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História Impulso - Fora de órbita


Escrita por: Ixteeer

Notas do Autor


Bom dia, minna! Como prometido, não demorei muito com esse... eu acho -q espero que gostem e relevem eventuais erros! <3

Capítulo 10 - Fora de órbita


 

Lentamente, como se acordando de um transe profundo demais, eles se afastaram com a respiração entrecortada, encarando-se enquanto tentavam normalizar os batimentos cardíacos.

_ Não sei, Levy... _ responde tardiamente.

_ Você me beijou, e eu gostei... _ pensa alto _ Isso é péssimo, é realmente péssimo _ Gajeel suspira, porque sabia que ela tinha razão. Mais uma vez agira de forma imatura, todavia não conseguia se arrepender. Levy era irresistivelmente doce, ao contrário do que geralmente transparecia. Estava completamente desarmada, sem máscaras, e Gajeel gostou do que viu. A azulada puxa ar com o máximo de calma, rapidamente recuperando-se de seu recente desvaneio _ Sua mãe acha que Sorano está lhe enganando... estou averiguando, tentando descobrir uma prova _ conta afastando-se um pouco, entrelaçando as mãos sobre seu colo e as encarando com as sobrancelhas arqueadas.

_ Ah... então é isso. Não precisa mais, Levy, Sorano me deu o resultado do enxame ontem. Ela está grávida.

_ Gajeel... é sério que não acha... estranho essa situação? _ indaga controlando a vontade de bater o pé e lhe dizer o quanto era idiota. Não era hora para pirraças, afinal. Queria entender seu posicionamento.

_ Achar eu acho _ admite _ Mas o que posso fazer? Sinceramente, não quero estar metido em outro escândalo, dá dor de cabeça e essas reuniões são um pé no saco. Não me recordo daquela noite, não importo o quanto eu tente, mas Sorano diz que aconteceu e tem uma prova. Se eu ficar duvidando do que diz, ela vai ficar mais puta e jogar essa merda na mídia outra vez, e eu não sei você, mas eu não estou afim de ver aquele gorducho esfomeado de novo _ Levy assenti, compreendendo o que o homem tentava explicar. Também não queria servir café pra aquela gente outra vez _ E sobre o corpo dela não estar mudando muito, Sorano disse que tá tendo complicações porque tá trabalhando demais. Isso afeta o crescimento do bebê.

Bebê. Ouvir Gajeel falando aquilo daquela forma lhe fez ter certeza que ele poderia ser muitas coisas, mas não o fujão que Sorano o acusou ser, há meses atrás. O RedFox parecia ter se acostumado a ideia de um futuro filho. Mais que isso, parecia gostar. Aquilo parecia um quebra-cabeça faltando muitas peças, existia tantos vãos nessa história que Levy não conseguia interligar nada.

_ Quero ver o enxame _ a azulada diz decidida.

_ Tudo bem. Eu não o mostrei a Metalicana ainda, talvez ela ficasse sem cabeça para a reunião de hoje, e era realmente importante.

A azulada assenti. Um silencio gritante se prolonga, mas pela primeira vez, ela senti-se desconfortável com ele. Não era como quando comia com seu pai. Gajeel lhe inquietava, e aquela situação também não ajudava em nada.

Ela junta as pernas curtas e põe os pés no chão, afastando-se do homem e de seu olhar confuso. Vira-se diante da única janela da sala, apoiando-se no beiral e observando a rua movimentada. Dali, aquelas pessoas apressadas pareciam tão pequenas, apenas pontos movimentando-se rápido demais sob aquele sol das 3 da tarde.

_ Vamos esquecer o que houve, sabe que isso vai atrasar a minha vida e a sua _ ela murmura, sabendo que ele lhe escutava atentamente _ Não posso me dar ao luxo de me distrair, e você... bem, eu não preciso nem comentar, preciso?

_ Tá me dando um fora? _ ele rir, fazendo-a virar-se para encara-lo seriamente.

_ Só foi um beijo, não houve nada demais _ diz convicta, mais pra si do que pra ele _ E tenho certeza que não deve ser tão difícil assim pra você esquecer um, já que agarra Deus e o mundo.

_ Não seja tão cruel, baixinha _ reclama pondo as mãos atrás da nuca e esparramando-se na cadeira.

_ Esqueça, Gajeel _ repeti entre dentes. O homem repõe os pés sobre a mesa, balançando-se com um sorriso provocativo.

_ Vou tentar.

Levy queria tirar um de seus sapatos e o arremessar na cabeça do RedFox, mas antes que ela pudesse fazer exatamente isso, batidas firmes na porta lhe interromperam. Rapidamente, ela se recompôs, alisando as roupas que usava enquanto caminhava em direção à porta para destranca-la. Sentiu uma pressão estranha em seu diafragma ao ver Sorano, seguindo para dentro da sala um pouco atrás de Metalicana, lhe encarando fixamente o tempo todo.

_ Vejo que se saiu bem, não pôs fogo em nada, afinal _ a morena comenta, largando a bolsa sobre sua mesa e sorrindo para o filho que lhe fitava carrancudo _ E então, gostou da experiência?

_ Claro, pode crer _ responde com tom carregado de sarcasmo, deixando o assento e caminhando em direção à Levy com sua bolsa em mãos. A azulada encarava Sorano, que tinha uma sobrancelha arqueada enquanto lhe analisava minuciosamente, de seus scarpins aos seus cabelos relativamente presos, fazendo-a devolver o olhar com as orbes castanhas apertadas. Não irei baixar a porra da guarda pra essa cadela.

_ Gajeel, largue minha funcionária! _ Metalicana ordena ao ver o homem agarrar a azulada pelo cotovelo e a arrastar consigo. Sorano o observa levar Levy, que lhe fulminava com os olhos, mas não tinha força pra relutar. Suspira calmamente quando ele bate a porta, encarando a morena irritada ao seu lado.

_ Devia fazer algo com relação a ela. Seu filho tá se tornando mais idiota do que já foi em uma vida _ Metalicana rir anasalado, encarando a albina com curiosidade.

_ Será que está com ciúmes, Sorano? 

  Ela sorrir sem mostrar os dentes, alisando o longo cabelo platinado e suspirando devagar, como alguém que ouvira algo extremamente ridículo.

_ Essa... coisinha não é páreo para mim, sabe que não é.

Metalicana larga-se em sua cadeira, balançando-se de um lado ao outro, um sorriso de canto quase imperceptível surgindo em seus lábios. Quem sabe...

 

- x -

 

_ Chega! _ a azulada grunhi enquanto continua sendo arrastada _ Gajeel, eu tenho que ir trabalhar, seu idiota!

_ Hoje não _ responde sem lhe dar ouvidos. Os seguranças assistiam os dois discutirem no meio da rua, fingindo olhar para qualquer outra coisa que não fosse o RedFox e a garota que parecia realmente irritada.

_ Posso saber pra onde estou indo? _ indaga ainda tentando puxar seu braço de volta.

_ Disse que quer ver o enxame, não disse? _ a azulada para de imediato, encarando-o surpresa.

_ Se era isso, era só falar! _ resmunga enquanto ele abre a porta de sua picape e lhe passa a bolsa que trouxera _ Não precisava agir como um primitivo, caramba... _ Gajeel revira os olhos, dando a volta no carro e abrindo a porta do motorista. Ergue o olhar por um momento, bufando e o adentrando com cara de poucos amigos.

_ Está seguindo meu conselho? _ pergunta lhe encarando. Levy pisca um par de vezes, apertando a bolsa vermelha em seu colo e assentindo.

_ Claro.

_ Ótimo.

 

 

_ Eu falei, não falei? _ Millianna diz convencida _ Essa garota é uma vagabunda.

_ Ele arrastou ela, não parecia que ela tava dando em cima... _ Erik observa. A mulher bufa, batendo o pé no piso e cruzando os braços, indignada que seu colega não visse o que ela estava vendo.

_ Não interessa, você viu que ela entrou no carro dele porque quis! Eu conheço esse tipo, até começou a se vestir melhor pra chamar a atenção dele!

Erza Scarlet, que ouvia a tudo atrás dos dois, ergue as mangas do suéter, agarrando cada um pela gola da roupa e os puxando para longe do beiral da janela.

_ Não me interessa quem esse troglodita tá fazendo de idiota, mas... _ ela os larga, sorrindo calmamente, fazendo os dois engolirem seco e recuarem como cães amedrontados _ É bom meu departamento continuar em ordem. Ou quem sabe eu faça a gentileza de os pôr para fora, onde poderão dissertar sobre as vidas alheias?

_ Não precisa! _ respondem em uníssono, seguindo para suas mesas e sentando-se rapidamente. A ruiva assenti, alisando os cabelos presos e dando as costas para os dois.

_ Muito bem.

_ Muito bem _ Millianna repeti baixinho, imitando a forma rígida da mulher.

_ Cala a boca, garota _ diz lhe fulminando com os olhos _ Quer ir pra rua, ótimo. Mas vai sozinha _ ela torce o nariz, pondo o telefone junto ao ouvido e discando o primeiro número da grossa agenda. Atrás de uma mesa desocupada, Virgo arqueia as sobrancelhas, sondando o local. Levy vai adorar saber disso, pensara com um sorriso no rosto, se perguntando o que a azulada faria com aquela informação. Não importava, ela lhe diria de qualquer forma. Virgo estava entediada com sua vida, um possível desentendimento de colegas de trabalho poderia ser interessante, afinal. 

 

 

A azulada tentou, e tentou muito, mas não conseguira deixar de pensar naquele beijo. Ainda podia sentir os lábios do homem pressionando os seus, sua língua, seus dedos em sua nuca. Se perguntava se ele estaria pensando sobre também, se sentia-se da mesma forma. Lhe olhava pelo canto dos olhos às vezes, vendo-o encarando a estrada fixamente, distante dela e de qualquer outra coisa dentro daquela picape. 

Quando Levy viu os estabelecimentos mudarem radicalmente, soube que a residência dos RedFox estava próxima. Não havia mais bares de esquina, pequenas lanchonetes entre outras lojas débeis de seu conhecido subúrbio. As ruas agora eram muito pouco movimentadas, os restaurantes com entradas requintadas e longe do universo de Levy McGarden. Ela sentiu-se fora de seu habitat natural, uma estrangeira. Observava aquelas casas pela janela, os joelhos contra os seios, o beijo ficando esquecido por alguns minutos. Aquele lugar parecia frio e sem vida, morto. Até mesmo as poucas pessoas que eram vistas pareciam distantes demais, intocáveis em seu mundo de conforto e luxo. A azulada sentiu uma barreira crescer entre ela e o moreno ao seu lado, vendo de onde ele saíra. Agora, mais do que nunca, ele parecia frio e sem vida, como aquelas pessoas.

Gajeel reduz a velocidade, aproximando-se de uma residência de muro alto. Um homem gordinho, que jazia dentro do pequeno cubículo, rapidamente despertou de seu desvaneio ao ver o RedFox lhe fitando de dentro do carro. Levy apertou os lábios, se perguntando se Gajeel abusava de sua autoridade pra conseguir aquele tipo de comportamento. O moreno estaciona na garagem, fitando Levy ainda perdido em seus pensamentos. Franziu o cenho ao vê-la encolhida em seu canto, como um animal arisco na defensiva.

_ Você está bem? _ pergunta inquieto. Ela continua encarando seus joelhos, percebendo um pequeno hematoma que conseguira na semana passada, ao passar correndo pra atender a porta e esbarrar na quina de sua cama.

_ Vamos logo, eu tenho que estudar, já que não pude trabalhar hoje _ diz sem emoção, destravando a porta ao seu lado e saltando para fora do carro. Percebi que sequer passou o cinto de segurança, grunhindo consigo mesma sobre o quanto estava dando atenção aquele beijo idiota.

Gajeel também desci da picape, inquieto com a atitude da garota. Seguem para o hall em silencio, subindo os poucos degraus em frente a casa e a adentrando. Levy correu os olhos pelo local, percebendo que aquela sala de estar era maior que seu quarto e o dos seus pais juntos. Vê a silhueta de duas garotas, indo averiguar curiosamente quase aos tropeços.

Juvia explanava um móvel, ao lado de sua irmã, no longo corredor que dava para a sala de jantar. Sobressaltou-se ao dar-se conta que uma pequena azulada lhe fitava com os olhos saltados, corando e questionando Gajeel com o olhar. Conhecia Levy de vista, lhe via as vezes numa mesa do refeitório, ou passando por algum corredor da escola, no entanto, nunca trocaram uma palavra. 

Por um momento, sentiu-se constrangida por ela lhe presenciar dessa forma. Não queria servir de chacota, já bastava seu namorado sempre inventando uma desculpa nova para não lhe apresentar aos seus pais.

_ Eu conheço você! 

Levy recordava da outra em ocasiões em que ganhara um torneio de escolas que ocorria todo ano. Juvia sempre estava nesse torneio, atrás de outros alunos mais desinibidos, porém era ela quem garantia a vitória da Fairy Tail, junto com Natsu, campeão em química, e Laki Olietta, em física. E ela, Juvia, era a campeã em biologia.

_ Gajeel, o que você tá fazendo com uma colegial? _ Juvia indaga lhe olhando de forma inquisidora. O moreno semicerra os olhos irritado com seu tom de voz, agarrando uma mão de Levy e a arrastando consigo. Wendy os observa ir com os lábios entreabertos, esfregando um olho e encarando sua irmã como se esperando que ela lhe explicasse o que aquilo significava. Mas Juvia também não sabia, o RedFox jamais levara alguma mulher para sua casa, podia ter muitos defeitos, porém sabia respeitar sua mãe nesse quesito. E agora, se tratando de uma menor de idade, a azulada realmente não compreendia a situação. Gajeel não poderia estar fazendo o que ela pensava, podia?

_ Quer parar de agir como um idiota? _ ela reclama enquanto sobe os degraus apressadamente, tentando acompanhar o ritmo das pernas tão maiores que as suas. Gajeel não lhe dá ouvidos, continua puxando-a pela mão direita, impaciente para chegar em seu quarto.

No curto corredor, Levy vê o homem aspirando um tapete felpudo, franzindo o cenho enquanto era levada sem delicadeza alguma, os olhos fixos em sua face até que a porta fechara e Gajeel finalmente a soltou. Ela alisa os dedos dormentes.

_ Aquele é Gray Fullbuster?

_ É sim. Minha mãe anda tendo uns prejuízos, esse inútil não sabe nem como lavar uma colher sem quebrar o resto da louça, mas... _ ele sorrir torto, afastando-se da azulada _ Vê-lo com essa cara de bunda que presenciou agora, vale o preço.

Levy gesticula negativamente com a cabeça, rindo silenciosamente enquanto observa o local. Podiam ter vidas sociais bastante distintas, porém, de longe, o quarto da azulada era bem mais organizado que aquele amontoados de livros e embalagens de salgadinho.

_ Que pecado... _ ela murmura incomodada com o descuido do homem para com seus livros _ Dessa forma eles podem pegar mofo. Que diabos aconteceu aqui, a empregada que limpa isso morreu? 

_ Senta aí e para de reclamar _ Gajeel murmura arisco, agachado em frente seu criado-mudo. Levy senta na beirada da cama desforrada, observando-o se aproximar com o envelope em mãos. Ele larga-se ao seu lado, fazendo-a arquear uma sobrancelha e tomar o envelope de suas mãos, impaciente. Franzi o cenho ao ver o carimbo no papel pardo, abrindo-o e lendo rapidamente. Hospital público... talvez eu consiga alguma informação com o papai _ Eu ainda não tinha absorvido a ideia, sabe. Gostei, claro, mas... depois disso, sei lá, acho que a ficha caiu. Tipo, caralho, eu vou ser pai mesmo _ Gajeel conta pensativo, batucando o coturno no piso, os braços largados ao lado do corpo.

A azulada para em meio aos dados da mulher. Encara Gajeel, que fitava uma teia de aranha no teto de seu quarto, controlando o desejo de lhe sacudir pelos ombros e berrar o que acabara de descobrir.

_ Isso não é dela _ anuncia com o máximo de calma que pôde. O RedFox lhe fita seriamente, sentando-se abruptamente e tomando o enxame de volta.

_ Claro que é, Levy... _ diz correndo os olhos pelo papel.

_ Não, não é _ insisti teimosamente _ Está quase perfeito, quase. Se não fosse pelo fato do sangue da Sorano ser A positivo _ Gajeel conferi e percebi que aquele enxame em questão era de uma O negativo. 

_ Como você...

_ Tenho meus contatos _ Levy o corta, cruzando os braços e sorrindo orgulhosa de si _ Essa mulher não tá grávida coisa alguma e você caiu tão fácil, seu idiota!

_ Fala sério, isso não é verdade, Levy.

_ Não confia no digo? _ ela indaga afastando-se e semicerrando os olhos _ Gajeel, eu tive meu salário triplicado pra fazer essa merda! Estou dizendo, sei do que estou falando, isso não é dela!

_ Está com ciúmes! _ ele lhe acusa dobrando o enxame e o pondo novamente dentro do envelope _ Sorano está grávida, Levy. Vi os remédios que ela anda tomando para o bebê crescer melhor, ela me mostrou tudo.

A azulada arfa, trincando o maxilar e erguendo-se num salto.

_ Ciúmes? Você acha que estou com ciúmes?

_ Acho.

_ Eu estou pouco me fodendo se você tá comendo aquela imbecil, se gosta dela e da ideia de ter filhos com ela. Mas vou deixar claro uma coisa _ ela lhe aponta um dedo, apertando os olhos e sentindo um gosto ácido em sua boca _ Não vou baixar a cabeça para ela, e isso não é por você tá fodendo com ela, Gajeel. É porque ela me olha como se eu fosse um cachorro com sarna, e se tem uma coisa que eu não engulo, é ser olhada daquela forma.

O RedFox levanta tão abruptamente quanto a azulada fizera, deixando o envelope cair no chão do quarto e lhe chacoalhando pelos ombros.

_ Eu não gosto dela!

_ Não quero saber!

_ Levy, falo sério, não gosto da Sorano, só vou assumir esse filho da melhor forma que eu puder!

_ Não tem filho nenhum, imbecil! _ seu coração batia dolorosamente rápido, fazendo-a arfar e resfolegar com urgência _ Idiota, eu tentei te ajudar, caramba! Ciúmes... você é um retardado, Gajeel _ Levy engole seco, tentando afastar as mãos do homem que ainda lhe apertava os ombro _ Fiz porque sou sua melhor amiga, e é isso que amigos fazem, não é? _ sua voz sai embargada, denunciando o choro que ameaçava vir. Mas ela não choraria. Não em sua presença.

Gajeel senti-se desnorteado com o par de olhos castanhos lhe fitando daquela forma. Sabia que a garota queria irromper em lágrimas, mas o fato dela simplesmente impedi-las de vir lhe perturbava. A ideia de Levy chorar sozinha, talvez em seu banheiro, para que nem seu pai a visse, conseguia ser mais inquietante que vê-la chorar em sua frente.

_ Idiota... não aja como se fosse de ferro, garota _ resmunga a puxando para si bruscamente, apertando seu pequeno corpo em seus braços. No entanto, Levy não devolvera o afeto. O corpo amoleceu completamente, a cabeça tombando para trás e as pernas ficando totalmente bambas _ Que diabos... Levy! _ com a falta de respostas, o RedFox lhe arremessara por cima de um ombro, saindo de seu quarto a carregando porta afora e simplesmente berrando por ajuda.

_ Juvia! _ Wendy chama por sua irmã, vendo o moreno descendo os degraus afoitamente.

Juvia terminava de secar a louça, suspirando enquanto pensava em seu namorado. Há quase duas semanas não o via, há dias ele respondia suas mensagens tardiamente e por quatro vezes não atendera suas ligações, retornando quase 24 horas depois e dando suas desculpas que, estranhamente, virara rotina. Faculdade e blá blá blá.

Ao ouvir sua irmã lhe chamar com tanto desespero, correra em plenos pulmões, já imaginando uma nova façanha aprontada por Gray. Quem sabe daquela vez ela poderia impedir que tudo terminasse numa tragédia cômica, afinal. Mas ao chegar finalmente na sala de estar, Juvia resfolegou e semicerrou os olhos para o RedFox, vendo-o com a garota, visivelmente desacordada, sobre um ombro.

_ Assim não, idiota, a cabeça dela não pode ficar pra baixo _ O Fullbuster instrui impacientemente, puxando o corpo de Levy para desce-lo e o pondo sobre um dos sofás de couro preto. Wendy assistia nervosa, empoleirada sobre o braço do móvel, esperando o momento que Levy finalmente abriria os olhos.

Juvia aproximar-se, empurrando a irmã delicadamente e acertando uma bicuda na canela do RedFox. Ele lhe olha desnorteado, esfregando o local freneticamente.

_ Que merda é essa!

_ Tem um corpo na porra do sofá! _ grita histérica.

_ Incrível sua capacidade de observação _ Gray comenta baixo, arregalando as orbes ao perceber o que acabara de fazer.

_ Você quer apanhar de qual lado da cara?

_ O que é isso? O que está acontecendo aqui? _ a mulher aproximar-se, vendo que de fato se tratava de uma garota largada no sofá da sala, imóvel, como se esteve num sono profundo demais, ou, morta.

_ Mãe! _ Wendy agarra a barra do avental da mulher, a incentivando a se aproximar da McGarden e resolver aquilo.

_ Essa é a garota que sofreu o traumatismo, não é? _ Grandeeney questiona, avaliando Levy com o olhar _ Isso é comum de acontecer, nada alarmante. Ela tá com febre?

Gajeel toca a testa de Levy suavemente, sentindo sua pele aquecida, como se ela tivesse saído de um banho quente.

_ Tá, mas não alta _ responde seriamente, encarando Grandeeney, esperando mais instruções.

A mulher tinha mestrado em medicina, todavia, não conseguira um emprego em sua área e terminou como empregada. Mas não era tão ruim assim, afinal, ganhava um bom salário, sua patroa lhe abrigou grávida e aceitou suas duas filhas. Não era qualquer um que tinha essa sorte.

_ Tire os sapatos e qualquer coisa que esteja lhe apertando _ instrui calmamente.

Gajeel faz o que a mulher diz, deixando a McGarden descalça e procurando por algum adereço que pudesse estar prendendo sua circulação. Juvia observava o homem, notando seu estranho comportamento. Não que Gajeel fosse incapaz de prestar um socorro, mas aquela garota não era nem para estar ali, levando em consideração o fato que ele não trazia mulheres para sua casa. E aquele cuidado que Gajeel tinha ao afastar a gola de sua blusa de abotoar para encontrar uma possível correntinha, a forma que ele estava prestativo... com certeza o RedFox se importava bem mais do que quando lhe largou acidentada.

_ A coloque numa cama, precisará ficar de repouso... talvez a febre aumente, e aí uma convulsão pode acontecer. _ Gajeel assenti, tomando a azulada para si novamente e a acomodando em seus braços. Grandeeney lhe seguiu, continuando suas instruções enquanto a filha caçula assistia tudo, agora mais animada que qualquer outra coisa.

Wendy estava acostumada a passar seus dias limpando aquela enorme casa, indo estudar no período da tarde, continuando sua rotina diária de estudo e trabalho. Finalmente algo diferente ocorrera, a última vez que ela teve seu tédio posto de lado foi quando Ichiya Vandalay tivera uma alergia aos seus muitos perfumes, causando uma série de manchas vermelhas que coçavam. Wendy se divertira vendo os outros empregados coçando as costas do homem com um escovão, até ela ter que ir ajudar, coçando suas orelhas com uma escova de dentes.

O celular de Juvia toca de repente, fazendo-a tira-lo do bolso de seu avental às pressas, vendo que era uma ligação de seu namorado. Ela o atende inicialmente animada, murchando no decorrer dos minutos, ouvindo que seu jantar estava desmarcado porque, mais uma vez, Lyon encontrava-se atarefado até o pescoço. Torna a guardar o aparelho, apertando os lábios enquanto encara o moreno ao seu lado.

Gray tinha uma sobrancelha arqueada, como se disser-se "É, ele é assim".

_ Não achei que fosse tão... ocupado _ ela murmura desviando o olhar para a escada.

_ Ele prioriza os estudos, acima de qualquer coisa.

Juvia não queria, mas não conseguira se conter. Já estava chorando, pela terceira ou quarta vez aquela semana, e pelo mesmo motivo.

Gray coça a nuca, se perguntando se deveria fazer algo a respeito. Deveria abraça-la ou algo assim? Não... isso é problema do Lyon.

_ Isso não é justo, parece que ele nunca tem tempo pra mim _ diz entre soluços, tentando limpar as lágrimas inutilmente. Gray pisca um par de vezes, dando de ombros.

_ Bem, se quer mesmo ficar com ele, vai se acostumando com isso. Lyon é um pé no saco, meus pêsames se percebeu isso só agora.

Juvia senti-se pior. Para de chorar, fitando o moreno com os olhos semicerrados. Por um momento, o culpa por aquilo. Era irmão dele, deveria alerta-la que ele lhe faria sofrer, que ele não tinha tempo para nada além que ler aqueles livros idiotas e pra sua preciosa faculdade. No fundo, Juvia sabia que a culpa não era de Gray, não era nem mesmo de Lyon, mas ainda assim, mesmo tendo consciência de que aquilo era infantil e insensato, ela arremessou um jarro que estava sobre o centro.

O moreno abaixou-se rápido e o jarro acertou a parede, espatifando-se e sujando o chão com seus muitos pedaços de porcelana.

_ Você é maluca, sabia?! _ Ele rir, correndo os olhos pelo piso _ Gostei de você, Juvia. Você tem aquela cara de quem vai foder a vida de alguém, saca? Vai fundo no Lyon, mas quando for com ele, não erre a mira. Acerta bem na cabeça.

A azulada arfa por alguns minutos, percebendo o que fez e passando as mãos em seu rosto, como se para despertar de um estado de sonolência.

_ Merda... _ murmura se perguntando quanto aquele objeto deveria custar. Bem mais que do seu salário, sem dúvidas. Se ela bem lembrava, aquele era um jarro que Metalicana comprara num leilão. Era de porcelana chinesa, ou francesa, ela não tinha certeza, mas era algo importante pra sua patroa. E ela simplesmente o arremessou na parede.

Com um suspiro pesado, Juvia deu as costas e afastou-se para ir buscar a pá e a vassoura, três ou quatros meses de salário desaparecendo de seu orçamento.

_ Eu te levo na minha casa se quiser, te ajudo a se vingar do Lyon _ o moreno sugeri indo atrás da azulada _ Assistir sete temporadas de Pretty Little Liars, eu sei como ocultar um corpo.

_ Cala a boca.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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