor para que ele não percebesse.

— Seus reflexos realmente são ótimos! — disse ele com um sorriso retangular de alivio — Obrigado.

Ele pegou a maquete das minhas mãos, se dirigindo para uma das mesas. Ele parecia um pouco desgostoso com a minha presença. Seu corpo estava rígido na cadeira a minha frente. Eu tinha que deixa-lo mais relaxado.

— O que é isso? – apontei para a maquete.

— Ah, hoje eu tive aula de recreação. Eu faço pedagogia, e hoje nós estávamos criando maneiras mais educativas de brincadeiras para as crianças... — ele falava de um jeito tão apaixonado para o que fazia.

Depois de um tempo calados o desconforto recomeçou. Ele parecia procurar alguém ao nosso redor. Eu o deixava assim tão incomodado? Assim vi o beta e o casal se aproximando, mas antes de chegarem próximo para Taehyung poder vê-los Jimin empurrou os dois rapazes para a direção contraria quando nos viu, me secretando uma piscadela. Estou começando a gostar dele, afinal ele está me ajudando a ficar á sós.

— Qual foi o imprevisto... — ele parecia confuso com a minha pergunta repentina — Ontem você não me socorreu, foi algo grave? Você está bem?

— A babá teve problemas e acabou deixando a minha irmãzinha sozinha. Minha casa era perto então eu corri pra lá. Me desculpe novamente por isso...

— Tudo bem, eu... Eu só espero que esteja tudo bem.

— Está, foi só um susto... Yoora só é traquina de mais. – ele continuava procurar na multidão alguém que lhe socorresse.

— Eu estou de incomodando? Você parece não querer minha companhia.

— Não é isso... — ele mordeu os lábios olhando para qualquer lugar que não fosse eu, por alguma razão meu ser presumiu que tinha haver com o alfa namorado de Jimin — Eu só estou esperando...

— Aquele alfa? — o interrompe de maneira rude. Eu não seu por que indaguei pra ele de uma forma tão possesiva, me sinto horrível.

— O nome dele é Jungkook. — ele disse entre os dentes com raiva, isso só me confirmou situação. — E não, não só ele como os demais amigos meus que estão demorando muito. — quis amenizar.

— Me desculpe eu fui um idiota. — disse baixinho olhando para minhas mãos.

Desde ontem eu me desconheço. Eu não sei nada sobre ele e ainda me acho no direito de me sentir como se ele fosse meu. Eu não sou assim, essa nova personalidade é tão suja. Eu não gosto de como estou me comportando do jeito impensado como estou agindo.

— O jeito como me olha me deixa constrangido... Eu só não sei como me comportar quando falo com você. — ele confessou tão baixo quanto eu, ganhando minha atenção. — Não está me incomoda é só estranho.

— Eu só quero fazer amigos. — menti.

Chegar do nada e agir dessa forma estava o espantando então tenho que mudar as minhas estratégias. De uma hora pra outra chegar e dizer: “E aí ontem eu tive um imprinting por você, agora você me pertence!” Isso era ridículo demais até pra mim.

— E eu quero ser seu amigo. — ele sorriu pequeno com os olhos simpáticos. — Pra sermos amigos você tem que saber que eu odeio quando indagam coisas para mim...

— Eu odeio me exercitar.

— Gosto de leões.

— Minha cor favorita é verde. — ele fez uma cara de interrogação — O que foi?

— É que isso... Hum, nada esquece. Só combina com você. — ele desconversou olhando para as mesas ao lado. — Eu sou alérgico a camarão e odeio ervilhas. Isso da um upgrade na nossa relação, passamos da sessão de completos estranhos.

Nós rimos de uma forma amigável. E conversamos sobre variados assuntos até ele não parecer mais desconfortável comigo. Seus amigos chegaram um tempo depois e se juntaram a nós. Quando o alfa sentou ao seu lado percebi que o corpo dele começou a ter aquelas sensações novamente.

Será que ele gosta desse Jungkook? E como eu sei disso? Cara eu sou um poço de merda ambulante. Eu o conheço á poucas horas, e a menção dele gostar de outra cara me deixa querendo urrar de ódio! Um instinto animal em mim queria pular na jugular desse alfa e arrancar sua cabeça com uma única mordida.

— Hoseok você está bem? — Jimin perguntou ao meu lado.

— Sim. — respondi seco.

Encarando Taehyung e Jungkook conversando tão intimamente (intimo aos meus olhos). Eles pareciam ter uma relação de anos. Eu tinha acabado de chegar, quem era eu pra sentir inveja desta amizade, pois bem eu estou completamente invejado!

— Eu tenho que buscar Yoora antes de ir pra livraria — Taehyung disse levantando e conferindo suas coisas — Yoongi como um bom amigo leve minha maquete para a sala de artes — disse ele colocando o objeto nas mãos do branquelo que torceu os lábios e concordou a contra gosto. — Vejo vocês depois. — ele acenou correndo antes de eu fazer menção a uma queixa.

— Anda vai atrás dele... — Jimin sussurrou pra mim, eu me espantei. — Eu sei está doido pra fazer isso. — ele sorriu arteiro.

Quem eu quero enganar. Está na minha cara que eu estou completamente fudido. Despedi-me dando qualquer desculpa esfarrapada e corri para saída. Avistei ele quase atravessando a rua apresei meu passos para impedi-lo, segurando seu braço direito. De inicio se assustou, mas depois relaxou percebendo que era eu.

— Deixe-me te levar. – as palavras saíram um pouco embargadas pela fadiga da corrida.

— Não precisa, não é longe daqui.

— Por favor, Taehyung me deixe te dar uma carona. Eu juro que não sou um criminoso ou serial killer.

— Não estava pensando isso, afinal você é meu salvador... É que é realmente perto. Nada ver te incomodar. — ele fez um bico me encarando e logo depois suspirou — Ok! Você venceu. Mas não somos mais estranhos, ganhou o direito de me chamar de Tae.

— Tae...

E lá estão os olhos brilhantes pelo qual me apaixonei. De um dia pro outro tudo mudou, agora eu pareço ser uma pessoa completamente diferente. Um completo perdido, diante dele que parece pra mim tão frágil.

Tudo em meu ser agora é contraditório. Minha ordem alfa me faz ser o centro, ser quem está no controle. Isso é meu, está em meu DNA em minha personalidade: dominar, ser forte e independente á todos ou qualquer coisa.

Porem o imprinting está me deixando submisso, parece que eu sou um cãozinho que rodeia a volta de Taehyung.