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História Impulso - Se minha presença a faz feliz, então isso basta


Escrita por: Ixteeer

Notas do Autor


Boa noite, minna!!! Como vocês estão? Espero que bem '^' bem, como vocês sabem, ando deprê por muitos motivos, maaaaas, meu namorado me presenteou com a série "Os Bridgertons", então eu me animei hoje e me esforcei para escrever algo decente.
Espero que gostem e relevem eventuais erros! ♥

Capítulo 14 - Se minha presença a faz feliz, então isso basta


 

No dia seguinte, Levy não falara absolutamente nada durante todo o café da manhã. Gajeel poderia começar a se preocupar com isso, se não fosse pelos olhares furtivos que ela lhe dava sempre que achava que sua mãe e os empregados estavam distraídos com algo. Aquilo conseguia ser melhor que qualquer palavra que a azulada poderia vir a dizer.

_ Teve uma boa noite de sono? _ Metalicana pergunta eventualmente.

_ Supimpa _ Levy responde sem olha-la, sorrindo um pouco enquanto enfia uma poção de purê de batata na boca para não ter que dar mais explicações.

Gajeel permaneci com os olhos presos em seu jornal, inevitavelmente sorrindo de canto.

_ Também dormir muito bem, mãe, obrigado por perguntar _ retruca.

Ela ergui os olhos do prato, arqueando uma sobrancelha enquanto termina de mastigar sua última garfada. Limpa o canto dos lábios com um guardanapo, visivelmente irritada com seu filho.

A verdade é que olhando-o na mesa do café da manhã, lendo um jornal enquanto bebericava um café sem açúcar, Metalicana sempre se perguntava se Igneel estaria exatamente da mesma forma, em Crocus, cercado de empregados e de suas mobílias fora de moda.

_ Tenho certeza que sua noite foi instigante _ Ela por fim responde a provocação, fazendo Levy arregalar os olhos e quase se engasgar, dando uma grande golada em seu café rapidamente para disfarçar o impasse.

Gajeel, no entanto, sorrira dando de ombros, voltando sua atenção pro jornal.

_ Conheço o filho que tenho _ Metalicana diz simplesmente, arqueando ambas as sobrancelhas enquanto dá a primeira golada em sua taça de vinho.

Levy percebera que a mulher provavelmente estava sempre bebendo. Isso lhe fez lembrar sua avó Issa, que sempre dizia que o melhor remédio era uma boa dose de uísque, afinal, quem lembra que está doente quando está bêbado?

_ Como está a faculdade? _ a azulada pergunta de repente, incomodada com o silencio que se prolongou.

O moreno resmunga baixo antes de responder.

_ Estou pensando em deixa-la.

Metalicana o encara por cima de sua taça.

_ Por quê? _ Levy deixa o café da manhã de lado, olhando-o com o cenho franzido.

Ele lhe olha pelo canto dos olhos.

_ Porque estou numa fase complicada.

A RedFox repousa a taça sobre a mesa, olhando o filho seriamente.

_ Do que está falando, Gajeel?

_ Acho que só estou tendo uma crise existencial ou algo assim _ Ele dá de ombros _ Não sei, preciso pensar.

_ Sobre a empresa?

_ Sobre muitas coisas _ Ele responde quase um minuto depois, finalmente encarando sua mãe.

Levy olha de um a outro, de repente sentindo-se uma invasora. Mas ela estava ali porque Metalicana permitiu, certo? Não havia motivos pra se sentir uma estranha no ninho.

_ Poderia explicar isso melhor? _ Ela pedi tendo o cuidado para não soar rude. Estava vendo um lado no filho que jamais chegou a ver, algo bem perto de um doloroso choque de realidade.

_ Na verdade, não _ responde sinceramente. _ Ainda não.

Metalicana encara Levy de repente, e ela desvia os olhos pra comida em seu prato pra fugir de seu questionamento silencioso.

_ O que? Vai me dizer que engravidou essa menina e andou atrás de Jellal pra se precaver das futuras acusações?

Gajeel arregala os olhos castanhos avermelhados, se recompondo rapidamente.

_ Quanto de vinho você bebeu?

A azulada estava corada, claro que estava, de repente imaginando aquilo. Chacoalha a cabeça como se pra afastar o pensamento, dando outra golada em seu café.

_ Então o que? _ Ela insiste _ Não me venha dizer que são bons amigos, porque eu conheço você e sei que está acontecendo algo. Eu não sei o que é, mas com certeza há algo.

_ Acho que deu minha hora _ Levy diz nervosamente.

_ Nem um passo, senhorita McGarden _ Metalicana murmura entre os dentes, encarando o filho com os olhos apertados.

_ Senhorita McGarden, acho que vou te chamar assim _ Gajeel rir sem se importar com o comportamento da RedFox mais velha.

_ Gajeel _ a morena rosna.

Ele revira os olhos, encarando-a de forma petulante.

_ Mamãe.

_ Pode me prometer que não engravidou a Levy?

Gajeel fica em silencio por mais de um minuto, se perguntando se contava aquilo ou esperaria mais um pouco. Por fim suspira derrotado, chegando a conclusão que o melhor seria deixar sua mãe ciente ao menos do essencial.

_ Na verdade, eu não engravidei ninguém.

Metalicana pisca um par de vezes.

_ Como é?

_ Sorano nunca esteve grávida _ algo no seu tom de voz fez Levy encara-lo, parecia lamentar ou sofrer em admitir aquilo.

A RedFox mais velha arfa, estendo sua mão pra taça de vinho e bebendo o conteúdo num gole. Levy não pode deixar de perceber seu sorrisinho de canto enquanto ela passava o dorso da mão sobre os lábios.

Parecia extremamente satisfeita com a novidade.

 

No carro, a azulada estava terrivelmente incomodada com o silencio de Gajeel. Olhava-o vez ou outra e ele sempre estava da mesma forma: com uma mão no volante e o cotovelo apoiado no beiral da janela, a mão livre cerrada contra sua têmpora, fazendo-a ficar com a cabeça de lado.

Ela desfivela o cinto de segurança de repente, pondo as pernas sobre o banco e aninhando-se junto dele.

_ Eu sinto muito _ diz sincera, seu coração doendo um pouco ao recordar do modo que ele se sentia com o filho que achava que teria.

Gajeel sorrir sem humor, trocando o volante para a outra mão e envolvendo-a com o braço livre.

_ Não se preocupe com isso, eu vou ficar bem.

Levy encara a estrada, corando com o que iria dizer.

_ Você pode me engravidar quanto quiser _ Então ela se remexi nos braços do homem, acrescentando nervosamente _ Futuramente, c-claro, futuramente!

O moreno sorrir, dessa vez, com todo o humor. Aperta a garota junto de seu corpo, beijando sua testa coberta pela touca preta enquanto continuava encarando a estrada.

_ Então você pensa em me manter por perto?

Ela pisca, de repente tímida.

_ Sim... é um erro?

Gajeel a olha por alguns segundos, sorrindo de lado.

_ O que você imagina, exatamente?

Levy pensa um pouco.

_ Não sei... eu só me sinto bem com você, e a ideia de está num futuro em que você esteja incluído não é desagradável.

Ele chacoalha a cabeça, rindo consigo mesmo.

Levy bufa e faz menção de se afastar, mas ele a prendi firmemente, voltando a olha-la com carinho. Não que não gostasse de dizer coisas bonitas, só era novo ter alguém que lhe encantasse ao ponto de dizer.

_ Não estava rindo de você.

_ Estava sim... _ Ela retruca, cruzando os braços enquanto bufa.

_ Não estava não.  

_ Então do que estava rindo?

_ De mim. A forma que você pensa é razoável, Levy, perfeitamente admissível.

Ela aperta os lábios num linha tensa, permanecendo em silencio por um minuto inteiro, se perguntando se gostaria de ouvir a resposta de seu questionamento.

Por fim, revira os olhos e indaga:

_ Tá, e o que é que você pensa?

Ele sorrir, encarando a estrada enquanto pensava numa forma de tornar aquilo o mais simples possível.

_ Imagino-a grávida...

_ Isso é bom, na verdade _ Ela diz quando ele não faz menção de continuar _ Eu acho... porque é normal, não é? Bebês veem naturalmente alguma hora...

Então ele lhe encara.

_ Imagino-a grávida de nosso... quarto ou quinto filho.

Ela pisca um par de vezes, começando a franzir as sobrancelhas em confusão. Ele lhe observa atentamente.

_ Cinco filhos? _ pergunta incrédula _ Quando começou a pensar nisso?

_ Eu meio que sempre quis isso _ responde cautelosamente.

_ Então não é uma coisa que queria especificamente comigo, não é? _ Ela baixa o olhar, fazendo Gajeel senti um estranho incomodo no peito.

_ Especificamente com você, Levy.

_ Gajeel, nos conhecemos esse ano _ Ela o lembra.

O homem suspira. Era algo complicado, e por mais que ele pensasse numa forma de simplificar aquilo, parecia que sempre soava piegas e antiquado.

Desisti e solta de uma vez:

_ A verdade é que sempre quis uma garota exatamente como você é, Levy! Sabe, essa sua mania de falar o que bem quer, esse seu jeito desleixado, tipo "foda-se você, eu sou Levy McGarden e eu vou te mandar a merda do mesmo jeito", caralho, isso é tão fodidamente sexy! E eu queria alguém assim, não qualquer uma, mas alguém exatamente assim! Não suportaria passar o resto dos meus dias ao lado de uma mulher ranzinza, reclamona, interesseira e igual a prima de minha mãe. E infelizmente, é extremamente comum eu me deparar com mulheres assim... principalmente por eu ser um RedFox e blá blá blá.

Ele espera pela resposta, mas ela não vem. Arrisca olha-la pelo canto dos olhos, percebendo que ela encarava o porta-luvas com os olhos apertados. Parecia perplexa ao ponto de não conseguir falar algo coerente.

_ Gajeel... _ inesperadamente ela sorrir, fitando-o ainda um pouco incrédula.

_ Não posso evitar, é a verdade! _ Ele retruca _ Lembra o que falei? Sobre você ser exatamente o tipo de garota certa pra mim? _ Ela assenti, curiosa _ É por isso, Levy. Você nunca se menosprezou ou se julgou inferior a mim só por eu ser financeiramente melhor, sempre me mandou a merda, como faz com o resto do mundo. Mas ao mesmo tempo... você jamais tentou me ultrapassar, ou me passar a perna, ou qualquer merda que muitas outras já fizeram. Você nunca esteve atrás de mim ou na frente, está exatamente ao meu lado. Entende?

A azulada fica quieta por um bom tempo, absorvendo aquilo. Gajeel conseguia a façanha de ser brusco e gentil ao mesmo tempo, e com um sobressalto, ela percebi que também o era.

_ Não sei se fico feliz ou se tenho medo _ finalmente diz, porém sua voz estava carregada de ironia _ Mas acho que entendi.

Ele lhe encara longamente.

_ E o que acha disso?

_ Humm... acho que meu pai te adoraria, se você não fosse quem é. Ele pensa exatamente assim, que devemos ter muitos filhos por causa da baixa natalidade do país.

Gajeel franzi a testa.

_ Na verdade eu gostaria de ter muitos filhos porque minha vida sempre foi um pé no saco.

_ Mas... hein?

_ Você prestou bem atenção na minha casa? Prestou bem atenção no lugar onde moro? Aquilo parece morto, Levy. Tudo é silencioso e quieto, as pessoas são distantes e cheias de si...

Ela abri a boca para falar algo, mas torna a fecha-la. Escolhe bem suas palavras, tentando não ofende-lo de alguma forma.

_ Eu percebi isso desde o momento que fui lá pela primeira vez... as coisas parecem... huum, monótonas.

Mas em vez de se incomodar, ele assentiu veementemente.

_ Exatamente! E sempre foi assim desde... desde sempre, e não queira ver aquilo no natal e no réveillon... os empregados são dispensados pra comemorarem com a família, vem a Margaret, a prima de segundo grau de minha mãe, o marido dela e suas duas filhas, e isso é tudo de família que tenho... Eu não tenho sequer um tio, e é horrível ser positivo sobre o ano que está chegando quando você vê sua mãe bêbada falando coisas que você tem que deduzir o que é e sua miserável família fingindo estarem muito felizes, mas não estão nenhum pouco.

Levy faz menção de falar algo, mas decidi ficar quieta e continuar ouvindo o que ele tinha pra dizer.

_ Jessy e Eva adoravam as festividades, até terem idade suficiente pra entenderem o quão triste aquilo é. Ano retrasado Jessy se rebelou e fugiu, a prima de minha mãe achou ela duas semanas depois, na casa de uma amiga em Bosco, e sabe o que aconteceu depois disso? _ Levy nega com a cabeça _ A velha passou a apresentar as duas a mim como alguém te convenceria a comprar vacas.

A azulada se esforça para não rir, temendo que isso magoa-se Gajeel. Ele parecia realmente sincero sobre se sentir mal com tudo aquilo.

_ Bosco?

_ Sim.

_ Tenho alguns parente por lá... bem, quantos anos elas tem?

_ Jessy tem 19, Eva 17.

Levy pensa um pouco. Uma das meninas tinha sua idade e ela de repente ficou imaginando como elas seriam, como Gajeel as via, se gostava delas. O modo que ele fala delas denuncia algum tipo de afeto, concluíra.

_ Huuum... e como é a relação de vocês?

Gajeel sorrir.

_ Sempre foi muito boa. A Eva se dá muito bem com a Juvia, inclusive, acho que é ainda mais ligada a ela do que a mim.

_ E a Jessy?

O moreno suspira dramaticamente.

_ Bem, quanto a Jessy, digamos que ela é fútil demais pro gosto da Juvs. Não é uma má pessoa, sabe, mas de fato é um tanto... difícil de conviver.

Levy assenti, entendendo, a imagem de Evergreen com os pés sobre uma mesa do bar passando por sua mente.

_ E essa prima da sua mãe, ela tipo ofereci as filhas na cara dura mesmo?

Ele assenti.

_ Sim, desde a rebeldia da Jessy. Ela ficou maluca de ver onde a filha "se enfiou", de repente imaginando se ela não tinha um namorado por ali, e essa ideia a perturbou porque não queria que as filhas "se juntasse" com "qualquer um" _ Ele a fita pelo canto dos olhos, acrescentando nervoso _ Não que sua família seja ruim, ou que aquele lugar também seja, ela só é uma velha maluca mesmo.

A McGarden continua em silencio.

_ Você entendeu, não é? _ indaga temeroso. Não queria ofende-la, não de verdade, embora fosse bastante comum ele a provocar.

_ Sim...

Ele a afasta para poder ver seu rosto com clareza. Ela parecia distante, pensativa demais.

_ No que está pensando?

_ Se sua mãe acha o mesmo sobre isso.

Gajeel nega de imediato.

_ Não, tanto é que abrigou a Grandeeney e suas duas filhas de bom grado, elas são praticamente da família.

_ É diferente...

_ Levy, até meus 7 anos a Grandeeney e minha mãe achavam que eu e Juvia íamos ficar juntos, e isso não parecia incomoda-la.

A azulada arqueia as sobrancelhas.

_ É estranho pensar em vocês dois dessa forma _ admite.

_ Juvia é como uma irmã, sempre foi.

A verdade é que Levy estava se divertindo muitíssimo. Era engraçado ver o RedFox nervoso com algo tão banal, ao menos para ela.

_ Nem quando eram crianças?

_ Não.

_ Porque intimamente gostava de garotas que vestem cuecas _ afirma cheia de sarcasmo.

_ Você não usa cueca... _ Ele retruca olhando-a de soslaio, visivelmente incomodado pela possibilidade.

Levy não desmenti, deixando-o com aquela dúvida cruel. Rir da careta que ele fizera, talvez imaginando-a usando uma cueca por baixo de sua saia.

Ele bufa.

_ Estou tentando não chateá-la e você apenas quer rir da minha cara! _ a acusa indignado.

_ Desculpe...

_ Você ainda está rindo!

Levy faz esforço para se acalmar, olhando a estrada e percebendo que estavam presos num transito infernal.

_ Gajeel... não precisa se encabular tanto.

_ Eu só achei que talvez ficasse chateada...

_ Não _ Ela sorrir timidamente _ Por que eu ficaria?

O RedFox limpa o suor da testa, soltando um suspiro aliviado.

Você definitivamente é esquisita, baixinha. Achei que iria querer cortar a Juvia em pedacinhos se soubesse disso. _ Ele sorrir um pouco, pensando mais sobre aquilo _ Talvez eu só estou acostumando com as mulheres me tratando como um troféu, cortando concorrências como se suas vidas dependessem disso. _ Concluí.

Ela rir.

_ Que coisa idiota, eu não sou assim. Juvia é legal, talvez um pouco biruta...

_ Completamente biruta _ Ele a corrigi.

_ ... Mas eu sei que realmente é supimpa, ou você não a consideraria uma irmã.

_ Então não tem ciúmes?

_ Não.

Ele sorrir, sentindo-se cada vez mais apaixonado, embora, nem tão cedo, ele fosse admitir isso.

Nenhum dos dois, na verdade.

_ Então, resumidamente, você passa o fim de ano se esquivando de uma mãe querendo casar as filhas fervorosamente e tentando compreender o que a sua tá dizendo?

_ E ouvindo Grandeeney dar lições de morais, como se Metalicana estivesse em condições de compreender algo, e Juvia e Wendy tentando melhorar a situação fazendo uma espécie de "noite das meninas".

Levy não consegui se conter e rir um pouco, imaginando-o no meio daquilo tudo.

_ E você também participa? _ pergunta inocentemente.

Ele sorrir de lado, presunçoso.

_ O meu pijama é o mais bonito.

_ Você é um idiota _ Ela rir, acomodando-se embaixo de seu braço.

Inesperadamente, Levy senti sua saia ser erguida na lateral, tendo sua nádega apertada em seguida.

_ Aqui no carro, sério? _ indaga com sarcasmo, embora estivesse corada e intimamente gostando da situação. Se não estivesse, teria rapidamente o repreendido e tentado lhe bater pela invasão.

_ Sua mentirosa, você não usa cueca _ Ele diz como se lhe desse uma bronca, acariciando a pele macia por baixo da saia.

_ Eu nunca disse que usava _ se defende _ Você que dizia.

Gajeel sorrir por um instante, mas para de repente. Encara a mão que mantinha embaixo da saia de Levy, tirando-a dali e levando-a até o topo de sua cabeça, onde lhe afagou. O RedFox sempre criticou a prima de sua mãe por tratar as filhas daquele modo, sobre tudo Eva, tão jovem, uma criança até. E de repente ele se dar conta que Levy tinha a idade de Eva, perturbando-o por um momento.

Ela infla as bochechas, erguendo a cabeça e encarando-o indignada.

_ Por que parou?

_ Não é aconselhável se distrair enquanto dirigi.

Levy aperta os olhos, encarando os carros em frente a picape através do para-brisa.

_ Estamos parados no meio do trânsito, Gajeel.

_ Levy, seja uma boa menina _ Ele afaga o topo de sua cabeça outra vez, fazendo-a sentir-se uma menininha mal criada.

Ela bufa.

_ Gajeel, pare de me tratar como criança!

_ Você não é uma criança _ diz mais pra si do que pra ela, como se tentando se convencer disso.

_ Ótimo. E se não se importa, pode continuar o que estava fazendo.

Ele suspira pesadamente.

_ Petit... não com você metida num uniforme escolar, okay? Isso é esquisito...

_ Tudo bem _ Ela ofereci seu melhor sorriso diabólico _ Mas você não achou esquisito ontem.

O homem iria lhe dizer que era diferente, que toca-la enquanto vestia seu uniforme lhe fazia se sentir um aproveitador de crianças, mas a menção a noite passada lhe trouxe um profundo sentimento de satisfação, então ele apenas sorriu e abaixou-se pra beijar a ponta de seu nariz.

_ Trapaceira _ murmura enquanto finalmente o transito andava, fazendo-o voltar a prestar atenção na estrada.

Eles ficam em silencio durante o resto do trajeto, mas não era algo incomodo. Quando Levy apanhou sua bolsa no banco traseiro, empinando suas nádegas propositalmente, Gajeel beijou seus lábios de forma demorada, de repente sentindo uma enorme vontade de impedir que ela saísse. Gostava de como era simples com Levy, de como podia ser ele mesmo e estaria tudo bem.

_ Venho te buscar depois da aula _ anuncia obrigando-se a larga-la.

Ela franzi as sobrancelhas.

_ Isso não vai te atrapalhar?

_ Levy, sua lata velha tá bem longe.

A azulada bufa, apertando a alça de sua bolsa e abrindo a porta do carro, onde saltou para fora e bateu a porta com mais força do que seria necessário.

_ Até mais tarde, baixinha.

Como resposta, ela dá dedo, inevitavelmente sorrindo enquanto virar-se e segui para o colégio abarrotado de alunos circulando pela fachada.

Gajeel observa a azulada se afastar, juntando-se a Cana Alberona e Natsu Dragneel e adentrando os portões da Fairy Tail junto dos dois. Liga o motor, virando o rosto despreocupadamente para a janela e paralisando por alguns segundos.

Do outro lado da rua, sobre uma calçada alta, Droy encarava-o com os punhos cerrados, o irmão apertando seu braço enquanto cochichava algo com a cabeça virada na direção contrária a de Gajeel. Ele rapidamente sobe o vidro fumê enquanto sentia-se estranhamente errôneo.

Se encara no pequeno espelho, afastando aquela sensação. Não se culparia por gostar de Levy, não se culparia por ter roubado aquele primeiro beijo e mudado as coisas entre eles pra sempre. A McGarden o queria tanto quanto ele, afinal, e ela realmente não se importava dele ter quase a matado por pura irresponsabilidade no inicio de tudo.

Muito lentamente, Gajeel estava mudando. Por causa dela, por ela, e enquanto ligava o rádio automotivo, se convenceu de que a merecia. Ele sentia-se, sinceramente, empático com relação a Droy. Em seu lugar, também iria querer quebrar sua cara, mas ele não se permitiria achar que sua relação com Levy era errada. Complicada, mas errada não. Enquanto ela disser-se que o queria, Gajeel não se a deixaria, mesmo que em seu íntimo ele soubesse que não merecia alguém como a McGarden.

 

*  *  *

 

Levy tinha três bons motivos para querer fugir da escola e nunca mais voltar. Primeiro, ela havia perdido uma prova. Segundo, seus colegas continuavam seguindo-a com o olhar aonde quer que ela fosse, e ela sentia que era por outro motivo além dela ser Levy McGarden _ a garota que escapara de morrer duas vezes.

E terceiro, ela logo descobriria, e talvez esse fosse o maior dos motivos.

_ Tome, vai melhorar _ a Alberona garantiu, entregando um comprimido para a Lisanna.

Lisanna não falara nada desde a noite passada, algo estranho, levando em consideração que era uma tagarela nata. A azulada tentara puxar assunto, mas a albina não fazia nada além de assentir sem emoção alguma e permanecer fazendo o braço de travesseiro.

Ela aceita o remédio, o ingerindo com um pouco de suco de pêssego.

_ Que ideia foi essa? _ Natsu indaga sorrindo um pouco. Raramente não estava sorrindo _ Nunca foi de beber, Lis, achou de virar pinguça do nada?

Lisanna suspirou pesadamente, e isso foi tudo o que deu como resposta.

_ A pinguça sou eu aqui, rapaz _ Cana desdenha com uma sobrancelha arqueada _ Lisanna só experimentou.

Bacchus sorrir, se esgueirando por sobre Sting para beija-la fervorosamente, ignorando os empurrões que ele lhe dava.

_ Isso é nojento, sabia?! _ Sting resmunga indignado quando o moreno volta para o seu lugar.

Cana revira os olhos, lhe fitando como se controlasse o desejo de bater em sua cabeça com a latinha de refrigerante que tinha entre as mãos.

_ Você bota essa boca em lugares bem mais inapropriados, não acha?

Levy estava completamente entretida em sua tarefa de física, inerte daquela discussão sobre quem era mais devasso, até que tudo ficara subitamente quieto. O silencio gritante a fez se distrair dos cálculos, erguendo a cabeça a tempo de ver Loki se aproximar de sua mesa acompanhado de Lucy, Karen, e alguns amigos que também era do time de basquete.

A esverdeada estava ao seu lado, parecendo muito animada, seus amigos o cercavam como cães de guarda e Lucy vinha um pouco atrás, pondo uma mecha de seu cabelo loiro atrás da orelha nervosamente. Natsu encontrou seu olhar eventualmente, e ela rapidamente fitou as costas de sua melhor amiga, incapaz de encara-lo. A verdade é que Lucy queria apenas esquecer que fora humilhada naquele refeitório e continuar sua vida, a menção do assunto lhe fazia se sentir novamente envergonhada e exposta.

Num movimento que Levy desejava ter sido despreocupado, ela levantou-se, apertando o caderno contra o peito e afastando-se da mesa, mesmo que soubesse que Loki não iria lhe deixar ir tão fácil.

Então ele a puxou pela camisa, a erguendo no ar como fizera com um rapaz magricela outro dia. Os irmãos Cheney levantaram-se ao mesmo tempo, Cana apertou a latinha de refrigerante nervosamente, mas não houve tempo para nada além que arfar de surpresa. Porque ninguém achava que Loki faria aquilo mesmo, ninguém achou que ele bateria em uma garota, ainda mais tão ridiculamente menor que ele.

Por quase um minuto, tudo o que os outros alunos fizeram foi olhar a cena estupefato. E então o silencio fora engolido pela tremenda gritaria. Alguns incentivava-o, mas a maioria levantou-se querendo intervir, sendo impedidos pelos amigos de Loki. Karen batia palmas enquanto ria animadamente, virando-se para procurar por Lucy, mas não a achando.

Ignora sua ausência, voltando a incentivar Loki com risadas e gritinhos eufóricos.

Três professores abrem caminhando em meio a multidão de alunos afobados. Gildarts toma à frente, ignorando a tumulto atrás de si. O garoto finalmente larga a gola de Levy, sacudindo o punho enquanto sorria.

_ Diretoria _ o homem diz entre os dentes.

Loki levanta, sendo empurrado pelos amigos que riam com ele. Mas antes que acompanhasse seu professor, Levy sentou-se com dificuldade, limpando o canto da boca e sorrindo com os dentes sujos de sangue.

_ A culpa não é minha se seu pau é pequeno.

Havia três coisas que irritavam profundamente Loki. Ser humilhado, ser humilhado por uma garota, ser humilhado por uma garota e ser impedido de fazê-la se arrepender.

_ Me solta! _ grunhia nos braços de Gildarts _ Meus pais vão te processar, seu merdinha!

Aquários e Evergreen tentavam, inutilmente, mantê-lo imobilizado e, num momento de puro estresse, a morena perdeu a paciência e diferiu um tapa na face de Loki, arfando ao perceber o que fez. Ao menos o garoto parou de se rebelar e lhe fitou com os olhos esbugalhados, surpreso demais para fazer qualquer coisa se não deixar-se ser arrastado para a diretoria, passando pelo caminho que seus colegas abriram de bom grado.

Evergreen sabia o que aconteceria com ela, e por um momento esse pensamento quase a paralisou. No entanto, a mulher rapidamente se recompôs, indo ajudar Levy a se levantar como alguns amigos da azulada já faziam. Quando ela limpou o suor da testa, analisando o rosto da McGarden e preparando-se para dar um sermão daqueles nos compassas de Loki, que ainda permaneciam por ali, fora interrompida pelo barulho das portas do refeitório sendo aberta abruptamente.

Então, fazendo todo o refeitório uivar de rir, Elfman inesperadamente gaguejou toda uma frase:

_ S-s-segur-r-rem e-e-esse m-m-moleque!

E em seguida corre ridiculamente rápido, sua enorme estatura fazendo-o esbarrar nos alunos e derrubar alguns pelo caminho.

Lisanna deixa Levy de lado, correndo atrás do irmão _ e professor _ , igualmente em apuros.

No segundo andar, Natsu sentia-se num misto de preocupação e raiva. Muita raiva. Lentamente, a imagem de Lucy divertida e amiga estava desaparecendo de suas memórias, como se estivesse perdendo as esperanças que ela encontra-se o caminho de volta. Porque ele sabia que Lucy não era como Loki ou Karen Lilika, ela só estava perdida, e se ela ao menos pedisse por ajuda... se ela ao mesmo achasse que merecia ajuda, as coisas seriam bem mais fáceis.

Apesar de achar aquela situação irritantemente infantil, ele continuou a procurando, fazendo-o sentir-se novamente um garotinho de não mais que 7 anos brincando de esconde-esconde. Ele ouvi um barulho abafado vindo do armário dos professores, caminhando até ele e o abrindo de uma vez, fitando a garota encolhida sentada com as pernas dobradas, o rosto escondido entre os braços apoiados sobre os joelhos.

_ Lucy...

Eles não se falavam desde que Layla Heartfilia veio a falecer, há mais de 8 anos atrás. Mas antes que Natsu pudesse falar algo mais, ele ouviu passos pesados no corredor e se enfiou rapidamente dentro do armário, fechando-o e ouvindo a porta da sala dos professores abrir abruptamente quase no mesmo instante em que se escondia.

Elfman Strauss sentou-se numa cadeira enquanto resfolegava. Pela brecha, Natsu vira Lisanna aparecer quase um minuto depois, desnorteada e igualmente sem fôlego.

_ Irmão...

Elfman parecia mais uma criança do que um homem de dois metros quando levantou-se e se encolheu junto da parede, como se não querendo que sua irmã visse seu estado de espírito.

_ Tá tudo bem, Elf, tudo bem isso acontecer de vez em quando. Você estava muito nervoso... _ tentava tranquiliza-lo, alisando seu braço.

_ É ridículo um homem gaguejar daquele jeito _ murmura.

_ Você fez um progresso incrível, sabe disso _ argumenta.

Então ele virar-se, abraçando a albina de forma que seus pés ficaram suspensos muitos centímetros do chão.

Lucy limpa o nariz na manga do suéter, erguendo a cabeça e também dando uma espiada pela brecha. Ela ver Elfman largar a irmã, e ficar sem ação ao vê-la chorar tão inesperadamente. Num instante ela estava o consolando, e em outro estava sendo consolada. Só por um momento, Lucy esqueceu que estava dentro de um armário com seu antigo melhor amigo, estática com o que estava presenciando.

_ Lis...

_ Ele vai me casar com o Thierry Phillips! _ solta de uma vez.

Elfman agarra os ombros da irmã, a chacoalhando como uma boneca de pano.

_ Ele quem?!

 _ Nosso pai! Nosso pai vai me casar com aquele velho por causa das terras!

Lucy arfa, tendo sua boca coberta pela mão de Natsu no mesmo instante. Elfman larga a irmã, inspirando profundamente numa tentativa de afastar a sensação de ter sua língua enrolada, de forma que não conseguiria pronunciar nada sem que gaguejasse ridiculamente.

Por fim diz com clareza, já mais calmo.

_ Foi por isso que ficou bêbada e Mira me ligou aos prantos ontem?

Ela assenti, envergonhada. Recomeça a chorar, tentando inutilmente limpar as lágrimas teimosas.

_ Elf, nosso pai enlouqueceu! Ele só fala daquelas terras, e só pensa naquelas malditas terras!

_ Como isso aconteceu?

_ O senhor Phillips propôs um acordo... sabe que nosso pai sempre teve rixa com a família dele, porque foram os únicos que não venderam aquele pedaço de rancho pra ele. A mulher morreu há uns três meses atrás e o senhor Phillips apareceu ontem pra dizer que sua propriedade é do nosso pai se ele me casar com ele... _ Ela soluça, quase sem conseguir continuar _ E nosso pai aceitou de bom grado!

Elfman permaneci em silencio por longos minutos, sentando-se novamente enquanto permaneci quieto.

_ Papai me odeia! Como ele pôde me vender desse jeito?! _ choramingava.

Ele ergui o olhar, encarando-a longamente.

_ Ele não te odeio, Lis.

A menina limpa o nariz com o dorso da mão, finalmente conseguindo parar de soluçar.

_ Como não, Elf? Setenta porcento das terras nortistas são de nossa família! Onibus, Kunugi e Oshibana podem não ser lá os melhores lugares para se morar, mas com certeza tem terras férteis o bastante pra ele lucrar com todos aqueles malditos bois e sei lá mais o quê que vivi nas propriedades de nossa família! Mas mesmo assim... _ Ela funga, por um momento parecendo que iria voltar a chorar. _ Mesmo assim ele vai me vender como se eu fosse uma maldita vaca, por um rancho velho e fedorento...

Elfman sorrir, fitando sua irmã como se ela fosse uma criança ingênua. De certa forma, era.

_ Não seja boba, Lis. Isso não é por você, ou por Thierry Phillips, ou por qualquer terra que esse velho rabugento estiver se recusando a vender. É por mim e por Mira. Quer chamar atenção, fazer uma sinal de fumaça. E isso é um perfeito sinal de fumaça.

A Strauss mais nova franzi o cenho.

_ Então papai quer atingir vocês com isso?

_ Exatamente. _ Ele suspira, desviando os olhos para um porta lápis que estava sobre a mesa _ Sabe que ele nunca engoliu o fato de ter que deixar todas aquelas fazendas aos cuidados de algum primo distante, ele é soberbo e quer que tudo permaneça no nome dos Strauss. Não se preocupe, Lis, ele não vai fazer isso. Não de verdade. Apenas quer que um de nós der o braço a torcer.

Lisanna fica um tempo pensando sobre aquilo, muito mais calma. Se seu irmão estava dizendo, ela acreditava piamente.

_ Então o que faremos? _ pergunta temerosa, fitando o homem com um pouco de pena.

Ele vasculha o porta lápis, apenas para não soar tão sério enquanto respondia:

_ Bem, é meu dever de homem ir resolver isso. Não posso deixar Mira ir, não agora que está noiva, prestes a casar e ter o que sempre quis. _ Ele sorrir _ Eu não tenho nada mesmo. Nada a perder, quero dizer. Acho que está na hora de tirar o velho do castigo.

 

- w -

 

Levy sai do colégio com a receita médica em mãos, descendo os poucos degraus de frente o local com o máximo de tranquilidade que conseguiu fingir. Sua touca ficara em algum lugar do refeitório, seus lábios estavam cortados e inchados, e suas bochechas começavam a ganhar um tom de verde e roxo indiscreto demais por conta da pele muito clara.

Ela olhava em volta o tempo todo, como se Gajeel pudesse estar em qualquer canto, porém, pro seu alívio, ela não vira nenhum sinal da picape preta. Respira profundamente, obrigando-se a pensar em algo. Talvez se ligasse pro seu pai ele poderia pedir ajudar a Flare. Talvez a mulher viesse lhe buscar com o seu Siena branco, ela parecera ser prestativa, afinal, talvez ela estivesse livre às nove e meia da manhã.

Então, abrindo sua bolsa a fim de pegar seu celular, Levy fora surpreendida pelos braços fortes envolvendo sua cintura, apertando-a contra o corpo quase 3 vezes mais largo que o seu. Ela sabia quem era. Levy conhecia até a forma que Gajeel andava e, naquele momento, ela sentiu-se terrivelmente tentada a morder o braço que lhe envolvia e sair correndo. E foi o que ela fez, ou tentou.

Gajeel segurou seu braço firmemente, ficando rapidamente aturdido. Levy permaneceu de cabeça baixa, chutando uma pedrinha que cutucava a sola de seu sapato.

_ Não tá meio cedo pra sair da escola? _ Ele pergunta, decidindo agir naturalmente.

Ela não responde.

_ Matou aula pra ficar comigo? _ continua em tom de brincadeira, cutucando-lhe as costelas para fazê-la rir, mas ela se esquiva de suas mãos rapidamente.

Gajeel franzi o cenho.

_ Levy, quer me dizer o que você tem ou eu vou ter que descobrir sozinho? _ Ele encara os cabelos cheios e mais bagunçados que o comum, cerrando os olhos enquanto observava a garota parcialmente, tendo certeza cada vez mais que havia algo muito errado com ela. Parecia estranhamente encolhida, mais frágil de alguma forma, talvez com uma dor nas costelas que a fizesse ficar naquela posição meia torta.

Ela permaneci em completo silencio, sentindo seu coração batendo rápido demais. Estava com medo do que poderia acontecer, do que Gajeel faria. Ela não tinha muita certeza de como ele poderia reagir, nunca o vira realmente furioso.

Num movimento brusco, o RedFox puxa o papel da mão da azulada, fazendo-a erguer a cabeça por reflexo. Ele pisca. Por longos minutos agoniantes, não faz nada, apenas continua encarando-a como se de repente ela fosse desaparecer diante de seus olhos. Então, lentamente, Levy observa sua mão fechar, amassando a receita com uma ferocidade que lhe fez ter pena do papel por um segundo de devaneio.

_ Quem? _ pergunta simplesmente, ainda sem expressão alguma.

Ela morde o lábio inferior.

_ Gajeel, por favor... só deixa pra lá... por favor, não se meta em outro escândalo...

Bem que Levy queria que o RedFox fizesse Loki se arrepender de bater nela e nos outros pobres coitados que o garoto achava-se no direito de lesar, mas sua preocupação falava mais alto que seu egoísmo. Não podia pedir uma coisa daquelas, simplesmente não podia.

_ Me diz, Levy. Só me diz quem foi.

_ Ele se chama Loki... _ Ela arfa em seguida, percebendo a mudança de comportamento do moreno _ Gajeel, deixa isso quieto!

_ Deixa quieto? _ repeti em tom de deboche _ Esse cara bateu na minha garota e você quer que eu deixe quieto?

Levy estava com os nervos a flor da pele. Tinha medo do homem simplesmente larga-la ali e ir para dentro do colégio caçar seu agressor, e, como se pra impedir que essa possibilidade viesse a ocorrer, ela abraçou sua cintura, apertando-o embora sentisse vários ossos doerem ao fazer tal ato.

_ Por favor, Gaj... só não se meta em outra confusão _ pedi soando infantil, sentindo-se aliviada quando o homem acarinhou seus cabelos revoltos.

_ Embora eu tenha vontade de faze-lo morder o próprio cotovelo _ diz num tom despreocupado, mas Levy sabia que estava disfarçando seu real sentimento _ Não serei eu quem o fará se arrepender.

Ela ergui a cabeça para encara-lo.

_ Não? _ afasta-se, de repente constrangida por estar agarrada ao homem no meio da rua _ Então quem, Gajeel?

Ele sorrir de lado, fazendo-a se encolher com a falta de resposta. Independente de quem fosse, sabia que aquilo não acabaria ali e estava profundamente atordoava com o possível desfecho.

 

*  *  *

Aquele dia, tudo parecia quieto demais. Grandeeney limpava a cozinha tranquilamente, sua filha, Juvia, começava a preparar o almoço junto de mais outras duas empregadas. Um rádio estava ligado, uma música melodramática preenchia o silencio do cômodo. Então, ela ouviu quando o sempre atrasado Gray Fullbuster finalmente chegara, passando por ela sem falar nada e indo para o quintal, provavelmente para pôr seu fardamento, já que ele simplesmente se recusava a vir vestido com ele.

Juvia permaneceu no mesmo lugar até que concluiu a refeição. Lavou as mãos, enxugou-as num pano de prato e afastou da cozinha tranquilamente, até mesmo sorrindo um pouco. Encontrou o moreno sentando no sofá da sala de estar, com as pernas cruzadas e com seu celular em mãos, sorrindo de algo que via. A azulada simplesmente ficou encarando-o, até que ele desviou os olhos do aparelho e apertou-os incomodado.

_ Que foi? _ pergunta rispidamente.

_ Peça desculpas _ diz autoritária, olhando-o da mesma forma detestável.

Ele rir, um ruído carregado de sarcasmo e desdém.

_ Nem fodendo.

Mas, ao contrário do que ele supôs, Juvia não insistiu. Sorriu inocentemente, suspirando enquanto apanhava um dos belíssimos jarros que sua patroa comprava nos diversos leilões que frequentava. Uma raridade, precioso e muito importante para a RedFox.

E então, ela simplesmente deixou-o cair, sobressaltando o Fullbuster, que levantou-se imediatamente e encarou-a incrédulo.

_ Você tá doida?!

Ela arregala os olhos azuis no mesmo tom dos cabelos, cobrindo os lábios teatralmente assustada.

_ Você tá doido?

_ Foi você que quebrou essa merda! _ a acusa.

Juvia suspira, olhando-o de soslaio.

_ Não tente pôr a culpa em mim, Metalicana sabe que não sou nenhum pouco desastrada. Já você, com toda a sua habilidade excepcional...

_ Sua... _ Ele crispa os lábios, fechando as mãos em punhos e controlando o ímpeto de xinga-la de todos os palavrões que existisse.

_ Que pena _ Ela suspira mais uma vez _ Seus pais vão receber mais uma reclamação e você vai passar mais tempo limpando esse maldito chão que tanto odeia...

Gray aperta os olhos.

_ Que diabo quer de mim?

_ Peça desculpas _ responde entre os dentes.

_ Se eu pedir você vai assumir a culpa? _ indaga a contragosto.

Ela pisca, arqueando as sobrancelhas.

_ Talvez.

_ Desculpe _ murmura.

Juvia sentar-se no sofá lentamente, cruzando as pernas de forma elegante enquanto sorria, fitando o jarro repousado sobre o centro.

_ Ah, Gray, por que você é tão desastrado? Dois jarros no mesmo dia? Tsc, tsc...

_ Desculpe, okay? _ Ele suspira _ Isso não tem nada a ver com você. É com Lyon, nunca foi minha intenção te envolver nisso... mas você estava com Lyon, então só... desculpe.

Ela fica quieta por longos minutos, balançando o pé enquanto o encarava. Por fim dá de ombros, descruzando as pernas e levantando-se muito ereta, talvez para ficar da mesma altura que o garoto, ou quase.

_ Muito bem _ dá o veredito _ A partir de hoje, você é, oficialmente, o meu cachorro.

Gray deixa cair o celular que segurava, ficando inexpressivo.

_ Como é? _ indaga mal movendo a mandíbula.

_ Meu cachorro _ repeti cordialmente.

Então ele finalmente se recupera do choque, percebendo que não, ele não ouviu errado.

_ Seu cachorro? O que diabo eu vou fazer?

A azulada põe uma mão no queixo, fingindo pensar sobre.

_ Huuuum... ainda não sei, mas com certeza você precisa ser adestrado _ se debruça sobre o centro, empurrando o jarro e deixando-o cair no piso com um ruído estridente. Em seguida, encara Gray, que estava de olhos arregalados diante de sua atitude, e aponta um dedo em sua direção, continuando severa enquanto agita o indicador: _ Cachorro mau.

E simplesmente deixa a sala de estar.

Gray encara os cacos de porcelana, tendo certeza que errara em sua conclusão precipitada. Juvia Lockser, com todo aquele temporal que trazia dentro de si, não bagunçaria a vida do seu irmão, mas a sua própria.

- w -

 

Mais tarde, no mesmo dia, Gajeel estacionou sua picape na rua escura e muito pouco iluminada, abrindo a porta do carro e aproximando-se do estabelecimento com as mãos nos bolsos.

_ Ora, ora... _ Erik levanta de seu banco ao ver o homem aproximando-se do balcão. Pelo menos cinco cabeças viraram-se para ver o motivo de tanta surpresa.

_ Olá, cobra.

O outro rir, voltando a sentar enquanto Gajeel se acomoda no banco ao lado.

_ Não respondo mais a esse nome _ Ele dar uma grande golada em sua caneca de cerveja _ O que faz aqui, depois de tantos anos?

Gajeel estala os dedos, chamando a atenção da balconista que estava de costa para ele, preparando um drinque. Ela virar-se parcialmente, olhando-o por cima dos ombros, mas ao perceber de quem se tratava, esqueci da bebida que preparava e não disfarça a surpresa.

_ Gajeel... _ murmura aproximando-se lentamente. Ao chegar suficientemente perto para ter certeza que era mesmo o homem, ela espalmou as mãos no balcão e inclinou-se para frente, visivelmente eufórica _ Gajeel!

O RedFox encara Jenny Realight, sua ex-namorada do colegial. A mulher mudara muito. Seus cabelos ainda eram loiros, seus olhos eram azuis e seu corpo continuava com belas curvas, como ele recordava. Mas havia um ar mais maduro nela, com toda certeza Jenny não mais aquela menina boba e cheia de ideias fúteis.

_ É muito bom ver que o tempo lhe fez bem _ Ele por fim diz, soando muito educado.

Naquele exato momento, Jenny também soube que Gajeel não era mais o rapaz extremamente impulsivo que conheceu. Estava mais frio, de certa forma, mais rústico.

_ O que te trouxe aqui? _ indaga afastando-se do balcão discretamente.

_ Só senti saudades dos velhos amigos _ responde tranquilamente _ Me ver uísque.

Ela fica quieta até um homem berrar de uma mesa um pouco distante, pedindo seu pedido que tanto demorava a vir. Jenny vai terminar o drinque que deixara de lado. Suspira, tampando o liquidificador e o ligando sem ânimo algum. Por um momento, só por um momento, ela achara que Gajeel estaria ali por ela. Mas é claro que não estava, Gajeel jamais foi um homem que aceita traições, e com certeza isso não mudara.

_ Cobra _ O RedFox fala acima do barulho estridente do liquidificador. Ele lhe encara, esperando que continue _ Preciso que faça algo por mim.

Cobra bebi o resto de sua cerveja numa golada.

_ Continue.

Gajeel espera que Jenny termine de preparar o drinque do cliente impaciente.

_ Preciso que dê um jeito em um cara _ diz sem rodeios.

_ Quer que eu mate alguém? _ Cobra indaga com voz de escárnio.

_ Não, matar não... _ Ele sorrir de lado _ Embora seja exatamente o que quero.

O outro aperta os olhos, desconfiado.

_ Gajeel, que merda você fez?

_ Eu? Nada. Mas tem alguém que fez, fez uma merda daquelas, e eu infelizmente não estou em posição de fazê-lo se arrepender. Você sabe, com todos aquelas equipes de Jason e cia esperando qualquer coisa que eu faça para estampar a minha cara naquelas revistas, de novo. _ Jenny se aproxima com uma garrafa de uísque, despejando o conteúdo escuro numa caneca e o entregando em silencio, em seguida se afastando para ir levar o drinque do outro cliente. _ Então preciso que o faça por mim.

Cobra olha em volta, porém estava apenas devaneando, distante das outras pessoas bebendo, jogando sinuca e conversando alto demais.

_ Certo. Me explique isso direito _ diz por fim, endireitando-se no banco e encarando Gajeel seriamente.

_ Um garoto espancou a Levy hoje. Quero que espanque ele _ explica lentamente, dando uma golada em seu uísque em seguida, sentindo o líquido descer queimando por sua garganta.

_ Levy... _ Cobra encara sua caneca vazia, pensativo _ É aquela baixinha que sua mãe contratou para servir café, não é? _ indaga, embora soubesse a resposta.

_ Sim _ responde assentindo _ É a baixinha.

Cobra batuca os dedo no balcão, correndo os olhos ao seu redor. Suspira, falando ainda com o olhar alheio:

_ Certo. Mas saiba que só vou fazer isso porque definitivamente Levy é uma mulher brilhante _ Ele finalmente o encara _ Ou não teria te ganhado ao ponto de você vir até aqui para pedir uma coisa dessas, ou voltar a falar comigo por ela.

_ Desculpe _ Ele suspira _ Desculpe, Cobra. Eu sei que eu falhei com você... _ bebeu mais um gole do uísque _ Eu falhei com muita gente _ admite a contragosto, mas sincero _ Sei que fui infantil ao simplesmente ignorar a existência de meus velhos amigos porque resolvi me desintegrar da gangue, mas de todos eles, eu sei que só você realmente era meu amigo, e só você me perdoaria.

Os dois sabiam que era verdade. A gangue que ambos participavam era constituída de jovens rebeldes, que achavam saber de tudo, mas, na verdade, não sabiam de nada. Eram apenas uma dúzia de adolescentes com os hormônios a flor da pele, defendendo seus ideais fervorosamente e fingindo serem intocáveis. Tolos, ingênuos e ignorantes.

_ Tudo bem _ Ele finalmente fala, apanhando a garrafa de uísque que Jenny deixara sobre o balcão e enchendo sua caneca novamente _ Fico feliz que tenha deixado de ser um bastardo orgulhoso.

Gajeel sorrir torto, bebendo o resto de sua bebida numa golada e estendendo o copo para que o homem o enchesse também.

_ Obrigado _ murmura um pouco sem jeito, evitando olhar Cobra enquanto falava _ Obrigado por ter me ouvido, mesmo depois de todos esses anos afastados.

_ Não é para isso que servi os amigos? _ Ele sorrir, repousando a garrafa no balcão outra vez.

Fiz porque sou sua melhor amiga, e é isso que amigos fazem... não é? , a voz de Levy de repente soou em sua mente. Gajeel sorrir, encarando o líquido que preenchia sua caneca até a borda.

_ É _ concorda afetuoso. _ Obrigado por ser mais do que mereço.

_ Você tá diferente _ Cobra comenta. Gajeel sorrir displicente, assentindo.

_ Eu sei. É ela, de algum jeito ela tá me fazendo ser melhor. Mas ainda assim, mesmo que um dia eu me torne o mocinho, eu sinto que não ainda seria bom o suficiente _ Ele leva a caneca aos lábios, bebendo o uísque em grandes goladas.

Cobra o observava em silencio, já um pouco embriagado. Bebia desde o fim da tarde, aquela altura até o mais acostumado dos homens ao álcool ficaria tonto, no mínimo.

_ Eu sei como é _ finalmente diz _ Ainda hoje, eu sei que não mereço a Nana. Todas as vezes que ela me carregou pra casa, todas as vezes que não me largou com minhas abstinências violentas, toda a paciência que teve comigo, por tudo isso, eu sei que não a mereço. Eu também sei que se hoje eu não sou um maldito drogado é por causa dela, porque acreditou em mim quando ninguém mais acreditou _ Gajeel aperta os lábios, sentindo-se imensamente culpado, mas não o interrompeu _ Nana me deu tudo e eu jamais conseguirei quitar essa dívida. Então, só a amo e permaneço ao seu lado, porque isso parece fazê-la feliz de verdade, e isso basta.

O RedFox fica em silencio por longos minutos, observando-o esvaziar sua caneca e tornar a enche-la. Era incrível o quanto o estado de embriagues do homem o deixava estranhamente sábio. Sempre fora assim. 

Gajeel pensa em Levy, em como ela lhe olhava, lhe aceitava de um modo que jamais achou ser possível. Quando sua mãe o forçou a ir visita-la, a tantos meses atrás, Gajeel imaginava uma garota parcialmente deformada, chorando e lhe xingando de mil coisas diferentes.

Mas Levy o surpreendeu desde o início.

E todas aquelas provocações o fazia se sentir tão vivo, e de repente ele não estava a vendo da mesma forma, e pra sua surpresa, ela também não. Quando é que Levy não o surpreendeu? E mesmo agora, a conhecendo tão melhor, ele ainda sentia que não a conhecia o bastante.

Levy era boa e despertava uma benevolência que Gajeel não sabia existir dentro si. Mas assim como Cobra, ele ganhara coisas demais, e jamais conseguiria quitar sua dívida. Ele tinha consciência de que o correto era dar uma chance para Droy tentar reatar com Levy, o garoto era mais jovem e ele sabia, apenas ao olha-lo, que Droy era ingênuo e muito menos errante que ele.

_ Levy tem um ex-namorado _ conta sem muito alarde _ Que estuda com ela. Ele nos viu juntos hoje, e ficou muito irritado. E eu não o culpo, em seu lugar também ficaria.

_ Vai deixar o campo livre pra ele? _ Cobra indaga juntando as sobrancelhas.

Gajeel nega com a cabeça.

_ Não. Se ela ao menos o quisesse... Mas ela não quer. Eu gostaria muito de dizer que preferiria que ela o quisesse, mas eu estaria mentindo cretinamente. Eu simplesmente amo o fato dela me aceitar como ninguém, como me mudou sem que eu percebesse, até que já era tarde demais, e eu sei que nunca poderei quitar essa dívida. _ Ele sorrir um pouco _ Mas ela pareci realmente feliz com minha presença constante.

O homem não fala nada por longos minutos, parecendo um pouco sonolento, ou exausto.

_ E isso basta? _ indaga tardiamente.

_ Sim _ responde convicto _ Vê-la feliz basta para mim.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


E aí? O que acharam? Podem ser sincero com a Tia aqui, sugestões, criticas ou quaisquer coisa que queiram comentar são muito que bem vindas!!! ♥♥♥


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