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História Impulso - Forjada


Escrita por: Ixteeer

Notas do Autor


Oin '^' Aqui estou eu, com uma puta dor nas costas de tanto ficar com a bunda sentada nessa cadeira, mas vamos lá... ;w; Sem mais delongas, boa leitura! <3

Capítulo 4 - Forjada


 

E quando eu cheguei pensei ter visto você saindo

Levando os seus sapatos

Decidi mais uma vez que eu estava apenas sonhando

Ou esbarrando em você

Agora são três da manhã

E eu estou tentando fazer você mudar de ideia

Deixei para você múltiplas chamadas não atendidas

Por que você só me liga quando está chapada?

 

 

_ Arctic Monkeys? _ a azulada indaga, com uma sobrancelha arqueada enquanto fitava o som automotivo. Gajeel lhe encara, surpreso.

_ Você curti?

_ Eu não curto Arctic Monkeys, eu respiro Arctic Monkeys. _ Levy lhe responde, soando presunçosa. O moreno rir, chacoalhando a cabeça negativamente, ainda surpreso.

_ Você não tem cara de quem curte esse tipo de música. _ diz desconfiado. A verdade é que aconteceu de algumas mulheres dizerem que gostavam da banda, apenas para ganhar um ponto com o RedFox, mas na realidade não conheciam uma música sequer.

_ O que quer dizer com isso? _ indaga irritada. _ Não é por que não tenho a cara cheia de piercings e ajo como uma troglodita que não posso gostar de rock _ ela bufa, virando-se pra janela. _ Idiota. _ Depois de um breve momento em silencio, ela lhe encara outra vez, curiosa _ O que eu aparento ser?

Gajeel sorrir torto, lhe olhando pelo canto dos olhos.

_ Você parece aquele tipo de gente que ler rótulos antes de comprar um produto, que se preocupa com o aquecimento global e com a caça dos golfinhos. 

Levy revira os olhos.

_ E sabe o que você parece, bebê RedFox? Um idiota que vai chegar aos 30 e ainda vai estar morando com a mãe, pagando pensão pra uns 7 filhos e bebendo uísque achando que está parecendo um galã de romance água com açúcar. Mas não está, você está ridículo. _ ela vira pra janela, lhe olhando de esguelha. _ Você vai estar com uma modelo loira complexada com pernas grossas _ a azulada estreita os olhos, pensando um pouco mais _ Não, uma ex-modelo. É bonita, mas tem peitos esquisitos porque exagerou no silicone. Então você vai estar com uma ex-modelo, com peitos esquisitos e com um bronzeado de peru assado.

Gajeel a olhava com as orbes arregaladas, surpreso com sua atitude, até que sorriu, entrando no jogo.

_ Quer saber como te vejo no futuro, petit? _ questiona sarcástico, a fim de lhe cutucar. Levy o encara, esperando que continue _ Vai ser aquelas tias solteironas, gordinha, com uma casa abarrotada de gatos e comendo um potão de sorvete enquanto assiste uma comédia romântica. _ ele encara a estrada _ E também vai ter um garoto diferente em sua cama todas as noites, mas não adianta o quanto negue, você gostaria de ter um homem fixo. Um marido. E filhos. Mas tudo que você tem é uma penca de gatos gordos detonando seu sofá novo, uma caixinha de lenços e uma tevê de 70 polegadas passando uma história que você nunca vai viver.

Gajeel espera que a azulada lhe acerte com aquela bolsa que ela tanto apertava a alça, porém ela apenas vira o rosto pra janela, inesperadamente sorrindo.

_ Pode ser, senhor RedFox, pode ser. Mas eu tenho mais tempo para, quem sabe, mudar esse futuro. Mas você está bem mais perto dos 30, não acha? 

Gajeel estreita os olhos.

_ Tá me chamando de velho? _ ele lhe encara. _ Sua pequena linguaruda.

_ Estou apenas apresentando os fatos. _ responde provocativa. _ Quem de nós está mais perto dos 30, afinal?

_ Fique sabendo que sou muito mais ativo que muito garoto da sua idade. _ resmunga.

_ Claro, claro.

_ E você já agi como uma idosa _ resolvi provocar também _ Pelo menos eu ainda tenho espírito jovem, você nem completou 18 e é frígida feito uma velha de 80 anos.

Levy abri o porta-luvas, pegando um pacote de salgadinhos e dobrando os joelhos sobre o banco.

_ Eu não sou frígida o tempo todo _ diz com um sorriso lascivo, enfiando uma poção de chips na boca. 

_ Interessante... _ murmura, tomando o salgadinho da garota e despejando o conteúdo goela baixo. _ Mas eu só acredito vendo. _ continua, de boa cheia.

_ Idiota. _ Levy abre o porta-luvas novamente, puxando uma sacola e tornando a fecha-lo. Vasculha impaciente até achar o que quer. 

_ Você é folgada, hein. _ comenta, observando-a abrir a lata de refrigerante de morango. Ela dar de ombros, provando a bebida.

Gajeel joga a embalagem de salgadinhos pela janela, limpando o canto dos lábios com uma mão e reduzindo a velocidade.

_ Chegamos, linguaruda. _ ele estaciona em frente um prédio, removendo o cinto de segurança e encarando Levy. A garota parecia tensa, bebericando o refrigerante enquanto averiguava o local. _ O que foi?

_ Como eu estou? _ ela pergunta de repente, encarando o moreno. Gajeel sorrir torto, pegando uma mexa do cabelo azul que escapou da bandana e recebendo um tapa na mão como resposta.

_ Está degustável.

_ Falo sério, Gajeel. _ murmura amuada.

_ Vamos logo, petit. Está quente e acredite em mim, não vai querer tá aqui quando meu desodorante  passar da validade. 

Levy remove o cinto de segurança, saindo do carro com as bochechas infladas. Põe a lata de refrigerante num lixeiro, olha seu reflexo no vidro da janela, ajeita a alça da bolsa e suspira pesadamente.

_ Não tem muito bacana aí, tem? 

Gajeel rir, fechando a porta do carro e pondo as chaves no bolso do jeans.

_ Quem sabe.

_ Ótimo. _ murmura, o acompanhando amuada. Eles passam pelo hall, cumprimentando dois seguranças e adentrando o local. Levy sentia-se cada vez menor a cada passo que dava. Uma balconista observa eles passarem, visivelmente curiosa. Pegam um elevador, e antes que as portas fechem e eles sejam encaminhados para o último andar, Levy vê a mulher empoleirada sobre o balcão de mármore, querendo acompanha-los até onde seus olhos conseguissem alcançar.

_  Merda... _ murmura nervosa. A azulada encara seu par de sapatilhas surrada, sentindo-se idiota e fora de seu habitat _ Eu devia ter passado em casa antes de vir... _ comenta _ Pôr uma roupa melhor, ao menos pra fingir que sou alguém que vale a pena contratar num lugar desses.

_ Para, essas depreciações irritam _ Gajeel reclama. _ Está perfeita.

_ Um perfeito bagulho. _ retruca quando as portas abrem. A azulada acompanha o RedFox, apertando a alça de sua bolsa enquanto caminha acuada. Algumas pessoas falavam ao telefone, outras anotavam informações, e tinha as que conversavam enquanto bebericam um café. Elas param o que estão fazendo e observam Gajeel passar, demorando-se em Levy, como se a garota fosse um bicho exótico.

O moreno para diante de uma porta, Levy olha para trás e ver que todos ainda olhavam para ela sem sequer disfarçar. Depois fita a pequena placa dourada com aquela pequena palavra que lhe causava tanto receio. "Direção". Gajeel vira a maçaneta sem bater à porta, dando espaço para Levy entrar, adentrando o cômodo e fechando-o em seguida.

 Metalicana vira-se em sua cadeira móvel ao ouvir sua porta ser aberta, arregala as orbes ao vê a azulada ali, do lado do filho. Pisca um par de vezes, encarando Gajeel com as sobrancelhas franzidas.

_ O que é isso? Ela não estava internada?

_ Ela estava _ O RedFox mais novo responde, olhando a azulada pelo canto dos olhos. _ Mas é teimosa feito uma mula. 

Levy pisa em seu pé, irritada com sua indelicadeza.

_ Isso doeu, poxa!

_ Pare me provocar, caramba!

Metalicana olha de um a outro, pondo os cotovelos sobre sua mesa e cruzando as mãos enquanto fita a McGarden. Levy cora até os ombros, desviando os olhos pro piso. Espera que a mulher lhe dê uma bronca por falar assim com seu filho, porém Metalicana rir, como se tivessem lhe contando uma ótima piada. 

_ O que faz aqui? _ Indaga se recostando em sua cadeira acolchoada, ainda rindo um pouco.

_ Ela precisa de um trampo. Arruma alguma coisa aí. _ O moreno explica parcamente. Metalicana arqueia uma sobrancelha. Só por Gajeel está ali era motivo de surpresa. O homem evitava aquele local, muitas vezes a mulher insistiu diversas vezes para o filho ser mais presente em sua empresa, porém Gajeel teimava em se manter afastado. 

Ela encara Levy curiosamente, se perguntando se seu filho estava ali pela garota. Peculiar.

Veio aqui por isso? _ Questiona sem disfarçar o assombro.

Gajeel coça a nuca, ficando constrangido com sua reação.

_ Eu devo isso a ela, afinal. 

Metalicana encara Levy outra vez, lhe analisando. Gajeel RedFox era um homem difícil de lidar, cabeça dura e orgulhoso. Está ali por causa da McGarden era um progresso interessante. Pequeno, levando em consideração a responsabilidade que ele deveria ter, mas ainda assim interessante. 

_ Levy... _ ela inclina-se sutilmente para frente, apoiando o queixo sobre as mãos cruzadas. _ Qual sua maior qualidade?

A azulada, até então quieta e encarando o piso da sala, aperta a alça de sua bolsa e pensa um pouco antes de responder aquela pergunta.

_ Bem... eu sou compromissada. Se me pedir pra estar aqui às 16 horas, chego às 15.

_ Ela sabe francês. _ Gajeel conta, fazendo a McGarden lhe fitar surpresa. Metalicana arqueia as sobrancelhas, ficando cada vez mais curiosa com a situação. Conhecia seu filho muito bem, vê-lo ter aquelas reações estava deixando a mulher internamente alarmada.

_ Verdade?

_ Francês, inglês, japonês e português. _ responde tentando não soar esnobe.

_ Interessante. _ Metalicana afasta-se de sua mesa e recosta-se melhorar em sua cadeira, balançado-se de um lado a outro enquanto refletia. 

_ Eu não me importo em limpar chão. Eu só quero um emprego... _ Levy aperta os lábios, tensa _ A senhora podia fazer isso por mim?

_ Ah, não. Limpar chão não. É muito franzina pra aguentar o tranco. Talvez servir café, tudo bem? 

_ Servir café? _ Gajeel repeti com tom de desdém. _ Ela fala quatro línguas e você vai lhe fazer servir café? 

_ Está ótimo! _ Levy diz rapidamente, fulminando Gajeel com os olhos. _ Servir café está bom pra mim, senhora RedFox.

Metalicana batuca sua mesa com seus dedos inquietos, as longas unhas vermelho escarlate chocando-se contra o vidro. Era um teste e seu filho reagira de forma no mínimo esquisita. Não era de seu feitio se importar tanto com alguém, a não ser, talvez, com sua amiga Juvia. Ao que parecia, a menina Levy despertara um sentimento novo no homem, muito sutilmente, ele estava demonstrando culpa. Outra coisa que não era de sua natureza demonstrar.

_ Servirá café pra mim, poupará a pobre Yukino de subir e descer esse elevador tantas vezes. Ficará sempre por perto e também estará presente em minhas reuniões. O que acha?

_ Por mim tudo bem! _ responde agitada. _ Obrigada... _ ela encara seus pés, ficando constrangida. _ Muito obrigada, senhora RedFox...

Metalica sorrir, já imaginando as consequências daquela sua proposta. Se estivesse certa, como tudo evidenciava, seria a tática perfeita para trazer o filho pouco a pouco pra empresa que era sua por direito.

 

*  *  *

 

Escaldada. Essa era a palavra perfeita para descrever a situação da azulada. Ela abanava-se, a regata amarela grudada as suas curvas, o suor escorrendo por suas têmporas. Todavia, Levy sentiu-se entrando em um refrigerador quando adentrou o hospital particular. Enquanto seguia seu pai pelo corredor silencioso e quase deserto, alguns enfermeiros lhe fitavam, como se soubessem que a garota estava fora de seu habitat natural. A McGarden devolvia o olhar com uma sobrancelha arqueada, fazendo os funcionários abaixarem a cabeça, envergonhados. 

Ao entrar na sala, caminhou até a cama e sentou-se no colchão, ficando muda por longos minutos. Ren aproximou-se e beijou a testa da mulher, sentando-se do outro lado. Natsumi sorriu fracamente, notando a paralisia da filha. 

_ Seu cabelo. _ ela murmura ainda estática. A mulher desvia os olhos, seu sorriso murchando.

_ Está tudo bem. Foi melhor assim. 

Levy olha para o lado, vendo uma faxineira varrendo restos de fios acobreados. Depois novamente encarou sua mãe, começando a sentir seu coração apertar. O longo cabelo ruivo da mulher havia sido raspado e agora ia pro lixo, como se não tivesse valor algum. Como se não tivesse importância, mas Levy sabia que tinha. 

A azulada fitou o rosto lânguido de Natsumi, seus lábios carnudos sem cor, as veias visíveis em suas pálpebras. Tudo na mulher parecia sem vida, sua aparência era de uma estátua de cera. Infantilmente, Levy debruçou-se sobre a McGarden mais velha e repousou sua cabeça em seu ventre. Não gostava que a vissem chorar, lhe fazia sentir-se fraca. Ela agarra o cobertor macio, seu corpo chacoalhando-se sutilmente. Senti os dedos finos de sua mãos escovarem seus fios rebeldes, tentando lhe acalmar.

_ Estou bem, amor. Só é menos doloroso assim, entende? É melhor que vê-lo cair gradativamente. 

Levy ergue a cabeça, limpando o nariz com as costas da mão. Fita seu pai, que lhe olhava preocupado.

_ Por isso raspou também. _ pensa alto, entendendo o motivo de ter voltado da escola e encontrado o homem careca. Ainda assim, doía ver sua mãe daquela forma. Gostava de recordar dela com os cabelos na altura da cintura, sempre muito vaidosa e irradiando energia. Sempre falante demais, agitada demais, largando um trabalhando e arrumando outro com tanta facilidade. Natsumi era o tipo de pessoa que você desejaria manter por perto, por que iluminava onde pusesse os pés. 

Agora a mulher estava reduzida a um corpo débil, careca, sem vigor. O cateter enterrado em seu peito, forçando seu organismo a aceitar o tratamento.

_ Sei que parece muito grave agora. _ Ren diz, apertando a mão da filha. _ Mas ela não está tão mal assim, querida. Os médicos disseram que ela tem muita chance de recuperar-se bem. É só que no inicio tudo é sofrido mesmo.

Levy pensa um pouco sobre o que ele disse. Repousa novamente sua cabeça no colo de sua mãe, fechando as pálpebras e permitindo-se descansar um pouco. Natsumi acaricia seus cabelos, também deixando-se vencer pela exaustão. 

_ Obrigada, amor. Amo você, sabia... _ Levy ouvi ela dizer antes de adormecer completamente. Fecha os punhos, sentindo o soluço ameaçando rasgar sua garganta. Dessa vez, seu corpo chacoalha violentamente enquanto suas lágrimas molham o cobertor. Ren acaricia seu cabelo, controlando o instinto de a pôr no colo.

Levy não era mais um bebê e o homem sabia que ela precisava passar por aquilo, como ferro precisa ser forjado para torna-se mais resistente. Implacável.

 

 

 

 


Notas Finais


Trecho da música: https://www.youtube.com/watch?v=6366dxFf-Os
Confesso que descrever a situação de Natsumi me deixou meia melancólica :c mas vida que segue, ainda tem muita coisa por vir ÇuÇ


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