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Viajamos para a cidade de Christian para o funeral de mamãe, apesar de nossa família não ser religiosa, o seu funeral foi. Eu e Christian trocamos olhares algumas vezes, mas eu ainda estava muito sentida com sua atitude, então sempre desviava.

     Depois do funeral, dezenas de pessoas que eu não conhecia ficavam vindo até mim falar o quanto sentiam muito, eu não estava com paciência nenhuma pra isso, então saí do cemitério e fui andar pela cidade. Minha cabeça ainda estava cheia, cheia principalmente de lembranças de minha mãe, e saudade de não ter visto ela nos últimos meses. Meus devaneios logo foram interrompidos quando senti uma mão pesada tocando meu ombro, me virei, era Christian. Olho para ele e fico em silêncio.

- Gen, me desculpa eu ter falado daquela forma com você no telefone. Eu ainda estava muito abalado, e.. eu sei que você se ligava, se importava com ele, com nós... - enquanto ele fala essas coisas eu começo a chorar novamente. - Genevive? -  ele fala quase como um sussurro enquanto levanta meu queixo delicadamente - Me perdoa? - eu faço que "sim" com a cabeça, sem falar nada ainda. Então ele me abraça apertado, colocando minha cabeça contra seu peito, enquanto acaricia meus cabelos negros. E com essa atitude carinhosa, eu começo a chorar ainda mais.
- Não fica assim maninha, eu estou aqui com você agora. E não vou te largar - suas palavras são doces, e eu sinto plena sinceridade. Então, percebo que ele começa a chorar também. Me afasto de seu peito e enrolo meus braços ao redor de seu pescoço, ele passa os braços em minha cintura, damos um abraço apertado. Sete anos se passaram desde que eu senti ele tão perto assim, da última vez, nós estávamos nos despedindo, agora sinto que estavamos nos reencontrando depois de todos esses anos.

     Eu e papai passamos algumas semanas na nossa antiga casa, onde mamãe e Christian moravam. Parecia como nos velhos tempos quando eu ainda era uma criança, porém a casa soava diferente, principalmente por causa da falta do cantarolar costumeiro de mamãe. Meu pai me deu a notícia que Christian se mudaria para nossa casa, e como ele já estava com 20 anos agora, começaria a faculdade e talvez arranjaria um emprego de meio período. Fiquei muito feliz ao saber da notícia, teria meu irmão perto de mim novamente, e mesmo que não fosse como nos velhos tempos, quando fazíamos tudo juntos, eu me esforçaria para me reaproximar dele. Porém, ainda não tinha ouvido a opinião dele sobre isso, então logo depois do café da manhã subi em seu quarto para perguntar. Bato na porta que está encostada, e ela se abre mais um pouco

- Pode entrar! - ele fala distraído arrumando as malas.
- O-oi, sou eu.. - não sei porque fico tão tímida perto dele
- Oi maninha, ta tudo bem? Quer alguma coisa? - ele se aproxima e faz carinho em minha bochecha com seu polegar.
- Não, só queria saber como você tá, sabe? Papai me contou que você vai morar com a gente agora...
- Sim, vou sim. Eu acho que vai ser bom, respirar novos ares, começar de novo. - ele fala isso enquanto passa a mão em seus cabelos compridos os jogando para o lado.
Sento em sua cama e começo a lhe fazer companhia enquanto ele arrumar as malas. Jogamos conversa fora e brincamos um pouco. No meio de suas bagunças eu vejo uma cueca muito velha, de quando ainda éramos crianças ainda.

- Huuun, ainda usa essa é?? - pergunto enquanto aponto a cueca
- Claro que não, sua besta - vejo seu rosto pálido corar instantaneamente.
- Não precisa ficar com vergonha, tudo bem manter as coisas do passado - falo brincando
- Manter coisas do passado? Como a você voltar a tomar banho comigo? - vejo sua expressão mudar de vergonha para malícia, e vejo surgir um sorriso de canto em sua boca. Agora é a minha vez de ficar corada.
Então ouvimos nosso pai nos chamar no andar de baixo:

- Hora de pegarmos a estrada crianças!

E assim partimos em viajem para nossa casa