História Impulso - Esclarecimentos

Chegou aos ouvidos dessa humilde colunista que Elfman Strauss foi visto na joalheria mais popular entre os os socialites que se prezem, a queridíssima Glam! A pergunta é: o que será que o homem mais viril das terras de Hargeon andou aprontando?

 

STAR WOMAN, Diário oficial de Crocus,

17 de Abril, 2023

Gajeel seguia ao lado de Erik, sem fazer menção de quebrar o silêncio que prolongou-se desde que saíram da delegacia. Sabia que ele estava pensando seriamente no que diria, escolhendo suas melhores palavras, mas seja lá o que ele falaria, Gajeel não ouvira quando ele abrira a boca para começar, porque não reprimiu o ímpeto de correr em direção a Sorano _ cercada de repórteres, saindo de um hospital particular, sendo escoltada por seus seguranças.

As câmeras e microfones rapidamente voltaram-se para ele, talvez para registrarem um reencontro melodramático e cheio de beijos apaixonados.

Contudo, o que de fato registraram daria mais repercussão que um momento água com açúcar.

Se excitaram, voando como urubus para cima do homem desequilibrado.

Gajeel apertava o pescoço da esposa com as duas mãos, vociferando em sua face quase roxa. Yukino saiu do hospital juntamente com o marido, implorando para que Gajeel não a matasse. Os seguranças seguravam o braço do Redfox, tentando a todo custo fazê-lo soltar o pescoço de Sorano, mas Gajeel parecia ter sido acometido por uma força sobre humana.

_ Para com isso! _ Erik puxou o moreno pela camisa, os fleches cegando-o momentaneamente. Perdeu a paciência e esmurrou uma câmera apontada para a sua cara, tornando a puxar Gajeel com mais força.

Ele cedeu, largando o pescoço de Sorano sem desviar os olhos de sua face.

_ Seu covarde! _ uma repórter o acusou, vermelha de raiva. _ Como tem coragem de fazer isso com sua própria mulher?!

Gajeel a encarou, ela inflou-me como um pavão orgulhoso.

_ Vai bater em mim também? Vai?! _ instigou-o a prosseguir, gravando a situação com um celular.

O moreno tomou o aparelho de suas mãos, o jogou no chão e o pisou, como faria a um inseto. Encarou-a, as mãos trêmulas ao lado do corpo.

_ Eu não vou me sujar com merda. _ retrucou, voltando-se para os outros que o fotografavam de vários ângulos. _ Vocês todos, vão se foder!

_ Gajeel... _ Erik tocou seu braço, tentando chamar sua atenção.

_ Você. _ ele apontou para a mulher que acabara de tomar o celular. _ Vá se foder!

Sorano tossia, sendo aparada pela irmã. O cunhado, Mest Gryder, estava em frente as duas, como se as protegendo da histeria do Redfox.

_ Jason, vá se foder! _ Gajeel continuou, encarando fixamente uma câmera sobre os ombros de um homem. _ Pegue a sua colunazinha de merda e enfie no seu cu!

Erik segurou seu braço, puxando-o para longe daquele circo. Gajeel não ofereceu resistência, deixando-se ser arrastado por entre o mar de repórteres e fleches impertinentes. Mas parou de repente, virando-se.

_ Metalicana, se você tiver vendo isso, vá se foder também! _ e então finalmente saiu dali, deixando para trás um bocado de abutres com o prato cheio do que mais adoravam: o bom e velho escândalo!

• • •

Erza desligou a tevê, os olhos fixos na tela escura que refletia seu rosto sério e lívido. Levantou-se do chão da sala, o piso frio contra seus pés descalços causando-lhe arrepios nos braços. Abriu a porta do quarto e acendeu a luz, caminhando em direção ao criado-mudo. Apanhou seu celular, sentando-se na beirada da cama. Digitou e levou o aparelho rente a orelha, balançando os pés nervosamente enquanto esperava.

_ Você tem que vim agora! _ inspirou ao sentir uma movimentação na cama, baixando o tom de voz. _ Jellal, ele precisa de você!

_ O que foi que houve? _ Jellal por fim falou algo, visivelmente tenso e temeroso pelo o que viria a seguir.

_ O que houve? _ Erza ecoou com escárnio. _ Você quer por lista alfabética ou por ordem de gravidade?

_ Erza... _ o homem murmurou, impaciente para os sarcasmos da mulher.

_ Levy foi sequestrada no dia doze. _ anunciou sem rodeios, ouvindo-o arfar do outro lado, pego de surpresa. _ Mas não, não foi Sorano. Não em minha opinião. Ela também sumiu, e reapareceu hoje. Mas... _ umedeceu os lábios secos. _ Gajeel acredita que foi ela que armou pra Levy, e a estrangulou em público, em frente a imprensa e tudo mais.

_ Em frente a imprensa? _ ele repetiu, como se duvidasse da veracidade daquelas palavras.

_ Em frente a imprensa! _ Erza confirmou, assentindo com as sobrancelhas arqueadas. _ E xingou a mãe dele também, nem tão cedo vão esquecer isso!

Jellal ficou longos minutos sem nada falar. Erza descruzou as pernas e tornou a cruza-las, balançando o pé descalço prestes a acrescentar algo quando o homem finalmente falou:

_ Certo.... certo. Estarei aí amanhã, não vá me esperar no aeroporto. Me prometa isso.

Erza suspirou.

_ Prometo.

_ Sabe que é para o bem de vocês duas. _ Jellal murmurou tensamente, conhecendo Erza o suficiente para saber que vê-lo e fingir desinteresse a mataria por dentro. _ Tudo o que faço é para o bem de vocês...

A ruiva assentiu, mesmo que Jellal não pudesse ver o ato.

_ Eu sei. Está tudo bem, sabe que eu não arriscaria a segurança da Andrômeda...

_ Muito bem, Scarlet. _ o homem aprovou-a ternamente, deixando seus sentimentos transparecerem. _ Pode fazer uma coisa por mim?

_ O quê?

_ Fique em frente a Redfox com a Andrômeda. Quero vê-la... nem que seja só por alguns minutos.

Erza sentiu sua garganta ficar seca, dolorosamente seca. Seu coração apertou e os pulmões se comprimiram.

Como odiava aquela situação!

_ Estaremos lá. _ garantiu a Jellal, a voz engasgada. _ Esperamos que chegue bem...

Era demasiadamente exaustivo e melancólico manter-se tão longe de Jellal e contentar-se com telefonemas e vídeos chamadas. Apesar da tela de seu notebook mostra-lo com perfeição, Erza não podia toca-lo, não podia beija-lo, não podia sentir a maciez de sua pele sob seus dedos e isso a depreciava de uma forma desmedida.

Recolocou o celular sobre o criado-mudo, secando uma lágrima solitária. Virou-se, encarando a garotinha de longos cabelos azuis, dormindo agarrada a uma pelúcia que Jellal havia lhe enviado em seu aniversário de dois anos.

Afastou os fios que cobriam seus olhos parcialmente e beijou-lhe a testa ternamente, cobrindo-a melhor com a coberta lilás.

•  •  •

O caminhoneiro confirmou que aquela era a mesmíssima mulher que ele flagrou roubando seu caminhão, deixando claro que pediu, com toda a educação que sua mão lhe deu, para ela saísse. Porém, ela não lhe deu ouvidos e o roubou na cara dura.

Levy então contou tudo. Desde a sua entrevista de emprego que deu errado, ao seu sequestro repentino. Disse sua naturalidade, a data em que tudo aconteceu e os motivos que a levaram a roubar o caminhão. Não chorou, ou fez dramas desnecessários, apenas relatou tudo com a maior sinceridade que conseguiu transparecer.

A delegada pareceu acreditar nela. Assentiu o tempo todo, e perguntou, cuidadosamente, se ela não sofreu algum abuso sexual. Levy negou, reafirmando tudo o que já havia contado: que um homem tinha planos de matá-la para incriminar Sorano Aguria injustamente.

Foi sincera em quase tudo, excerto na parte em que disse não saber a identidade de seu sequestrador e que ele usou gorro o tempo todo.

_ Estamos esclarecidos. _ a delegada assentiu para o velho caminhoneiro.

_ Então eu já posso pegar o meu caminhão de volta?

_ Claro. _ arqueou as sobrancelhas, pondo os óculos de grau. _ Depois que pagar suas multas.

O homem empalideceu, mas não discutiu. Sabia que, mais dia menos dia, teria que lidar com aquilo, então apenas saiu sem falar mais nada.

A delegada voltou sua atenção para Levy.

_ Você sabe algum número de cabeça? Algum número de parente, amigo... ?

Levy assentiu, sentindo seu coração aquecer.

Gajeel confirmaria tudo e então ela voltaria para Bosco. Nem mesmo pensou na possibilidade de Sorano já estar por lá, de tentar algo contra ela. Pensou apenas em Gajeel, em estar na segurança de seus braços outra vez. Em Cana, em Lisanna, em seus pais. E Cassidy, Lohan e seu tio Daichi.

Queria voltar para a sua vida e esquecer aqueles momentos angustiantes.