Louis invadiu o quarto de Harry naquele mesmo dia, encontrando o cacheado focado nos estudos, sentado na cadeira inclinado sobre a escrivaninha todo concentrado.
Harry era lindo quando estava focado em alguma coisa. Harry era sempre lindo para Louis.
- Olá, cabecinha de ferro. - Louis zombou.
Harry olhou para ele com um sorriso enorme, deixando os estudos de lado e se levantando da cadeira.
- É assim que vai me chamar agora? - Harry perguntou franzindo o rosto em divertimento.
- Eu não sei se CDF substitui cara de palhaço. - Louis diz pensativo - Qual você prefere?
Harry se aproximou para dar um tapa no braço de Louis. O mesmo gargalhou em resposta.
- Vi a sua irmã hoje. - Harry disse, se sentando na cama.
Louis ergueu as sobrancelhas e se sentou ao lado dele.
- Ah é? - Ele perguntou surpreso.
- Sim. - Harry sorriu - E tenho que te dizer que ela é assustadora.
- Lottie? Assustadora? - Louis ri.
- É claro que é. - Harry juntou as sobrancelhas, dizendo cada palavra seriamente - Ela veio com uma conversa sobre chocolate e parque aquático. E disse que sabe sobre nosso... Hm... Nosso namoro. - Harry completa meio envergonhado.
Louis jamais imaginaria Lottie abordando Harry dessa maneira. Pela conversa ela estava, com toda a certeza, se aproveitando de Harry para suas próprias vontades. A garota era uma peste, Louis a conhecia muito bem.
- Chocolate e parque aquático? - Louis disse entortando os lábios, decidindo ignorar a parte do "namoro" - Já posso imaginar onde ela quer chegar com esses papos.
- Eu também. - Harry riu - Acho que ela é uma garotinha muito esperta. Ela também me pediu para não te machucar.
Louis congelou bem ali, sentado ao lado do cacheado.
Ele esperava tudo de Lottie, menos isso.
Ela se preocupava... Se preocupava com ele. Aquela pirralha sem tamanho se preocupava com ele e ele estava boquiaberto.
- Ei, tudo bem? - Harry o chacoalhou levemente, tentando acordá-lo do transe.
Louis piscou algumas vezes e encarou Harry. Ele decidiu que iria conversar com a irmã assim que saísse da casa do cacheado.
- S-sim. - Louis gaguejou por conta dos pensamentos se atropelando em sua mente.
Harry depositou um beijo na bochecha dele o fazendo corar.
- Olha só a sua cara de bobão. - Harry zombou. Ele não era muito bom nisso, mas mesmo assim teve vontade de zoar Louis, já que o mesmo vivia o chamando de cara de palhaço.
- Você é quem tem cara de bobo. E eu só estava distraído. - Louis se defendeu.
Ele observou Harry morder os lábios o encarando. Aquilo era sexy demais.
- Que é? - Resmungou, sentindo seu coração acelerar.
Harry sorriu e se aproximou de Louis, pousando uma de suas mãos sobre a coxa do garoto. Louis tinha coxas grossas, isso ele não podia negar.
Harry fechou os olhos antes de Louis e Louis o observou durante aquele pequeno momento. O cacheado tinha o rosto mais adorável que Louis podia encontrar.
Os lábios se conectaram vagarosamente, encaixando perfeitamente um no outro. Harry tinha gosto de pasta de dente recente. O cacheado tinha lábios cheios, o que era uma tentação para Louis. O menor adorava sugar o lábio inferior do outro. E Harry adorava quando Louis fazia isso, às vezes soltava gemidos baixos quando isso acontecia. Era bom. Era bom demais.
Harry o empurrou gentilmente sobre a cama, ficando em cima do menor. Os lábios ainda chupando os de Louis com precisão e vontade. Louis diria que aquele era um beijo apaixonado, mas ele não sabia se Harry sentia algo assim, tão intenso, como ele sentia quando o cacheado estava perto.
A primeira vez deles havia sido tão inesperada, tanto que ambos estavam praticamente bêbados, e Louis nem conseguia imaginar como seria passar a noite com Harry quando ambos estivessem sem álcool no corpo.
Alguns minutos de beijos e toques, a porta se abriu e Louis empurrou Harry de cima dele em uma velocidade inexplicável. Anne não teve tempo de ver o que estava acontecendo.
- Harry... - A mulher falou e logo percebeu Louis sentado ao lado do filho - Oh. Olá, Louis. - Sorriu simpática.
Louis prendia a respiração enquanto Harry piscava e limpava a boca do jeito mais discreto que podia.
Louis não disse "oi" de volta. Apenas balançou a cabeça, porque ele não sabia se conseguiria responder a mulher sem parecer um completo imbecíl em adrenalina.
- Tenho um jantar. Uma reunião de trabalho. - Ela disse. Anne usava um vestido elegante e maquiagem mínima no rosto. Ela estava muito bonita - Vou tentar não voltar tão tarde. Tudo bem?
Louis percebeu que Harry estava desconfortável, não por conta do acontecimento de minutos atrás, mas algo o importunava. Algo que Louis não conseguia deduzir.
- Tudo bem. - Harry sorriu fraco, aceitando um beijo da mãe. Louis recebendo um beijo na bochecha também como consequência de estar ali no momento.
A mulher, toda elegante, fechou a porta em seguida e ambos puderam ouvir seus saltos batendo contra o carpete da escada.
Harry tinha os olhos baixos, as mãos em seu colo.
Louis tinha um problema em demorar muito para perguntar. Ele se preocupava, mas não perguntava se estava tudo bem ou o que estava acontecendo.
- Não é um jantar de trabalho. - Harry disse por livre e espontânea vontade.
- Como assim? - Louis perguntou baixo.
Harry suspirou antes de responder.
- Ela nunca teve jantares de trabalho. É um encontro, ela tem alguém. - Harry disse parecendo magoado.
Louis não via aquilo como algo tão sério. Óbvio que ele ficaria de olho na própria mãe se ela aparecesse com a ideia de ter um relacionamento com alguém. Mas ele não achava grande coisa. Na verdade ele, no fundo, torcia para que ela achasse alguém que a fizesse bem. Diferente do seu ex-marido, pai de Louis, que a havia feito sofrer tanto. Ela merecia ser amada por uma pessoa boa.
- Isso é um problema? - Louis ergueu uma sobrancelha, não entendendo muito bem o motivo de Harry estar tão chateado com isso.
- Eu não sei, Louis. - Ele desviou o olhar - Eu só acho injusto. Não deu certo com o meu pai... Sabe, eu só... Não entendo.
Tudo bem. Talvez Louis estava entendendo agora.
A coisa era que, Harry não entendia porquê fora tão complicado seus pais se acertarem. Eles brigavam tanto. Harry odiava quando isso acontecia e ele não conseguia entender. Poxa, eles tinham dois filhos. Eles não se importavam o suficiente para saber que a pior coisa que um filho podia presenciar eram brigas entre pais?
Aquilo machucava Harry. E quando as discussões ficavam piores, ele procurava por Gemma no quarto dela, se agarrando a irmã em baixo das cobertas. Ela sussurrava que iria ficar tudo bem, mas ele ouvia seus soluços de choro. Era horrível.
Então, a mãe estava agora separada do pai e Harry só não achava justo ela ter alguém. Não achava justo o pai ter alguém também. Não quando os dois juntos não davam certo, mas davam certo com outras pessoas. Era tão injusto. Por que tinha que ser assim?
- Eu sinto muito. - Foi o que Louis acabou dizendo. Ele não sabia o que falar, então sentiu muito. Sentiu muito por Harry estar magoado com a relação dos pais. Sentiu muito por não ser capaz de consolar Harry como deveria. Sentiu muito...
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