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História In The Midst of Hell - Something To Fear


Escrita por: twofingers

Notas do Autor


Chegay, morzões! Dessa vez apareci mais rápido, olha só u.u
Deixei o capítulo um pouco maior porque um dos meus leitores me fez esse pedido e eu não consegui recusa-lo hahah
Vou deixar pra tagarelar nas notas finais, pode ser? Então, boa leitura e desculpem os possíveis erros <3

Capítulo 18 - Something To Fear


Fanfic / Fanfiction In The Midst of Hell - Something To Fear

Trilhava-se na neve
Conforme eu fui à procura
Por aquele coração roubado
Para você
Esperando por você..
Kingdom Of Rust - Doves

E quando você acha que tudo ficará bem, que o mar se acalmara, vem a tempestade junto da tsunami devastando tudo a sua frente. Fora exatamente o que aconteceu, o que definitivamente estava acontecendo.

Meu coração pulava ansioso e o ar faltava em meus pulmões, conforme meus fios pulavam a cada passada minha. Vagarosamente diminui a velocidade dos meus pés, parando sobre o asfalto manchado, a frente da casa de Carl.

A dúvida corroía meu cérebro e a pequena voz em minha cabeça ordenava-me a entrar ali de uma vez. Não dei mais nenhuma chance de pensar e subi lentamente os degraus da varanda, enquanto os mesmos rangiam.

Então sem mais delongas dei algumas batidas sobre na madeira pintada de branco, entretanto nada parecia se mover lá dentro. Bati por mais algumas vezes, mas ainda assim tudo continuou do mesmo jeito. Portanto, sabendo que não adiantaria nada, grudei meus dedos na maçaneta a minha frente e a virei lentamente.

Dei dois passos para dentro da casa e fechei a porta atrás de mim. Foi questão de tempo para que meus olhos encontrassem o garoto, que permanecia sentado em um dos sofás. Eu tinha apenas a visão de suas costas curvada.

― Carl? ― O chamei, com a voz baixa. Contudo ele continuara do mesmo jeito, nem parecia me escutar.

Dei mais alguns passos em sua direção, até que eu ficasse de frente para o mesmo. Encarei minhas próprias botas, a espera da sua atenção. Não demorou muito quando Carl resolveu fitar-me.

― O... O que aconteceu? ― Indaguei, ansiosa e apreensiva. Ele apenas balançou a cabeça em negação e voltou a baixar o olhar.

Sentei ao seu lado, sentindo o sofá afundar por um breve momento. Suas mãos estavam entrelaçadas uma na outra, apoiando os cotovelos sobre as próprias pernas. Não hesitei em toca-lo no ombro, esperando que ele pudesse me dar a resposta que eu precisava. Com este ato, Carl novamente voltou a me olhar.

― Fale comigo... ― Supliquei levantando as sobrancelhas sutilmente.

Ele soltou o ar pelos lábios ― como se estivesse segurando-o há muito tempo ― e umedeceu os lábios, enquanto eu tocava sobre a pulseira de pano em meu pulso.

― Negan... Nós o vimos. ― Pausou por um breve momento, parecendo pensar nas palavras para continuar. ― Ele... Ele os matou, Cassie. ― Disse enquanto mordia seu lábio. ― Glenn e Abraham. ― Finalizou.

― Como?! ― Perguntei, querendo ter certeza de que, o que Carl disse foram as palavras que eu realmente ouvirá. ― Mas... ― Levei as mãos para a boca, incrédula.

Levantei do sofá subitamente, ficando de costas para o Grimes. Eu não queria mais que ele me visse tão vulnerável, de novo não. Já sentia as lágrimas serem formadas, então passei brutalmente as mãos pelo meu rosto, disposta a expulsa-las.

― Eu não consigo acreditar, Carl. ― Disse ainda de costas, levando meus fios para trás da orelha. ― Onde está a Maggie?! ― Dessa vez eu me virei para o garoto, que já permanecia de pé a frente.

― Ela está em Hilltop... ― Respondeu com a voz falhada e fora sua vez de virar suas costas para mim. O silêncio que se instalou ali, pesava.

Eu não posso acreditar, eu não quero acreditar.

― E Negan? O que aconteceu? E seu pai? Megan? ― As palavras saíram atropeladas uma atrás da outra e nem eu mesma pude entender.

Já era para eu ter me acostumado com toda essa merda que nos acontece, era para eu ter me acostumado com as mortes e com toda a maldade em que as pessoas insistem em mostrar. Entretanto, quando tudo acontece é díficil ter sangue frio e não ligar. É díficil não sentir nada...

Minhas pernas então vacilaram, me obrigando voltar a sentar no sofá ao lado. Enfiei meu rosto em minhas próprias mãos no intuito de me acordar desse pesadelo. Eu sentia meu corpo todo entrar em colapso.

― Eu vou mata-lo. ― Sua voz preencheu o local, firme e decidido. O fitei no mesmo instante, assustada com a sua decisão mal pensada.

― Você está louco, por acaso? Olha só o que ele fez! ― Gesticulei as mãos, aumentando o volume da voz.

As suas costas ainda me encarava, sentada sobre o sofá surrado. O silêncio voltou a nos perturbar ― só se ouvia o bater da janela a cada segundo inquietante.

― Carl... ― Voltei a levantar. ― Eu preciso te dizer algo. ― Ele imediatamente virou-se, ainda no mesmo lugar. Não sabia como começar, tudo parecia tão estranho e eu tinha medo da sua reação. ― Eu... Eu encontrei meu pai. ― Esperei que ele dissesse algo, porém continuou calado. ― Negan que nos separou, ele tirou os meus pais de mim... ― Mordi meu lábio, enquanto uma única lágrima escapava subitamente, qual não demorei para secar. ― Meu pai agora é um dos Salvadores. Ele me ajudou a escapar, mas ajudou levar Eugene até onde vocês estavam. ― Sentia meu queixo enrugar, sabendo que as lágrimas venceriam a luta. ― Eu sinto tanto por isso. ― Levei as duas mãos para o rosto, tentando esconder-me do seu olhar.

Seu silencio começará a me matar, pois eu não fazia ideia do que se passava em sua cabeça e isso me assustava. De repente eu pude ver fogo em seu olhar, me fazendo estremecer por dentro.

― E você não o deteve?! ― Perguntou atordoado com a voz elevada.

― Carl, ele é meu pai! ― Respondi no mesmo nível, indignada. ― Ele não tem culpa, ele não teve escolhas, mas me protegeu e me ajudou―

― Ele não faria isso se fosse eu, se fosse qualquer outra pessoa da nossa família! Não seja tola, Cassie. ― Me interrompeu. Falando calmamente, como se estivesse cantando uma canção. ― Eu queria acreditar que por um momento você pudesse parar de pensar em si mesma e olhar ao seu redor.

Não tive mais o que dizer, já que o garoto saiu em disparada para fora, me deixando num completo vazio. A porta soou como um baque forte, fazendo meu corpo pular no lugar. Minha cabeça parecia que a qualquer momento explodiria instantaneamente, o peso em minhas costas doía tanto.

Contudo eu podia entender a sua atitude, acabamos de perder duas pessoas importantes. Como se todas as nossas estruturas estivessem completamente desabadas e totalmente destruídas. Estavam todos ferrados por dentro.

[...]

No meio fio da calçada eu parei, se nem mesmo saber de verdade o que fazer. Minha cabeça estava em órbita e eu não sabia por onde começar e nem sabia o que estava fazendo. Como tudo isso fora acontecer?

Quando dei por mim, as lágrimas corriam uma atrás da outra pelo meu rosto. Era incontrolável, então deixei que elas fugissem de uma vez por todas. Era num intuito de mandar embora todos os meus demônios, nem que fosse por um breve momento. Logo tratei de seca-las e voltar para o meu caminho.

Fora quando eu descia uma das esquinas que vi Rick entrando no trailer com Michonne. Aumentei o passo, numa corrida até a posição do veículo. Me acerquei do mesmo e entrei rapidamente pela porta, chamando a atenção do homem que fitou-me com seus olhos brilhantes.

― Rick, eu preciso ir com vocês. ― Eu me apoiava com as duas mãos sobre o batente, esperando a sua fala.

Contudo, ele não disse nada. Baixou a cabeça, tocando de leve a sua testa. Por fim, depois de algum tempo Rick voltou a fitar-me e balançou a cabeça em concordância, cedendo.

― Obrigada. ― Agradeci com um sorriso murcho e triste, adentrando o veículo.

Ele sabia que era por Maggie.

Fora estranho vê-lo assim; com o olhar perdido e impotente. Não parecia ser a mesma pessoa que pude ver pela primeira vez, fora doloroso presenciar isso.

[...]

O caminho todo foi percorrido com um silêncio ensurdecedor, apenas se ouvia o barulho do pneu em contato com o asfalto. Enquanto eu observava as árvores lá fora passarem como borrões pela janela.

Logo já estávamos a frente do portão da comunidade Hilltop e vendo a nossa presença trataram de abrir o enorme portão rapidamente. Rick por sua vez saiu do veículo após estaciona-lo, Michonne e eu não demoramos a ir em seu encalço.

― Eu estava a sua espera, Rick. ― Jesus se pronunciou chegando até nós.

Observei ao redor, enxergando os moradores do local fazendo suas tarefas e com alguns olhares curiosos sendo direcionados a nós.

Jesus nos encaminhou até a grande casa, subindo a enorme escada. Entramos numa espécie de sala, onde se encontrava um homem com lá seus cinquenta anos ou mais.

― Me diga, o que houve exatamente? ― Perguntou o homem a nossa frente, após um momento de silêncio.

― Fomos pegos, Gregory. ― Rick então falou. ― Enquanto trazíamos Maggie até aqui, nos encurralaram. Mataram dois dos nossos. Negan em pessoa. ― Meu olhar se dividia entre Rick e o homem cujo o nome era Gregory, olhava atenta a cada detalhe.

Seu semblante estranhamente havia mudado, parecia assustado ao ouvir o que Rick dizia.

― Negan em pessoa?! Você viu ele?! ― Indagou, esbugalhando os olhos e se aproximando de onde estávamos. ― O que você disse pra ele? Ele sabe do nosso acordo?! ― Gregory segurou Rick pelos ombros, um tanto desequilibrado. Rick não havia desmontado a sua pose reta desde então e sua feição parecia ainda mais séria. ― Ele sabe?!

Foi o fim do bom senso do Grimes, formando um punho com a mão o acertando em cheio em seu rosto. Com o susto, sobressaltei dando um passo pra trás.

― Negan não sabe de merda nenhuma! Não dava para ter avisado que tem centenas de pessoas trabalhando para ele?! ― Rick disse, sacudindo o homem pela roupa, este com o olhar perdido.

― Nós não sabíamos, acredite em mim! ― Explicou o mais velho, com a testa franzida.

Jesus tomou a frente, separando-os. Tocou Rick levemente sobre o ombro e o ajudou a se recompor.

― Temos que ir. ― Disse. ― Isso não vai ajudar em nada. ― Finalizou enquanto direcionava-nos para fora.

Antes que saíssemos da grande casa, chamei Jesus puxando sutilmente o seu braço. O mesmo me fitou de imediato, esperando a minha fala.

― Pode me levar até Maggie? ― Indaguei, decidida. Michonne e Rick, nos olhou com atenção.

― Claro, ela vai gostar de vê-la. ― Disse ele e eu pude sentir o aperto em meu peito. ― Venha, vou leva-los até ela. ― Logo voltamos a andar em seu encalço.

Paramos de frente para uma porta e Jesus deu duas batidas sobre a mesma, avisando-a. O mesmo virou a maçaneta, logo exibindo Maggie. A mesma estava deitada sobre uma cama de casal, seus olhos permanecia fechados serenamente e mesmo com o ranger da porta ela ficou estática no lugar.

Nossos passos sobre o chão fora o que fez a mesma levantar as pálpebras vagarosamente, portanto decidiu se ajeitar sobre a cama.

― Maggie... ― Rick se aproximou da mulher, sentando-se na beira da cama. Pude ver o Grimes toca-la em sua mão. Ficaram por um momento em silêncio, talvez não soubessem como começar uma conversa. A dor era muita para terem palavras certas naquele momento. ― Como está o bebê? ― Decidiu perguntar.

― Bem, ele está bem. ― Respondeu, com a voz baixa e falhada e ainda com o mesmo semblante caído. ― Onde está Sasha? ― Perguntou a morena, fitando Jesus ao meu lado.

― Ela esta ajudando com os... ― Jesus parecia não saber como completar a frase, contudo Maggie já havia entendido, assentindo para ele.

Logo foi a vez de Michonne, a mesma passou a mão sobre a barriga de Maggie e pude ver o alivio em seu rosto em saber que o bebê estará a salvo. Depois de alguns minutos Michonne se distanciou e Maggie não demorou a me fitar.

― Cassie, venha aqui. ― Chamou-me, elevando o canto da boca num sorriso forçado.

Fui em sua direção, sentando no mesmo lugar que Rick e Michonne estavam.

― Podem nos deixar sozinhas por um minuto? ― Pediu Maggie, sem direcionar o seu olhar a eles. Os passos denunciaram que estavam se distanciando e logo o baque da porta. ― Tudo bem? ― Indagou.

― E-Eu não sei... ― Baixei o olhar, balançando a cabeça. Maggie segurou minha mão, fortemente ― Sinto muito, Maggie. ― Solucei, já em prantos. ― Eu não tenho ideia do que estou fazendo. Isso tudo... Não sei se posso ser forte, assim como você. ― Resgatei o ar pelos lábios, agora tomando coragem de fita-la.

― Cassie, eu não sou forte, mas sei que devo aguentar a barra por todos; os que estão aqui e os que já se foram. ― Falou, com os olhos marejados. ― Eu já sabia que uma hora ou outra algo aconteceria, sempre acontece. Eu sei o quanto esse mundo ferra com a gente, mas aguente firme, eu estou aguentando por você e por ele. ― Maggie olhou rapidamente para a sua barriga. ― Temos que nos preparar para dete-lo, ele não pode escapar dessa. Então eu quero que você se cuide, fique bem de algum jeito. Eu não posso perde-la também. ― Balancei a cabeça ainda sentindo as lágrimas esquentarem meu rosto.

Sem pensar mais, rodei meus braços pelo seu pescoço a abraçando com todo o carinho que pude mostra-la. Senti as suas mãos apertar minha jaqueta sobre minhas costas. Maggie fungava baixinho e eu a acompanhava, era inevitável.

Eu estarei com você, Maggie. ― Minha voz saiu tão baixa que tive medo dela não ter escutado, mas pude ter certeza que sim quando uma de suas mãos amassaram meus fios sobre a nuca.

Ficamos por um tempo na mesma posição, uma tentando acalmar a outra. Quando nos distanciamos, tratamos de secar os nossos rostos úmidos.

― Todos aqui estão sendo cuidadosos e bons. Vamos fazer um velório pra eles. Então... ― Deu uma pausa, deixando os lábios entreabertos. ― Você pode ficar aqui, Cassie. ― Assenti no mesmo instante, sem nem mesmo pensar. Ela precisava de mim, assim como preciso dela.

― Sim, é claro que ficarei. ― Falei calmamente, umedecendo os lábios. ― Maggie, eu... ― Tentei continuar, mas as palavras pareciam ter sido empatadas a saírem.

― Pode falar, Cassie. ― Incentivou-me.

― Eu encontrei meu pai. ― Maggie arqueou as sobrancelhas, surpresa. ― Mas, ele é um dos salvadores. ― Baixei o olhar, sentindo outro nó se formar.

Droga, não seja tão fraca, Cassie.

Maggie ficou em silêncio e eu tremi por dentro. Talvez ela estivesse processando o que eu acabará de dizer. Talvez ela estivesse brava comigo...

― Ele deve ter suas razões para fazer parte disso, não se culpe. ― Mirei meu olhar na morena, maneando a cabeça em afirmação.

― Precisava te dizer isso, eu me sinto perdida. Pois ele é meu pai, mas ele está lá e vocês quem são a minha família. Eu me importo, porque foram vocês quem me salvaram quando eu estava de mãos dadas com a morte. ― Dizia, apertando minhas mãos uma nas outras.

― Eu sei, você não merecia ter essa confusão dentro da sua cabeça. Não quero que pense que teve culpa nisso, você não teve! Tudo bem?! ― Maggie aumentou a voz e eu apenas assenti diversas vezes, sentindo o aquecer dos seus dedos em meu pulso.

Ficamos um bom momento em silêncio, só se podia escutar nossas respirações nervosas.

― Bom, eu vou avisa-los que ficarei aqui com você, tudo bem? ― Logo disse. Ela apenas assentiu, deixando os lábios em linha reta.

[...]

Havia novamente acordado de mais um pesadelo, talvez tenha sido mais que vinte vezes, na verdade eu já havia perdido a conta. Vendo que eu não conseguiria ter um sono tranquilo, me levantei do colchão que estava ao lado da cama de Maggie.

Andei até a porta e virei meu rosto, a fitando em seu sono profundo. Senti uma paz desconhecida ao vê-la de um jeito tão sútil, o sorriso nos meus lábios se formou automaticamente e por um minuto esqueci de tudo.

Antes de sair, apanhei minha jaqueta e a vesti. Desci os degraus lentamente, tentando não fazer barulho algum e quando percebi já estava do lado externo da grande casa.

Estava deserto e tudo muito silencioso, com apenas o cicio dos grilos adjacentes. O vento batia no meu rosto, deixando a ponta do meu nariz ainda mais gelado.

Decidi caminhar pelo local, curiosa. Haviam algumas luzes acesas ― provavelmente no intuito de diminuir o breu que se instala todas as noites. Por ali se encontrava algumas espécies de trailers, talvez servindo de moradia para o pessoal da comunidade. Tinha um casal sentado em cadeiras não muito longe de onde eu estava, os mesmos tragavam um cigarro e conversavam descontraidamente que nem mesmo perceberam a minha presença ali.

Logo voltei para frente da casa, decidindo sentar-me sobre um dos poucos degraus ali da frente. Observo o céu estrelado acima de mim e acabo percebendo que eu havia esquecido completamente de como ele conseguia ser lindo, com todas as estrelas sobressaltadas. Nesse mundo a gente acaba esquecendo de enxergar as coisas simples e contempla-las por um momento.

Enquanto eu estava distraída, alguém senta ao meu lado me tirando dos meus devaneios.

― O que faz aqui, garotinha? ― Jesus me fita com seus olhos claros e eu dou de ombros.

― Não estou conseguindo dormir direito... ― Respondo, ainda olhando o céu. ― Achei que iria com Rick até Alexandria. ― Dessa vez miro seu rosto, esperando a sua fala.

― Vamos mais tarde. Sei que tem coisas para pegar e sei que não vai querer deixar Maggie sozinha. ― Falou com um sorriso simples formado nos lábios. Assenti em concordância.

― Ela precisa de apoio agora. Sei que ela aguenta firme, mas ainda assim ela precisa de nós. ― Disse e Jesus assentiu.

― Você parece ser uma garota muito esperta pra sua idade. ― Jesus disse, deixando os lábios colados num sorriso, pensativo. ― É melhor tentarmos dormir, certo? Você não vai querer acordar e ser confundida com um errante, não é? ― Não pude evitar de soltar um riso com o que ele dissera, observando-o se levantar.

― Pode deixar. ― Respondi descontraída, firmando meus dedos em minhas pernas.

Jesus então sumiu das minhas vistas e depois de alguns minutos resolvi voltar até o quarto. Dessa vez eu acabei conseguindo dormir sem ter que ser obrigada a acordar de algum maldito pesadelo.

[...]

Passávamos pela entrada de Alexandria enquanto tirava o sinto, me preparando para descer do veículo. O carro então parou, abri a porta e pulei para fora. Jesus logo apareceu ao meu lado.

― Pode arrumar as suas coisas, mas ficaremos aqui por esta noite. Tudo bem? ― Apenas assenti, o fitando. ― Esta bem, vou ir conversar com Rick... ― Avisou-me e então começou a andar para outra direção.

Apressei os passos, indo para a casa que de fato minhas coisas se encontravam. Abri a porta lentamente, me deparando com um silêncio profundo correndo pelo lugar. Era mórbido e muito estranho adentrar sem aquele sentimento reconfortante de antes, tudo está tão quebrado...

Subi os degraus a frente, em direção ao quarto em que eu dormia, no fim do corredor. Logo havia entrado, encarando a cama a dois passos de mim. Sem demora me joguei na mesma e fechei os olhos por um instante, sentindo meus musculos relaxarem instantaneamente.

De repente sinto uma dor terrível em minha cabeça, me fazendo levar minhas próprias mãos para o local, soltando um gemido alto entre os lábios. Logo flashes tomaram conta do escuro em minha mente. Novamente os flashes.

"Você deve fazer isso, pegue a arma logo" a voz dizia, acompanhada de uma silhueta entre o escuro que se movia.

―... Cassie... ― Escutei uma voz ao longe, entretanto ela era conhecida. ― Cassie! ― Dessa vez parecia ainda mais próxima e então acordei desse transe, assustada.

― O que? ― Disse automaticamente, com as mãos sobre meu próprio rosto ― como se eu estivesse me defendo de algo ― e a respiração ofegante.

Carl estará em minha frente; suas mãos apoiadas em meus ombros e um olhar preocupado em minha direção.

― Você está bem? ― Ele perguntou, enquanto me ajudava a me recompor.

― Sim, eu estou... ― Menti, conforme o Grimes sentava-se ao meu lado. ― Não sei o que foi isso e não é a primeira vez... ― Fitei seu rosto alvo e ele ainda me encarava com seu olho cintilante.

― Me desculpa. ― Ele disse de repente, me pegando de surpresa.

― Pelo que? ― Indaguei, confusa.

― Eu fui grosseiro com você e eu realmente não deveria ter agido daquela maneira estúpida, como as outras vezes. ― Disse ele, fazendo meu peito se aquecer com o sua atitude.

― Não peça desculpas, eu sei que ninguém estava e nem estão com cabeça pra pensar. ― Respirei fundo e me levantei, indo em direção as gavetas. Abri a primeira e arrumei algumas malas, enfiando os trajes organizadamente.

― Pra onde você vai? ― Perguntou Carl, com as sobrancelhas franzidas. Parecia confuso com aquela cena a sua frente.

― Vou ficar com Maggie em Hilltop. ― Respondi de uma vez, enquanto o mirava. Ele baixou a cabeça, como se estivesse decepcionado em saber e eu não pude segurar o meio sorriso nos lábios. ― Mas é claro que eu vou vir aqui, vocês ainda são a minha família. E você também pode ir até Hilltop, nada te empata disso, certo? ― Disse parando o que eu estava fazendo para encara-lo. Ele me olhou engraçado, esboçando um sorriso pequeno.

― Posso te EMPRESTAR meus quadrinhos... ― Disse ele, dando ênfase na palavra "emprestar".

― Sim e eu posso decidir quando devolve-los. Hm? ― Arqueei as sobrancelhas de um jeito cômico, enquanto Carl se levantava de onde estava.

― Tem alguma coisa pra fazer agora? ― Indagou, encostado com o ombro no batente da porta.

― É... Acho que não, só preciso arrumar minhas coisas. ― Respondi, com as mãos no ar segurando um dos trajes. ― E também preciso de um banho, urgente. ― Revirei os olhos, fingindo nojo. Carl riu, balançando a cabeça.

― Vou estar esperando lá embaixo quando acabar. ― Falou, virando as costas. Apenas respondi com um "ok" baixo.

[...]

Engraçado, sempre que estamos juntos, tudo acaba sendo esquecido imediatamente entre nós. Como se tivéssemos um escudo protetor de pensamentos ruins e de memórias indesejáveis e isso por um lado é bom, porque eu acabo sentindo um pouco de paz diante do mundo que estamos. O ruim é ter que acordar para realidade e me ver longe desse sentimento, ter que lidar com todas as coisas quais eu faria de tudo para não sentir mais.

Logo terminei meu banho e vesti roupas limpas ― pareceu ter tirado um peso enorme das minhas costas. Desci a escada lentamente, enxergando a porta escancarada e Carl sentado nos degraus da varanda. Fui em sua direção e meu passos sem demora chamou sua atenção, fazendo-o desviar o olhar para mim.

― O que você esta aprontando, Grimes? ― Perguntei, conforme fechava a porta atrás de nós.

Ele pegou na minha mão e eu me surpreendi com tal ato, mas tive de admitir ter gostado. Dei de ombros e o segui com rapidez, seja lá onde ele estará me levando.

Então paramos de frente ao muro de Alexandria e ele me olhou com um sorriso travesso nos lábios.

― Não, Carl. Não é uma boa ideia irmos lá pra fora. ― Falei tentando impedi-lo, porém o mesmo já se preparava para tal coisa, colocando as mãos entre as vigas. ― Droga, desce dai! ― Exclamei, gesticulando as mãos.

― Para de ser boba, Cassie. Vamos logo! ― Falou ele, de cima e eu apenas bufei vendo que ele estava vencendo essa ideia.

Me preparei para subir como ele e quando percebemos, já estávamos andando pela mata a fora com um silêncio pairando entre nós.

― Por que está fazendo isso? ― Perguntei, intrigada.

― Porque somos crianças ou talvez porque eu quero ficar um pouco longe de todos. ― Respondeu, andando a minha frente.

― Se você quer ficar longe de todos, eu não devia estar aqui. ― Soltei as palavras, desviando dos galhos espalhados sobre o chão.

― Você é diferente. ― Disse simples e meu coração pulou forte. Fiquei sem o que dizer e talvez ele tivesse percebido o meu silêncio, pois olhou para trás com um olhar preocupado e eu sem saber o que fazer, apenas dei um sorriso pequeno.

[...]

Chegamos no mesmo lugar que dias atrás havíamos achado; a tal cabana abandonada. Parecia tão diferente quando estava coberta de neve, agora as plantas esverdeadas cobriam toda a área, e as sombras das árvores tapava boa parte do local.

― O que estamos fazendo aqui? ― Indaguei, um tanto confusa.

― Eu já te disse, Cassie. ― Respondeu Carl, revirando os olhos de um jeito engraçado. Dei um riso logo após. ― Por que esta rindo? ― Franziu a testa, enquanto eu tentava me controlar.

― Não foi nada, mas você não passa seriedade quando revira os olhos. ― Falei, andando em direção ao casebre logo próximo.

― Se você quer saber ainda consigo ser muito sério, não preciso revirar os olhos pra isso, tenho uma arma no coldre... ― Desviei meu olhar para o Grimes, que vinha a meu encalço. Ele sorria de um jeito que eu nunca pude ver e aquele sorriso por incrível que pareça, me deixou anestesiada de imediato. Como uma droga, deixando o momento passar lentamente pelas minhas vistas.

Pigarreei, acordando e desviando o meu olhar.

― Desculpa, agora você pareceu ainda menos sério. ― Soltei uma gargalhada, enquanto Carl passava por mim seguindo para o andar de cima, logo fui atrás do mesmo.

― Nunca a vi dar uma risada assim é até bom de ouvir. ― Minhas bochechas coraram involuntariamente. Sorte a minha que ele não percebeu. Pensei.

A escada rangia a cada passo que dávamos, Carl parecia vigilante seguindo o corredor com o chão de madeira. Poderia muito bem ter algum errante perdido e nos pegar despreparados, é sempre bom prevenir.

― Não tem nada aqui. ― Ele logo disse, após olhar os dois quartos no local. ― Tenho algo pra te mostrar. ― Disse novamente, a minha frente dessa vez.

― Estou curiosa. ― Entortei a boca, enquanto entravamos em um dos cômodos ali.

Carl se aproximou da cama, pegando algo em cima da mesma. Sem demora, se virou para mim me entregando a caixinha de música que eu havia perdido em uma de nossas corridas. Meus olhos brilharam em agradecimento.

― Como você achou isso? ― Perguntei, pegando a caixinha de suas mãos.

― Ontem, quando eu sai irritado de casa, resolvi vir aqui pra fora. Eu não sei, foi como se algo me puxasse pra isso. Então no caminho eu acabei encontrando ele e lembrei desse lugar. ― Ele falava lentamente, dividindo o olhar de mim para o objeto. ― Não podia ignorar e então vim e resolvi deixa-lo guardado aqui. Voltei para Alexandria no intuito de mostra-la isso, mas quando cheguei você não estava mais. E de verdade? Pensei que você havia nos deixado novamente... ― Disse ele, elevando os ombros pra cima.

― Qual é seu medo, Carl? ― O fitei, séria. ― Eu nunca mais farei isso, você sabe. ― Baixei o olhar para a cama atrás do garoto.

Dei a volta e me sentei sobre o colchão sem forro, resgatando todo o ar. Embora eu quisesse saber sua resposta, eu tinha um medo estranho em saber.

― Obrigada. ― Falei, ainda sem olha-lo.

― Pelo que? ― Perguntou, sentando-se ao meu lado.

― Por fazer com que eu acredite em mim. Por fazer com que eu acredite que posso ser forte e lidar com todas essas coisas, sem ter que fugir. ― Sorri, mirando o seu olho que parecia ainda mais azul.

― Eu só te dei dois caminhos para seguir e então você escolheu o melhor, mesmo que nele tenha alguns obstáculos a enfrentar, você não estará sozinha... ― Balancei a cabeça, colocando o objeto em cima de um móvel empoeirado.

Voltei até o Grimes, sentando perto do mesmo e o envolvi subitamente em um abraço. Um abraço forte e carinhoso. Por um momento eu quis ficar assim o tempo que fosse. Eu não pude ver sua expressão, mas tinha certeza que ele também sentia o mesmo.

― Eu nunca mais vou fugir, nunca mais vou deixa-los. Vocês fazem parte da minha vida agora e eu aguentarei firme por todos. ― Falei, ainda com meu queixo apoiado em seu ombro e sentindo suas mãos em meu tronco. ― Aguentarei por você.

 

 


Notas Finais


Esses dois são uns amorzinhos, socorro! aoailjdkma
Queria descontrair um pouco esse capítulo, deixando os traumas para serem esquecidos um pouco...
E sobre a Maggie, eu não quis coloca-la aqui de um jeito fraco e impotente, quis mostrar que mesmo depois de tudo ela fica ainda mais forte e determinada. E tenho certeza que na série ela será assim também, como na HQ (assim espero).
E eu vou compartilhar aqui o meu amor pelo Jesus. Amo esse ser! aysab

Gente, eu NUNCA vou conseguir superar essas mortes brutais. O Glenn era um dos meus favoritos e quando eu vi o episódio no domingo (morrendo de ansiedade) quase que tenho um ataque cardíaco. Meu, foi tão impactante que nem consegui assistir direito e claro chorei todas as minhas lágrimas, principalmente na parte da Maggie totalmente destruída. Só de lembrar da um coisinha </3 Além do sinal que o Abraham fez pra Sasha antes de se encontrar com a Lucille de vez... Foi pra acabar com o meu emocional, poxa. E como vocês reagiram com a estreia da 7 temporada? Só sei que eu nunca vou me recuperar por completo, sério aushalj

Enfim, espero que tenham gostado desse capítulo assim como eu gostei de escreve-lo! Beijos e até o próximo ♥


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