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História Impulso - Guarda baixa


Escrita por: Ixteeer

Notas do Autor


Oi, minna '^' Finalmente consegui terminar esse, já tinha ele guardado pela metade e terminei hoje. Espero que gostem e perdoem eventuais erros. ♥
Obs: Encontrei essa imagem pela net e não sei quem é o autor / autora. Achei muito fofinha e resolvi postar como capa ♥

Capítulo 6 - Guarda baixa


Fanfic / Fanfiction Impulso - Guarda baixa

 

A caixa de lenços esvaziava-se pouco a pouco. Lá fora, um sol escaldante castigava os pobres coitados que caminhavam a passos largos, desejando chegarem a seus destinos rapidamente e livrarem-se daquela terrível sensação términa. Todavia, a menina sentia-se completamente gélida, como uma criança largada ao relento. Chorava em plenos pulmões, seu coração cada vez mais apertado com a noticia que obtivera pela manhã. Não foi à escola, telefonou para seu trabalho informando que pegara uma gripe e assim passara horas e horas em sua cama, o seu lugar quentinho e confortável, onde sua realidade não poderia partir seu coração. 

_ Yuki, já chega! _ a morena diz incomodada, não suportando continuar presenciando a outra chorando por horas a fio _ Aconteceu, não dá pra voltar atrás... agora é o momento que você pensa na solução, não no problema. 

Mas ao contrário de Kagura, Minerva não tinha toda aquela calma e paciência. Enquanto uma estava deitada com Yukino, lhe afagando os cabelos e limpando as lágrimas teimosas, a outra andava em círculos, bufando como um leão preso a uma jaula. Minerva para subitamente, estreitando os olhos e pondo as mãos nos quadris. 

_ Chega, né, Yukino. Já deu o que tinha que dar. Agora limpa esse nariz e se acalma. Se quiser a gente conta junto com você. 

_ Não fala assim, caramba! _ Kagura reclama, apertando a albina em seus braços. A conhecia a mais tempo, a tinha como uma irmã. Doía-lhe profundamente a garota está naquela situação. Doía como se fosse ela mesma quem estivesse passando por aquilo. Conseguia sentir o desespero, o medo, angustia. E isso lhe atordoava, lhe deixava num misto de nervosismo e tristeza. 

_ Eu... estou tentando... _ Yukino senta-se na cama, Kagura também faz o mesmo. A menina ainda chora por alguns minutos, Minerva lhe encarando ainda com as mãos nos quadris.

_ Quer parar?! Na hora de transar com o idiota, você não pensou! 

Kagura aperta os lábios, fechando os punhos e puxando ar rapidamente. Sting Eucliffe. Aquele loiro presunçoso que vivia soltando piadas, comendo garotas com os olhos e sorrindo daquela forma cafajeste que levava meninas tolas a loucura. Yukino foi mais uma de suas vítimas submissas a sua paixão fugaz. Aquela paixão que dura uma noite, ou até mesmo alguns dias, semanas, quem sabe meses e que acaba no exato momento em que as roupas são descartadas e os corpos por fim se conhecem. Kagura odiava Sting Eucliffe. Seu maior desejo há cerca de um mês atrás e naquele momento, era chutar-lhe a virilha até vê-lo dobrar-se de dor.

_ Ele gostava tanto de mim... dizia coisas tão bonitas... _ ela conta, finalmente acalmando-se o suficiente para conseguir falar. _ Me tocava de forma delicada, como se tivesse medo de me machucar. 

_ Pois é... _ Minerva suspira pesadamente, largando-se também na cama. Encara Yukino, segura sua face com as duas mãos e aperta as orbes verdes. _ Mas fez isso com todas. É um conquistador barato, entendeu? Um patife. 

Yukino assenti energicamente, recomeçando a chorar. 

_ Eu sei. _ diz entre soluços. _ Eu sei. Ah meu Deus, eu engravidei do patife! _ Kagura lhe abraça, apertando-lhe nos braços novamente.

_ Yukino, era simples. Por que não usou a droga de uma camisinha? _ Minerva questiona, incapaz de conter sua indignação. Gostava da menina. A amava, ainda que jamais ela fosse confessar isso. Mas sua estupidez lhe tirava do sério, era impossível alguém ser tão tolo assim. _ O que esperava depois de fazerem isso? Um KitKat?

_ Ele disse que não gostava de usar, que apertava. _ Yukino responde, afastando-se do peito de Kagura e fungando _ Que queria me sentir direito, que iria tirar antes que chegasse lá. 

_ Você é burra, garota?! Não sabe que pau é que nem boceta e antes de gozar fica molhado?

_ Não fala assim comigo... _ ela choraminga, sendo amparada por Kagura. A morena acarinha seus cabelos, fulminando Minerva com os olhos. 

_ Vai passar, você vai ver. Só precisa descansar um pouco.

_ Sinto muito informar, mas dormir não vai fazer o guri sumir dai de dentro não, hein. _ ela para, percebendo o que acabou de falar. _ É isso! _ Minerva segura a face de Yukino outra vez _ Você não quer ter um filho do patife, quer? Nem tem dois meses, não vai ser como se...

_ Não! _ Kagura levanta-se rápido, fazendo a cama chacoalhar. _ Não ouse propor isso!

_ É uma solução! _ retruca, também levantando-se num salto. 

_ Isso não é solução, caramba! _ ela fecha os punhos, indignada com a atitude de Minerva _ Isso é varrer a sujeira pra debaixo do tapete! 

_ É simples! _ ela vira-se para encarar Yukino. _ Olha, minha tia já foi pra uma clínica dessas com uma amiga, não tem nada demais lá. É como ir ao hospital, não vai sair de lá morta.

_ Mas ele vai! _ Kagura retoma a discussão. _ O filho dela vai!

_ Não tem filho nenhum ainda, não viaja! _ Minerva retruca.

_ É claro que tem!

_ Isso é um amontoado de células, é o que é! Ele nem vai sentir nada, ele nem existe direito. É como uma planta. Melhor, como uma semente!

_ É um bebê! _ Kagura bate o pé, sentindo seu coração batendo dolorosamente forte.

_ Você já viu uma foto de um feto com menos de dois meses? Garanto que não parece um bebê.

Yukino olhava de uma a outra, sentindo-se numa partida de tênis. Cada palavra era uma bolada em sua cabeça, fazendo-a ficar desnorteada. De repente levanta-se, parando a discussão. 

_ Você vai ser inteligente, não vai? _ Minerva questiona semicerrando os olhos. Kagura engole seco, chacoalhando a cabeça negativamente.

_ Yuki...

_ Eu preciso pensar _ responde sincera, esfregando os braços como se sentisse muito frio.

A garota estava perdida. Essa era a palavra perfeita para descrever seu estado de espírito. Por um lado não queria ser mãe, não queria ter que desfilar por sua escola com um barrigão, ser olhada de esguelha na rua, ser motivo de chacota no banheiro feminino. Não queria ter que parir um filho do homem que ela sabia que não gostava dela nem um pouco sequer. Passar meses abordando uma garota, lhe dizendo coisas que faria seu coração aquecer e quando finalmente transassem, ele ser encontrando no vestiário masculino com as calças abaixadas, não era lá atitudes de quem gosta de alguém. Não era atitude nem de quem gosta de si próprio. Mas por outro lado, Yukino não queria recorrer a um aborto. Só de pronunciar essa palavra, seu estomago revirava.

Quando as duas morenas saíram do apartamento que a menina dividia com sua irmã mais velha, ela trancou a porta e caminhou a passos lentos até o banheiro, se encarando no espelho e vendo seus olhos castanhos muito inchados. Em seguida, abre o pequeno móvel pregado à parede, franzindo o cenho com a ausência do que guardara ali. Ela havia feito cinco teste de gravidez, três nas casas de suas amigas, um no banheiro da escola. Yukino havia dito que faria aquele sozinha, trancada no banheiro de seu apartamento. Depois daquele era definitivo, estava mesmo grávida e ela aceitaria de uma vez. Fizera pela manhã, pouco depois de acordar. Foi como se finalmente ela tivesse despertado ao ver o quinto resultado positivo. O guardou ali, indo para seu quarto e providenciando suas desculpas esfarrapadas. Todavia, o teste sumira. 

Yukino fecha o móvel, voltando a chorar. Não sabe bem ao certo o motivo, mas senti uma enorme vontade de chorar por horas, dias, até aquela dor em seu peito cessar. 

 

*  *  * 

 

As pernas balançavam nervosamente, as mãos tensas agarrando o jornal como se fossem o amassar a qualquer instante. O moreno permaneci quieto, mesmo com o comportamento de seus pais. Sua irmã batuca a mesa com as unhas compridas, impaciente como a situação. Seu outro irmão lhe encarava, as orbes negras lhe devorando vivo enquanto assistia o casal Fullbuster ler o jornal da semana.

_ Não faz nem três meses que chegamos... _ Silver começa _ E já isso? O que pretendia, Gray? Andando por aí a quase cem por hora, com um quilo de maconha no banco da moto?

Gray permaneci quieto, como se as perguntas não fossem para ele. Ultear finalmente lhe olha, bufando enquanto para de batucar a mesa.

_ É só isso? Por que se for, eu realmente tenho que ir.

_ Você está envergonhando o nome de nossa família! _ Lyon levanta-se e bate no móvel, fazendo sua irmã sobressaltar-se e o moreno lhe encarar como se o desejando amordaçado. _ Quer competir com o RedFox?

_ Não me compare a esse idiota. _ diz entre dentes.

_ Mas é o que tá fazendo! _ retruca possesso _ Gray Fullbuster, o filho de Ur e Silver, famoso casal de advogados, apreendido com um quilo de maconha. Tem ideia do que isso causa? O que os outros irão pensar ao ler uma merda dessas?

_ Eu to pouco me fodendo pro que acham.

Silver e Ur se entreolham, assentindo e fitando o filho caçula com olhares decididos. Gray percebi e estreita os olhos escuros.

_ O que estão planejando? _ questiona com tom acusatório. 

_ A solução. _ O pai o responde.

_ Que seria?

_ Você tem tudo, Gray, desde antes mesmo de nascer. _ Ur diz, lhe fitando duramente. _ Mas faltou-lhe algo muito importante. _ O moreno espera que eles continuem, se perguntando o que teria faltado a um garoto que nasceu em berço de ouro. _ Faltou-lhe humildade. Você fez em menos de três meses o que seus irmãos nunca fizeram em uma vida.

_ Vai aprender por mal, já que por bem não tá surtindo efeito. _ Silver larga o jornal à sua frente _ Sabe a casa de Gajeel, o homem que você tanto critica? Pois vai trabalhar lá.

_ Trabalhar pros RedFox? _ Gray levanta-se irado. _ Eu não vou trabalhar ali! Sem chances!

_ Ah, você vai. _ Ur garante, apertando a mão de seu marido como se isso lhe acalmar-se os nervos.

_ Trabalhar pros RedFox? _ O moreno repeti, soando incrédulo. _ Posso saber com o quê eu vou trabalhar? Se estão pensando que vou ficar o dia todo recebendo ligações e anotando recados...

Ultear encara os pais, arqueando uma sobrancelha enquanto espera suas respostas para aquilo. 

_ Não vai anotar recados, querido. _ Ur sorrir, fitando Silver pelo canto dos olhos antes de continuar. _ Vai varrer o chão deles, lavar louça, quem sabe até aprendi a cozinhar, hein.

Lyon larga-se em sua cadeira, entendendo o que seus pais iam fazer. Rir assentindo, aprovando a ideia.

_ Tenho certeza que isso irá pôr ele na linha.

_ Eu não vou ser a merda de um empregado! _ Gray puxa ar, sentindo seus pulmões ameaçando explodirem. Eles enlouqueceram? Gray  Fullbuster não recebi ordens, eles as dá, ora essa _ Eu to falando sério, não faço mais isso, okay? Prometo ficar quieto por um tempo. 

Silver e Ur negam com a cabeça, decididos a levarem o plano adiante. 

_ Está decidido. _ O homem anuncia, fazendo a filha recostar-se em sua cadeira e seu caçula apertar os lábios numa linha tensa. _ Vai deixar os abajur dos RedFox um brinco, rapaz.

 

*  *  *

 

Apesar do ar condicionando estar marcando 16° graus, o clima era abafado por conta de todo aquela falaria e movimentação. Levy observava tudo no canto da sala, sentindo-se um jarro decorativo. A azulada não só servia café, mas também chá de camomila e cidreira, pequenos aperitivos e água. Ficava em seu cantinho, tentando não rir da cara do RedFox. Ali, o homem parecia sério e inacessível, explicando-se e tentando acalmar aos filiados mais conservadores. 

_ O que você pretende fazer? _ Questionou um homem de meia idade, com cabelos verdes e um sotaque sulista. _ Essa mulher diz que você não quer assumir o filho que fez.

_ Não foi o que eu disse! _ O moreno puxa ar, tentando se acalmar _ Não foi o que disse para ela. Disse que assumiria sim, só que não pretendo me casar.

_ E por que não casa com ela? Ela será a mãe de seu filho, afinal _ O esverdeado retruca.

_ Respeito se você pensa dessa forma. _ Gajeel diz, mais calmo e democrático _ Mas eu não penso assim. Se for pra eu me casar, que seja com uma mulher que eu ame. Ame de verdade, entende? Não por que eu a engravidei por acidente. 

Mesmo sem entender por qual razão, Levy recordou de um momento devastador no passado, mas que agora era só uma lembrança ruim. Não faça isso comigo. Pelo amor de Deus, nós vamos nos casar quando acabarmos o ensino médio. Lembra? Nós planejamos isso, Lê. A azulada engole seco, desviando o olhar para a garrafa de café sobre a pequena mesinha ao seu lado. Desculpe... mas meus planos mudaram. Eu sinto muito, Droy, não posso me casar com você porque espera isso de mim.

_ Ô, garota. _ Levy pisca um par de vezes e ergue o olhar, vendo o esverdeado lhe fitando impaciente. Ela rapidamente enche um copo com café, caminhando até ele apressada. 

_ Me passe aquele bolinho de presunto. _ Um gorducho pedi. Levy vai buscar o que ele pediu, depositando o prato descartável em sua frente e roçando o braço no de Gajeel por ele está sentado ao lado. Ela se afasta rapidamente, nervosa com tantos homens num lugar só. Com exceção de Metalicana, que ficara o tempo todo quieta observando seu filho desenvolver sua defesa, havia mais uma mulher já de idade, com cabelos grisalhos e assimétricos. No geral, era o público masculino que abrangia aquele campo.

Ao erguer o olhar, Levy percebeu que Gajeel lhe encarava de seu canto, mas ele rapidamente desviou os olhos e recomeçou sua defesa. 

 

_ Esse pessoal é porco demais. _ A faxineira reclamava enquanto varria o chão sujo de farelos, guardanapo e resto de salgadinhos. _ Gente rica é tudo igual, parece ser tudo higiênico e limpo, mas só quem trabalhou pra eles sabe a verdade. _ ela se agacha, largando a vassoura e apanhando um bolinho de presunto praticamente inteiro. _ Olha isso aqui, por que eles fazem isso? Por que joga fora uma coisa que tá em perfeito estado? _ e enfia o bolinho na boca, recomeçando a varrer e falando de boca cheia. _ Granfino é tudo igual, tudo igual...

A azulada terminou de pôr tudo na bandeja, sorrindo para a faxineira e deixando a sala onde ocorreu a reunião. Caminhava lentamente, equilibrando a garrafa de café, os pratos e copos descartáveis, os aperitivos que restaram e três caixinhas de chá. Ela repousa tudo numa mesa, respirando fundo por alguns segundos e continuando seu caminho. Desceu pelo elevador, em companhia de Erza Scarlet. A ruiva apertava a alça da bolsa de couro preto, batucando a bota de salto impacientemente no piso. Quando as portas abriram, ela saiu com pressa, quase derrubando a bandeja que Levy tentava levar.

_ Tá com dor de barriga, caramba... _ resmunga consigo mesma enquanto sai do elevador. Caminha com cuidado, levando a bandeja até a bancada que vinha antes do banheiro dos funcionários. Pôs tudo ali, jogando os copos e pratos descartáveis na lixeira. Deixou os aperitivos na bandeja, sabendo que a faxineira viria depois que terminasse seu serviço. Adentra o banheiro feminino, abrindo uma torneira e lavando o rosto com água corrente. Encara seu reflexo exausto, afastando a franja de sua testa úmida e passando as mãos em seus cabelos curtos e rebeldes. Para de repente, descendo o olhar e vendo o par de botas marrons atrás de uma das portas.

_ Sim, também o amo. _ ela dizia com voz gentil, soando como uma adolescente apaixonada enquanto encarava uma flor desenhada no pedaço descascado da porta do boxe _ Não sabe o quanto é exaustivo às vezes... cansa ficar longe de você, é uma pena está muito ocupado essa noite. 

Levy rapidamente para de encarar as botas de Erza Scarlet, saindo do banheiro rapidamente com as sobrancelhas arqueadas. Alguém tá louco pra dar, pensava enquanto abria seu armário e pegava sua mochila. Ela olha para o lado, vendo as três caixas de chás. Dá de ombros e as guarda na bolsa. Desce pro térreo, passando pelo hall e acenando pros dois seguranças que estavam na saída do prédio, de braços cruzados, metidos em ternos pretos e calças sociais. Enquanto caminhava, pensava em como sua mãe estaria aquele momento. Estaria aceitando bem o tratamento? Será que parara de vomitar quase todas as vezes que ingeria os remédios? Estaria dormindo tranquila? 

_ Ei _ a azulada vira, notando a picape estacionada do outro lado da rua. Gajeel lhe fitava da janela, com aquele olhar que você dá para alguém que te pedi esmola. Levy não gostou nenhum pouco disso e voltou a andar. Revirara os olhos quando ouviu a porta do carro bater, sabendo que o RedFox vinha logo atrás. Virou-se abruptamente, fazendo o homem parar tardiamente e se chocar contra seu pequeno corpo. Ele agarrara seus cotovelos, impedindo que ela caísse da calçada. Levy puxou seus braços bruscamente, bufando e os cruzando embaixo dos seios.

_ O que quer? _ Pergunta visivelmente irritada. Gajeel roda o chaveiro em seu indicador, olhando para cima e sorrindo torto. 

_ O que acha de jantar comigo? 

_ Jantar com você? _ Repeti o olhando como se ele tivesse enlouquecido. Gajeel assenti, ainda olhando para cima. _ Isso é uma ideia idiota, eu tenho o que fazer, RedFox. 

A verdade é que Levy sentia-se estranha perto do homem. Ele despertava sua ira muito rápido, mas igualmente rápido a fazia sentir-se normal. Uma garota de 17 anos agindo como uma de 17, e não como uma mulher de 30. Sem preocupações, sem notas para manter sempre altas, medo e mil pensamentos diferentes, todos sobre futuro e objetivos para alcançar. Levy não vivia seu presente, mas quando estava com Gajeel parecia que seus problemas diminuíam de proporção. Tudo parecia divertido e era engraçado vê-lo irritado com algo que ela dissera, porém Levy sabia que suas realidades estavam bem distantes uma da outra. 

_ Ah, não faça assim, McGarden _ O moreno resmunga. _ Só vamos comer, não é como se eu fosse tentar algo que não queira.

Levy ergue o olhar, vendo a lua crescente enfeitando o céu. Era uma noite fria e quieta, não havia muito barulho de veículos cantando pneus, apenas algum grilo ao longe. 

_ Isso é estranho... sabe, não devemos ter esse tipo de contato _ A azulada explica, como faria a uma criança que insisti em querer um brinquedo caro _ Você vai ser pai, Gajeel. E eu tenho que ir pra casa. 

O moreno baixa o olhar, fitando Levy. Ela também lhe olha, apertando os lábios e corando um pouco com a proximidade. 

_ Apenas um jantar, okay? Não vou te assediar ou qualquer coisa assim. Te levo pra casa depois, é perigoso pegar metrô nesse horário.

Levy pensa em discutir, dizer que sobreviveu duas semanas usando metrô e que não seria diferente aquela noite. Que precisava resolver uma tarefa de física, que seu pai lhe esperava em casa, mas ela simplesmente suspirou pesadamente e assentiu, fazendo-o sorrir torto e dá um peteleco em sua testa.

_ Sua pequena tolinha. _ eles começam a andar em direção à picape _ Fique sabendo que ainda tem que comer muito bolinho de arroz pra estar no ponto.

_ Ah, cala a boca antes que eu mude de ideia. _ Levy fala amuada, cruzando os braços enquanto o moreno abre a porta da picape. 

_ Primeiro as damas. _ ele diz sarcasticamente, fazendo-a revirar os olhos e lhe empurrar ao entrar no carro. Ela bate a porta, lhe fitando pela janela com um sorriso suspeito.

_ Agora é a vez do cavalo, digo, cavalheiro. _ Gajeel dá a volta e também entra, passando o cinto e lhe fitando enquanto liga o motor. Observou o contorno de seu nariz arrebitado, os cílios robustos emoldurando os olhos castanhos, a pele muito branca em contraste com os fios azuis e a cara que ela fazia enquanto era analisada. Um bico se formando nos lábios que lembravam uma cereja, as bochechas corando um pouco e os olhos lhe fulminando, como se aquela fosse uma tentativa de lhe intimidar. Que intimidação adorável.

_ Vamos num restaurante italiano. Gosta de comida italiana?

_ Eu gosto de comida. _ ela responde ainda irritada. Não gostava de como se sentia quando Gajeel lhe olhava por muito tempo. 

O moreno ficou quieto durante o trajeto, apenas observando a estrada. Levy às vezes lhe olhava de esguelha, percebendo que ele estava distante. Quando ele estacionou numa rua pouco movimentada, a azulada destravou o cinto e ficou encarando o porta-luvas, ouvindo o barulho de um violino. 

_ Eu te atropelei e te abandonei a própria sorte. _ Gajeel diz de repente, pegando Levy de surpresa com aquele assunto. _ E mesmo assim, você ri comigo e me provoca, mas sei que é só de brincadeira. Por quê? _ a azulada desvia os olhos do porta-luvas, lhe fitando séria. _ Você não devia me odiar ou algo assim?

_ E quem disse que não odeio?

_ Falo sério, Levy. Por quê? Francamente, eu quase te matei.

_ E daí? _ ela vira-se pra janela, observando um casal sair do restaurando abraçados. _ Escuta, a gente não ia jantar? 

Gajeel segura seu braço de repente, mas não foi um aperto forte, não queria marcar sua pele branca. Levy parou de respirar por alguns segundos, os olhos naquela pequena movimentação. A rua estava escura, mas o restaurante lhe iluminava com todas aquelas luzes piscando na entrada como se fosse natal. 

_ O que está fazendo? _ Pergunta ainda de costas para ele, nervosa com o contato. Lentamente, Gajeel largou seu braço, fazendo-a respirar aliviada. Por um momento sentiu medo, achou que ele faria algo que ela não queria. Ou queria? Levy sentia-se confusa. Talvez só estivesse exausta e com fome, talvez fosse apenas isso. 

_ Só me responda o porquê. _ Gajeel pedi, soando inusitadamente sereno.

_ Do que adiantaria eu te culpar? A merda já aconteceu, te apontar o dedo e dizer coisas que você com certeza já sabe não vai resolver o problema. 

_ Levy?

_ O que é? 

_ Se tivesse um sonho... e um dever, qual dos dois você escolheria trilhar? 

 Pra sempre, ela repeti com convicção, como se tivesse certeza de cada passo que daria em toda sua vida. Tolice. Não sabia de nada, era apenas uma garota de quatorze anos cheia de sonhos e planos puros, porém ilusórios. O pra sempre durou cerca de seis meses, as convicções tornam-se uma bocado de dúvidas e o resultado disso tudo veio rápido. Aquele momento intenso e único agora era só uma lembrança bonita e dolorosa. Por quê não existe pra sempre. Não existe sonhos. Não existe essa coisa de sonhar. Não pra Levy McGarden. Não pra alguém que cresceu como ela, tendo tudo com algum sacrifício, fazendo escolhas importantes ainda tão jovem e sendo a esperança da família. Não era possível alguém que tem tantas expectativas sobre seus ombros permanecer ingênuo por muito tempo. A dureza vem como consequência, como um ferro depois de ser forjado. 

_ Sonho? _ Levy vira para encara-lo _ Se eu fosse você, eu faria ambos. Ou vai dizer que não pode? Você pode tudo.

 Aquela frase teve um impacto grande em Gajeel, como um tapa estalado em sua face, um balde de água fria, uma rasteira nas canelas. Viu algo na menina Levy, um olhar que lhe fez parecer de fato uma velha de 80 anos. Não por que ela lhe olhasse com desdém, não por que ela agia de forma brusca, mas porque seu olhos estavam carregados de sentimentos presos. Era como olhar uma gaiola com passarinhos desesperados para sair. Levy era isso. Um pássaro preso nos contratempos de sua vida.

De repente, Gajeel se aproxima, fazendo a garota franzi o cenho e se afastar ligeira, como se o homem lhe perturbasse profundamente. Ele sorrir torto, dando um peteleco em sua testa e lhe atordoando.

_ É onde você se engana, linguaruda. Não posso fazer tudo. Se eu tomar o lugar da minha mãe, vou ter que me entregar ao meu trabalho. Não dá certo se não for dessa forma. _ Levy parece se acalmar, ficando curiosa. Gajeel continua, pela primeira vez falando sobre aquilo com alguém. A azulada lhe passava confiança de alguma forma _ Sabe, minha mãe também precisou passar por isso. Só que fez bem menos estragos que eu. Ela também tinha um sonho, mas ela abriu mão dele. Ela sequer se casou, Levy, engravidou com inseminação artificial pra me gerar, pra pôr um herdeiro no mundo. E sabe por quê? _ A azulada aperta os lábios, esperando que ele continue. _ Porque seu sonho era ter uma vida pacata, com um homem que a amasse e que lhe desse muitos filhos. Mas seu dever era outro. 

Levy desvia os olhos pra janela. Fica observando as luzes na entrada do restaurante italiano, ouvindo o som de um violino vindo de lá de dentro e a movimentação visível pelas portas de vidro. 

_ Desculpe. _ diz de repente, parecendo envergonhada _ Tenho o péssimo hábito de achar que sei alguma coisa. Mas sempre quebro a cara.

O moreno rir, achando a cena muito adorável. Porém não comenta isso, não queria que ela se irritasse e começasse a lhe provocar. O momento estava terno demais para recomeçarem a trocar farpas. Precisavam daquilo, uma pausa pra respirar, um momento de paz depois de dias exaustivos e estressantes. Ali, abrindo a porta de sua picape e caminhando em direção ao restaurante, Gajeel chegou a conclusão de que Levy era especial. Ele não lhe tomaria pra si como fez com tantas outras funcionárias de sua mãe. Não lhe pagaria uma bebida cara para conseguir uma noite de sexo num motel relativamente caro. Levy não era as mulheres que ele transava na traseira de seu carro. A McGarden seria sua protegida, uma irmã mais nova e de pavio curto. Ele não sabia se isso era culpa ou se ela estava despertando um lado genuíno nele. No momento, Gajeel RedFox sabia apenas que aquele  Raviolli com vinho tinto acalma-lhe os ânimos depois de um dia árduo e fatigante.

 

 

 

 

 


Notas Finais


Levy irmãzinha do Gajeel? Hm, digo nada -q


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