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História Impulso - Acordo


Escrita por: Ixteeer

Notas do Autor


Boa tarde, minna! Finalmente consegui tempo para postar o segundo capítulo! Sem mais delongas, boa leitura <3

Capítulo 2 - Acordo


 

4 semanas antes 

 

Diferente da maioria de seus colegas de classe, a azulada tinha sua atenção totalmente voltada para o homem à frente da sala. Rabiscava sem parar, anotando tudo que julgasse importante. No entanto, inevitavelmente Levy desviou seus olhos castanhos de seu professor, vendo o pequeno pássaro que bicava a vidraça da janela. Suspirou pesadamente, invejando-o por um momento. Mas, rapidamente, volta-se para a explicação, recomeçando a rabiscar enquanto ouvia Gildarts Clive prosseguir com sua aula. 

_ Senhorita Heartphilia _ ele diz de repente, deixando a lousa e fazendo a classe calar-se num segundo _ Vejo que está confiante sobre seus conhecimentos. Pode me responder, por gentileza, qual a nomenclatura dessa cadeia ramificada? _ prossegue, apontando seu piloto azul para um canto da lousa repleta de anotações.

A loira, que estava na primeira cadeira da fileira mais distante de Levy, entretida numa conversa com outra três garotas, fitou seu professor e arqueou uma sobrancelha, como se o provocasse.

_ Sei lá, pergunta pra Maria do bairro, ela deve saber já que não faz nada além que estudar essa merda.

Metade da classe uivou de rir, a outra olhou para o canto onde Levy estava, num misto de apreensão e pena. A azulada, no entanto, sequer ergueu o olhar de seu caderno. 

Gildarts suspirou profundamente, coçando a nuca.

_ Chega, mais uma risadinha e irão rir na sala do diretor. _ ameaça, virando-se pra sua lousa outra vez. Como se para lhe lembrar de sua impotência, o ruivo ouvi Lucy o desobedecer, fazendo-o suspirar novamente antes de recomeçar suas explicações.

Levy ergue o olhar, vendo Lucy lhe fitando com um sorrisinho de canto. 

 

_ Eu acho que o professor tinha que fazer algo! _ Jet diz nervoso.

_ Não tem o que fazer... _ Droy murmura, olhando Levy pelo canto dos olhos. A azulada virava uma página de seu caderno, fingindo não está prestando atenção na conversa.

_ Sempre tem! _ O outro argumenta _ Levy não pode simplesmente ser humilhada assim!

_ Ele é a filha do diretor. _ O moreno o lembra. _ Não preciso nem acrescentar mais nada.

Natsu ouvia a tudo, na mesa ao lado. Em determinando momento, Levy ergueu o olhar e encontrou o seu, sorrindo fracamente e voltando-se pro seu caderno.

_ Não se preocupem com isso. _ diz por fim. _ Me conhecem, sabem que tenho mais coisas pra me preocupar do que as provocações de uma garota idiota.

Mas não era bem assim. Sim, de fato, a azulada tinha muita coisa para pensar, preocupações, responsabilidades. Porém, Levy no fundo sentia-se melancólica e exausta com o comportamento de Lucy. Não entendia qual a graça que a loira tinha em lhe humilhar sempre que tinha uma oportunidade, como se esse fosse seu talento. Jamais lhe fez mal, entretanto, ela simplesmente a detestava desde o sexto ano, quando Levy gaguejou ao se apresentar para sua nova turma. A partir dali, a Heartphilia passou a infernizar seus dias, lhe pondo apelidos depreciativos e a colocando em situações constrangedoras. 

Lucy era uma garota que cresceu cercada de muita gente, mas ao mesmo tempo sempre fora sozinha. Adquiriu uma personalidade fútil e egoísta, pisando os que se mostrassem frágeis de alguma forma. Ela adorava a sensação de poder que tinha, adorava ver os outros rindo de algo que falou. 

Adorava a atenção.

 

_ Estou tão cansada que poderia dormir por três dias seguidos. _ Levy comenta, espreguiçando-se enquanto caminha até sua bicicleta. Jet e Droy caminham ao seu lado, observando-a atentamente. Ambos tinham grandes sentimentos pela pequena garota. O ruivo, um profundo carinho, o moreno, um amor antigo. Eram irmãos e conheciam a McGarden desde muito novos, moravam no mesmo bairro e iam para casa juntos.

_ Cuidado _ Levy vira-se ao ouvir a voz conhecida, mesmo sabendo que seria mais uma de suas provocações. _ Ouvir falar que o número de atropelamento de cães aumentou. 

As outras quatro garotas riem alto, Loki enlaça o pescoço da namorada e a traz pra perto de si;

_ Você é cruel, garota. _ murmura manhoso, lhe beijando em seguida. Levy revira os olhos, montando sua bicicleta ao mesmo tempo que Jet e Droy montavam as suas.

_ O que leva alguém a ficar com um cara como o Loki? _ o ruivo se pergunta.

A garota continua pedalando em silencio, respondendo tardiamente.

_ As pessoas aceitam o amor que julgam merecer.

 

3 semanas antes 

 

Esfregando a flanela no vidro com mais força do que seria necessário, Levy se fitava no reflexo da vitrine e lembrava das palavras da Heartphilia. "O cabelo dela é tão sem vida... espera, o que tem vida nela mesmo?".

O senhor de idade observava a menina de dentro do estabelecimento, pesaroso com o que tinha de anunciar. Levy era uma ótima funcionária, não havia poeira ou sujeira no piso, os vidros sempre estavam lustrados e ela até mesmo lhe ajudava a aplicar sua insulina, coisa que não era seu dever. Porém, infelizmente sua cafeteria iria fechar. Não estava lucrando, mal tinha retorno e o homem precisava admitir que não tinha mais idade pra estar trabalhando com tanto afinco.

Ele aproximou-se da azulada, fazendo-a parar o que fazia e sorrir. Mas ao notar o semblante sério, seu sorriso murchou e ela pressentiu o que viria.

 

Agora 

 

Bic. 

A garota franziu o cenho, sentindo a claridade irritar suas pálpebras. 

Bic, bic, bic.

Ela grunhi, abrindo os olhos lentamente e encontrando um teto branco. Vira o rosto para a direita sendo acometida por uma forte tontura e pinicamento em sua nuca. Na janela, do outro lado do cômodo, um passarinho bicava a vidraça, como se pedindo para entrar.

_ Fica quieto... _ murmura rouca, sentindo sua garganta dolorosamente seca. O barulho lhe incomodava profundamente, causando-lhe mal-estar. Como se lembrasse de algo importante de repente, Levy leva as mãos à cabeça e senti as ataduras em volta dela. 

_ Opa, opa, mocinha. _ uma voz soa no que parecia ser um quarto e uma mulher surgi, saindo de trás de uma cortina branca no canto do cômodo. _ Nada disso.

Levy a fita. A mulher em questão era ruiva, com grandes seios esmagados pelo jaleco que vestia. No pequeno crachá pendurado por um cordão, a azulada viu uma minuscula foto e o nome da enfermeira. Flare Corona.

_ Vejo que está observadora _ ela comenta sorrindo _ Isso é bom, isso é muito bom!

_ Onde estou? _ Levy questiona sem rodeios. Flare aproxima-se, sentando aos pés da cama e lhe fitando de forma pesarosa.

_ Ah... você não lembra, claro. Foi atropelada, Levy. Teve um traumatismo craniano moderado, mas não se preocupe. O pior já passou!

Levy ouvi em silencio, encarando a ruiva. De repente, afasta as cobertas pro lado e levanta-se ligeira, sentindo uma profunda pressão em sua cabeça e caindo sobre a cama, gemendo de dor.

_ Não faça isso! _ a mulher ralha, a cobrindo outra vez e acomodando-a melhor. _ Tem que descansar, menina. Bastante.

_ Bastante? _ ela repeti, fitando as mãos que lhe ajustavam na cama _ Como assim bastante? Eu não posso me dá ao luxo de descansar bastante não, senhora!

_ Senhora? _ Flare afasta-se pra encarar a azulada e rir anasalado_ Não sou tão velha assim, amor. Na verdade, acredito que tenhamos muito poucos anos de diferença. 

_ Você não entende! _ Levy murmura, começando a entrar em pânico _ Eu não posso ficar aqui, moça, eu tenho uma entrevista de emprego! _ ela arregala os olhos, dando-se conta de algo _ Deus, a entrevista!

E em seguida chora. Como uma criança que se perdeu da mãe numa feira abarrotada de gente. Soluça, chacoalhando o corpo compulsivamente. Flare levanta e senta-se mais perto de Levy, puxando-a cuidadosamente para um abraço e acariciando seus fios embaraçados.

_ Vai ficar tudo bem, amor. Vai passar _ dizia de forma maternal, não se abalando com o desespero da mais nova.

Estava acostumada com coisa muito pior. Uma adolescente em pânico não era nada comparado a homens esfaqueados, crianças mutiladas ou velhos tossindo até vomitarem os órgãos.

 

*  *  *

 

Depois de simplesmente sumir por 5 dias, a mulher avistou seu filho adentrar o jardim de sua casa, empoleirada na janela do seu quarto. Desceu as escadas sem pressa, respirando profundamente antes de pôr os pés na sala. Gajeel entra em casa, virando-se e encontrando sua mãe lhe fitando seriamente. Aquela altura, com toda certeza Metalicana já estava ciente do que houve. Estranho seria se alguém não soubesse. A notícia estava estampada em capas de revistas de fofoca, era primeira página de jornais e os noticiários não cansavam de repassar o caso. 

O moreno é surpreendido quando Juvia surgi correndo e lhe abraça apertado, afastando-se em seguida e lhe acertando um tapa estalado.

_ Ai! _ ele resmunga, alisando a bochecha dolorida. _ É bom te vê também, Juvs.

_ Seu idiota! _ vocifera nervosa _ Você só tem titica na cabeça mesmo!

_ Você está bem? _ Metalicana questiona de repente. Gajeel a fita, apertando os lábios e dando de ombros. A mulher suspira cansada, aproximando-se do filho e o fazendo ficar acuado. Espera que ela também lhe dê um tapa, lhe xingue de mil coisas diferentes, mas ele prende a respiração quando Metalicana lhe abraça apertado, porém rápido demais. _ Tome um banho, limpe esse ferimento. _ diz ao se afastar  e ir em direção a escada. _ Vamos sair para resolver isso.

_ Sair pra resolver isso? Você não vai me levar pra uma delegacia, vai? _ pergunta bruscamente. 

Metalicana para na metade do caminho, o olhando por cima do ombro e sorrindo de canto.

_ É uma ideia tentadora, extremamente tentadora. Mas não. _ E termina de subir os degraus, sem mais explicações. Gajeel encara Juvia, vendo-a fitando o teto com as mãos cruzadas atrás de si.

_ Juvia.

_ Hum? _ ela se faz de desentendida.

_ Conte, sei que sabe o que ela está planejando. _ murmura impaciente.

_ Não faço a mínima ideia.

_ Juvia, conte de uma vez! Já tive o bastante, não me faça ter que te tratar como um deles. _ diz, referindo-se aos outros empregados.

O tom autoritário faz a azulada arquear uma sobrancelha, acertando outro tapa na bochecha ilesa do homem. 

_ Baixe a voz pra falar comigo, cabeça de titica. 

Ele fulmina suas costas enquanto ela some de suas vista, bufando e indo pro seu quarto a passos largos. Sentia-se exausto, estressado, culpado e covarde. Nunca na vida tinha se sentido tanto o moleque que sua mãe dizia que ele era. Estava envergonhado de tê-la humilhado com seu comportamento, sabia que o nome de sua empresa estava sendo alvo de críticas. Viviam brigando, trocando farpas, a mulher até mesmo perdia a paciência e partia pra cima do homem, porém Gajeel não gostava que outros a xingassem.

Apenas ele podia.

 

- w -

 

A movimentação no hospital público era grande. Os colegas de Levy resolveram ir todos juntos visita-la, lotando os corredores que já viviam abarrotados de macas e enfermeiros indo e vindo apressados constantemente. A azulada havia melhorado consideravelmente. Já conseguia sentar na cama, ainda que sentisse sua nuca pinicar dolorosamente. Seu pai cuidava de lhe trazer sopas e pães frescos, que a senhora que administrava uma padaria em frente o hospital cedia, comovida com a situação da menina.

Mas não parava por aí. 

Levy recebia muitas visitas, muitas vezes de pessoas que ouvia o noticiário e decidia ir dá uma olhada na menina. Geralmente eram mulheres de idade ou professores de sua escola, mesmo os que não davam aula para  o terceiro ano médio. Ganhava ursos de pelúcia, flores e chocolate. 

A azulada fitou o buquê de margaridas dado por Droy, suspirando e desviando os olhos para a janela. Seus presentes estavam todos empilhados num canto do quarto, um urso de pelúcia lhe fitava com seus olhos inanimados. 

_ O que está acontecendo, senhor urso? _ indaga infantilmente, como se esperasse que o bicho lhe respondesse. Em seguida, a porta abre outra vez. 

Levy fita as duas albinas, que já se aproximavam de sua cama. 

_ Oi, pequena. _ Mirajane sorrir e senta-se de um lado do colchão.

_ Mira... não precisava abandonar o bar pra vir aqui.

_ Ah, não, não abandonei não. Laxus está lá _ Explica, abanando as mãos.

_ Sabe que se não estiver, o negocio desanda. _ a azulada argumenta, pegando o pão, repousado numa bandeja sobre o criado-mudo, e o molhando na vasilha com sopa de soja.

_ Mas você nunca muda mesmo. _ Mirajane diz, balançando a cabeça negativamente enquanto rir. Levy dá de ombros, começando a comer.

Lisanna senta do outro lado da cama, com as mãos cruzadas sobre o colo.

_ A Lucy não apareceu por aqui? _ indaga cuidadosamente, como se com medo de provocar Levy.

_ Não. _ a azulada responde sem emoção. Em seguida, acrescenta sorrindo _ Uma pena, eu vomitaria nela e colocaria a culpa no traumatismo. 

Lisanna rir, descruzando as mãos e relaxando.

_ É que as cães de guardas dela tão tudo aí _ explica _ Umas até choraram, dizendo que sentiam muito, que não estavam dormindo por causa do que houve...

As duas fitam o cobertor branco e puído que cobria Levy, ficando em silencio por breves segundos. Em seguida, erguem o olhar e riem gostosamente.

 Mirajane olha de uma à outra, sem entender nada.

_ Qual a piada?

_ Isso é a piada _ Levy responde, gesticulando para a porta, ainda rindo. _ Elas me odeiam, Mira. Fazem da minha vida um inferno, como se já não fosse o suficiente.

_ Querem um minuto de atenção. _ A albina mais nova finaliza.

_ Ah, se é assim, deviam ter me avisado. _ Mirajane murmura, cruzando os braços e ganhando um ar sombrio. _ Eu traria um leite que estragou pra hidratar os cabelos das atrizes.

Lisanna e Levy riem do que a mulher disse. Momentos depois, a própria Mira também rir, voltando ao seu estado sereno e tranquilo.

 

- w - 

 

A mulher adentra os corredores, seu segurança particular um pouco atrás. Gajeel andava ao seu lado, nervoso com o que iria encontrar. Imaginava uma garota desfigurada, com metade da cabeça esmagada e lhe jogando na cara o que ele já sabia: que era um idiota, covarde e egoísta. O sentimento aumentou quando o homem avistou Natsu Dragneel ao lado de um bebedouro, lhe lançando o melhor olhar acusatório que tinha pra oferecer. Os muitos jovens espalhados por ali, provavelmente colegas da menina, o fitavam da mesma forma. 

O pai de Levy era um homem em seus 30 e poucos anos, com olheiras visíveis e cabelos castanho escuro começando a rarear. Ao vê-lo, olhou para o chão e assim seguiu para o quarto onde Levy estaria, não ousando mostrar-se arrogante.

Antes de uma enfermeira ruiva bater à porta, Gajeel fitou um rapaz gordinho, que lhe encarava com mais indignação que os outros demais adolescentes.

Droy estalava os dedos, controlando o desejo de pular no pescoço do RedFox. No entanto, o homem adentrou o quarto, sumindo de suas vistas antes que ele falhasse miseravelmente. 

 

- w - 

 

_ Senhorita McGarden, você tem uma visita um tanto ilustre! _ anuncia, sorrindo nervosamente.

_ Me dê espaço, mulher. _ Levy ouvi a voz impaciente de seu pai. Flare abre a porta totalmente, mostrando Ren McGarden com cara de poucos amigos ao seu lado. No entanto, Levy paralisou as vê suas visitas ilustres.

Ele adentra o cômodo, Metalicana e Gajeel RedFox mantendo-se um pouco atrás. Flare fecha a porta novamente, parecendo muito inquieta.

Levy senti-se acuada com o olhar da mulher. Tudo nela era intimidante. Seu olhar fixo e penetrante, sua postura ereta, o barulho de seu scarpin negro contra o piso e até mesmo seu cheiro, de algum perfume caro e inacessível para a azulada. Gajeel, no entanto, lhe fazia querer rir pelo nervosismo palpável. Suava bicas atrás da mãe, como se esperando um julgamento ali mesmo.

Mirajane levanta da cama, encarando a RedFox como quem diz "mais um passo e eu te faço descer desse salto rapidinho".

_ Podem nos dá privacidade? _ pergunta seriamente. Mira arqueia uma sobrancelha, fitando Levy por cima do ombro. Lisanna ainda estava sentada na cama, boquiaberta, fitando os RedFox dos pés à cabeça. Ela fecha a boca rapidamente, sorrindo nervosa e levantando-se. 

_ Já deu a nossa hora, Mira! 

Mas a mulher só saiu do cômodo quando Levy assentiu para ela, forçando um sorriso.

Ren sentou-se ao lado da filha, passando um braço sobre seus ombros. Metalicana continuou fitando a azulada, como se fizesse uma analise lenta e precisa. A McGarden fitava seu cobertor, constrangida e receosa. Ela já sabia quem lhe atropelara, a cidade toda sabia. Porém, não esperava a própria RedFox ir até ali, não esperava nem que a tragédia chamasse tanto atenção. Afinal, quem ela era perto da dona da maior empresa de cosméticos de Fiore? 

No entanto, ali estava a mulher. Num hospital público, sabe-se lá Deus para quê.

_ Levy, não é? _ Ela indaga de repente, fazendo a menina erguer o olhar e fita-la.

_ Isso.

_ Creio que não há nada que eu possa falar que diminua o impacto da situação. _ Começa, falando como um político que conheci seu discurso de cabo a rabo _ Porém, mesmo assim não pude deixar de vir. Sei que deve está muito chateada com tudo o que houve, e tem sua razão, claro. Mas eu lhe peço, Levy, que não leve isso pra um tribunal.

Levy observava a mulher discursar, vendo a forma que ela gesticulava e pronunciava as palavras com precisão e calma.

_ Bem... pra ser franca, eu nem faria isso mesmo. _ admite dando de ombros _ Isso requer tempo, e tempo é tudo o que não tenho, senhora RedFox. _ Ren desvia o olhar da filha, encarando piso do quarto. _ No entanto... eu gostaria que não fosse a senhora que me pedisse desculpas. _ O moreno, que o tempo todo se manteve perto da porta, olhando para o chão, engole seco.

_ Então você é o maluco da picape, hein? _ Continua, querendo uma reação do RedFox mais novo.

Mesmo envergonhado e nervoso, Gajeel ergueu o olhar e fitou a garota sentada na cama. Observou o quanto ela era miúda e de aparência frágil, com poucas sardas salpicadas nas bochechas e com fios azuis amarrados num coque, enquanto uma faixa rodeava sua cabeça. 

_ É, pode-se dizer que sim. _ responde bruscamente, soando rabugento.

Levy não intimidava-se com o homem. Muitas vezes ela viu seu nome no jornal que seu pai lia. Noticias sobre suas idas a festas, bebedeiras, confusões com a polícia e garotas alegando estarem grávida do herdeiro da empresa Redfox. A McGarden não conseguia levar a sério um homem de 25 anos que agia como um adolescente.

Metalicana fuzila o filho com o olhar, voltando a fitar Levy e aproximando-se. Ren apertou sua filha, como se para lhe proteger de algo que a outra fizesse, mas ela apenas sentou-se aos pés da cama e suspirou cansada.

_ Desculpem. Meu filho é esse moleque que estão vendo. _ Gajeel cruza os braços, irritado com o que sua mãe disse a seu respeito _ Vamos fazer assim: vou transferi-la para um hospital particular e custear sua recuperação. _ ela encara Ren _ O que acha?

O homem fita a filha.

_ É um bom acordo. _ diz por fim.

_ Não. _ Inesperadamente a azulada discorda.

_ Não? _ Seu pai e a RedFox indagam surpresos.

_ Não. _ repeti decidida. _ Estou bem, não preciso de cuidados. 

_ Levy... _ Ren começa, mas ela o corta.

_ Eu não preciso de cuidados. _ Continua. _ Mas minha mãe sim precisa. Ela está muito doente, com leucemia.

O McGarden afrouxa seu aperto, entendendo onde sua filha queria chegar. De repente, fica enérgico, dando leves batidas no ombro da garota.

_ Isso. _ concorda, lhe olhando cúmplice _ Pague o tratamento de minha esposa e estamos quites. 

_ O melhor tratamento. _ Levy murmura, dando ênfase.

Gajeel senti como se alguém tivesse lhe acertado um tapa. Fita a azulada, incrédulo.

_ Eu abri a sua cabeça, Lívia...

_ Levy _ ela o corrige.

_ ... Não pense que vai ser fácil se recuperar, ainda mais num hospital público, cheio de vírus e bactérias se proliferando. 

_ Estou bem _ Retruca teimosamente _ Sou durona, senhor RedFox. Não vai ser um maluco com uma picape que vai me abater. _ Gajeel rir de canto.

Com toda certeza, aquela visita estava fugindo totalmente do que imaginara. O moreno achava que ouviria mil insultos diferentes, acusações, choros, mas enganara-se completamente. Levy lembrava levemente sua amiga Juvia, porém mais sarcástica e sagaz. 

_ Tá bom, se é isso que quer, por mim tudo bem. _ responde por fim. Sua mãe vira-se para fita-lo, sorrindo satisfeita.

_ Ótimo! Que bom que chegamos a um bom senso! Bom, irei agilizar isso o quanto antes. _ Promete, levantando da cama e caminhando em direção a saída _ Até mais, senhor McGarden. Recupere-se logo, pequena.

Gajeel segui a mãe, virando-se antes de fechar a porta.

_ Até, Lívia. _ E se vai, sorrindo provocativo. Levy revira os olhos, percebendo que Gajeel era exatamente o que pensava. Crianção. 

_ Estou orgulhoso de você, querida. _ Ren comenta, chacoalhando-a pelos ombros. _ Brilhante, como sempre. Ao menos ela vai ter uma chance!

_ Ela vai ficar bem, pai. _ a garota garante, sorrindo e deitando-se na cama. _ Não está em fase terminal, só precisa de um tratamento adequado... mais que os remédios que mal conseguimos comprar.

Ren ajeita seu cobertor, sorrindo esperançoso. Levy sentiu-se feliz por vê-lo assim, satisfeita com a ideia que teve. Bocejou, exausta e um pouco tonta. Sentia uma dor fina e constante em sua cabeça, como se ela fosse abrir ao meio.

_ Senti-se bem? _ ele pergunta, notando a azulada ficar quieta.

_ Claro, claro. _ menti, sorrindo fracamente. _ Sou Levy McGarden, nada abate Levy McGarden.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


"Lucy malvada?" Sim :3 Minha intenção é inovar, e bem, confesso que estou me divertindo muito em criar uma Lucy recalcada -q


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