Profundas olheiras em conjunto de um olhar cor âmbar; inerme e desiludido.
Estava exausta, o trabalho havia sorvido todo ânimo que pudesse ter. Enquanto jogava a pesada bolsa no sofá, indagava a si mesma o motivo para ter abdicado seu sonho e escolhido aquela rotina maçante. Tinha cedido por querer agradar a família? Por receio aos desafios que a carreira lhe proporcionaria? Nunca saberia a resposta correta, entretanto, martirizava-se todos os dias, ansiando voltar ao passado para que, na atualidade, estivesse fazendo o que tanto amava.
Olhou-se no espelho do minúsculo quarto. Refletida, estava uma garotinha magra; corte de cabelo irregular; estatura baixa. Ela chorava enquanto abraçava fortemente um urso de pelúcia – seu predileto.
Suspirou. Às vezes, sentia saudades daquela época que nada lhe assustava, onde seu maior medo eram os monstros escondidos no seu armário ou debaixo da cama – que eram espantados quando a mãe cantarolava sua melodia predileta para que a filha dormisse.
Porém, isso perdurou-se até descobrir que, durante todos esses anos, os monstros habitavam nela mesma. A vida adulta chegara, aniquilando o coração bondoso e inocente, corrompendo a alma gentil.
Quando olhava para o espelho, somente enxergava um eu assustado que desejava voltar a ser criança.
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