História In her eyes - Naturally

"-Cara, o nome da Sofi é Sophie Müller Cooper. Quem foi atropelada foi a Sophie..."

Assim que as palavras saíram da boca dele eu gelei. Eu não acredito que nada disso aconteceu, deve ser por outro motivo que ele não me quer perto dela. Eu não me lembro de ter atropelado ninguém. Eu fiz muita merda? Claro que fiz! Mas não lembro de ter atropelado ninguém não.

Porém minha reação foi rir. Rir pra não chorar na verdade.

-Acho melhor você voltar lá, Sofi está olhando muito pra cá, eu preciso chamar o Brendon e o resto dos meninos pro palco.

Zack era um belo de um filho da puta uma hora é "Fica longe dela" na outra é "Vai lá que ela tá te olhando". Vai se fuder.

Eu voltei lá de todo jeito.

-Aconteceu alguma coisa? - Ela perguntou. 

-Não. - Menti. - Enfim, me conta mais de você. -Disse querendo saber se o que aquele mentiroso do Zack disse era verdade mesmo. 

-Você quer saber como eu fiquei assim? 

-Em outras palavras, sim.

-Bom, quando eu tinha 13 anos, eu estava atravessando a rua e fui atropelada. Nunca descobrimos quem foi. Eu fiquei com várias sequelas. Perdi a melanina dos olhos, problemas respiratórios como asma. Sou uma pessoa bem fodida, por assim dizer. E eu ainda nem falei do problema de rins, mas isso foi hereditário.

-Rins? 

-Eu só tenho um, mas isso foi por outros motivos. Tanto que isso aqui que eu to bebendo não tem nada de álcool. - Ela explicou estendendo a bebida. Tomei um gole. Era suco.

-Mas você tem amnesia ou coisa do tipo?

-Não. - Minha memória está intacta. - Infelizmente... - Ela disse num sussurro. Me senti mal.

-Bom Sofi, vamos lá pra frente. O show vai começar! - Disse tentando animar o clima. 

Nós fomos lá pra frente para assistir o show. Eu não me concentrei muito na música, minha cabeça rodava entre tirar as fotos e a Sofi. Depois do show não vi ela mais, na verdade, no meio do show eu perdi ela de vista.

Fui pra casa tardíssimo, acabei nem jantando. No outro dia tinha ensaio da banda. Eu sempre estava lá, mesmo não tocando nada. Eu costumo editar as fotos dos shows lá no porão/estúdio em baixo da casa do Zack. Juntei e fui pegar minha irmã na casa de uma "amiga". Victória diz ela. Maria Clara gostava de me ver mexendo nas fotos, editando e coisa e tal. Ela diz que também quer ser fotógrafa, mas eu fico a encorajando a tocar violão, que é uma coisa que ela faz perfeitamente bem, tão bem, que ela ajuda os meninos a compor as músicas e a fazer os arranjos. 

Peguei ela e nós fomos pra casa do Zack. Eu tinha a chave do portão da garagem. Quando abri tive uma maravilhosa surpresa: Sofi e Natasha estavam lá. A diferença é que Sofi estava tendo uma conversa bem perto do Brendon. Eu fritei de ódio. Eu não posso conversar com ela, mas ele pode? Brendon não tem juízo algum! Ele tem um jeito meio cantor de punk/indie com um topete meio bosta e desajeitado. Ainda por cima fuma! Por que o Zack não reclama com ele?

-Vai ficar parado ai na porta idiota? - Maria disse me tira do dos pensamentos de tortura que eu estava tendo. Entrei na garagem e sentei no cantinho, onde tinha uma mesa com computador e tudo mais. Era lá que eu "trabalhava". Eu não sobrevivo só com isso, as vezes pego uns trampos com outras coisas. Sofi veio correndo me cumprimentar.

-Eddy! - Ela disse me abraçando.

-Sofi! - Fingi animação. Eu estava era com ódio. Tanta gente no mundo ela escolheu conversar com ele. - Eu não te vi saindo ontem, aconteceu alguma coisa? - Perguntei.

-Eu tive um problema com meu primo, então fui em casa mas depois voltei pra lá. Como não te achei fiquei conversando com Brendon, no final ele me ofereceu carona pra casa.

É claro que ele deu carona pra ela.

-Entendi... - Disse. - Você vai passar a vir pros ensaios? 

-Acho que sim, Brendon me chamou então...

É claro que ele chamou ela.

-Entendi. Bom, se divirta. - Disse voltando pro meu canto. 

O ensaio se resumiu no Zack discutindo com o baterista e com a Maria sobre músicas novas, Natasha bebendo e conversando no telefone e Brendon e Sofi conversando. Eles conversaram o ensaio inteiro! Durante 6 horas! Não que eu tenha observado os dois por 6 horas nem nada disso, foi só que toda vez que eu olhava, eles estavam conversando. Quando todo mundo já estava cansado, todo mundo começou a ir pra casa. Brendon tinha ido, o baterista também. Falta só a Natasha, Maria, Sofi e eu.

-Nat, tem como me dar carona? - Sofi perguntou.

-Vai com o Brendon.

-Ele já foi embora faz tempo! Você não viu?

-Não. É que eu estou planejando ficar mais um pouquinho aqui Sofi. - Natasha disse. Já entendi em que ponto ela queria chegar.

-Eu te dou carona! - Disse sem pensar. Natasha e Zack olharam com aquela cara pra mim.

-Obrigada Eddy! - Ela agradeceu pegando o casaco no sofá.

-Vamos Maria. - Chamei. 

Sofi sentou no banco de trás. 

-Vai pra casa da Victória ou pra casa dos nossos pais? - Perguntei ligando o carro.

-Eu acabei de sair da casa da Victória esqueceu? - Ela disse.

-É daí? - Respondi.

-Pra casa dos nossos pais Edward. 

-Tá bom... 

....

Tudo estava muito quieto. Nenhuma das duas falava nada, então resolvi ligar o rádio. Coloquei em uma rádio qualquer. Fifth Harmony. Na mesma hora que Maria ouviu ela começou a se sacudir, ou dançar, ou seja lá o que ela estava fazendo. Se tem uma coisa que a Maria gostava era Fifth Harmony. Vi a Sofi rindo pelo retrovisor. Comecei a cantar e "dançar" também. Sofi riu ainda mais. Cutuquei ela. Ela parou de rir e só sorriu, se juntando a gente na parte de cantar e dançar. Foi até que divertido. 

-Chegamos maninha - Anunciei. - Você lembra né? Você pegou um táxi e voltou.

-Como esquecer? Você fala isso toda vez! 

-Não custa lembrar.

-Tá bom... - Ela disse saindo do carro. Tchau Ed, tchau Sofi! - Ela disse indo abrir a porta de casa. Então ela parou e deu meia-volta. - Ed , porta-luvas. - Então voltou correndo pra casa.

Abri o porta-luvas curioso. Camisinhas. Filha da puta. Fechei correndo. Sofi então pulou pro banco da frente. 

Até o caminho da casa dela, nós ficamos conversando e ouvindo música. Quando chegamos na casa dela eu desci para a acompanhar. Ela parou na frente da porta da casa e puxou o celular. 

-Que merda. - Ela bufou.

-O que? - Perguntei.

-Meu primo... Ele ainda tá lá dentro.

-Que que têm? 

-Com um menino.

Entendi

-Quer que eu te faça companhia? - Sugeri.

-Você não se importa?

-Claro que não! - Disse me sentando na escada. Ela se sentou do meu lado.

-Eai, você tem namorada? Ou namorado? - Ela perguntou. - Se você não quiser responder não tem problema ok?

-Tudo bem! Eu sou solteiro na verdade.

-Hm.

-E você? 

-Solteira também. - Ela riu e ficou olhando pra rua. - E aquela história lá de taxi na sua irmã? Você não mora com seus pais não né? 

-Não. 

-Tudo bem se eu perguntar por quê?

-Uma longa história. Deixa pra outro dia.

-Entendi...

-Mas e você, mora só com o seu primo?

-Sim, meus pais moram em outro estado. Eu preferi ficar aqui.

Ficamos jogando papo fora por uns 20 minutos. Só nós dois e o barulho dos grilos. O celular dela apitou.

-Meu primo acabou lá. - Ela disse se levantando. Me levantei também.

-Beleza.

-Obrigada pela carona Ed e por passar o tempo comigo, agradeço de coração.

-Por nada! - Disse me aproximando pra um abraço. Só que o clima ficou muito mais tenso que isso, ela também se aproximou. Ficamos nos encarando, olho a olho, até ela finalmente me abraçar e entrar pra dentro de casa. Comecei a andar em direção do carro.

-Ed! - Ela chamou. 

-Sim? - Virei pra trás na hora.

-Nos vemos amanhã? 

-Claro - Sorri. Ela sorriu de volta e fechou a porta.