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História In My Heart - Piper's First Valentine's Day


Escrita por: brunacezario

Notas do Autor


Prepara a glicose vai, gente.

Ótima leitura!

Capítulo 26 - Piper's First Valentine's Day


Românticos são poucos

Românticos são loucos desvairados

Que querem ser o outro

Que pensam que o outro é o paraíso

Shakespeare uma vez disse:

“O amor é cego e os apaixonados não podem ver as agradáveis loucuras que cometem”.

Para quem é um romântico incurável, não existe data especial para se fazer uma loucura por amor. Quando a outra metade menos espera tem um avião passando no céu com uma declaração de amor em um cartaz ou da de cara com uma parede grafitada, contendo a história de amor das duas metades.

O dia dos namorados é a data preferida de um romântico pelo fato de todas as suas loucuras de amor terem fundamento.

Claro que quando falamos de loucuras de amor não significa somente atos extravagantes, loucuras de amor também estão nos mínimos detalhes. Afinal, não existe loucura maior de amor do que admitir que está amando.

Esse era o primeiro dia dos namorados de Piper. Pela primeira vez ela estava animada com a data. Provavelmente isso tinha a ver com o fato dela namorar uma médica morena tatuada romântica incurável, mas nada confirmado.

Alex não contou absolutamente nada dos seus planos para a data e, mesmo não sendo muito fã de surpresas, Piper estava ansiosa para descobrir o que a namorada havia planejado. Mas, naquela manhã, ela continuaria sem saber o que a mulher da sua vida havia planejado por não encontra-la ao seu lado na cama assim que acordou.

Essa não seria a primeira e muito menos seria a última vez que acordaria sem ter Alex ao seu lado. Já estava acostumada após todos esses meses dormindo no apartamento da morena – que era para ser seu também, caso ela tivesse se mudado de vez. Acordar a maioria dos dias sem Alex ao seu lado na cama era o preço que precisava pagar por namorar uma cirurgiã cardiotorácica, mas não se importava, Alex não estar dormindo ao seu lado significava que a morena estava salvando vidas desde cedo. Isso era mil vezes mais importante.

Se Piper falasse que se surpreendeu quando viu uma cesta de café da manhã em cima do balcão da cozinha estaria mentindo. Junto com os restaurantes, as floriculturas eram as que mais lucravam no dia dos namorados, pois a maioria dos casais sempre optavam pelo clichê da cesta de café da manhã, ursos e rosas.

O que surpreendeu a jornalista foi encontrar dentro da cesta todas as besteiras que ela amava comer. Isso passava longe de ser clichê, tendo em vista que por comodidade a maioria dos casais escolhiam o tipo de cesta que tinha no catálogo e o que diferenciava uma cesta da outra era a mensagem que vinha dentro do cartão.

Ela sorriu, tanto pelo presente quanto pela enorme coincidência.

Pronta para o seu primeiro dia dos namorados?

Foi a única coisa que Piper encontrou escrito no cartão. Isso deixou a loira mais ansiosa ainda para o que o restante do dia lhe aguardava pelo simples fato que ela conhecia o tipo de romântica que sua namorada era. Se essa fosse a única surpresa de dia dos namorados, pelo menos uma citação de Shakespeare teria no cartão.

- Eu não sabia que já éramos um desses casais. – disse Piper ao celular assim que a namorada atendeu.

- Que casais? – Alex perguntou, confusa.

- Que tem uma sintonia tão grande que dão até os mesmos presentes de dia dos namorados. – explicou, mexendo em sua cesta. Estava difícil escolher o que ela iria tomar de café da manhã.

- Não me diga que você me deu uma cesta de café da manhã com todas as coisas que você gosta de comer? – indagou, brincalhona.

Piper forçou uma risada.

- CBS está perdendo uma grande comediante. – disse, irônica. – Você não viu o seu presente ainda?

- Eu ainda não consegui pisar no meu consultório. – respondeu, um pouco frustrada. Sabia dos seus deveres como médica, mas não imaginou que seu dia no hospital começaria tão cedo, estragando o café na cama que havia planejado para iniciar o primeiro dia dos namorados de Piper. – Estava indo me lavar para a segunda cirurgia do dia quando você ligou.

- Vou deixar você trabalhar, então. – tirou um pacote de torrada de dentro da cesta. Era melhor permanecer saudável durante o dia por não saber qual seria o grande jantar de dia dos namorados. – Nos vemos na hora do jantar?

- Às 19 horas. – confirmou. – Aproveite suas surpresas.

- Eu te amo.

Foi a única coisa que conseguiu responder.

Não era nenhuma mentira, ela amava aquela mulher que com uma simples cesta de café da manhã estava fazendo o seu primeiro dia dos namorados ser totalmente especial da forma que havia prometido quando disse que elas comemorariam a data.

- Eu te amo.

Alex retribui, esboçando um largo sorriso apaixonado. Nunca iria cansar de ouvir Piper dizendo que a amava, ainda mais em datas especiais como aquela.

Românticos são lindos

Românticos são limpos e pirados

Que choram com baladas

Que amam sem vergonha e sem juízo

Piper nunca foi uma hater do dia dos namorados totalmente, a data sempre teve seus prós. Por exemplo, ela podia chegar atrasada no New York Times com a desculpa de que a cidade estava um caos ou que havia sido atropelada por um entregador de flores – algo que chegou a acontecer mesmo.

Portanto, ela resolveu aproveitar sua desculpa de todo dia dos namorados e ir até o seu apartamento - ou até o apartamento de Jess, caso ela tivesse admitido que se mudou completamente para o apartamento de Alex.

- Ah não! - Piper fechou os olhos com as mãos, virando-se para a porta. Havia pegado Jess e Nicky transando no sofá assim que entrou no apartamento. – Tem um quarto nesse apartamento, caso vocês não saibam.

- Quem vê pensa que nunca viu nada disso. – disse Nicky em tom de tédio, cobrindo os seios com uma almofada. – E que também nunca fez sexo no sofá. Se você comemora o dia dos namorados de outro jeito, não tem nada que eu possa fazer.

- O que você está fazendo aqui? – questionou Jess, frustrada pela melhor amiga ter atrapalhado sua comemoração matinal do dia dos namorados. – Lembrou que ainda mora aqui?

- Eu não moro mais aqui. – se virou com cuidado, seus olhos estavam semicerrados. Percebendo que era seguro olhar, abriu de vez os olhos dando de cara com duas mulheres lhe olhando com dúvida. – O que foi? – deu mais alguns passos para frente. Não ia encurtar muito a distância entre elas para não acabar vendo novamente partes do corpo que não queria. – Eu vim pedir a ajuda de Jess para terminar de colocar minhas coisas nas caixas.

- Piper... – Jess desceu do sofá com cuidado, escondendo seu corpo com duas almofada. – Você não acha que é narcisista demais até para você dar a mudança de presente de dia dos namorados para a Alex? – soltou as almofadas, se dando conta que não tinha sentido nenhum em esconder seu corpo sendo que era melhor amiga da Piper há 29 anos. – Os chaveiros foram bonitinhos – continuou, colocando sua camisola. -, mas está na hora de você começar a dar presentes de verdade.

- Para a sua informação, eu já dei meu presente de dia dos namorados para a Alex. – respondeu, ofendida. – Só acho que está na hora de me mudar de vez, aproveitando que a Nicky está morando aqui.

- Eu não estou morando aqui. – disse Nicky.

- Não? – Piper cruzou os braços. – Jess também não te convidou para morar aqui? E só me contou dias depois? E vocês duas também não estão fazendo sexo no meu quarto mais do que fazem no de vocês? – terminou o questionário com uma careta.

- Por que você tem que contar tudo para ela? – indagou Nicky, indignada.

- Eu não contei que fizemos sexo no quarto dela. – se defendeu. – Como que você sabe que fizemos sexo no seu quarto?

- Eu e a Alex já transamos no seu quarto, então... – deu de ombros. – Vai me ajudar ou não vai? – perguntou, ignorando a cara de espanto da melhor amiga por causa de sua revelação. – Nós ainda temos que trabalhar, mas eu estava pensando em fazermos um almoço de duas horas. Nada de tão Lane e Chapman acontece no dia dos namorados.

- Saudades de quando aquele restaurante pegou fogo. – divagou Jess com um sorrisinho. – Foi um excelente dia dos namorados para Chapman e Lane.

Piper concordou.

Nicky intercalou o olhar entre as duas, horrorizada com os sorrisos que as duas abriram enquanto lembravam do dia. Quem em sã consciência ficava feliz com um incêndio em um restaurante em pleno dia dos namorados? Sentiu-se até melhor por todas as vezes que desejou que alguém entrasse no hospital com uma apendicite.

- Alex pediu para que eu lhe entregasse isso. – estendeu um embrulho para Piper.

- Você também está envolvida na minha surpresa de dia dos namorados? – perguntou, enquanto desembrulhava o presente.

- Não. – reforçou a resposta balançando a cabeça em negativo. – Ela só pediu para que eu te entregasse. – sorriu, lembrando do dia que a namorada da melhor amiga lhe fez o pedido. – Você precisava ver a carinha de felicidade dela por ter a oportunidade de comemorar o seu primeiro dia dos namorados.

- Algumas pessoas ficam felizes por ser a primeira vez de uma virgem, a Vause fica feliz por ser o primeiro dia dos namorados de alguém. – Nicky balançou a cabeça, fazendo pouco caso do gesto. – Eu não sei onde Diane errou na hora de gerar essa mulher.

- Ainda dá tempo de encontrar outra namorada, uma mil vezes melhor que essa ai, - pontou com a cabeça para Nicky. - você sabe disse, não sabe, Jess?

- Vai se foder, Chapman. – retrucou, arrancando uma risada de Piper.

Assim que Piper tirou o seu segundo presente do embrulho, ela sorriu. Alex havia lhe presenteado com o DVD “Te Amarei Pra Sempre”. Lembrou-se da longa conversa que tiveram após terem assistido o filme e do motivo da namorada ter lhe dado aquele DVD de presente.

- Eu fico com essa cara sempre que olho para você? – perguntou Nicky, apontando para Piper que continuava imersa em suas lembranças olhando para o DVD em suas mãos. – O amor é uma coisa de louco, eu hein.

Jess riu e beijou a namorada.

Todas as pessoas verdadeiramente apaixonadas sorriam daquela forma. A verdade era que quando as pessoas paravam de sorrir feito bobas por causa de gestos românticos de sua outra metade, alguma coisa estava muito errada.

Se dependesse de Alex, Piper passaria o dia dos namorados inteiro sorrindo, tanto que assim que a loira saiu do elevador em seu andar de trabalho no New York Times, ela esboçou outro largo sorriso ao ver que sua mesa estava abarrotada de rosas.

Todos começaram a tirar sarro dela no momento que ela começou a andar em direção da mesa.

Os colegas de trabalho amavam a Piper apaixonada por ser uma pessoa totalmente nova – pelo menos em toda a história do amor, nos outros assuntos ela continuava sendo a mesma. -, eles queriam que desse certo com Alex, que ela fosse feliz, mas não haviam esperado esse tempo todo para a maior hater do amor se apaixonar para não fazerem piada sobre isso.

Piper não ligava, pelo contrário, ela merecia toda aquela tiração de sarro por causa de todas as vezes que tirou com a cara de colegas de trabalho que apareciam apaixonados ou contando suas aventuras de amor.

- Muito trânsito? – perguntou Gloria, apoiando a mão na mesa de Piper. – Ou você foi atropelada por um entregador de flores?

- Eu fiquei trancada em um daqueles carros de loucuras de amor. – contou mais uma de suas histórias mentirosas. – Jess que me salvou.

Gloria olhou para a morena que só confirmou a história com um positivo de cabeça. Ambas sabiam que não estavam enganando ninguém, mas havia se tornado o ritual das três.

- Quantas pessoas já falaram que queriam ter a sua sorte no amor hoje, Piper? – indagou Gloria pegando uma rosa em cima da mesa.

- Ainda ninguém. – pegou uma rosa na mão também, olhando a flor com um pequeno sorriso. – Muito difícil alguém ter inveja de seu namoro com uma romântica incurável quando você está presa dentro de um carro de loucuras de amor.

- Se você estiver namorando o ano que vem, suas desculpas não irão me convencer mais, tudo bem?

- Não se preocupe. Eu vou terminar com a Alex amanhã mesmo. – disse com um sorrisinho.

Gloria tentou não dar ousadia, mas foi obrigada a rir.

Como havia empregado uma das melhores jornalistas e a mais cara da pau também? Isso deveria virar um artigo científico.

- Vão trabalhar, agora! – mandou entre risos.

Elas iriam trabalhar com muito prazer. Estavam tendo o melhor dia dos namorados da vida delas que nada estragaria isso.

***

Após horas em uma cirurgia, Alex finalmente conseguiu chegar em seu consultório. Ela abriu um largo sorriso ao ver a cesta de café da manhã em cima da mesa. Elas eram mesmo um daqueles casais com uma ótima sintonia, não eram?

Fuçando dentro da cesta, Alex encontrou coisas que ela amava, mas que não comia fazia muito tempo. Como Piper sabia daquilo? Nem ela tinha sido tão minuciosa assim na hora de montar a cesta da namorada, havia feito o presente com coisas atuais que Piper costumava comer.

Won’t you be my (sweet) valentine? Para sempre?

Com um sorriso, Alex respondeu mil vezes sim em pensamento a pergunta do cartão que também era uma das músicas que Piper havia adicionado na playlist do Spotify das duas.

Ser a namorada de Piper estava sendo a melhor coisa da sua vida nos últimos meses. Sentia-se feliz, sentia-se completa, sentia-se inspirada para fazer qualquer coisa, era como se nada no mundo pudesse dar errado somente pelo fato de ter Piper em sua vida.

- Eu amava essas balas quando eu era criança. – Alex tirou o saco de bala de dentro da cesta, mostrando para Nicky que havia acabado de entrar em seu consultório. – Como ela sabia?

- Vause, ela é uma jornalista. Ela deve saber até a data das vezes que você ficou doente quando era um bebê. – mostrou duas caixinhas pretas com tornozeleiras para Alex. – Qual das duas?

- Você sabe que a Jess ama você pelo que você é, não pelo seu dinheiro, certo?

- Eu não paguei 20 mil dólares nessas tornozeleiras, não se preocupe. – disse com um sorrisinho cínico. Alex forçou uma risadinha, como se dissesse para Nicky que ela era tão engraçada quanto as séries com risadas de fundo da CBS. – Então? – sacudiu as caixinhas em sua mão.

- Por que uma tornozeleira? – indagou, realmente curiosa.

- Por que tudo tem que ter um “por que” para você? – Alex ergueu os ombros, como se a resposta que fosse dar era óbvia, afinal, ela era médica. – Ela me contou uma vez essa história de um rapaz que morreu na guerra e que só foi identificado por causa do nome da namorada dele tatuado em seu braço. Ele dizia que tatuou o nome dela, pois essa era a única forma dela andar com ele onde ele fosse. Tem nossas iniciais aqui.

- Para ela andar com você onde você for e vice-versa? – Nicky fez um positivo com a cabeça. Estava um pouco envergonha, pois nunca foi esse tipo de romântica. – Quem disse que Nicole Nichols não era romântica. – caçoou.

- Vai se foder, Alex! – disse sem paciência. Estava abrindo seu coração mais do que costumava e ainda tinha que aguentar essas brincadeiras. – Então?

Alex se aproximou de Nicky, analisando as duas tornozeleiras. Em uma as iniciais estavam gravadas em um pingente no formato de uma meia lua, enquanto na outra as iniciais estavam gravadas em um pingente com o formato do sol.

- Essa aqui. – apontou para a tornozeleira com as iniciais gravadas no pingente da meia lua. – Acho que essa é mais a cara da Jess.

- Eu também achei. – disse sinceramente, fechando as duas caixinhas em suas mãos. – Talvez eu também seja uma romântica incurável. – disse com um sorriso convencido.

- Todos nós somos.

O celular de Alex tocou, avisando uma emergência.

Ela soltou um longo suspiro, parecia que aquele dia não ia terminar nunca. Toda hora uma emergência diferente. Normalmente ela gostava, mas não no dia dos namorados. Se despediu de Nicky e deixou o consultório.

No mesmo segundo o celular de Nicky também tocou. A loira pensou que fosse uma emergência também, mas estranhou ao olhar para o visor e ver que era um número desconhecido que ligava.

- Doutora Nichols. – atendeu. – Desculpa, mas eu não conheço ninguém com esse nome. - ... – Sim, costumava, mas... - ... – Nós o que? – ela soltou um riso de nervoso por causa de tudo que estava ouvindo do outro lado da linha. – Isso só pode ser um erro. Você está me confundindo com outra pessoa. - ... – Puta que pariu! – exclamou, pasma. – Eu estou fodida. – disse mais para si mesma do que para quem estava do outro lado da linha.

Com todo respeito: Sim, ela estava fodida.

***

Fazia mais de 20 minutos que Piper estava pronta e nenhum sinal de Alex. Ela nem conseguia ficar brava por causa do atraso por dois motivos: Namorava uma cirurgiã; Ainda estava boba por causa da última surpresa.

Enquanto almoçava com Jess em um restaurante aleatório, ela recebeu da garçonete um bilhete com o seguinte trecho da música que ela havia mandando mais cedo em seu cartão de dia dos namorados:

And now I’ll shout to the world my love for you

(E agora eu vou mostrar para o mundo o meu amor por você)

The irresistible love that I’ve fallen into

(O amor irresistível que eu cai)

Life is wonderful, cause you shine through

(O amor é maravilhoso porque você o faz brilhar)

There’s no one that makes me feel like you do

(Não há ninguém que me faça sentir como você faz)

Era humanamente impossível a morena saber que ela estava almoçando naquele restaurante por não ser costumeiro, mas não quis estragar a surpresa com questionamentos. Ela só estava feliz pelo fato de ter uma namorada tão magica que, mesmo sem necessidade, estava fazendo o seu primeiro dia dos namorados o mais memorável.

Mesmo sem necessidade, pois o que importava era passar o dia com Alex e essa era a única coisa que não tinha conseguido ainda.

O celular tocou.

- Você está atrasada. – disse em tom brincalhão, não estava cobrando nada.

- Eu sei. – Alex soltou todo o ar que tinha em seus pulmões. – Me perdoa, Pipes, mas eu estou em uma cirurgia e eu não faço ideia da hora que vou sair daqui.

- Está tudo bem, Alex. – disse em tom complacente.

- Não, não está. – disse aborrecida. Parecia até um pesadelo. – Eu queria te levar para jantar, eu...

- Al, me escuta. Está tudo bem sim. Não se preocupe comigo. Seus pacientes em primeiro lugar, esqueceu? – o tom era doce. Piper tentava acalmar Alex, não queria que ela ficasse chateada por algo que não podia controlar. - Quando você chegar nós podemos jantar. Eu não tenho planos de dormir cedo hoje.

- Me perdoa, Pipes. Sério.

- Eu te amo. – disse para ver se assim o coração de Alex se acalmava.

- Eu também te amo. – retribuiu, mas ainda estava desanimada.

Não era justo o que estava acontecendo nem com o seu dia dos namorados nem com o paciente que tinha naquela sala de operação, mas o que iria fazer?

Assim que Alex desligou, Piper tratou de ligar para Nicky. Não ia deixar que sua namorada ficasse triste em uma das datas que ela mais amava por causa de um imprevisto.

- Chapman, sua namorada é a minha melhor amiga, não sou eu não. – foi dessa forma que Nicky atendeu o celular. – Eu sei que todas me querem, mas felizmente sou comprometida.

- Será que você pode calar a boca por um minuto e me escutar? – disse sem paciência para as graças de Nicky. Ela entendeu o silêncio do outro lado da linha como um “sim”. – Onde a Alex ia me levar para jantar?

- Ata! Você acha mesmo que eu vou estragar a surpresa? – soltou uma risada debochada. – Você só pode estar louca, querida!

- A Alex está presa em uma cirurgia. Não vai ter surpresa nenhuma Nicky.

- Eu pensei que você fosse uma mentirosa melhor.

- Não é mentira! – bufou, sem paciência. – Ela acabou de me ligar dizendo que está presa em uma cirurgia. Você  sabe a hora que ela vinha me pegar. Já são meia hora de atraso.

- Alex Vause nunca atrasa. – Nicky afirmou. Sabia muito bem como a melhor amiga era pontual com todo o seu romantismo. – Ela mandou fazer uma pizza com o seu nome.

- O que? – quando pensou que não podia se surpreender mais com Alex... – Onde? Como assim uma pizza com o meu nome? – riu encantada.

Com toda certeza esse era um dos gestos mais românticos que iria receber na vida.

Nicky passou todas as informações sobre a pizzaria para Piper. Provavelmente, nem quando salvou alguém com a probabilidade mínima de sobreviver, Nicky recebeu tantos agradecimento quanto recebeu de Piper.

Ficou feliz, não por causa dos agradecimento em si, mas por sua melhor amiga ter encontrado alguém que sabia dar valor a todo o seu romantismo.

São tipos populares

Que vivem pelos bares

E mesmo certos vão pedir perdão

Que passam a noite em claro

Conhecem o gosto raro

De amar sem medo de outra desilusão

Por mais que quisesse estar presente de corpo e alma no piquenique noturno que preparou no Central Park como surpresa do dia dos namorados para Jess, Nicky simplesmente não conseguiu.

A ligação que recebeu mais cedo ainda lhe perturbava e, por causa das mentiras que andava contando atualmente, não podia contar o conteúdo do telefone para Jess e assim acumulava mais uma mentira – nesse caso, omissão – em sua pilha de mentiras e omissões.

- Amor, está tudo bem?

Jess havia percebido que a namorada estava aérea. Durante todo o piquenique uma hora ou outra Nicky divagava. Pensou que no decorrer da noite a namorada contaria o que estava a incomodando, mas ela não contou, então Jess teve que perguntar.

- Hã? – balançou a cabeça, voltando para a realidade. – Desculpa! Está sim. Quero dizer... É só preocupação com um paciente, mas está tudo bem.

Outra mentira. Que novidade!

- Eu espero que fique tudo bem mesmo. – disse Jess com um dos seus sorrisos mais sinceros.

Nicky odiava quando a namorada fazia isso, pois isso só fazia com que ela se sentisse pior. Ela não merecia Jess, sabia muito bem disso, mas ela também sabia que estaria duas vezes pior caso não tivesse Jess em sua vida.

Com o intuito de fugir da sua onda de mentiras, Nicky pegou a caixinha preta com o seu presente do dia dos namorados e entregou para Jess.

A jornalista sorriu assim que viu o que tinha dentro da caixinha. Não foi nenhuma incógnita para ela o motivo do presente, ela sabia muito bem do que se tratava.

- Eu amei! – beijou Nicky, agradecendo pelo presente. – Isso faz o meu presente parecer nada.

- Eu amei a minha blusa da Nazaré confusa, tudo bem? – tirou a tornozeleira da caixinha e esticou a perna de Jess para que pudesse colocar o presente em seu devido lugar. – Ninguém nunca pensaria em um presente melhor do que esse para mim.

- É muito fácil de agradar, sabia?

Nicky deu de ombros, como se dissesse “o que eu posso fazer?”.

- Faltam dois dias para terminar meus 30 dias. – relembrou Nicky. – Deu certo?

- Se tivesse dado errado nós não estaríamos aqui. Estaríamos? Ou essa seria alguma forma de reconciliação?

- Provavelmente alguma forma de reconciliação. – aproximou-se mais de Jess. – Graças a você eu descobri que reconciliações existem.

- Mas nós nunca nem brigamos. Aquela vez foi um desentendimento.

- Meus desentendimentos sempre terminaram com coisas sendo jogadas na minha cabeça. – disse Nicky com um sorriso afetado.

Jess abriu um sorriso terno e acariciou o rosto da namorada. Lhe doía saber que Nicky teve um passado traumatizante de ex-namoradas e doía mais ainda não saber o motivo disso. Afinal, ela estava namorando Nicky fazia 7 meses, sua namorada estava longe de ser a pessoa que acabava com a sanidade dos outros ao ponto de lhe atirarem coisas.

- Eu espero que nossos desentendimentos sempre acabem em beijos. – deu um beijo na bochecha de Nicky.

- Beijos como esse? Eu que não quero me desentender com você. Quando estamos de bem os beijos são melhores.

Jess riu e a beijou.

- Assim está melhor. – respondeu Nicky entre o beijo, fazendo com que Jess risse em seus lábios. – Você quer morar comigo, Lane?

- Eu fiz o convite antes. Você que tem que me responder.

- Eu já disse que moraria até debaixo da ponte, contanto que fosse com você, então... – beijo Jess. – Sim.

Elas encerraram o assunto com um beijo apaixonado. Elas seriam ótimas morando juntas, caso não existisse a chuva de mentiras de Nicky.

***

Alex não entendeu o motivo de ter sido chamada na sala do negatoscópio. Na verdade, ela não queria saber. A única coisa que ela queria era sair correndo daquele hospital e passar as últimas horas do dia dos namorados com a sua namorada.

Ao entrar na sala, Alex franziu o cenho, completamente confusa com o que estava vendo.

Os computadores que normalmente ficavam em cima da mesa foram substituídos por uma bandeja redonda tampada, uma garrafa de vinho e duas taças.

Mas, o que estava intrigando mais a morena era Piper sentada em uma das poltronas com um imenso sorriso.

- Eu não preciso citar todos os motivos disso não ser higiênico. Preciso? – ela precisou quebrar o gelo tentando fazer uma piada. A verdade era que ela ainda estava tentando assimilar o que estava acontecendo.

- Nós jantamos várias vezes no necrotério, então não venha com discurso de higiene para cima de mim.

- O que você está fazendo aqui?

- Tranca a porta. – Piper pediu antes que Alex se aproximasse.

- Trancar a porta? – ajeitou os óculos. Aquilo só ficava mais confuso. – E se alguém precisar usar a sala?

- Você sabia que tem outra sala dessa no hospital? Uma bem menor, mas não deixa de ler as radiografias.

- Pipes. – ela balançou a cabeça em negativo e trancou a porta atrás de si. Sabia que se não fizesse o que a namorada pediu não teria respostas. – Pronto! – ergueu as mãos, mostrando que havia feito. – O que é tudo isso?

- Já que você não foi até o jantar do dia dos namorados – Piper levantou da poltrona, andando na direção de Alex – o jantar de dia dos namorados veio até você. – puxou a namorada pelo jaleco e lhe deu um beijo. – Você sabe que vai ser impossível superar esse meu primeiro dia dos namorados, não sabe?

- Não duvide de todos os tipos de surpresas que passam nessa cabeça romântica. – entrelaçou suas mãos na cintura de Piper, trazendo-a para mais próximo de si. – Tem muita coisa ainda que eu quero fazer.

- Eu não duvido, mas o que vai superar uma pizza com o meu nome?

- Como...? – Alex se desvencilhou da namorada e caminhou até a mesa, abriu a bandeja para ver se Piper falava sério. – Como você descobriu?

- Eu pedi a ajuda da Nicky. Eu ainda não acredito que você foi em várias pizzarias até encontrar uma que faria a pizza com o meu nome.

- Ninguém aprecia mais um gesto romântico. – balançou a cabeça em negativo.

Piper riu.

- Eu aprecio. – beijou Alex. – Obrigada. – abriu um pequeno, mas sincero sorriso. - Você deu um ótimo primeiro dia dos namorados para essa ex-hater do amor aqui.

- Você está falando sério?

- Eu nunca falei tão sério em toda a minha vida, Al.

Alex sorriu, extremamente feliz em ouvir aquilo.

- Ah... – entregou um envelope pardo para Alex. – Meu outro presente de dia dos namorados.

Alex abriu o envelope e encontrou dentro dele a revista com a sua matéria de capa autografada.

- A Gloria sabotou o meu Pulitzer quando decidiu lançar a edição só o mês que vem por causa do seu aniversário – revirou os olhos, fingindo desdém-, mas está ai a primeira cópia.

- Eu fiquei muito gostosa nessa capa, não fiquei? – mostrou a revista para Piper com um largo sorriso. – Mais um pouco você teria autografado os meus peitos.

- Essa era a intenção. – respondeu mordendo o lábio inferior. – Então... Nós temos uma hora para jantar e finalmente fazer sexo aqui.

- Seu romantismo deixa o meu coração fraco, sabia disso? – disse Alex debochadamente. – Que sorte a minha ter encontrado a mulher mais romântica da face da Terra. – ironizou.

- Deixa o romantismo toda para você, senão vamos ser daqueles casais que ninguém gosta de chegar perto.

- As pessoas morrem de inveja mesmo de um casal romântico e saudável.

Elas se beijaram, aproveitando cada segundo do jantar de dia dos namorados do primeiro dia dos namorados de Piper.

Romântico

É uma espécie em extinção

Romântico

É uma espécie em extinção

Elas entraram no apartamento, tagarelando. Estavam felizes por causa da excelente noite que tiveram.

Piper teve mesmo um ótimo primeiro dia dos namorados que guardaria para sempre em sua memória. Torcia para que todos os outros fossem tão memoráveis quanto esse e, caso não fossem, continuaria não se importando, pois o que importava era passar todos os dias dos namorados ao lado de Alex.

- A verdade é que eu sempre achei... – Alex não conseguiu concluir o que estava falando por causa de algo que chamou a sua atenção na sala. – Isso é... – apontou para os três Pulitzer de Piper devidamente colocados na estante. – Quando você os trouxe?

- Hoje junto com o resto das minhas coisas. Eu acho que a Jess vai conseguir viver sem mim.

Alex avançou nos lábios de Piper, beijando com todo o amor e felicidade que habitava em seu coração.

Uma vez ela se questionou se era possível amar Piper na proporção que ela amava e, hoje em dia ela tinha a resposta que era possível sim, pois cada dia que passava aquela mulher em sua frente lhe explicava o motivo de todo aquele amor existir.

Românticos são poucos

Românticos são loucos como eu, como eu

Românticos são loucos

Românticos são poucos como eu, como eu

- Românticos (Vander Lee)


Notas Finais


Se Vauseman tiver muito doce me avisem que eu dou um jeito de acabar com isso rapidinho, ta? :P

Nem lembro o que vai acontecer no próximo capítulo, mas acho que tem a ver com a Nicky e essas mentiras todas, só acho.

Até lá <3


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