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História Improviso - Garoto terrivelmente atrasado


Escrita por: ElciB

Notas do Autor


Olá! :)
Essa é minha primeira fic postada aqui.
Críticas construtivas são sempre bem vindas.
Eu fiz só algumas aulas de teatro, então se alguém aí fez/faz por mais tempo e vir alguns erros com relação à isso e quiser me ajudar ou só dar algumas dicas, é só chegar.

Espero, de coração que vocês gostem. Boa leitura :3

Capítulo 1 - Garoto terrivelmente atrasado


 Para Zayn, aquele era só mais um dia na companhia de teatro.

 A “Companhia Moiselle”, onde era professor, acabara de voltar de férias, e com isso, abriram as turmas para iniciantes.

Zayn estava nessa companhia desde que se entendia por gente, ele crescera naqueles palcos, adorava atuar, e adorava ainda mais “ensinar” a atuar. Mas o último ano havia sido monótono, nenhum professor aguentava mais aqueles alunos sem interesse nenhum em qualquer coisa relacionada a teatro, e, obviamente, eles eram a maioria.

 -Quais as expectativas para esse ano? – perguntou Dalila, surgindo à sua frente, puxando uma cadeira e furando a caixinha de suco com um canudo, sentando-se de frente para Zayn.

 Os dois estavam sentados numa das mesas do pequeno café, na entrada do local. Tentavam relaxar, afinal o primeiro dia de aula sempre gerava algum tipo de estresse e ansiedade.

 -Alunos que ao menos gostem de teatro, por favor. – Responde, tirando a latinha de refrigerante da frente da boca para soltar o ar de forma dramática.

 -Ah, sobre isso, tenho algumas novidades... Para não corrermos o risco de cair na mesma situação dos anos anteriores, a coordenação criou algumas regras novas.

 -Que tipo de regras? – o jovem inclinou o corpo para frente, ligeiramente mais interessado.

 -Não sei direito, – deu de ombros – parece que é algum tipo de detenção, pra ver se eles vão levar mais a sério, mas relaxa – antecipou-se em explicar ao ver o amigo em pequeno desespero – eles vão explicar tudo hoje. Aliás, – a loira conferiu o relógio de pulso, arregalando os olhos – em cinco minutos! É melhor a gente ir logo antes que resolvam nos punir também. – Ela se levantou rindo e puxando o amigo.

           O pequeno auditório estava consideravelmente cheio, cerca de 70 pessoas. O pequeno palco começava a se encher, os coordenadores já estavam nele e pediam que todos os professores também fossem. As poltronas estavam quase todas ocupadas por alunos, e alguns pais dos alunos mais novos. A porta principal do auditório já estava fechada.  Passado alguns minutos, todos já estavam em seus lugares, e a reunião começara.

 Martha era uma mulher de meia idade, gentil e sensata, nunca perdia a paciência, mas sabia agir quando as coisas estavam passando de seus limites. Estava na coordenação há pelo menos cinco anos, e todos admitiam que tudo havia melhorado desde que ela chegara ali. Zayn a admirava imensamente.

 Depois de apresentar a companhia, falar sobre sua história e sobre sua fundadora, Martha finalmente chegou onde julgava mais importante, e não podia negar que estava ansiosa para falar sobre isso:

 -Devido a problemas que tivemos nos últimos anos em relação ao comprometimento – começou Martha. A voz calma, porém firme – nós tivemos de criar algumas regras que se encaixam no método com que trabalhamos. Por exemplo, faltas terão de ser repostas, assim garantimos que o aluno não foi prejudicado; Atrasos têm como consequência a detenção; Atos considerados desrespeitosos, brigas e coisas deste gênero também têm como consequência a detenção. A detenção não foi criada apenas com o intuito de punição, mas também com a intenção de aproveitarmos o máximo de tempo para tirar dúvidas e aperfeiçoar o conhecimento por essa arte tão maravilhosa que é o Teatro – Ninguém poderia negar a paixão que a mulher tinha pelo teatro. Isso ficava claro no brilho de seus olhos toda vez que se referia a ele.

 Depois de tirar as dúvidas de alguns pais, Martha passou a apresentar a equipe pedagógica, começando pelo pedagogo, Josh, um homem de 30 e poucos anos, bom humor, persuasivo e responsável. Logo em seguida, Camilla, a psicóloga, se apresentou, ela provavelmente não tinha chego aos 30, mas era muito experiente e uma ótima profissional, e, certamente era o ombro amigo de todos na Companhia. Mais alguns outros funcionários se apresentaram, e então Martha passou a vez para os professores:

 -Ray, querida, por que não começa? Aí escolha alguém, e seguiremos até que todos tenham se apresentado – Martha pediu gentilmente, e recebeu um sorriso em resposta.

 -Oi, gente – Ray fez uma curta pausa – obviamente, eu sou a Ray... Martha, o que exatamente eu tenho que falar? – pediu ela, sem graça por não saber o que falar. Martha, depois de uma risada doce, a respondeu:

 -Diga sua idade, com que turma trabalha e qualquer outra coisa que você queira.

 -Obrigada – a mulher abriu um sorriso amarelo e colocou algumas mechas do cabelo preto atrás da orelha, claramente nervosa – bom, eu tenho 23 e trabalho com a turma do segundo ano juvenil, mas a maioria de vocês sempre vai me ver no meio das suas aulas. – Ela riu descontraidamente – Dalila, sua vez.

 -Oi, todo mundo! – Diferente de sua colega, Dalila estava bem descontraída, falando alto e gesticulando, mexendo nos cabelos loiros apenas para prendê-los para que não atrapalhassem – Tenho 21 e vou trabalhar com as turmas do primeiro ano do juvenil e do infantil, e eu adoro sorvete – ela riu, contagiando a todos – não sei por que, mas achei que vocês precisavam saber disso. Zayn, você está tão animado, porque não se apresenta?

 Zayn, que estava sentado no chão, com a cabeça apoiada nas mãos, precisou se levantar e fingir um sorriso realmente animado.

 Assim que ele chegou ao centro do palco, uma claridade repentina invadiu seus olhos e a porta do auditório rangeu levemente. Quando esta se abriu por completo, revelou uma figura desconcertada e ridiculamente corada por ter atraído toda a atenção para si.

 Um pequeno topete castanho passou pelo corredor de poltronas quando o “garoto terrivelmente atrasado” – assim foi denominado por Zayn – fechou a porta e adentrou o auditório. Ele se sentou em uma fileira com apenas uma garota, há duas poltronas de distância, e um garoto que prestava atenção em seu celular, há cinco poltronas.

 Enquanto as pessoas voltavam a atenção à Zayn, ele desprendia a sua, lentamente, daquela figura avermelhada e de lábios comprimidos, que instigava curiosidade em quase todo o auditório. Pigarreou e começou sua apresentação:

 -Oi– disse simplesmente, abrindo um pequeno sorriso sem mostrar os dentes. Esperou alguma reação dos que o assistiam e quando riram fracamente, ele voltou a falar – sou Zayn, 20 anos e não tenho uma turma fixa, mas eu sempre apareço no meio das aulas quando algum professor precisa de ajuda, ou as vezes eu só apareço porque não tenho nada pra fazer mesmo. – As pessoas riram mais uma vez, ele abriu um sorriso contido e prosseguiu, desta vez com brilho nos olhos – Sou apaixonado por teatro. Dizer que respiro teatro não é um exagero... Marcus, sua vez.

 O outro professor foi até o meio do palco, e enquanto se apresentava, Zayn tentava prestar atenção, mas tinha de conter o riso toda vez que se lembrava da cara do “garoto terrivelmente atrasado” quando este percebeu que estava, de fato, terrivelmente atrasado, e tentou não chamar atenção até se sentar. Ele era novo ali, e certamente havia entrado para o teatro para perder a timidez. Zayn apenas se deu conta que pensou na cena mais do que devia quando Dalila o cutucou e murmurou um “agora você está realmente animado”, então ele apenas a ignorou e se concentrou no final das apresentações.

 Martha anunciou um intervalo de quinze minutos, e avisou que depois disso todos os alunos deveriam procurar seus respectivos professores.

 Liam se viu em maus lençóis. Como saberia quem era seu professor? Perguntar não era tão simples assim, era necessária uma coragem vinda de dentro de si, e ele não conseguia encontrar essa coragem sabendo que todos se lembrariam dele como “o garoto que chegou atrasado e interrompeu a apresentação de um professor”, ele chegava a pensar que não tinha o direito de fazer questionamentos por ter cometido tal erro logo no primeiro dia de aula.

 O garoto tinha vontade de esconder o rosto toda vez que alguém passava e o encarava. Resolveu que ir até o Café, fazer algum contato com aquelas pessoas que certamente o julgavam, não seria uma boa ideia, então, apenas remexeu-se na poltrona, tentando achar uma posição confortável.

 -Você é do primeiro ano? – a garota que estava sentada próxima dele se virou repentinamente, o questionando.

 -Sou sim – ele respondeu, dando um sorriso sem mostrar os dentes, se inclinando para frente e apoiando os cotovelos nas pernas.

 -Eu também – ela devolveu extremamente empolgada – aliás, me chamo Jena, e você?

 -Liam – ele estendeu a mão e ela a apertou – você sabe quem é o nosso professor?

 Jena não evita uma gargalhada. É claro que ele não saberia quem era o professor.

 -Dalila, a que tem cabelos loiros e cumpridos, bem animada. Ela parece ser bem legal...

-Então vocês também são do primeiro ano? Graças aos céus! Achei que não conseguiria falar com ninguém do primeiro ano – o garoto que estava um pouco mais distante se levantou e sentou numa das cadeiras entre Liam e Jena e os cumprimentou sorrindo exageradamente.

 -Somos sim, e você é... – Jena questionou, desconfiada.

 -Duan. Desculpe, eu não pude evitar ouvir a conversa de vocês – ele sorri sem graça e Liam responde “um tudo bem”.

 -Eu sou Jena e ele é o Liam – ela os apresenta, levantando e se se encostando à poltrona da frente, ficando de frente para eles para não perder o contato visual.

 -Olá Liam – ele estende a mão ao outro, que a segura e devolve o sorriso simpático.

 -Olá.

 -Então – comenta Jena, após alguns momentos de completo silêncio entre o trio, pensando em algo que pudesse leva-los à uma conversa – por que vocês resolveram entrar pro teatro?

 -Pra perder a timidez, já me atrapalhei bastante por causa disso, mas não sei se vai funcionar – liam responde rindo e corando levemente.

 -Eu entrei só por entrar, sabe? Tinha tempo de sobra e tal... E você, Jen?

 -Nos conhecemos há menos de cinco minutos e você acha que já pode usar meu apelido? – ela cruza os braços e ergue uma sobrancelha, adotando uma postura desafiadora, mas logo solta uma risada alta ao ver os olhos do outro se arregalarem – você tinha que ver a sua cara... Bom, eu entrei porque eu realmente sempre quis fazer teatro e como esse ano eu tenho mais tempo, não deu pra esperar – ela abre um sorriso, olhando para algum lugar atrás dos garotos, perdida em seus devaneios.

 Liam se sentiu tranquilo, voltando a respirar normalmente. Provavelmente não passaria aquela tarde de terça-feira sozinho no meio de pessoas desconhecidas.

 

 -Pera, você quer assistir a minha aula? A do primeiro ano, uma turma que você não conhece? – Dalila diz levemente espantada.

 Zayn a havia pedido para participar da aula. O pedido seria bastante natural se Zayn não tivesse algumas crises toda vez que entrava em uma turma nova.

 -Exatamente – ele revirou os olhos, sem muita vontade de se explicar.

 -E por que esse repentino interesse? – Deu um meio sorriso e ergueu uma sobrancelha em desconfiança.

  -Não é interesse, é só que eu nem tenho falado direito com a Ray. – suspirou assumindo uma feição triste, afinal, aquilo não era mentira – Seria, no mínimo, desconfortável ficar na turma dela.

 Dalila apenas concordou, disposta não questionar mais sobre aquele assunto.

 Os 15 minutos se passaram mais rápido do que esperavam, então, logo os professores iam cada um para uma sala diferente atrás do auditório com suas turmas. Liam, Jena e Duan seguiram Dalila e mais algumas pessoas, adentrando uma das salas.  

 -Pessoal, façam uma roda e sentem, por favor. Vamos todos nos apresentar – Dalila anunciou, colocando-se ao centro do círculo que já se formava.

 Liam pôde contar 20 pessoas na roda (21, se fosse contar a professora), todas com, aproximadamente, a mesma idade. Algumas delas já tinham feito amigos e estavam tirando fotos. Outras fingiam estar muito interessadas em seus celulares.

Correu os olhos castanhos pela sala. Era um espaço pequeno, mas o enorme espelho na parede ao fundo dava a impressão contrária. Apenas quatro paredes e algumas cadeiras empilhadas no canto. Correu os olhos novamente.

 22.

 Alguém estava pardo na porta, atraindo a atenção para si.

 -Zayn – exclamou Dalila – chegou bem na hora, vamos começar agora.

 Mas toda a atenção dos belos olhos amendoados estava voltada para o par de olhos castanhos.


Notas Finais


Gostaram??
Não vou exigir comentários nem nada, mas seria legal se vocês dissessem o que estão achando, o que precisa melhorar e tudo mais pra eu poder trabalhar nisso.
Interajam comigo, juro que eu sou legal <3
That's all folks :3


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