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História Impulso - O que acontece no estábulo, fica no estábulo


Escrita por: Ixteeer

Notas do Autor


FELIZ ANO NOVO!!! Esse capítulo era pra sair às 12 horas, mas eu bebi além da conta e só acordei às 8 uehueheuehue gomen ;w; relevem qualquer erro, eu revisei mas ainda to um pouco tonta ;w; boa leitura! <33

Capítulo 17 - O que acontece no estábulo, fica no estábulo


 

PARTE DOIS

Como sairei deste labirinto?

Simón Bolívar

 

 

Ele sonhara com ela.

Como se não bastasse ocupar seus pensamentos, Levy tinha a audácia de ocupar seus sonhos, aproximando-se de fininho, na ponta dos pés, e jogando-se sobre ele, sorrindo provocativa. Mas, ao acordar pela manhã, Levy não estava em canto algum de seu quarto, e, apesar da dor que sua ausência causava, Gajeel afastou os cobertores e levantou-se, ignorando seu coração doendo com as lembranças do dia anterior.

_ Eu vou fazer isso ser o mais simples possível _ Jellal prometera. Gajeel, no entanto, não esboçou reação. Continuou sentado no sofá da sala de estar, em silencio.

Ele havia dado folga a todos os empregados, até mesmo mandou Gray sumir com Juvia e Wendy. Fora uma conversa apática e fúnebre, como se discutissem qual tipo de caixão era melhor para enterrar um ente querido.

" Pegue as duas e suma daqui." Ele havia dito enquanto observava os empregados passarem pelo portão, da janela de seu quarto.

A porta estava aberta, e Gray estava escorado na soleira, com os braços cruzados.

" Está me pedindo algo, RedFox? " Gray indagou rindo sem humor, como se acreditasse ter ouvido errado.

" Não, não estou pedindo " Gajeel respondeu, afastando-se do beiral da janela e encarando-o duramente "Estou mandando ".

Antes de descer para sentar no sofá de sua sala de estar, abriu uma brecha na porta do quarto de sua mãe, vendo que Grandeeney dormia junto dela. Gajeel havia pedido para a mulher pôr sonífero na bebida da RedFox _ não queria que mais ninguém presenciasse aquele casamento ordinário, e sua mãe estava insistindo em ficar ao seu lado durante todo o processo.

A noiva chegara 10 minutos antes do marcado, sentando-se no outro sofá de couro preto, um sorriso irritantemente simpático nos lábios. Sua advogada _ e detetive _ estava em pé, ao seu lado, com a papelada em mãos. O juiz _ um senhor de idade já careca e barrigudo _ olhava de um a outro, sentindo a tensão no ar. Queria manter uma distancia aceitável do RedFox, não queria ser aquele que levaria um soco.

Que ele esmurrasse o diabo.

_ Exijo que meu marido durma comigo todas as noites _ Virgo começa a ler _ Exijo que ele cumpra as refeições diárias ao meu lado e que leve-me em todas as suas reuniões a negócio. _ encara Gajeel _ Concorda com os termos?

Jellal, que estava sentado ao lado do amigo, cruzou as pernas, fitando a rosada de forma desafiadora.

_ Meu cliente também pode ter alguma exigência?

Virgo encara Sorano, e o canto dos lábios da mulher erguem-se um pouco mais.

_ Claro.

_ Nada de filhos _ Gajeel diz, sem deixar resquícios de dúvidas sobre sua escolha.

A mulher cruza as mãos sobre o colo, sempre parecendo muito elegante e gentil.

_ Aceito os termos.

_ Muito bem, muito bem _ o juiz põe o livro sobre o centro, afastando-se em seguida. _ Podem assinar.

Gajeel assinou primeiro, largando a caneta sobre a página branca e ignorando a aliança que fora posta em sua frente.

_ Eu vos declaro... _ engasga ao receber o olhar do RedFox, desistindo de terminar a frase. Pega o livro de volta, o fechando e indo em direção à porta sem falar mais nada.

Tinha amor a sua vida, e por Deus, que raio de casamento era aquele?

Sorano pôs sua aliança no anular, erguendo sua mão e analisando-a de muitos ângulos. Por fim, sorriu satisfeita e encarou os dois homens no outro sofá. Jellal de pernas cruzadas, anotando algo em uma agenda, e Gajeel a encarando, o maxilar trincado, mas ainda em silencio.

_ Não vai pôr a aliança, querido? _ pergunta docemente, fazendo Jellal erguer os olhos da agenda e encarar o RedFox.

_ Não é obrigado a isso.

_ Ele casou-se comigo... _ Ela começa, mas é cortada antes que concluísse.

_ Se queria que ele usasse a aliança, deveria ter colocado como uma de suas exigências. _ diz num tom carregado de escárnio.

Virgo, até então quieta, exalta-se.

_ Seu bastardo idiota, como ousa falar assim com ela?!

_ Está tudo bem, amor. _ Sorano sorrir para a outra _ Conseguimos o que queríamos, afinal das contas _ virar-se pros homens novamente _ Espero que não fique com ciúmes, querido.

Gajeel arqueia uma sobrancelha.

_ Pro inferno vocês duas.  _ levantar-se e encara Virgo _ Eu não esperava isso de você... nunca vou perdoa-la por ter feito minha mãe de idiota. _ e então sai, batendo a porta da sala com violência ao passar.

Sorano rir, como se já esperasse aquela reação. Como se gostasse daquela reação.

_ Eu vou dar um jeito nisso _ Jellal promete ao levantar do sofá. _ Aproveite essa palhaçada enquanto pode.

Virgo cerra os punhos, mas Sorano apenas sorrir, assentindo. Acompanha com o olhar ele caminhar até a porta e ir embora, virando-se para encarar a rosada.

_ Que diabo vamos fazer com esse? Parece bastante teimoso... _ Ela fala esganiçada, realmente preocupada com a possibilidade de Jellal pôr tudo a perder.

_ O que fazemos de melhor _ responde, e acaricia a bochecha de Virgo. Ela inclina a cabeça na direção do afago, de repente se acalmando.

_ Apagar ele? _ sugeri.

A outra nega com a cabeça.

_ A noivinha dele.

Virgo parece relutar por um momento. 

_ Tem certeza?

Sorano sabia como sua parceira era bem menos sanguinária que ela, e usou de suas artimanhas para convence-la a fazer o que queria. Nada novo.

_ Eu sei, eu também não gosto muito disso... _ suspira _ Mas é necessário para seguirmos com nosso plano, você também quer vingança, não quer? _ Virgo aperta os lábios _ Quer acabar com essa merda toda que ele criou, não quer, Virgo?

A rosada encara o piso, pensando por algum tempo. Quando ergueu os olhos úmidos com aquele olhar possesso, Sorano soube que havia ganho.

_ Quero. Eu quero muito.

Virginia Cooper, Virgo, fora uma das vítimas de Jared RedFox, assim como Sorano. Mas, diferente de sua parceira, ela queria vingança por tudo o que houve  com ela. Na época em que tudo aconteceu, tinha apenas 14 anos, e Sorano, 13. Duas adolescentes sequestradas para o bel prazer de um homem rico e sem escrúpulos, que só conseguiram fugir de seu cativeiro _ uma casa de prostituição apenas para quem tivesse uma conta bancária gorda _ quando o mesmo morreu, de repente, no meio de uma reunião. A partir daí, Virgo aliou-se a Sorano, buscando destruir tudo o que aquele homem criou. Mas, o que ela não sabia, era que Sorano tinha outros planos. Ela não queria destruir tudo o que Jared criou.

Sorano não era a garota virgem sequestrada para se prostituir contra sua vontade _ como sua parceira, que ganhara o apelido por ter tido a virgindade leiloada, e comprada por Jared. Não. Sorano não era a coitada, a vitima, ou a menina sedenta por vingança. Sorano pouco se importava com tudo o que houve, com quantos transou, se Virgo sofria muito. Ela gostava de Jared, era sua preferida, e ele lhe contava muitas coisas sobre sua filha; que desconfiava que ela havia mentido sobre como engravidou de seu neto, que Gajeel tinha olhos vermelhos, e o dono da marca Dragneel também, e que ele, Gajeel, o adorava, rindo da inocência do rapaz.

Jared chegou até mesmo a prometer que a tiraria dali, que casaria com ela, que faria dela a mulher mais rica e bonita que Fiore já viu, mas morreu antes que pudesse cumprir sua promessa.

Quando retornou para sua casa, arquitetou a morte dos pais porque eles simplesmente não a deixavam ir para Fiore, ameaçando pôr uma grade em sua janela se caso tentasse. Virgo, com ajuda de outro amigo de Sorano, pôs o plano em prática.

Pagaram para abafar o caso, pagaram para esquecerem o que houve aquela madrugada, e depois viajaram com a pequena Yukino para longe. Para Fiore.

Não fora difícil conseguir um emprego na Sede da marca RedFox. Era uma mulher muito manipuladora, tinha facilidade de fazer os outros acreditarem no que quisesse. Virgo conseguira essa habilidade com mais tempo de prática. Primeiro trabalhou em Crocus, na casa de Igneel, dizendo tudo o que via e ouvia por ali para Sorano, e conseguindo alguns fios de seu cabelo ruivo sem problema. Depois fora para Magnólia, exercendo seu papel de faxineira tagarela. Aproximou-se de Levy a mando de Sorano, contou o que sabia a mando dela, porque o tempo todo, sempre foi Sorano, revelando o que queria que fosse revelado, querendo que Metalicana se distraísse com investigações banais para não notar seus reais objetivos.

A parte  mais simples de todo o plano foi ter um momento a sós com Gajeel. Ela pôs droga em sua bebida, ele adormeceu em sua picape. Sorano roubou alguns fios de cabelo e pronto, missão cumprida. O fez acreditar que estava grávida para manter-se por perto dele, analisa-lo, ver quais eram seus pontos fracos. Logo iriam notar que não estava grávida coisa alguma, e ela queria que pensassem que era mais uma idiota tentando dar um golpe clichê e idiota, queriam que a subestimassem. É só mais uma mulher patética, com ideias patéticas. Mas a verdade é que não queria Gajeel, não gostava dele, e era nada patética. Sorano queria o que Jared prometeu que daria. Queria poder, luxo, não vingança. Queria matar o herdeiro da marca RedFox, sua mãe, e qualquer outro que ficasse em seu caminho.

Tudo seria dela, todos fariam o que ela quisesse, e ela seria a mulher mais bonita e rica que toda Fiore já vira.

* * *

Os gritos ecoavam pelos corredores do hospital _ um barulho capaz de furar os tímpanos de tão agoniado e estridente que era. Rogue bebericava um café amargo, sentado num banco, enquanto Kagura andava de um lado a outro. Minerva havia ido até a cantina, e aqueles gritos continuaram, por horas, até que, de repente, o silencio reinou e Rogue e Kagura encararam, sabendo que finalmente o bebê havia nascido.

E foi nesse momento que Sting surgiu, parecendo mais desnorteado que qualquer outra coisa.

Rogue suspirou aliviado. Estava começando a achar que seu irmão simplesmente não viria.

A enfermeira deu lugar para o rapaz passar quando ele parou em frente a porta da sala, fitando-o com um sorriso cansado. Sting encarou Yukino, deitada na cama, desacordada. Ao lado de seu corpo, um pequeno embrulhinho remexia-se inquieto.

Ele aproximou-se lentamente, descendo a manta rosa para dar uma olhada no rosto da criança e paralisando no segundo seguinte.

Tinha bochechas gordinhas e rosadas, e os olhos estavam bem abertos _ um azul acinzentado que há muito ele não via. Como se sendo acometido por uma fraqueza repentina, Sting cai de joelhos, o bebê continuando a chacoalhar as perninhas e os braços curtos em todas as direções _ inconformado com ficar deitado.

_ Pegue-a _ Yukino diz suavemente, cansada demais para tentar abrir seus olhos. _ Vamos, idiota. Pegue sua filha.

Ele exita. Fica parado por longos minutos, até que, com um visível medo de deixar a recém-nascida cair, ele a pegou e aninhou-a nos braços, tão desajeitado que a enfermeira teve que rir. Sting balançou a criança suavemente, fitando os olhos que herdara do avô. Sorriu, beijando a ponta de seu nariz miúdo, um sentimento estranho agitando suas entranhas.

_ Obrigado _ diz ao colocar a criança de volta em seu canto seguro, ao lado da mãe. _ Obrigado por me deixar vê-la.

Yukino se força a fita-lo, um sorriso fraco nos lábios pálidos.

_ Ela também é sua filha, não a fiz sozinha, afinal. _ aperta os lábios _ Só me prometa uma única coisa.

Ele assenti, esperando que continue.

_ Esteja lá sempre que ela precisar.

Sting engole seco, seu estomago embrulhando.

Como poderia prometer uma coisa dessas se morreria aos 30 anos?

* * *

_ Rápido, rápido! _ Mirajane afobou-se _ Esse casamento precisa sair ainda esse mês!

O empregado assentiu, afastando-se com a lista extensa de convidados.

_ Fico tão feliz em ver como está ansiosa para nosso casamento _ Evergreen diz ao deixar os degraus da escada.

Mirajane quase mostrou os dentes para sua nova cunhada.

Sucedeu que o senhor Strauss mandou o filho arrumar uma mulher, para garantir que suas terras permaneceriam no nome dos Strauss. Evergreen fora demitida ao bater em Loki, e, por ter um caso banal com ela e não nutrir sentimentos pela mesma, Elfman achara que ela era a escolha perfeita. Ever era ambiciosa, morava de aluguel e ficara sem teto ao perder o emprego.

Ela queria luxo e conforto, ele queria um único filho. Negócio perfeito.

_ Se fizer meu irmão sofrer... _ ameaça.

Evergreen revira os olhos, abrindo o leque que tinha numa mão e abandando-se elegantemente.

_ E perder tudo isso? Fique tranquila, serei a mulher mais fiel desse mundo.

Elfman tinha um bizarro complexo de masculinidade. O pobre homem não falara nada até seus seis anos de vida, e quando falara, fora um: "n-n-não m-me b-b-bata" , para o pai, que achou que dando-lhe uma surra o faria ficar assustado o suficiente para falar. A partir daí, Elfman sofreu os mais variados tipos de humilhação por ter ficado gago, seu pai não aceitava um homem de negócios ser gago. Como diabo ele iria falar com outros proprietários de terras? , e, a situação só piorou quando ele completara 15 anos e todo e qualquer tratamento pareceu não funcionar com ele, o que levou seu pai a dizer que Elfman era o seu pior erro. Magoado, ele saíra de casa com algumas mudas de roupas numa mochila, e nada mais. Sua irmã mais velha havia fugido com o namorado no mesmo ano _ foi o que bastou para o senhor Martin Strauss surtar com a possibilidade de suas terras ficarem para um primo distante. Foi com muita determinação que Elfman deu a volta por cima, venceu seu vergonhoso problema e tornou-se professor _ professor! 

Uma boa mulher e uma vida feliz era o mínimo que o homem merecia, ou será que não?

_ É bom mesmo _ Mirajane retruca. _ Ai de você se fizer a graça de faze-lo se sentir menos homem do que é.

Lisanna adentra o cômodo aos tropeços, totalmente suada e com os cabelos brancos em desordem. A irmã a fitou com um olhar de estranhamento, que logo tornou-se sombrio quando Bicklow apareceu logo depois, igualmente resfolegante.

_ Que diabo estavam fazendo? _ indaga entre os dentes, fazendo-a parecer uma leoa prestes a dar o bote em sua presa.

A menina cora com a insinuação da mais velha, tratando de se explicar antes que ela batesse no inocente homem.

_ Nada demais, eu juro! _ olha para o lado, corando mais um pouco _ Fui alimentar um cavalo com uma maçã e acabei presa no estábulo. Bickslow me ajudou a sair, mas um corcel correu atrás de nós como se quisesse nos matar. _ estremesse _ Foi horrível!

Mirajane parece engolir a história, voltando sua atenção para sua cunhada.

_ Espero que tenha entendido o recado.

Ever arqueia uma sobrancelha.

_ Absolutamente.

Lisanna sorrir, observando-as trocar farpas. As mãos estavam entrelaçadas atrás de si, e seus dedos estavam cruzados fortemente.

O que acontece no estábulo, fica no estábulo.

* * *

Apesar de não passar das 7 da manhã, a jovem já estava de pé, de mala feita e com os cabelos loiros amarrados num rabo de cavalo alto. É claro que seu pai não acreditava mesmo que ela faria aquilo, e qual foi a surpresa quando viu a filha descer as escadas a passos decididos, um empregado vindo atrás, carregando sua pesada bagagem.

_ Oh, filha... _ murmurou abobalhado, levantando-se de sua confortável poltrona _ Então irá mesmo?

Lucy assentiu, sorrindo um pouco.

_ Claro, papai. Falei que iria, não falei?

O homem suspira. Lucy acabara tornando-se responsável, até um pouco séria, e isso ainda o assustava. Vira a menina crescer, sempre com suas atitudes egocêntricas e esnobes, estava acostumado com aquilo, e de repente ela muda da água pro vinho... era terrivelmente assustador.

_ Certo _ suspira novamente _ Vá, e boa sorte, querida.

Ela o abraça por um momento, afastando-se e rindo dos olhos um pouco saltados do homem.

_ Até, pai. Mando notícias todos os dias _ promete antes de sair pela porta da sala.

Ele larga-se na poltrona, parecendo desolado.

_ Eles crescem tão rápido...

Lucy atravessa o jardim de sua casa, parando por um momento. Encara a piscina, um nó formando-se em sua garganta. Fora ali que sua mãe tivera um ataque de epilepsia enquanto nadava. Lucy estava na borda da piscina quando aconteceu, e não fizera nada além que ficar olhando sua mãe debater-se e, um minuto depois, afundar na água, já sem vida. Tinha 7 anos, e ficara tão assustada que só voltou a falar dois dias depois.

Após esse trágico episódio, Lucy encheu-se de um ódio próprio descomunal, tratando todos a sua volta com toda a mal-educação que poderia oferecer, apenas para ser odiada. Sim, Lucy queria ser odiada. Jamais se perdoou por não ter feito nada, por simplesmente assistir sua mãe morrer sem gritar por ajuda. O pavor por piscinas também mostrou-se algo presente na vida da garota, por alguma razão, estar em uma, a fazia sentir-se novamente naquela maldita noite que sua mãe inventara de nadar.

E por essa razão agia de forma tão baixa, e por essa razão vivia humilhando Levy McGarden. Ela queria ser odiada, e quando finalmente fora, recuou como um cão maltrado e desejou apenas sumir, puft, como sua mãe.

_ Srta. Heartfilia... _ o motorista chama sua atenção cautelosamente.

Ela desvia os olhos das águas da piscina, voltando-se para o homem e notando Natsu ao seu lado. Com uma mala.

Suspira.

_ Para onde vai com isso?

Natsu sorrir calorosamente, levando as mãos ao cachecol sem perceber. Era um costume.

_ Para onde acha?

Lucy suspira novamente.

_ Natsu, não foi você mesmo que disse que tomaria as rédeas da empresa do seu pai ainda esse ano?

_ Tsc, o velho entende _ responde simplesmente, como se aquilo explicasse tudo. _ Ele quer me dar um tempo, na verdade, quer que eu viva um pouco antes de eu me amarrar mesmo aos negócios.

_ E você irá mesmo pra Universidade do Sudeste do Alasca? _ continua, no mesmo tom de quem está cansando demais para discussões calorosas.

_ Irei! _ leva as mãos novamente ao seu cachecol _ Vamos nos divertir muito, Luce!

A Heartfilia então percebe que era oficial: Natsu iria segui-la até o Alasca, apenas por medo de deixa-la sozinha e ela tentar suicídio _ coisa que aconteceu pouco depois de seu ex-namorado espancar Levy. Logo após seu tempo de confusão mental, em que tentou de alguma maneira desculpar-se com Levy sem parecer uma completa biruta _ exatamente o que pareceu _ , Lucy insistira em ficar com Loki, ainda acreditando que tudo que merecia era aquilo: ser odiada, ser traída, ser vista como a vagabunda fútil. Mas, três dias depois da formatura _ que ela não fora _ , Lucy parou de dá murro em ponta de faca e acabou com o que já estava morto há muito tempo.

_ Você é idiota _ murmura ao adentrarem o carro que os levariam ao aeroporto.

Natsu não se abala, pelo contrário, parece animar-se ainda mais.

_ Vai ser divertido, Luce! Anota aí!

* * *

Seu celular tocava, pela sexta vez desde que desembarcara, no bolso de seu jeans. Com um suspiro, Levy o puxou para fora e o levou para junto do ouvido, sem parar de arrastar sua mala pelo corredor do alojamento.

_ Sim, pai, eu estou bem _ garanti da forma mais convincente que conseguiu _ Estou chegando ao meu quarto _ anuncia numa tentativa de faze-lo acalmar os nervos _ Huum, como eles são? Não sei, pai, mas parecem bem agitados... _ comenta olhando em volta, e então percebe o motivo da agitação. _ Pai, vou desligar, okay? Mais tarde eu ligo, prometo.

Encostado numa parede, um homem com um moicano verde e tatoado até o pescoço vendia pacotes de biscoitos. Levy não encarou muito, sabia muito bem que era recheado de maconha e não ia querer chamar atenção de um traficante. Não se preocupe, garota Tomboy, seu armário está aqui para a proteger, Gajeel com certeza diria, e Levy sorriu desgostosa quando deu-se conta do que estava pensando.

Gajeel estava bem longe agora, e provavelmente com uma aliança no dedo.

Engolindo o nó da garganta, Levy parou diante do Quarto 45. Tirou a chave do bolso _ que recebera três dias atrás junto com o nome de sua companheira de quarto _ e enfiou na fechadura. Virou a maçaneta e abriu a porta, encontrando um cômodo pequeno, sem janelas e com nada além de uma beliche, dois armários e uma porta na outra extremidade _ provavelmente o banheiro.

Ao pôr a mala ao lado da beliche, Levy sentou-se na cama debaixo, limpando o suor que escorria em sua têmpora. Sentiu a cicatriz sob seus dedos, e estremeceu por um segundo. Gajeel... novamente senti o nó na garganta, como se finalmente a ficha tivesse começando a cair. Olhou aquelas paredes mofadas, aquele armário sendo devorado por cupins, sua mala, e depois novamente as paredes. O quarto era pequeno, mas de repente pareceu enorme, e a sensação de vazio a engoliu viva.

Com os olhos úmidos, tirou um papel dobrado do bolso do jeans, encarando o nome de sua companheira de quarto.

Rebecca Lerolan.

Levy não tinha a remota ideia de quem seria Rebecca, mas ela desejava que ela chegasse logo. Queria se distrair, mas a porta não abria nunca, e seu celular parecia muito mais chamativo aquele momento, repousado no lençol lilás que forrava o colchão. Parte dela queria ligar para ele, mas então ela recuava, recordando que ele estaria casado. Soava estranho e errôneo, mas sentia tanta saudade dele... e nem mesmo havia se passado dois dias inteiros. Não havia nada de errado em telefonar, certo? Era só uma ligação, poderia falar de qualquer porcaria, apenas queria ouvir sua voz e nada mais.

Ela esperou Gajeel atender pacientemente, brincando com um fiapo da blusa. Mesmo sem perceber, ela contou mentalmente o tempo que levou, até que finalmente, aos 40 segundos, ele atendeu.

Engoliu seco, sem conseguir falar nada. Ouviu uma risadinha do outro lado da linha, e então gelou.

Não era Gajeel.

_ Você tem a ousadia de ligar pro meu marido em nossa lua de mel? _ rir novamente _ Vai estudar, imbecil, Gajeel tem coisa melhor para fazer _ e Levy sentiu a malicia em seu tom de voz. Ela abriu a boca para falar algo, mas antes que conseguisse, Sorano havia encerrado a ligação.

Levy ficou encarando a tela de seu celular, seu coração doendo, mas de uma forma estranha. Não era como quando ele inventava de dar pane, mas era algo mais... emocional, e de alguma forma, mais doloroso.

_ Amo você, Gaj _ murmura cutucando o pingente de coração de sua pulseira  _ Por favor, não desista de mim tão rápido.


Notas Finais


FELIZ ANO NOVO, DE NOVO!!! Amo todos vocês, beijo na bunda e até o próximo!!! <333


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