- Eu não quero saber! – Jess jogou uma mala para fora do apartamento, espalhando várias roupas pelo corredor do prédio. – Só Deus sabe quantas vezes eu perguntei se tinha alguma coisa de errado. – riu, indignada. – Agora eu entendo tudo que suas ex-namoradas passaram.
- Jess, por favor, me escuta. – implorava, desesperada. – Eu queria te contar, mas...
- “Mas” porra nenhuma, Nicky! Eu não quero ouvir! – jogou outra mala, dessa vez em direção de Nicky. A intenção era mesmo acertá-la, mas a ex-namorada tinha excelentes reflexos, portanto desviou da mala. Mais roupas foram espalhadas pelo chão. – Eu não quero mais ouvir as suas mentiras! Eu não quero mais olhar para a sua cara. – empurrou Nicky para fora do apartamento. Jess nunca esteve tão transtornada como naquele momento. Se homicídio não fosse crime, com toda certeza a médica estaria vivendo em outro plano agora. – Eu quero esquecer que te conheci!
- Jess, por favor... – seu tom continuava desesperado. – Me perdoa! Eu prometo...
Jess bateu com a porta em sua cara.
- Jess... – sentiu as primeiras lágrimas escorrerem por seu rosto. – Jess, por favor... – batia na porta com toda força que possuía. – Me perdoa! Não foi minha intenção, eu pensei... Jess...
- Nicky, acorda. – pediu Jess, calma. Não queria assustar a namorada mais do que ela deveria estar assustada por causa daquele pesadelo. – Nicky, eu estou aqui.
Em um pulo, Nicky sentou na cama. Ela estava visivelmente perturbada por causa do pesadelo.
- Está tudo bem. – disse Jess com ternura, apoiando sua mão no braço da namorada. – Só foi um pesadelo.
- Me desculpa, Jess. – esfregou os olhos, tentando despertar de vez daquele pesadelo horrível. – Eu não quis te acordar. Pode voltar a dormir. Está tudo...
- Ei! – Jess a interrompeu, virando o rosto da loira para que ela a encarasse. – Fala comigo. O que aconteceu? Por que eu tinha que te perdoar? O que você fez?
- Eu não sei. – mentiu, ela sabia muito bem o que tinha feito e não era somente em sonho. – Você só estava jogando as malas com roupa em mim... – balançou a cabeça em negativo, não queria reviver aquele pesadelo novamente, pois ele era o mesmo pesadelo que lhe atormentava na vida real. – Eu só não queria te perder. Eu só queria que você me escutasse. Eu... – esfregou os olhos novamente, com raiva dessa vez. Estava parecendo louca.
- Eu não sei o que você fez nesse pesadelo, mas você não vai me perder, tudo bem?
Nicky quis rir de desespero.
Se Jess soubesse todas as mentiras que ouviu durante os últimos três meses não diria um absurdo daqueles.
- Foi só um pesadelo. – deu um beijo na têmpora de Nicky. – Pode voltar a dormir. – ajeitou o edredom de Nicky enquanto ela voltava a deitar ao seu lado na cama. - Quando você acordar eu ainda estarei aqui. – abriu um sorrisinho cheio de ternura. - Eu promete.
Nicky apertou a cintura de Jess em um abraço como se ali fosse o seu lugar seguro.
Era estranho para Jess ver a namorada vulnerável daquela forma. Ela sabia que Nicky não era indestrutível e que ela também sentia as coisas como pessoas normais a única diferença era que, assim como Piper, ela procurava fazer piadas sobre todos os assuntos que lhe incomodava.
Alguma coisa estava errada nos últimos dias, Jess sabia muito bem disso, mas Nicky não se abria com ela. Estava começando a ficar preocupante toda aquele situação, entretanto a jornalista não fazia a mínima ideia do que fazer.
De manhã, elas não tocaram no assunto do pesadelo, porém não foi por falta de vontade de Jess. O problema é que ela passou mais tempo do que deveria velando o sono de Nicky por ter ficado verdadeiramente preocupada que acabou acordando atrasada para o trabalho. A única coisa que ela disse antes de sair de casa foi para que Nicky conversasse com Alex.
Isso fez com que a médica se sentisse a pior pessoa do mundo. Seu estômago revirou, enjoada com si mesma, enjoada com suas atitudes de alguém que não tinha um pingo de consideração com os sentimentos da namorada. Jess estava verdadeiramente preocupada com Nicky e a única coisa que recebia em troca eram mentiras.
Diferente de todas as suas outras namoradas, Jess não a pressionava para saber o que estava acontecendo. A namorada respeitava o seu espaço e, mesmo sem saber de toda a história, tentava acalmá-la dizendo que ia ficar tudo bem.
Nem sua noiva a tratou daquela forma. A moça não era uma péssima pessoa, pelo contrário, durante os dois anos que ficaram juntas ela também tentou entender a Nicky, tentou apoiá-la, mas nunca recebeu nenhum reconhecimento em troca.
Até que as duas chegaram longe para um noivado que nem deveria ter acontecido. Na verdade, aquele noivado foi uma das coisas mais erradas que Nicky fez em sua vida. Sua ex-noiva não merecia passar pelas coisas que passou. Ela era boa demais para Nicky, da mesma forma que Jess estava sendo.
Ela estava fazendo tudo de novo. Foi daquela forma que começou e ela sabia muito bem que terminava com coisas sendo jogadas em sua cabeça.
Foi despertada de seus pensamentos com o rapaz da cafeteria chamando por seu nome, avisando que seu cartão não havia passado.
- Meu cartão não... – rapidamente ela tirou outro cartão de dentro da carteira. – Tenta esse aqui. – entregou o cartão para o rapaz.
- Desculpa doutora, também deu não autorizado. – disse o rapaz, sem graça.
- Está tudo bem. – entregou algumas notas para ele, visivelmente envergonhada pelo ocorrido. – Pode ficar com o troco. – pegou o café em cima do balcão. – Me desculpa por isso.
Imediatamente Nicky pegou o celular e ligou para o seu gerente. Precisava saber o que estava acontecendo. Era surreal o fato de não conseguir pagar um único café quando sabia que poderia comprar aquela cafeteria inteira.
- Doutora Nicole Nichols, o que eu posso fazer por você? – o homem atendeu, bem animado.
- Poderia começar me explicando o motivo de eu não ter conseguido pagar um café no débito. – disso, um pouco irritada.
- Bom... – o homem fez uma breve pausa. – Uma das suas contas está bloqueada e a outra só tem trinta centavos.
- O que? Como assim só tem trinta centavos na minha conta? – perguntou, perplexa. – Tinha mais de meio milhão de dólares nessa conta, Peter!
- Eu sei, mas você fez transferências e saques de valores bem altos nos últimos meses, Nicky. – o tom de voz de Peter era sério, mas sereno.
Normalmente Nicky era uma das suas clientes mais bem-humoradas. Peter era o gerente da médica fazia anos, portanto eles sempre se tratavam com brincadeiras, ainda por ela ser totalmente diferente dos seus outros clines. Nicole Nichols passava longe de ser uma rica esnobe que acha que não precisa tratar ninguém com respeito. Entretanto, Peter estava estranhando o tom sério da médica por ela nunca ter falado assim com ele.
- Por que eu não estou conseguindo usar a minha outra conta, então? – perguntou, ainda irritada.
- Porque você pediu para que sua conta fosse bloqueada sempre que você usasse mais de 100 mil dólares na semana.
- Eu usei mais de 100 mil dólares na última semana? – ela ainda não sabia o motivo de se surpreender com aquilo. – Claro que usei! – riu de nervoso.
- Está tudo bem, Nicky? – o tom era realmente preocupado. – Se não foi você que usou todo esse dinheiro... Quero dizer, você recebeu as mensagens sobre as transferências e saques, confirmou que foi você, mas...
- Não, não... – balançou a cabeça em negativo, achando incrível sua estupidez. - Foram todas eu que fiz. Eu comecei a morar com a minha namorada, então estamos redecorando.
- Você arrumou uma dessas interesseiras? – o tom de Peter voltou a ser brincalhão por ter sentido que Nicky havia voltado ao normal. – Eu sei como que é. Eu casei com uma. – riu.
- Não. Ela é incrível. – respondeu, divagando.
- Você vai querer que eu desbloqueei a conta? Aumente o valor de transferência?
- Por enquanto não. Se meus cartões de crédito não estiverem bloqueados eu acho que vou usar somente eles durante alguns dias.
- Você pode usar seus cartões de crédito sem problema nenhum problema. – disse, simpático. – Mas, você tem certeza que está tudo bem, Nicky? Você disse que começou a morar com a sua namorada, mas não teve nenhuma transferência de valor sobre a venda do seu apartamento e ele não faz mais parte dos seus bens...
- Isso é uma longa história. – coçou a nuca. – Mas, não se preocupe, está tudo bem.
Eles trocaram mais algumas palavras e brincadeiras até que a chamada foi encerrada.
No começo da ligação Nicky não estava irritada com Peter. Desde o momento que abriu a conta no banco, Peter sempre a tratou bem. Muito diferente dos gerentes de outros bancos que só queriam saber do seu dinheiro e não dela e, muitas vezes, a tratavam com desdém por ela não ter muito dinheiro. A médica estava com raiva de si mesma por ter chegado mais uma vez no ponto de ter uma das contas zeradas por causa de seu vício. Com toda certeza isso era Deus dando algum recado. Afinal, ela não cumpriu a sua parte do acordo mais uma vez.
Quando pensou que seu dia não poderia ficar pior ela recebeu outra ligação do número desconhecido que, nos últimos dias, nem era mais tão desconhecido.
Quero dizer... Daqui a pouco eu explico.
Ela rejeitou a ligação. Não estava com cabeça para lidar com aquilo agora.
***
Se existia um péssimo dia para ter dado certo o almoço do quarteto, com toda certeza era naquela quarta-feira.
Nicky não conseguiu prestar atenção em nenhum dos assuntos. Sua cabeça estava muito ocupada fazendo com que ela passasse o passo a passo de como havia chegado naquele fundo do poço. Ela não conseguia dormir por causa da ligação que estava recebendo. Quase toda noite ela chegava de madrugada e mentia para Jess dizendo que teve uma emergência, sendo que a verdade era que ela estava perdendo todo o dinheiro de sua conta bancária em jogos de pôquer. Ela se sentia um lixo por todo dia ter que mentir para a sua namorada. Ela se sentia desesperada sempre que pensava em perder Jess por causa de suas mentiras. Ela estava prestes a enlouquecer e não conseguia pedir ajuda.
- Foi então que a Nicky disse: “A partir de hoje eu sou a pessoa mais hetero que você conhece. Buceta nunca mais! Só não vou espalhar porque as pessoas são muito heterofónicas”.
Alex inventou uma história para ver se assim conseguia a atenção da melhor amiga.
- Foi isso mesmo. – Nicky respondeu no automático, da mesma forma que fez durante todo o almoço sempre que alguém citava o seu nome.
- Eu não disse? – disse Jess, preocupada. – Ela está assim agora.
- O que está acontecendo Nicky? – Alex jogou o guardanapo na melhor amiga para ver se assim conseguia sua atenção.
- O que? – jogou o guardanapo de volta, irritada. – Não está acontecendo nada!
- Como assim não está acontecendo nada? – indagou Jess, aborrecida. – Você acordou essa madrugada gritando. É algum problema com paciente? É algum problema com nós duas?
- Talvez ela tenha problema de compromisso. Não viu que só foi vocês começarem a morar oficialmente juntas que ela começou a ficar doida? – debochou Piper.
- Vai se foder, Chapman! – disse, sem paciência. – Isso não tem nada a ver com você, Jess.
Outra mentira.
- Será que você pode conversar com alguém, então? Já que, aparentemente, você não quer conversar comigo e nem com a Alex?
- Eu ia conversar com a Alex, mas nós tivemos pacientes a manhã inteira.
- Nós não temos pacientes agora, você pode... – o celular de Alex tocou. Ela olhou no visor sobre o que se tratava. – Porra! – levantou-se da cadeira. – Eu tenho um paciente agora, mas você pode falar comigo a hora que você quiser, Nicky. – deu um rápido beijo em Piper. – Te vejo em casa.
O celular de Jess também tocou.
- Ah não! – reclamou, levantando-se do cadeira.
- Por que eu não recebi nada? – perguntou Piper olhando para o celular.
– Porque essa é uma daquelas matérias que Gloria inventa que temos que trabalhar separadas. – como se tivessem combinado, as duas reviraram os olhos. - Eu não quero saber, - pegou a bolsa na cadeira - mais tarde nós vamos conversar sobre isso que está tirando o seu sono. – deu um beijo na bochecha de Nicky. - Você me ouviu?
Nicky confirmou com um balançar de cabeça. Ela havia ouvido, porém não conversariam sobre absolutamente nada mais tarde.
- Às vezes pode não parecer, mas... Nós somos amigas também. – disse Piper em um tom sereno. – Você pode conversar comigo se quiser.
Nicky soltou um longo suspiro, balançando a cabeça em negativo. Ela estava mesmo precisando conversar com alguém, caso contrário acabaria enlouquecendo de vez.
- Será que podemos conversar a caminho da sorveteria?
A pergunta pegou Piper completamente de surpresa. Por causa da reação inicial, ela pensou que seria respondida com algum tipo de deboche. Pelo visto, Nicky estava mesmo precisando conversar com alguém.
Piper respondeu a pergunta com um sorriso afetado e as duas deixaram o restaurante, rumo a sorveteria.
- A Jess é daquelas namoradas que terminam o namoro jogando coisas nos outros?
- Jess é daquelas pessoas que não terminam o namoro caso não seja o último caso. – Piper respondeu, mesmo que confusa sobre o motivo da pergunta. – A Jess é a sua Alex.
Nicky fez uma careta. Se Jess fosse a sua Alex com toda certeza não estariam juntas. Elas não eram esse tipo de amigas. Alex havia perdido a oportunidade quando resolveu andar pelada pelo corredor do dormitório.
Piper riu.
- Eu estou dizendo que Jess é a sua romântica incurável. Ela sempre vai tentar resolver tudo com conversa e, se não resolver, ela não vai jogar coisas em você.
- Nem se ela descobrir algo grave?
- Nicky, por favor, não me diga que você traiu a minha melhor amiga.
- Claro que não! Eu jamais faria uma coisa dessas! – se defendeu, ofendida. – Eu a amo, Piper. Ela é diferente.
- Ela é. – concordou com um sorriso. – Sendo sincera? Fora a mim, não existe muita coisa que irrite a Jess. Ela só não gosta de mentiras, mas... – ergueu os ombros. – Ela pensa que eu não sei que ela mente para mim tem anos. – Nicky a encarou, confusa. - Todo ano no dia do aniversário da mãe dela, ela liga para a minha mãe.
- Você esse tempo todo sempre soube? – indagou, surpresa.
- Espera... – Piper parou no meio da calçada. – Você sabia disso?
- Ela me contou em um dos nossos encontros. Estávamos trocando segredos. - confessou, seguindo os passos de Piper que havia voltado a andar. - Por que você nunca disse nada?
- Michelle não a merece, mas ela é menos embuste do que o meu pai. Pelo menos ela nunca disse coisas horríveis para a Jess, ela só não se fez presente mesmo. Eu achei que ela não se sentiria feliz caso excluísse de vez a mãe de sua vida, mas Jess sempre foi a mais forte de nós duas. – abriu um sorrisinho afetado, lembrando de todas as vezes que Jess esteve lá por ela mesmo depois de Michelle ter destruído seu coração mais uma vez. Eu não disse nada porque fiquei com receio dela achar que eu tentaria reaproxima-la da mãe novamente, não sei. – ergue os ombros. - Prefiro que ela me conte a verdade no tempo dela. – parou novamente, dessa vez ficando de frente para Nicky. – Só não mente para ela que, seja lá o que você tenha feito, vai ficar tudo bem.
“Só não mente para ela”. Por dentro, Nicky riu de nervoso. Estava mais uma vez se sentindo a pior pessoa do mundo. Já era tarde demais.
- Quem diria que nós duas íamos conseguir ter uma conversa sem deboche. – teve que descontrair, caso contrário acabaria contanto o que não deveria para Piper.
- Não se acostume. – empurrou a porta de vidro da sorveteria. – E você vai pagar o meu sorvete.
- Pago até dois se você quiser. – respondeu com um sincero sorriso. – Obrigada Piper.
- Eu sei que você não vai me contar o que aconteceu para não causar “conflito de amizades”, mas não vai ter conflito nenhum se você conversar com a Alex.
Conversar com a Alex.
Estava ouvindo muito isso nas últimas horas.
A melhor amiga era mesmo a solução para a maioria dos seus problemas. Talvez isso fosse algum tipo de sinal para ela fazer o que deveria ter feito anos atrás – ou o que deveria ter feito após o Natal.
Dessa vez, Nicky decidiu que não iria ignorar o “sinal”. Portanto, quando o expediente acabou, ela ficou esperando Alex no consultório.
Por várias vezes durante a uma hora que ficou deitada na maca esperando a melhor amiga, ela pensou em desistir.
Nicky tinha certeza absoluta que Alex jamais a veria com os mesmos olhos. A situação era totalmente diferente da primeira vez que decidiu contar toda a verdade para a morena. Naquela época estava há 4 meses sem jogar. Agora, ela só era uma desesperada com uma conta bancária vazia que possuía um grande problema lhe ligando todo dia e que havia colocado o próprio namoro na berlinda sem necessidade nenhuma.
- Eu não sabia que tínhamos uma consulta marcada. – disse Alex assim que encontrou a melhor amiga deitada na maca. – Por favor, não me diga que o seu problema é no coração? – o seu tom era de suplica. – Eu juro por Deus que não vou aguentar se outra pessoa que eu amo tiver com algum problema no coração. Eu quase perdi um paciente hoje... - Alex se encostou na mesa, realmente desesperada com a possibilidade de ter que tratar mais um coração de alguém próximo.
- Jesus! – sentou na maca. – Relaxa, Vause. Eu não estou morrendo. Eu só preciso dos serviços da sua mãe.
- Quem você matou? – era para a pergunta ser uma brincadeira, mas saiu mais séria do que deveria.
- Eu não matei ninguém! – se defendeu, ofendida.
- O que aconteceu de tão grave, então? Porque para você querer contratar os serviços de dona Diane...
- Eu sou casada. – despejou, sendo duas vezes pior do que ela imaginou dizer aquilo em voz alta.
Alex ajeitou os óculos no rosto, assimilando a nova informação.
- Não, você não é casada. Você era noiva, mas o noivado não deu certo.
- Sim, eu sou casada. – afirmou.
Alex deu a volta na mesa e sentou em sua poltrona. Estava estupefata com a notícia.
- Você é casada com quem?
- Daniella. Danielle. Eu não sei, - balançou a cabeça em negativo - ela gosta que a chame de Danny.
- Como você não sabe o nome da pessoa que você é casada?
- Lembra aquela vez que eu te chamei para ir a Vegas? – Alex assentiu, estava perplexa demais para responder com palavras. – Provavelmente eu bebi demais e casei com a primeira doida que eu encontrei.
- Provavelmente? – franziu o cenho. – Você não lembra de ter casado? – Nicky fez um negativo com a cabeça. – Jesus, Nicky! Você acha que ela é algum tipo de golpista? Por isso quer minha mãe no caso?
- Sim. Não! Eu não sei. – soltou um longo suspiro. Ela não sabia mais nem o que pensar. – Ela parece ser uma pessoa legal, mas... – ergueu os ombros. – Você vai pedir para a sua mãe pegar meu caso?
- Claro que eu vou. – riu. Agora que tinha assimilado a notícia ela era até engraçada – É só por causa disso que você não está conseguindo dormir a noite? Nicky, eu tenho certeza que a Jess não vai se importar. Isso aconteceu há dois anos. Vocês nem sonhavam em se conhecer.
- Essa não é a pior parte.
- Não vai me dizer que você fez um filho nessa tal de Danny também? – brincou.
Nicky repreendeu Alex com o olhar.
A morena ergueu as mãos pedindo desculpas pela brincadeira e, com o olhar, encorajou a melhor amiga a falar.
Nicky respirou fundo, tomando mais um pouco de coragem. Se não contasse agora não contaria nunca mais.
– Lembra os quatro meses que eu passei na África? – Alex assentiu. Dessa vez tinha palavras de sobra, mas não queria atrapalhar. – Eu não estava na África, eu estava em um clínica de reabilitação.
- Não, você estava na África. Você me ligou dizendo que te chamaram de última hora...
- Eu menti! - confessou olhando para o chão. – Eu estava em uma clínica de reabilitação por causa do meu vício em jogos.
Alex não disse absolutamente nada por alguns segundos. Estava mais uma vez confusa com todas as novas informações. Aquilo não fazia o menor sentido em sua cabeça.
- Desde quando você tem problemas com jogos? – passou a mão pelos cabelos, se sentindo a pessoa mais idiota da face da Terra por causa de todos os flashs que começaram a passar em sua cabeça. – Isso é desde a época da faculdade? Não, você... – balançou a cabeça em negativo, recusando-se a acreditar naquilo.
- Começou na faculdade. Eu pensei que só era um passatempo para conseguir dinheiro extra para me manter na faculdade, mas... – soltou um longo suspiro. Era mais fácil falar tudo isso em voz alta quando estava nas reuniões. – Eu gostava da sensação de ganhar, sabe? Eu não sabia quando parar.
- Você ficou internada quatro meses em uma clínica de reabilitação? – Nicky assentiu. – Como eu nunca fiquei sabendo disso? Isso não faz sentido!
- A Sophia me encobriu. – recebeu olhares mais confusos ainda da melhor amiga. – Deu merda em um dos jogos de pôquer. Eu não tinha o dinheiro para pagar porque todas as minhas contas estavam bloqueadas, então eu basicamente implorei para a Sophia me ajudar.
- Quanto? – Nicky desviou o olhar. Que relevância tinha aquela pergunta? – Quanto Nicky? – insistiu.
- 700 mil dólares.
Alex jogou todo o seu peso para trás no encosto da poltrona, soltando uma risada de completo nervoso. Aquilo não poderia ser real.
- Você pediu para a nossa chefe pagar sua dívida de jogo e não pediu para mim? Qual a porra do seu problema?
- Eu estava fodida, tudo bem? E eu não queria você me olhando da mesma forma que está me olhando agora!
- Ah então você achou que iria para a reabilitação e eu nunca ia ficar sabendo dessa história? – cruzou os braços - O que deu de errado? – o tom era uma mistura de indignação com irritação. – Meu Deus, Nicky! – soltou outra risada de nervoso. – Você foi pra Las Vegas no ano novo! Nunca passou pela sua cabeça contar para Jess sobre esse vício? Agora eu entendo o motivo de você não conseguir dormir a noite. Você teve a porra de uma recaída e passou esse tempo todo fingindo que não era nada demais!
- Eu não passei esse tempo todo fingindo... – riu, nervosa. Pois é, aquela conversa estava indo exatamente pelo caminho que ela sabia que iria. - Eu tinha a intenção de contar para vocês duas, mas veio essa maldita viagem para Las Vegas. – jogou a franja de lado do seu cabelo para trás, visivelmente nervosa com toda aquela conversa. – Eu estava quatro meses sem jogar... – balançou a cabeça em negativo. – Eu não queria estragar o fim de ano da Jess. Eu...
- Quanto você perdeu dessa vez?
- Isso não vem ao...
- Quanto? – insistiu, irritada.
- Minha conta com meio milhão de dólares e o meu apartamento.
- O seu apartamento? – levantou da poltrona. Estava indignada demais para continuar sentada. Precisava se mover. – Você disse que o teto... – balançou a cabeça. – Esse tempo todo você mentiu para gente?
- O que você queria que eu fizesse? – perguntou, aborrecida. – Que eu gritasse para os quatro cantos que tinha um problema? Eu tive a porra de uma recaída. Eu estava com vergonha por ser essa fraca que não consegue admitir que tem um problema e você queria que eu fizesse o que?
- Que conversasse comigo! Eu tenho certeza que você não estaria nessa situação agora.
- Ou eu estaria. Você não sabe! – desceu da maca. – Eu sabia que isso era um erro. Acho que eu deveria ter só me internado em uma reabilitação novamente. Você é a senhorita perfeita, isso deve ser informação demais para a nossa amizade.
- Claro que é informação demais para a nossa amizade! Eu não fazia ideia que você tinha a porra de um problema com jogos.
- Agora você sabe, então... – deu de ombros.
- Agora eu sei... – Alex abriu a porta do consultório. – Vamos.
- Vamos para onde?
- Para a porra de uma reunião. Você não vai mais gastar um único dólar jogando, eu vou me assegurar disso.
- Nós ainda somos amigas? – perguntou, confusa.
- Eu não sei, Nicole. – respondeu, ríspida. - Foi você que passou todo esse tempo mentindo para mim, então me responda você.
Nicky não respondeu absolutamente nada. Ela simplesmente abriu um pequeno sorriso afetado e deixou o consultório acompanhada de Alex. O seu sorriso já era a resposta. Como ela poderia jogar fora uma amizade daquelas, sendo que Alex por mais irritada que estivesse com ela, ainda a chamou para ir em uma reunião ao invés de trancá-la em uma clínica de reabilitação ou dizer que ela estava por si só? Nunca ninguém havia feito nada parecido.
Elas foram todo o caminho até a reunião em silêncio. Nicky não ia ousar dizer absolutamente nada. Ela sabia que a raiva da melhor amiga não foi diminuindo durante todo o percurso. Na verdade, a raiva parecia que ia aumentado a cada sinal fechado.
Conhecendo Alex do jeito que conhecia – mais ou menos por não ter acertado a forma que a morena iria reagir ao seu problema -, ela tinha certeza que, de alguma forma, a médica se culpava por não ter percebido o seu problema antes.
Ela estava certa.
Alex não estava com raiva de Nicky por não ter lhe contado sobre o vício, ela estava com raiva de si mesma por não ter percebido isso antes. Durante todo o percurso até a reunião passou dezenas de cenários em sua cabeça sobre o que poderia ter acontecido com sua melhor amiga por causa do problema com jogos e todos eles acabavam da pior foram possível.
Como durante todos esses anos ela pôde achar que Nicky só gostava de jogar? Como ela nunca percebeu que isso era um problema e não um passatempo? Alex estava se sentindo a pessoa mais estupida do mundo por ter sido tão negligente com aquela amizade.
Ao chegarem a reunião, elas sentaram na última fileira de cadeiras. O plano de Nicky era ficar lá atrás escondida para não ter que levantar e contar mais uma vez sua história. Ela estava envergonhada o suficiente, não precisava ir na frente para aumentar a sua vergonha – e nem a raiva que Alex estava sentindo.
Portanto, durante aquela uma hora as duas só ouviram. Durante aquela uma hora, Alex se perguntou se algumas daquelas histórias era parecida com a de Nicky. Ela se perguntou se a melhor amiga se sentia daquela maneira, se ela se sentia como alguém que não tinha absolutamente ninguém na vida para contar ou se havia perdido todo mundo como muitas daquelas pessoas. Afinal, Nicky poderia ter todas aquelas pessoas que a amavam ao seu redor, mas nunca confiou em nenhuma delas para contar sobre o seu problema, então em algum momento elas deram a entender que não eram confiáveis o suficiente e que acabariam a decepcionando e assim ela se daria conta que estava mesmo sozinha.
- Vause... – Nicky segurou a mão de Alex, impedindo-a de abrir a porta do carro. – Por favor, não faz isso com você. Não tinha como você saber.
- Se eu tivesse prestando mais atenção...
- Esse é o seu problema, sabia? – deu a volta no carro para entrar pela porta do passageiro. – Você pensa que precisa saber de tudo. Você sempre tem que ter o controle de tudo a sua volta, mas a vida não é assim, porra. – o tom era sereno. Ela não estava brava com Alex, só estava dizendo um fato.
- Foi por isso que você não me contou? – bateu a porta do carro. – Por que eu ia tentar te controlar? Eu não sou a sua mãe, eu sou sua melhor amiga.
- Ainda bem que você não é a minha mãe, caso contrário, eu não estaria viva para contar essa história. – brincou. Finalmente conseguiu arrancar uma risada de Alex. Aparentemente, ela não estava com tanta raiva assim. – Quer ouvir a história inteira ou foi o suficiente para essa noite?
- Nós temos 20 minutos até chegar ao seu apartamento, então...
Então, sem esconder um único detalhe, Nicky contou toda a história.
No começo ficou um pouco receosa, tinha medo de em algum momento começar uma discussão com Alex por causa de todas as besteiras que já havia feito por causa de seu vício, porém a melhor amiga ouviu tudo atentamente. Por mais que ela fizesse algumas caras e bocas, muitas vezes se mostrando bastante perplexa, em nenhum momento Alex a interrompeu ou a julgou.
Nicky sentiu um alivio enorme por finalmente tirar aquilo de seu peito, mas o alivio maior era saber que Alex ainda estava ali. Pensou que perderia a melhor amiga depois que ela ouvisse toda a história, incluindo as vezes que ela fez parte de suas apostas sem nem ao menos fazer ideia, entretanto Alex não demonstrou em nenhum momento que a partir daquela noite as duas estariam acabadas.
- Obrigada. – Nicky agradeceu assim que o carro parou em frente ao prédio. – Me desculpa não ter te contado antes Alex, mas...
- Eu sei. – Alex esboçou um pequeno sorriso de conto de rosto afetado. – É o seguinte Nichols... – o tom era sério, assim como sua expressão. – Enquanto você não arruma uma madrinha, sempre que você pensar em jogar, você vai me ligar. Estamos entendidas?
- Sim senhora. – respondeu batendo continência. Queria descontrair o ambiente, mas pelo olhar de repreensão que recebeu, aquele ainda não era o momento. – Pode deixar. – disse, agora com seriedade. – Eu vou te ligar sempre que pensar em jogar.
- Você precisa contar para a Jess.
- Eu sei. – soltou um suspiro, chateada. – Eu vou contar, mas eu quero resolver toda essa história com a Danny antes.
- A primeira coisa que eu vou fazer de manhã é ligar para a minha mãe. Ela vai amar pegar um caso de divórcio seu. – abriu um sorriso, divertido. Aparentemente esse era o momento de descontrair o ambiente. – Minha mãe sempre achou que você tinha uma esposa perdida por ai mesmo.
- Claro que ela não achou! – afirmou, descrente.
- Ela achou sim.
- Que tipo de irresponsável sua família acha que eu sou? Por favor, não responda.
As duas riram.
- Eu estou aqui por você, Nicky. – Alex disse, tentando passar toda a sinceridade do mundo. – De verdade.
- Agora eu sei. – abriu a porta do carro. – Obrigada.
Nicky pensou em descer do carro, mas depois das últimas duas horas, a noite precisava de muito mais do que aquilo, portanto sem pensar muito, ela apertou a melhor amiga em uma braço, pegando Alex completamente de surpresa.
- Você é uma ótima amiga, Alex Vause.
- Eu sei que eu sou. – disse, descontraída.
Não queria deixar o momento estranho por saber que Nicky não costumava demonstrar afeto tão explicitamente assim com ela ou com qualquer outra pessoa – exceto Jess. O motivo disso Alex sabia que era por causa da morte de Marka e Michael ter se isolado no meio do mato. Por não ter mais ninguém que demonstrasse afeto daquela forma, ela meio que perdeu o “jeito” em demonstrar também.
- Não! – Jess discutia com alguém pelo celular. Ela estava sentada no chão da sala de frente para o seu notebook que estava em cima da mesa do centro. – Por que vocês cismam em fazer isso comigo? – o tom era choroso. Já estava irritada. – Quer saber? Pode se resolver com a Gloria amanhã, eu mesma não quero mais saber dessa confusão. – desligou o celular.
- Eu espero que você tenha pelo menos jantado. – disse Nicky ao ver que não tinha nenhum vestígio de que Jess havia comido alguma coisa pelo apartamento. – Você sempre esquece de jantar quando chega do trabalho e vai trabalhar.
- Hoje seus assuntos aleatórios não vão funcionar comigo. – Jess fechou o notebook. – Pode começando a falar ou ninguém vai comer ou dormir aqui hoje. – se ajeitou mais para o lado no chão, chamando Nicky para sentar ao seu lado. – Vamos Nicole.
- Eu conversei com a Alex. – Jess a encarou, descrente. – Eu juro! Pode ligar para ela se você quiser. – sentou ao lado de Jess no chão. – Isso não significa que eu não vou conversar com você. Eu só preciso de mais alguns dias, tudo bem?
- O que você fez, Nicky? – perguntou, preocupada. - Por que você não pode me contar agora?
- Porque eu quero te contar tudo. – foi sincera, não iria mais mentir para Jess. – E para poder te contar tudo eu preciso de mais alguns dias. Você pode me dar só mais alguns dias?
- Você conversou mesmo com a Alex? – Nicky assentiu. – Eu não vou acordar essa noite com você gritando? – Nicky balançou a cabeça em negativo. – Só mais alguns dias.
Nicky sorriu.
Por mais que soubesse que não merecia aquela mulher em sua frente, ela não conseguia deixar de ficar feliz por tê-la. Poderia ter Jess somente por mais alguns dias, mas no momento ela não queria pensar sobre isso. Procurava pensar que se Alex aceitou tão bem toda a sua história e estava disposta a lhe ajudar passar por aquilo, talvez Jess fosse lhe ajudar também. Afinal, antes do ano novo, Jess era a primeira pessoa para quem ela ia abrir o seu coração.
- Eu não te mereço, sabia? – precisou dizer aquilo em voz alta, pois era a mais pura verdade. – O que você vai querer jantar? – pegou o celular. – Você precisa parar de chegar e não...
Nicky não conseguiu completar, pois foi calada por um beijo.
- Para de dizer isso, tudo bem? Eu não sei o que você acha que merece, mas se for menos do que isso que nós temos, você está bem errada. Você só merece coisas boas e que te fazem feliz, então se eu te faço feliz, claro que você me merece.
- Eu te amo, Lane.
- Tem que amar mesmo. Acho que não é todo mundo que deve aguentar essas suas crises. – brincou, arrancando uma risada da namorada. – Se vale de alguma coisa... – beijou Nicky novamente. - Eu também te amo. – completou, quase em um sussurro.
Como o amor não desaparece de uma hora para a outra, daqui alguns dias Jess ainda estaria amando Nicky. A grande questão era que se daqui alguns dias, quando descobrisse toda a verdade, ela continuaria querendo amar Nicky.
***
- Eu estava quase dormindo. – disse Piper colocando o celular em cima do criado-mudo. – Eu nunca me senti tão cansada em toda a minha vida.
- Você está bem, Pipes? – perguntou, preocupada. – Você não deveria ter ficado me esperando. Quando você se sentir cansada dessa forma...
- Não é esse tipo de cansaço, Alex. – riu. Não queria ter rido, mas muitas vezes achava tão adorável a preocupação da namorada. – Eu estou bem. O cansaço não tem nada a ver com o meu coração, juro. Eu e Jess que rodamos Manhattan inteira mesmo. Isso que dá se envolver em uma matéria sem sua chefe deixar.
- Graças a Deus! – subiu na cama, se arrastando até chegar no colo de Piper onde deitou a cabeça sem nem pensar duas vezes. – Eu não ia aguentar lidar com mais nenhum problema hoje.
- Dia difícil no hospital? – perguntou, passando a mão pelos cabelos de Alex. – Você parece mais cansada do que eu.
- Eu quase perdi um paciente do estudo hoje. – contou, seu tom de voz era exausto, pois era dessa forma que ela se sentia mesmo. – E a Nicky conversou comigo. – virou a cabeça para que pudesse olhar Piper. – Eu sou tão desligada assim, Pipes? Eu não consigo ver o que está bem na minha frente? As pessoas precisam desenhar para mim?
- Do que você está falando? – Piper perguntou, realmente confusa. – O que aconteceu?
- Eu sou uma cirurgiã cardiotorácica que não percebeu a sua doença. Como eu pude não levar suas crises asmáticas a sério? A primeira vez que você ficou em observação...
- Você não era minha médica. – interrompeu. – E eu tenho certeza que você teria tomado a mesma decisão que a Flaca. Você sabia meu histórico médico, tanto que na segunda vez você descobriu o que eu tinha por ter certeza que alguma coisa estava errada. Se fosse em qualquer outro lugar ninguém ia dar a mínima atenção. O que está acontecendo, Al? Isso não tem a ver com a minha doença, tem?
- Não. – soltou um longo suspiro, virando novamente de lado. – É o problema da Nicky. Eu sou amiga dela tem quase 20 anos e... – outro suspiro. – Eu queria te contar, mas não quero que você esconda isso da Jess. Seria totalmente errado você esconder isso dela.
- É tão grave assim? Nicky é uma serial killer?
Alex riu.
Só Piper mesmo para fazê-la rir em um dia como aquele.
- Ela não me contou nada sobre isso ainda, mas... – respirou pesadamente. – É grave, mas não tão grave. Poderia ser pior. Tem uma coisa que vou ajuda-la resolver e eu acho que depois disso eu posso te contar.
- Você é uma ótima amiga, Alex Vause. – envolveu seu braço na cintura da namorada, apertando-a em um abraço e lhe deu um beijo na cabeça.
- Eu sei. – apertou mais o braço de Piper em volta de si. Estava precisando dos braços da namorada. – E você é uma ótima namorada, Piper Chapman.
- Eu sei. – deu um beijo na bochecha de Alex. – Vai querer que eu peça alguma coisa para você comer? Preparar eu não vou, pois não tenho forças.
- Eu não estou com fome. – fechou os olhos. - Eu só quero ficar um pouco aqui bem quietinha.
- Então fique bem quietinha aqui.
Elas ficaram em silêncio.
Piper por todo aquele tempo ficou afagando os cabelos de Alex. Não era sempre que ela chegava esgotada daquela forma, então o dia deveria ter sido realmente puxado, portanto o que lhe restava era encher a namorada de carinho
Não demorou muito tempo para que Alex dormisse no colo de Piper. Todo carinho que estava recebendo da loira ajudou para que ela adormecesse logo.
Piper sorriu com carinho quando percebeu que Alex dormia. Deu um beijo na cabeça dela e voltou a mexer em seu celular.
Poderia estar cansada, mas não ia interromper o sono da namorada. Pelo menos não durante os próximos 30 minutos. Não via problema nenhum em deixar ela fugir um pouquinho do mundo que acabou com suas energias.
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