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História Incerteza - Isso é tão confuso.


Escrita por: LadyDelta

Notas do Autor


HEEEEEEY! Bem vindo(a) a essa One. Essa ideia surgiu do nada. Então se divirta lendo a minha imaginação fértil aheueheu.
Beijão.

Capítulo 1 - Isso é tão confuso.


 

Evelyn Pov.

Bufei pela milésima vez tornando a tocar a campainha, praguejando por Elise, minha irmã mais velha, insistir para eu subir até o apartamento de Luana para pegar o Pen-Drive que ela ficou de emprestar. Porque a mesma não pode subir para pegar é por estar no telefone com o namorado, e sinceramente? A conversa parece séria demais para ser ignorada. Agora o fato de Luana não se designar a descer e entregar isso pessoalmente, não entendo.

- Elise que me perdoe, mas é a última tentativa. – Resmunguei tornando a tocar a campainha antes de olhar para meu relógio. - Atrasada para aula quase meia hora, inferno.  – Reclamei. A única coisa boa em vir ao apartamento de Luana, é que aproveito para pegar minhas jaquetas, blusas e meus anéis que deixei aqui quando ainda éramos amigas. Se não me engano deve ter até maquiagem minha na sua casa, na verdade a maioria das minhas coisas estão aqui.

- Já vai. – Ouvi um murmuro baixo do outro lado da porta, o que me fez suspirar aliviada. Talvez eu não me atrase tanto assim para minha prova. - O que foi? – A porta se abriu devagar e pude ver Luana usando pijama, onde a camisa era vermelha com o Nemo de estampa e o short de moletom da mesma cor. A mesma se encontrava descalço, com o nariz e os olhos castanhos vermelhos. Entreabri a boca, inicialmente pensando que ela chorava, mas quando a mesma fungou alisando os braços como se sentisse frio, franzi o cenho.

- Resfriado? – Questionei curiosa e levemente preocupada. Com a frente fria que chegou, muita gente está ficando resfriada. Um sorriso de canto surgiu no rosto de Luana ao notar meu tom preocupado. Fala sério, eu sou voluntária em um hospital, nada mais normal do que me preocupar com a saúde alheia.

- Não sei, nunca fiquei doente antes, Evelyn. – Abriu mais o sorriso e desci o olhar mais uma vez para seu corpo, demorando um pouco o olhar nas coxas torneadas dela, evitei um suspiro e olhei para seus pés descalço. Voltei a subir o olhar focando nos seus olhos, não sem antes reparar no sorriso que ainda estava em seus lábios rosados. Sonsa.

- Percebesse, com esse frio e gripada, ficar descalço é burrice. – Neguei levemente com a cabeça, ouvindo sua risada sair mais rouca que o normal.

- Obrigada pela dica, Doutora. – Deu ênfase à doutora, me fazendo revirar os olhos.  Luana sempre adorou implicar comigo por ajudar minha mãe no hospital sem receber um centavo se quer.

- Não ajudo mais, babaca. – Resmunguei e cruzei os braços irritada com seu sarcasmo, porém, quando a mesma cobriu a boca tossindo, uma vontade de lhe acertar um tapa por está pegando friagem surgiu. - É sério, aconselho que vista uma blusa de frio, calça, fique de meias e bem quieta na cama.  Enfim, minha irmã disse algo sobre um Pen-Drive. – Alertei e seus olhos se abriram de leve.

- Ah... Você veio para pegar? – Perguntou um pouco aérea, fungando logo em seguida. - Tinha me esquecido totalmente disso. Entra, vou pegar. – Deu passagem e suspirei entrando em seu apartamento, reparando em como aquele espaço que eu tanto conhecia, se encontrava da mesma forma que me lembrava. Olhei tudo a minha volta, não conseguindo evitar a nostalgia que se apoderou de mim junto da melancolia. Soltei um suspiro pesado depois de inspirar e inalar o cheiro agradável de rosas no ar, e notar que Luana ainda usava do mesmo odorizador de ambiente que eu havia comprado para seu apartamento. Todo aquele ambiente coberto das minhas melhores memorias me trouxe uma vontade enorme de chorar, que consegui controlar ao fechar os olhos e respirar fundo três vezes antes de voltar a abri-los e ver como Luana praticamente se arrastava em direção a porta do quarto.

-  Também vou levar minhas coisas. – Alertei um pouco alto e ela se virou para mim um tanto quando surpresa.

- Hoje?

- Agora. – Assenti e a mesma repetiu meu gesto, sumindo para dentro do próprio quarto enquanto eu ficava em pé no meio da sala. Bufei depois de um tempo e acabei me sentando no sofá branco pela demora. Peguei meu espelho na bolsa e conferi minha maquiagem. Bufei de novo, vendo que por vir a casa de Luana, não tive tempo de mudar minha maquiagem de discreta para olho preto esfumado no tom preto, que sempre uso para ir à escola. – Atrapalha minha vida até quando não quer, maldita. -Sussurrei um xingamento e me levantei indo para o banheiro ao lado da cozinha, erguendo uma sobrancelha quando o adentrei, ao ver que muitas das minhas próprias maquiagens ainda ocupavam um espaço da pedra da pia, não consegui evitar um sorriso discreto por tudo estar totalmente organizado.

Deixei minha bolsa sobre a tampa do vaso e me ocupei em refazer minha maquiagem com as que já estavam no banheiro. Devo ter ficado uns seis minutos para terminar, sorrindo contente por meu trabalho cumprido realçar meus olhos azuis acinzentados. Peguei a escova de cabelo da Luana que estava dentro da gaveta e penteei meu cabelo ruivo escuro, joguei minha franja toda para o lado esquerdo e sorri para meu reflexo mais uma vez. Dobrei a manga da minha blusa de frio xadrez vermelha e arrumei a gola da mesma antes de pegar todas as minhas maquiagens sobre a pia e colocar dentro da minha bolsa. Guardei a escova de cabelo de volta na gaveta e finalmente saí do banheiro já esperando encontrar Luana na sala.

Franzi o cenho quando cheguei na sala e não vi nem sinal dela. Revirei os olhos e me sentei no sofá de braços cruzados, local qual fiquei uns cinco minutos até Luana sair de dentro do quarto usando uma calça de moletom cinza, uma blusa de moletom azul que tenho certeza que é minha e pantufas de coelhinho, o que foi presente meu. Quis sorrir por ela fazer exatamente o que eu disse, mas me controlei, apenas apreciando a sensação boa que me dominou por ela seguir minha indicação para saúde.

- Desculpe a demora, podia jurar que tinha deixado na cômoda, mas o encontrei na pia do banheiro. Estou meio avoada. – Riu sem jeito depois de me encarar por algum tempo e perceber que eu havia mudado minha maquiagem. Tecnicamente a primeira vez que usei minha maquiagem desse jeito foi quando Luana insistiu para que eu a deixasse me maquiar.

Ela ainda sorria quando me ergui de cara fechada para tentar evitar sorrir de volta.

- E minhas coisas? – Questionei em um tom sério, o qual gerou nela uma careta adorável. Foco Evelyn! Nada de ficar encantada com essa babaca, foco. Seja séria e focada.

- Você realmente precisa disso agora? Eu não estou me sentindo muito bem e não quero ter de procurar nada.

- Seria bom agora, assim não preciso voltar aqui de novo, o que seria de grande agrado já que você não move uma palha para me devolver. – Resmunguei e mordi a parte inferior da minha bochecha ao vê-la abaixar a cabeça.

- Certo, deve estar tudo no meu quarto, vai entrar? – Perguntou colocando o Pen-Drive sobre a mesinha de centro e revirei os olhos.

- Se eu quiser chegar a tempo da minha prova, não tenho escolha, vamos lá. – Sai na frente, simplesmente por conhecer mais essa casa do que a minha, por praticamente viver aqui até mês passado e... Caramba, faz um mês que não falo com a Lua ou sequer venho aqui. Um fucking mês.

- Meu guarda-roupa, acho que...

- Eu sei, você “tucha” tudo lá dentro. – A cortei, jogando minha bolsa sobre sua cama e indo até o móvel com as portas abertas. - Pelo amor, Luana. Ser mais organizada não vai te matar. – Reclamei irritada com a bagunça das roupas. Normalmente eu quem arrumava por viver aqui, com minha ausência virou um ninho de rato como era antes da minha presença.

- Eu nunca fui organizada. – Defendeu-se se jogando na cama de braços abertos.

- Trate de me ajudar, imprestável! – Bradei jogando em seu rosto uma das camisetas dela, ouvindo seu resmungo como resposta.

- Você que quer suas coisas agora, procure sozinha.

- Babaca. – Revirei os olhos e ajoelhei-me no chão, tirando todas as roupas de dentro do móvel. - Anos te ensinando para não misturar as roupas sujas com as limpas e você não escuta. Isso está sujo. – Taquei uma blusa vermelha nela e em seguida senti o tecido acertar minha cabeça. - Qual a porra do seu problema? – Perguntei já apertando o tecido em mãos para jogar de volta.

- Não te pedi para arrumar, só pega suas coisas e sai. – Abaixei a mão que jogaria a blusa nela com a boca entreaberta em surpresa. Sério que ela acabou de falar para eu sair?

- Eu nem precisaria estar aqui para início de conversa. – Rebati, irritada com a leve pontada de mágoa que me atingiu pela forma que ela falou comigo. Eu quem deveria estar irritada aqui.

- Mas está, e isso não é o início de uma conversa. Não quero falar com você, então pega logo o que quer e sai. – O quê? Vadia.

- Vai se foder, Luana. – Rosnei jogando de volta a blusa e me desviando rapidamente por ela se sentar e o tecido sujo, mas extremamente cheiroso por causa do seu perfume, voltar em direção ao meu rosto. - CARALHO! – Gritei pronta para tacar de novo a blusa.

- Você vai pegar a porra das suas coisas ou vai ficar me enchendo o saco? Que inferno. – Falou irritada e em seguida deixou o corpo cair na cama, levando ambas as mãos na testa. - Porra. – Resmungou quase em um gemido doloroso, o que me preocupou.

- Você está legal? – Perguntei em um reflexo, querendo me chutar logo em seguida “Você está legal?”. Sério, Evelyn? Não! Sério mesmo? Agora ela vai ser grossa de novo, essa cavala vai me dá um coice.

- Não! Eu não estou legal, a merda da minha cabeça pouco falta para explodir e você não para de falar. Só fica em silêncio que eu vou ficar legal. – Rosnou se encolhendo na cama e fechou os olhos. Bufei contrariada e irritada com o modo cavalinho que ela adotou e ocupei-me a procurar minhas coisas uma por uma.  Se for pensar bem, não estou na posição de reclamar das grosserias dela, pelo fato de: estar em sua casa e por isso não chegar nem perto do quanto fui grosseira com ela há um mês.  Levei praticamente uns 15 minutos para achar todas as minhas coisas, agora só falta o moletom que Luana está vestindo.

- Pronto, agora meu moletom. – Falei e me ergui batendo as mãos na roupa, já que o chão estava cheio de migalhas de salgadinhos, e fui até ela. - Luana! – Falei um pouco mais alto a vendo se remexer.

- Cala a boca, Eve! Minha cabeça está explodindo. – Choramingou sonolenta e gritei internamente por minha preocupação voltar simplesmente por ela usar meu apelido. Tinha me esquecido que quando Luana sente dores de cabeça é quase automático ligar seu modo cavalinho por perder a paciência com tudo.

- Você é sempre tão dramática com as coisas. – Sentei-me na beira da cama e ameacei levar a mão em seu cabelo três vezes, até ceder a minha vontade de acariciar os fios pretos e macios. - Talvez se reclamasse menos e dormisse mais, as coisas nã... – Calei a boca assim que minha mão tocou seu couro cabeludo, sentindo uma quentura anormal. - Você está com febre? – Perguntei deslizando minha mão para sua testa, só para a tirar com o susto. - JESUS! – Exclamei assustada, sentindo o travesseiro fofo dela bater em meu rosto.

- Não grita, caralho. – Choramingou tossindo e se encolheu mais. Mordi o lábio inferior e me ajeitei na cama, culpando-me por ter ficado irritada com uma pessoa ardendo em febre, mas principalmente, me martirizando por não ter dado a devida atenção ao seu estado desde quando cheguei até agora. - Apaga a luz. – Reclamou tentando puxar o forro da cama como coberta. Rapidamente tomei uma atitude e me ergui ficando de joelhos sobre a cama, a puxando para sentar.

- Não! Você está ardendo em febre, vai tomar um banho morno, um comprimido e só depois vai dormir. – Alertei ignorando suas tentativas de se afastar de mim. Chame isso de reflexo, mas eu realmente não consigo ver uma pessoa se sentindo mal e não fazer nada para ajudar.

- Não quero banho, já tomei, só me deixa dormir. – Teimou e tentou se deitar, mas bufei a puxando de volta e me atrevendo a começar a tirar o moletom que ela usava.

- Só fica quieta e me obedece. Sou quase uma enfermeira. – Terminei de tirar seu moletom, a deixando com a blusa do pijama que usava quando cheguei aqui.

- Não é bem assim minhas fantasias de você tirando minha roupa. – Murmurou quando comecei a tirar sua blusa também e por um momento parei o processo, sentido meu rosto queimar, erguendo a cabeça para olhar em seus olhos castanho agora febris. "Minhas fantasias" Lua tem fantasias comigo? Fantasias... Sexuais? Tipo, dois corpos compartilhando calor no sentindo mais literal da palavra? Sexo?

- Você fala muito, cala a boca. – Murmurei depois de me recuperar da informação totalmente desnecessária de que Lua tinha ou tem fantasia sexuais comigo. Tentei olhar para qualquer lugar que não fosse seus seios medianos cobertos apenas pelo sutiã branco de renda depois disso.

Não é segredo para ninguém que a morena a minha frente de olhos castanhos chamativos é lésbica e, para ser sincera, eu nunca me importei com isso, nem quando começaram a espalhar boatos de que ela me pegava e eu era sua mais nova ficante, só por ficarmos sempre juntas de sorrisinhos idiotas. Não era verdade e eu não devia nada para ninguém, mas tudo não importa até as brincadeiras passarem dos limites. Quando as coisas cruzam essa barreira, você tem duas escolhas: Aguentar calado ou explodir, obviamente eu explodi quando uma pessoa qualquer chegou dizendo que tinha sido a Luana que começou com os boatos.

Eu estava tão furiosa e cheia de tudo que acreditei, acreditei porquê de nós duas, a Luana era a que menos parecia se incomodar com as piadinhas ou brincadeiras idiotas. Ela era a única que ficava em silêncio quando abordada sobre o assunto. Fiquei tão irritada com isso que fui tirar satisfações com ela e, acabei lhe acertando um tapa na cara e indo embora quando ela foi sarcástica e irônica dizendo que: Era óbvio que tinha sido ela e que era para eu ficar ligada nos contos eróticos que ouvia por aí, porque com certeza foram os que ela contou da gente.  Eu estava com ódio por ela ser capaz de inventar umas malditas mentiras que se tornaram uma bola de neve, mas não ser capaz de tomar uma atitude e acabar com elas.

Algumas pessoas nos viram nessa “briga” e dois minutos depois a notícia que se espalhou pela escola era que Luana e eu tínhamos terminado. No dia seguinte o assunto era outro, dizendo que nós nunca sequer demos um beijo, porque dessa vez, quem negou nosso envolvimento amoroso foi Luana. Ironicamente ela é uma garota popular na escola graças a umas meninas populares com quem tinha ficado, então bastou uma palavra dela para elas que os boatos mudaram. Foi nesse momento que minha raiva por ela chegou no limite.

Estava me perguntando sobre o quanto ela podia ser idiota quando a encontrei nos corredores da escola e a mesma me soltou a seguinte frase "Eu não espalhei a porra da mentira, mas se você tivesse me dito que se sentia tão incomodada com esses boatos ridículos de que estava sendo a namorada da sapatão, eu teria acabado com eles." Essa foi a penúltima vez que “conversei” com ela, na última, coloquei um fim na nossa amizade por ela ser tão otária e ficamos sem nos falar até o dia de hoje.

 

- Levanta, tira essa calça. – A puxei para fora da cama e tirei sua calça de moletom a levando direto para o banheiro só de roupas intimas, ficando realmente preocupada com a temperatura atual de seu corpo. - Você é tão ridícula, aposto que não se cuidou nem um pouco sem mim aqui. – Liguei o chuveiro na água morna e coloquei seu corpo embaixo da ducha, tentando a todo custo não deixar meus olhos se perderem no pecado que é seu físico. Céus, isso é totalmente injusto! Luana é uma sedentária e mesmo assim tem um corpo perfeito como se vivesse na academia. Como isso é possível? Como ela pode ter essa bela comissão traseira?

- Meu mundo não gira em torno de você. – Resmungou irritada e me mantive em silêncio. Eu sei disso sua retardada, seu mundo não gira em torno de nada. Dei um passo para trás mantendo-me quieta quando seus braços me abraçaram por ela se desequilibrar. Suspirei e entrei de roupa e tudo para debaixo da água, a segurando um pouco mais firme. Se for para me molhar, que seja de uma vez. - Desculpa. – Seu pedido veio baixo, quase em sussurro, carregado de culpa.

- Tudo bem, eu me troco depois, afinal tem muita roupa minha aqui. – Tentei soar divertida, mas como ela não esboçou reação permaneci em silêncio, movendo seu cabelo molhado para o ombro direito. Alguns minutos, foi tudo o que precisou para a água morna abaixar um pouco a temperatura do seu corpo e quando isso aconteceu desliguei o chuveiro e a tirei de lá, deixando-a se secar enquanto procurava uma roupa confortável para ela e para mim. Quando encontrei a fiz vestir a sua no quarto enquanto eu me trocava no banheiro. Assim que sai do mesmo peguei alguns remédios que sempre carrego comigo e praticamente tive que implorar para ela os beber. Foi uns dez minutos insistindo e com o sucesso sequei seu cabelo assim como o meu e a fiz se deitar para dormir um pouco.

- Agora, você precisa dormir, ok? – Perguntei e ela assentiu se cobrindo com a colcha felpuda. - Você comeu o que hoje? – Questionei curiosa e seu silêncio me fez bater a mão na própria testa. - Você é tão idiota. Fica aqui! Vou trazer algo. – Falei já me virando para sair do quarto.

- Você não precisa fazer isso, Eve, se sair agora ainda consegue fazer a prova. Eu vou ficar bem. – Murmurou e em seguida fungou se encolhendo.

- E desde quando você fica bem se eu não estiver de olho em você? Não vou para faculdade e farei a sopa da minha mãe. – Alertei saindo do quarto e puxando a porta no processo. - Babaca. – Sussurrei indo para cozinha. Tendo em vista que era eu quem organizava ela, não tive dificuldade alguma em achar as coisas necessárias para começar a sopa, separando os legumes para picar.

Foram uns bons minutos dividindo tudo e quando já estava no fogo me escorei no balcão para esperar até cozinhar, só então reparando na foto colada na porta da geladeira, onde Lua e eu nos encontrávamos na praia, ela sentada na espreguiçadeira com óculos de sol e eu sentada em seu colo, tomando água de coco com a cabeça escorada em seu ombro. Pela primeira vez reparei em como a mão de Luana estava segurando possessivamente minha cintura e em como o maldito sorriso quase rasgava meu rosto.

- Idiota, era para ter guardado essa foto ou jogado fora. – Resmunguei indo até a geladeira, puxando a foto do imã, pronta para coloca-la sobre o eletrodoméstico, mas a letra miúda atrás da fotografia me fez parar.

"Eu te amo"

Estava rabiscado de caneta roxa com minha letra, e como se não bastasse, um pequeno coração com uma carinha feliz completava a frase. Soltei uma risada nasal e corri os olhos para o canto direito do papel fotográfico, encontrando de caneta preta a frase que não estava ali antes deu pregar essa foto na geladeira há muito tempo.

"Eu também te amo, Eve".

Mordi o lábio inferior e voltei a analisar a fotografia, focando no sorriso divertido de Lua, já que seus olhos estavam cobertos pelos óculos escuros. Soltei uma risada baixa em reparar seu nariz com protetor solar, o que foi obra minha na época.  Eu sempre adorei implicar com ela, sempre adorei a forma como a conseguia irritar profundamente e logo em seguida lhe arrancar uma risada ou um abraço apertado.

- Babaca ridícula. – Sussurrei e coloquei a foto de volta no lugar antes de voltar minha atenção para sopa que cozinhava. Talvez eu devesse terminar a sopa, entregar para ela e ir para aula fazer minha prova, mas essa ideia está tão longe de cogitação que me pergunto como fui idiota o suficiente para pensar que minha preocupação com essa cabeça de vento iria acabar.  - Você é tão trouxa, Evelyn. – Sussurrei quando a sopa ficou pronta, despejando um pouco na tigela. Peguei uma colher na gaveta e segui de volta para o quarto de Lua, encontrando a mesma dormindo. - Hey! – Chamei deixando a tigela no criado mudo, franzindo o cenho em não ver sinais dela acordar. - Lua, acorda. – Me sentei ao seu lado e levei minha mão em seu rosto, conferindo que a febre estava quase indo embora de tudo. - Você precisa comer, hum? Eu fiz a sopinha da minha mãe, a que você tanto gosta. – Passei meus dedos por seu rosto em uma carícia delicada, gravando de novo cada detalhe delicado dela. - Lua, por favor. – Chamei e os olhos castanhos se abriram em total preguiça.

- Eve... O quê? – Balbuciou confusa e posso jurar que meus olhos brilharam com o jeito que ela ficou fofa.

- Fiz sua sopa. – Sorri contente por ela acordar, esperando pouco para mesma se sentar na cama, porém, quando seu braço se esticou para pedir a tigela eu neguei me acomodando melhor e peguei um pouco da sopa na colher. Talvez seja a foto que vi agora a pouco que está me transformando em uma trouxa porquê... Seria idiotice a minha querer fazer as pazes com ela só para ficar ao seu lado de novo?  - Abre a boca. – Pedi e olhei para tigela sem jeito quando a cor corada de suas bochechas por causa da febre duplicou com meu pedido.

- E-eu posso comer sozinha. – Gaguejou envergonhada e quis me bater por achar isso fofo demais.

- Só abre a boca e come. – Resmunguei, assentindo várias vezes agradecida por ela me obedecer ainda vermelha. - Como está a dor de cabeça? – Perguntei soprando a colher com sopa antes de oferecer a ela.

- Não dói mais graças ao remédio que me deu, obrigada.

- Ainda bem. – Soprei outra colher e quando ela abriu a boca para recebê-la eu tratei de comer, vendo sua expressão confusa e um tanto quanto chocada. - O quê? Eu estou com fome também, vim do hospital para cá, não comi nada. – Alertei comendo outra colher de sopa, ficando incomodada com sua expressão ainda chocada. - O que foi?

- É que... Hã... – Rapou a garganta e olhou para as mãos sem jeito. - Você pode pegar minha gripe assim, sabia? – Questionou e coloquei minha franja atrás da orelha antes de chegar mais para cima da cama e soprar mais uma colher de sopa, essa sendo direcionada a ela, que a recebeu de bom grado.

- Não seria de todo mal, minha desculpa por faltar aula. Se a receita fosse minha, isso aqui seria acompanhado de um pouco de pimenta. – Comentei mudando completamente o assunto e analisando a sopa na colher antes de deixar Lua comer.

- Se você a fez, a receita fica sendo sua, pode colocar até maionese se quiser. – Riu divertida e me peguei admirando seu sorriso. - Hoje no banheiro... – Começou sem jeito e ergui uma sobrancelha. - Eu estava pedindo desculpa por tudo, não por te molhar. – Alertou e parei de soprar a sopa a encarando. O quê?

- Tudo? – Questionei curiosa.

- É! Sabe... Eu não sabia que você se sentia tão incomodada com as brincadeiras. Eu passo por isso desde os meus 15 anos. Então as brincadeiras, piadinhas ou até insultos, passou a não me incomodar depois de um tempo. Se eu soubesse que te incomodava tanto, juro que teria dado um basta antes. Os boatos... Nã-

- Não quero falar nisso agora. – A cortei, voltando a soprar a sopa.

- Mas essa talvez é minha última chance de falar com você antes que decida nunca mais olhar na minha cara. – Murmurou cabisbaixa e voltei a colher que já levava a sua boca. Por que temos que tocar nesse maldito assunto? Não quero que minha mente se inunde de novo com pensamentos venenosos por ela ser babaca o suficiente para espalhar boatos ridículos de que me beijava por aí, mas não ter coragem de fazer realmente. Espera, o quê? QUÊ?

- Está tudo bem, não precisa se explicar, já passou. Foi só uma brincadeira de mau gosto. – Comi o conteúdo da colher que havia separado, não deixando de reparar na falta de brilho nos olhos castanhos tão expressivos.

- Pode ter passado, mas isso não muda o fato de que preciso me explicar. – Brincou com o tecido da colcha e suspirei colocando a tigela no criado mudo por começar a me irritar com o assunto.

- Tá legal, Luana! E sua explicação é o quê? Não queria que sua brincadeira de estar me pegando chegasse tão longe? – Perguntei cruzando os braços frente aos seios, bufando por ela desviar o olhar. - Porque não foi nem um pouco agradável ouvir Matheus e seu bando de retardados, junto com metade do colégio, falando coisas sobre mim e nós duas como se nos conhecessem.

- Não, eu... Eu não espalhei os boatos, Evelyn. Te respeito muito para ter feito algo assim. Não foi eu e você deveria saber disso.

- Jura? Não foi o que você disse no dia que lhe abordei sobre.

- Você queria que eu tivesse feito o que depois que já chegou me acusando? Em primeira mão achei que era uma brincadeira, só que quando notei que falava sério, fiquei indignada por realmente pensar que eu seria capaz de fazer uma coisa dessas. Eu não faria isso, Eve. – Murmurou de um jeito quase inaudível e mordi o lábio inferior pelo encanto que tive com a foto ser totalmente quebrado pelas lembranças de cada piadinha ridícula que tive de ouvir naquele colégio. É sim idiotice querer fazer as pazes com ela.

- Sei! Dá para não me chamar de Eve? Não somos mais a porra de amigas e é irritante te ouvir pronunciando meu apelido. Evelyn para você. O fato deu ter cuidado de você,  foi apenas uma obrigação e reflexo de algo que faço todos os dias com qualquer pessoa que precise, não significa que quero voltar a ter contato com você. – Murmurei estendendo a tigela em sua direção assim que levantei da cama e ela me olhou, magoada com minhas palavras. - Já está medicada e alimentada, só siga minha orientação e fique deitada. – Alertei assim que ela segurou a tigela. - Eu vou para aula ver se consigo fazer a prova depois do horário. – Peguei minha bolsa ao seu lado e lhe dei as costas indo até a porta do quarto.

- Evelyn. – Escutei meu nome e olhei para trás irritada. – Eu... – Vacilou ao me encarar e abaixou a cabeça. - Esquece! Obrigada mesmo assim por cuidar de mim, por mais que tenha sido um reflexo. – Sorriu miúdo e só assenti me retirando do quarto. Eu poderia ficar, sem dúvida poderia, mas isso significaria ter com ela uma conversa que quero evitar ao máximo. Significaria ouvir e falar coisas que não quero.

Qualquer pessoa que esteja disposta a dialogar com Luana, tem que ter em mente que involuntariamente o brilho nos olhos dela vai acabar tirando sua concentração, junto de todos os seus argumentos e, quando menos perceber, vai estar rindo feito uma idiota ou perdida em pensamentos, tramando uma forma de fazê-la sorrir, porque seus olhos castanhos sorriem junto. Não quero passar por isso quando meu único desejo é continuar irritada com ela por ser uma besta. Quando eu quero, pelo menos uma vez na vida, ficar furiosa com uma coisa e poder demonstrar isso, mas... Inferno! Tinha que ser justo ela a me deixar furiosa? Andei apressada até a porta de saída e foi o tempo de a abrir para lembrar das minhas coisas separadas em uma sacola de compra no canto do quarto.

- Burra! Esquece mesmo suas coisas, assim vai precisar voltar a pisar nessa areia movediça. – Resmunguei, batendo a porta e dando meia volta. Areia movediça define perfeitamente como me sinto em relação a Luana nos últimos dias porque, por mais que eu tente não pensar nela, me lembrar ou sequer me importar, mais a situação piora, é como se debater para sair da maldita areia movediça e ser puxada cada vez mais para o fundo, sendo consumida pouco a pouco, acelerando o processo que deveria ser lento.

Entrei de novo no quarto e olhei para os lados a procura de onde havia colocado a maldita sacola, mas entreabri a boca assim que olhei em direção a cama, deparando-me com Luana sentada na mesma, cobrindo o rosto com ambas as mãos. Evitei qualquer movimento brusco enquanto a observava em silêncio, acompanhando com os olhos cada movimento de seus ombros.

- Luana... Tá tudo bem? – Perguntei quase em um sussurro, confirmando minhas suspeitas que ela chorava assim que sua cabeça foi erguida. Ver seus olhos marejados fez todo meu estômago se revirar e eu me sentir o pior dos seres humanos por estar ali, apenas olhando.

- Estou, um... Um cisco caiu no meu olho assim que você saiu, quando tentei tirar acabei enfiando o dedo dentro dele e isso dói pra caralho. – Falou esfregando os olhos e ergui uma sobrancelha me aproximando.

- Cisco? Deixa-me ver. – Pedi sentando ao seu lado na cama e esperando pacientemente até ela criar coragem de se aproximar, mostrando ambos os olhos agora vermelhos. - Humm não estou vendo nada. – Sussurrei devido a nossa aproximação e espalmei minhas mãos em suas bochechas chegando ainda mais perto de seu rosto.  Lua sempre foi uma péssima mentirosa, por isso eu sei que não tem cisco algum, ela só estava chorando. A pergunta é: por quê? Pelo o que eu disse antes de sair? Eu a magoei a esse ponto?

- Deve ter saído quando meus olhos lacrimejaram. – Resmungou como se fosse óbvio e revirou ambas as esferas castanhas.

- Talvez, abra mais eles. – Pedi sendo obedecida imediatamente, mas em vez de procurar vestígios do possível "cisco" me prendi na cor tão comum de seus olhos, mas ao mesmo tempo única para mim. Foi questão de segundos até ela perceber que eu não procurava nada e que estava fascinada com o brilho inocente de seus olhos. Por um segundo eles brilharam, mas tão rápido como o brilho veio, se foi.

- Eu disse que não tinha nada. Você já pode ir, Evelyn. – Sussurrou tirando minhas mãos de seu rosto e quis estapeá-la por desviar os olhos dos meus antes de se afastar para trás. - Nem queria estar aqui desde o início não é mesmo? Não teria vindo falar comigo se sua irmã não tivesse pedido. Então não precisa se preocupar comigo. Não somos amigas e não preciso da sua ajuda. Não sou um paciente seu. – Murmurou e esticou-se sobre a cama para pegar a tigela de sopa. Não sei se foi o seu tom de voz ou o descaso em suas palavras, mas isso sem dúvida me irritou. Está certo que eu não teria vindo, mas inferno! Não sou eu quem devo me desculpar aqui ou sou? Não! NÃO SOU EU.

- Certo, então não vai comer a sopa que EU fiz. – Rosnei e tirei a tigela de sua mão quando ela foi para comer.

- O quê? – Perguntou perplexa com minha atitude.

- Ora, não preciso me preocupar com você, não é? Não precisa da minha ajuda. Então foda-se. Não use esse cobertor, fui EU que peguei. – Falei depois de me levantar e colocar a tigela sobre sua penteadeira, lhe puxando o cobertor e jogando para um canto qualquer do quarto. - EU peguei os travesseiros também. – Puxei os atirando no chão e sua cabeça bateu com força na cabeceira da cama com a rapidez com a qual os tinha puxado de suas costas.

- Caralho, garota. Qual a porra do seu problema? – Gritou massageando a cabeça com uma careta e em puro momento de fúria peguei o copo que havia deixado com água sobre o criado mudo.

- EU sequei o seu cabelo, mas foda-se. – Não pensei duas vezes em despejar o líquido em sua cabeça e jogar o copo vazio na parede, a olhando com raiva, vendo seus olhos se arregalarem pelo susto da água na cabeça e pela raiva por eu atirar seu copo na parede. - Ficou indignada? Ótimo! Agora faz a porra das coisas sozinha, porque a partir de agora você e o nada para mim tem o mesmo significado. – Rosnei e o brilho dos seus olhos se perdeu completamente. Virei-me para sair rápido dali, mas sua mão, que segurou forte meu pulso, me impediu de dar um passo à frente. - Me larga. – Rosnei e sacudi o braço tentando me livrar do aperto forte dela. - Porra! ME LARGA. – Gritei colocando toda minha força no puxão seguinte, rosnando furiosa por ela me puxar de volta, derrubando-me sentada na cama quase em cima dela e segurando meu outro braço, colocando-me de frente para seu corpo. Seus olhos faiscavam em uma mistura de raiva e outra coisa que não consegui distinguir.

- Por que está com tanta raiva? – Rosnou irritada e me debati em outra tentativa de fuga, porém suas mãos seguraram firme meus braços ao lado do corpo. Essa é uma ótima pergunta. Eu não sei qual é meu problema! Ao mesmo tempo que quero que ela tente fazer as pazes comigo, fico irritada por fazer isso e, quando faz ao contrário eu fico ainda mais irritada por simplesmente deixar eu me afastar. Talvez eu seja bipolar. Talvez eu sofra de algum transtorno.

- Solta! – Quase gritei.

- Escuta, eu não espalhei aqueles boatos, ok? Eu só estava irritada por você não me conhecer o suficiente para saber que eu jamais faria isso. – Falou em um tom calmo e voltei a me debater tentando sair. A raiva por ela tocar de novo nesse assunto me dominando completamente. Inferno! Ela quer se desculpar e eu fico irritada, ela não quer se desculpar e eu fico possessa. - Evelyn, por favor, eu não fiz isso. Acredita em mim, não fiz. Eu não...

- Foda-se. Quem disse que eu ligo?

- DEVERIA! – Gritou me sacudindo de leve e olhei para baixo, aderindo o plano de ficar em silêncio, mas a raiva por ela ser uma completa idiota ainda queimava dentro de mim, tanto que minha respiração não conseguia seguir um padrão certo. Eu deveria ligar, porra! Eu realmente deveria ligar. - Eu não faria isso com você. É minha melhor amiga. – Rosnou e minhas mãos se fecharam em punho. Melhor amiga. Melhor amiga. - Você escutou? Eu nã-

- FODA-SE. – Foi minha vez de gritar de novo e trincar os dentes com seu aperto irritante em meus braços. - E DAÍ SE NÃO ESPALHOU A PORRA DAQUELE BOATO, HÃ? GRANDE CU, JÁ QUE NÃO FEZ NADA PARA ACABAR COM ELE LOGO NO INICIO. – Gritei de novo e um estalo em minha cabeça me fez entender porque eu não quero que ela se desculpe. Nunca liguei para o que diziam até me informarem que foi ela que espalhou a fofoquinha. Não me importava de dizerem por aí que nos agarrávamos pelos cantos, porque era mentira, mas a ideia de ela ter inventado tudo me deixou cega de ódio. Por que ela inventou a porra toda e não fez acontecer? Eu queria que os malditos boatos fossem verdade, porque eu gostava dela. Por que eu gosto dela. Maldição, eu gosto dela.

- Você disse que não se importava, caralho. – Rosnou e trinquei os dentes.

- ENTÃO QUEM NÃO CONHECIA ALGUÉM O SUFICIENTE ERA VOCÊ! – Gritei conseguindo soltar um dos braços, mas ela logo o pegou de novo.

- Para de gritar. – Pediu em tom mais baixo e isso foi o suficiente para me irritar ainda mais.

- NÃO VOU PARAR.

- Evelyn... Eu não podia fazer nada. Você me disse que não se importava, por favor, eu...

- Cala a boca.

- Inferno! Eu estou me desculpando, não é isso que você quer? Que eu me desculpe?

- Não! – Rosnei e em seguida pisquei várias vezes ao tomar consciência do que disse. - Eu não quero a porra das suas desculpas.

- Então o que quer de mim? Me diz. Eu nunca precisei me desculpar e mesmo assim estou fazendo isso. Você sabe que eu nunca precisei e mesmo assim está agindo desse jeito. Por que ainda está com raiva de mim se sabe que...

- Eu odeio você. – Rosnei e senti suas mãos ficarem trêmulas em meus braços, ao mesmo tempo em que seu aperto aumentava.

- O quê? – Sussurrou e rosnei com o aperto nos braços.

- Eu. Odeio. Você. – Falei pausadamente a maior mentira que já contei e ela soltou uma risada nasal.

- Ah, sério? Pois eu também.

- Ótimo! Concordamos em algo, agora me larga. – Puxei o corpo para trás com força, não conseguindo me soltar.

- Concordamos. Incrível, não é? – Perguntou sarcástica e olhei para seu rosto. Talvez de todos os erros que já cometi na vida, esse tenha sido o pior, porque o arrependimento ao ver os olhos magoados e marejados dela me atingiu como um soco forte no estômago, junto do gosto amargo que ocupou minha boca. - Eu sinto muito pelos boatos, ok? – Perguntou em um sussurro e soltou meus braços à medida que abaixava a cabeça. E quando finalmente tive eles livre, não me movi. - Eu realmente não sabia que te incomodava tanto, se eu soubesse, se realmente soubesse, não teria ficado feliz com a ideia de todo mundo achar que você fosse minha namorada. – Levou a mão no rosto e senti meus olhos arderem. - Desculpa. Se eu soubesse que você iria me odiar por isso, não... Desculpa, ok? É obvio que você ficaria incomodada com estarem dizendo por aí que era a namorada da lésbica idiota.

- Droga. – Sussurrei quando a sensação de ardência em meus olhos piorou e comecei a chorar ao ouvir seu soluço, que indicava seu choro silencioso. Agora eu entendo porque ela queria se desculpar comigo. A sensação sufocante de ter feito a pior coisa do mundo, com a pessoa que foi a mais importante da minha vida até mês passado, me atingiu tão forte que fiquei desorientada a ponto de não saber como reagir. O nó em minha garganta pareceu triplicar de tamanho ao ouvir outro soluço dela.

- Se eu soubesse antes, nunca teria deixado com que falassem, porque eu a-amo você, Evelyn. E eu só te quero de volta, porque ficar sem você dói muito. – Sua voz saiu embargada por causa do choro, sendo o suficiente para me fazer acordar e arregalar os olhos.

- O quê? – Perguntei e segurei ambos os lados de seu rosto o erguendo. – O que você disse? – Falei em total desespero por suas lágrimas partirem meu coração. – Lua, por favor, eu preciso que você repita. – Falei de forma totalmente errônea por minha voz sair rouca e cortada por causa do meu próprio choro e por estar ouvindo mais as batidas do meu próprio coração do que qualquer outra coisa. – Por favor, eu preciso ter certeza do que você disse. – Sussurrei mantendo o contato com seus olhos, que aos poucos se enchiam de mais e mais lágrimas. – Luana...

- Esquece, Evelyn. Desculpa, isso foi ridículo da minha parte. – Tirou minhas mãos de seu rosto e limpou as próprias lagrimas rapidamente, se afastando na cama. Sem ter consciência dos meus atos, andei de joelhos sobre o colchão para mais perto do seu corpo, sentando sobre minhas pernas quando cheguei perto o suficiente.

- Não! O que você disse? – Perguntei já sabendo a resposta da minha pergunta. Isso sempre esteve tão obvio o tempo todo? Sempre esteve e eu nunca dei a devida importância?

- Não vou repetir, tá legal? Só fiz chorar e dizer algo ridículo de forma tão patética. Não me faça parecer tão retardada de novo. – Tentou mais uma vez se afastar, mas dessa vez foi eu quem segurou ambos seus braços.

- Luana, por favor.

- Por favor, digo eu. Não me faça ser tão ridiculamente patética de novo. – Puxou os braços se soltando por ser mais forte que eu e fazendo um rápido impulso para se levantar e fugir da minha presença, no entanto, em uma coragem louca, me inclinei e a puxei de volta para o colchão, a derrubando de costas em um baque mudo, não dando tempo dela processar a informação para me apressar em sentar sobre sua cintura.  Dessa forma eu consigo segura-la.

- Luana, olha para mim.

- Sai de cima de mim, você pesa toneladas. – Rosnou e trinquei os dentes por ela conseguir me irritar mesmo quando não quero isso.

- Idiota. – Segurei firme a gola do seu moletom com o intuito de lhe puxar e empurrar de volta para o colchão com força, mas isso apenas me fez ver que ela chorava de novo. - Lua...

- Droga. – Xingou cobrindo os olhos com ambas as mãos. - Sai de cima de mim, para de fazer com que eu seja demente, só... Só vai embora. – Pediu e trinquei os dentes irritada.

- Ir embora? Você quer que eu vá embora depois de te ouvir dizer que me ama? Sério? Sério mesmo? – Quase gritei e ela tirou as mãos do rosto tentando se livrar de mim. - LUANA!

- VAI EMBORA. – Gritou.

- O CARALHO QUE EU VOU. VOCÊ NÃO TEM A PORRA DA CORAGEM O SUFICIENTE PARA DIZER DE NOVO? – Grite de volta sentindo meu sangue circular mais rápido.

- Cala a boca. – Sussurrou.

- Não até dizer de novo o que disse antes.

- Nunca direi, me larga. – Se debateu e rosnei torcendo um pouco mais a gola do seu moletom.

- Por quê? Você é covarde? Por isso? – Provoquei.

- Não.

- Não? ENTÃO POR QUE NÃO, INFERNO? – Gritei

- PORQUE VOCÊ ME ODEIA! – Gritou, o que por um momento eu tinha esquecido que nos levou a esse assunto, e tomar consciência disso me fez ficar enjoada e muda. Eu disse com raiva que a odiava e ela disse entre lágrimas que me amava.

Fechei os olhos me martirizando pelo que disse e quando os abri parei para analisar os fatos, me surpreendendo ao notar a aproximação repentina que o meu movimento de puxa-la pela gola do moletom causou de nossos rostos, a surpresa foi tamanha que fiquei tonta. Pisquei várias vezes tentando me situar e a empurrei de leve para o colchão. A forma com a qual a expressão magoada dela me encarava, os olhos banhados em lágrimas e o rosto vermelho por causa do choro me fez ficar totalmente perdida.

- Eu não odeio você. – Confessei em um sussurro, ignorando o fato de que ela tentava me empurrar para longe com suas mãos trêmulas.

- Sai daqui. – Pediu chorosa e apertei mais firme o tecido do moletom em minhas mãos.

- Não! Eu... Eu não odeio você.

- Sai. – Suas mãos trêmulas tocaram um pouco acima do meu peito e quis gritar com ela para parar de tentar me afastar.

- Não! Lua...

- Sai de cima de mim, não preciso que você sinta pena de mim. – Entreabri a boca, dessa vez sentindo minhas mãos ficarem trêmulas sobre o tecido do seu moletom. Pena? Eu não estou com pena, eu...

- Eu não estou com pena. – Sussurrei quase sem voz por ela pensar isso. Céus! Pena não.

- ESTÁ SIM! EU SEI. – Gritou voltando a chorar e conseguindo me empurrar um pouco para trás com suas mãos.

- Cala a boca! Você não sabe de nada. – Rosnei por ela chegar a pensar isso de mim. - Eu não sinto pena de você, inferno.

- Saia daqui. Eu sei que sente e não quero ter de olhar para uma pessoa que sente isso por mim, eu nã-

- Cala a porra da boca!

- Não! Você sent-. – A interrompi abaixando meu tronco e unindo meus lábios nos seus com raiva para que ela parasse de falar, exigindo sem cerimônia alguma que ela me correspondesse, o que não aconteceu. Movi meus lábios sobre os seus de um jeito meio rude e suguei seu lábio inferior com força quando suas mãos fizeram mais pressão para me afastar, e o pensamento de não ser correspondida me dominou. Maldita, eu não tenho pena de você, inferno. Eu não estou com pena, porra.

Apertei mais meus joelhos ao lado de sua cintura e pressionei seu corpo no colchão ao posicionar minhas mãos em seus ombros, deixando o peso do meu corpo a segurar ali, para que não conseguisse se soltar antes de me corresponder.

Mordisquei seus lábios e passei minha língua sobre eles, praticamente exigindo ser correspondida, mas gemi de dor assim que seus dentes capturaram meu lábio inferior, onde ela não teve dó alguma de morder com força. Senti um leve gosto de sangue ao mesmo tempo que meus olhos lacrimejaram por suas mãos ainda tentarem me afastar, mas aproveitei o fato dela entreabrir a boca para me morder e usei minha língua para tocar a dela, que finalmente soltou um suspiro pesado, parando de tentar me afastar e entreabrir a boca mais um pouco, me correspondendo de igual forma afoita com a qual eu lhe beijava

Minhas mãos soltaram seu ombro e correram para seu cabelo, emaranhando meus dedos nos fios sedosos e macios, movendo minha língua sobre a sua em uma ordem muda para ser a dominadora do beijo. Ela soltou um baixo gemido e deixou com que eu a beijasse como queria. O choque do contato de suas mãos, agora em meu pescoço puxando-me mais para si, causou um arrepio que correu por todo meu corpo, enviando uma ótima sensação a todos os meus sentidos, que se enlouqueceram por minha mente gritar com todas as suas forças que era a Lua, que eu a estava beijando e amando a sensação de ter nossos lábios juntos, principalmente minha língua com a sua, que me dava a sensação de estar afogando sem querer de forma alguma ser salva.  Eu percebi naquele momento, que poderia beijar ela para sempre se isso me fosse permitido.

Quando o maldito ar se fez mais do que necessário em meus pulmões, minhas mãos diminuíram o aperto em seus fios de cabelo e meus lábios se afastaram dos seus, tão rápido quando o momento em que os juntei.

Me afastei com os olhos arregalados e a boca entreaberta pelo susto de minha atitude e principalmente, por isso me fazer ter a certeza de uma coisa que até então eu julgava ser impossível. Lua me olhava tão ou mais assustada que eu, o peito subia e descia rápido, acompanhando a respiração dela. Os lábios estavam vermelhos pelo beijo brusco no início e os olhos ainda úmidos pelo choro passado.

- Inferno – Rosnei. - Eu sou absurdamente louca por você, não sinto pena. Eu te amo. – Murmurei a vendo desfazer a expressão assustada para tentar se sentar, o que impedi, a empurrando de volta no colchão e me acomodando melhor sobre seu corpo antes de a beijar de novo, dessa com mais delicadeza, sendo correspondida no mesmo instante. Guiei minhas mãos ao seu cabelo uma segunda vez, mas quebrei o beijo ao sentir a umidade em meio aos fios. - Desculpa. – Pedi passeando minhas mãos por ali em um carinho enquanto a olhava nos olhos, que tinham de volta o brilho inocente que sempre amei. - Desculpa gritar com você e... – Calei-me quando ela se moveu na cama se sentando rapidamente, o que levou meu corpo escorregar por sua barriga, me fazendo cair sentada sobre seu colo.

- Está tudo bem. – Segurou minha cintura e forçou meu corpo de leve para o lado, fazendo-me sair de seu colo e deitar sobre o colchão macio da cama, logo recebendo seu corpo sobre o meu, exatamente na mesma posição em que eu estava anteriormente. - Nada disso importa agora. – Sussurrou antes de descer sua boca até a minha, fazendo-me esquecer completamente sobre o que queria falar e me desculpar. Deixei meu corpo entrar em frenesi com o jeito carinhoso com o qual seus lábios se moviam sobre os meus, totalmente diferente da forma com a qual eu a beijei. Lua me beijava com tanto carinho que fiquei totalmente perdida, lhe correspondendo com o mesmo carinho.

Suspirei perdida depois de vários beijos trocados, sentindo-me um pouco sem fôlego com o ar ao nosso lado parecendo tão quente, as mãos dela brincavam na pele de minha cintura, enviando vez ou outra, vários arrepios para meu corpo. Nossos beijos não estavam mais tão carinhosos, pelo contrário, cada um tinha mais volúpia que o anterior.

Por perceber minha recente dificuldade em respirar, ela decidiu guiar seus lábios ao meu pescoço, o que tornou tudo ainda pior para mim. Minhas unhas agarraram firme a carne de seus braços quando senti seus dentes apertarem a pele de meu pescoço, para em seguida sua língua correr livre pelo local.

- Lu... – Chamei perdida, incomodando-me com o tecido do seu moletom roçando em mim e me causando mais calor do que eu já sentia.

- Oh droga, Eve... Meu resfriado.  – Sussurrou afastando a boca do meu pescoço e as mãos debaixo da minha blusa, me fazendo piscar várias vezes desorientada.

- Hã?

- Vou te passar meu resfriado.  – Sussurrou e finalmente me situei, detendo minhas mãos que até agora eu não sabia que já estavam a meio caminho de tirar seu moletom, tendo sua visão de cabelos bagunçados, lábios vermelhos e olhos brilhando como presente. Inferno.

- Foda-se o resfriado.  – Sussurrei entre arfadas de ar e ergui o tecido do seu moletom o tirando rapidamente, tendo a pele branca e quente dela na minha palma. O sutiã vermelho só completou a perfeição que era seu corpo.

- Foda-se.  – Repetiu minhas palavras e desceu o tronco, unindo nossos lábios de novo, sugando minha língua enquanto sua mão adentrava outra vez o tecido de minha blusa. Os dedos quentes me causavam arrepios constantes, mas nada comparado a sua boca agora de volta em meu pescoço e muito menos ao caminho que sua língua criava lentamente.

- Vo-você está tão quente.  – Sussurrei desnorteada e gemi aprovando seus dentes apertarem meu ponto de pulso não muito forte. Estava tão entregue em seus toques que não percebi em que momento minha blusa foi tirada de mim, muito menos consegui prever o movimento de suas mãos até sentir ambas, cada uma sobre o tecido do meu sutiã, me proporcionando uma massagem deliciosamente torturante. - Lua. Gemi e convulsionei o corpo assim que ela se livrou do meu sutiã, descendo a boca para meu mamilo direito.

XxX

Apertei os olhos assim que seus dedos brincaram em meu clitóris, fazendo-me prender a respiração e convulsionar meu corpo para cima, involuntariamente dando mais liberdade de sua língua brincar em meu pescoço.

- Inferno Eve, tão... Oh, tão molhada.  – Sussurrou em meu ouvido, mordiscando o lóbulo em seguida. - Você deve ser tão gostosa.  – Mordeu meu pescoço à medida que descia seus beijos. - Deve ser tão doce.  – Desceu os dedos até minha entrada, colocando metade de ambos dentro de mim, nem tive tempo de gemer agradecida, porque ela os tirou. - Tão quente e apertada.  – Gemeu retrocedendo os dedos e dessa vez gemi longamente pela estocada forte.

- Luaaa.

- Assim...  – Sussurrou, retirando os dedos devagar, mas quando fui reclamar ela os retrocedeu em uma estocada firme, me fazendo gemer. - Geme meu nome.  – Repetiu os movimentos mais duas vezes e voltei a gemer, pendendo a cabeça para trás. Seus movimentos eram lentos e torturantes, me fazendo querer mais.

- Lua, é tão bom.

- Isso, me adore com sua boca Eve, porque eu vou te adorar com a minha.  – Sussurrou, distribuindo beijos por entre o vale dos meus seios. Foi uma surpresa para mim quando sua boca quente abocanhou o seio esquerdo e ela repetiu mais cinco vezes os movimentos de seus dedos antes de mudar a penetração para tão lenta quanto saía. Prendi a respiração no momento em que sua boca, sem machucar, sugou meu mamilo um pouco mais forte e sua mão livre percorreu minha cintura em uma carícia firme, aumentando minha vontade dela ir mais rápido.

- Lua... Por favor, mais rápido.  – Pedi movendo o quadril de leve quando tive seus dedos completamente dentro de mim, abrindo a boca em um perfeito "O" por ela mordiscar meu mamilo direito, dando duas estocadas rápidas e fortes.

- Você gosta assim, Eve?  – Perguntou repetindo o mesmo movimento três vezes, me levando a morder o lábio inferior com força para não gemer alto demais. - Gosta?  – Subiu a mão que estava em minha cintura e acariciou meu pescoço com ela, a guiando até minha nuca, onde segurou os fios de cabelos ali para repetir várias vezes o mesmo movimento dos dedos. A onda de choque que se apoderou de meu corpo enquanto sua mão esquerda mantinha minha cabeça firme, sua língua passeava por meu pescoço e seus dedos me penetravam, me fez gemer tão longo que nem eu mesma me reconheci. - Responde.  – Rosnou em meu ouvido e cravou os dentes levemente em meu pescoço, curvando os dedos dentro de mim.

- Ah, si-sim. Luaa.  – Gemi manhosa com o calor queimando minha pele de dentro pra fora.

- Isso, geme desse jeito para mim.

- Lua... Rápido, por favor.  – Choraminguei por ela diminuir os movimentos quando sua boca voltou a se apoderar do meu mamilo.

- Calma.  – Sussurrou migrando sua boca para meu seio esquerdo, enquanto sua mão livre soltou meu cabelo e foi ocupar o outro. Gemi absorta e levei ambas minhas mãos em sua cabeça, fazendo pressão para ela não parar o que fazia maravilhosamente com a língua quente, apertando meus dedos nos fios negros quando seus dedos voltaram a trabalhar rápidos.

- Lu...  – Gemi engasgando-me quando a pressão em meu ventre aumentou e todo o calor de meu corpo se concentrou lá, explodindo e espalhando espasmos por todo meu corpo enquanto eu me convulsionava.

- Assim, amor.  – Sussurrou em meu ouvido movendo os dedos lentamente e, só de ter sua voz rouca em meu ouvido, me chamando de amor, foi o suficiente para enviar outro espasmo por meu corpo, fazendo minha garganta secar e minha cabeça cair sobre o colchão fofo. - Você é tão gostosa gemendo, Eve.  – Ouvi sua voz rouca e senti seus lábios em meu pescoço, sua língua quente passeando ali, tornando difícil minha tarefa de normalizar a respiração. Seus dedos saíram lentamente do meu interior e gemi em protesto. - Céus, você é tão linda.  – Sussurrou olhando-me nos olhos e se abaixou para me dar um selinho, mas foi algo a mais quando decidi que minhas mãos ficariam melhor em meio ao seu cabelo e ela achou que as suas ficariam melhor em meu rosto.

Foi uma troca de carinho inofensivo, cheio de um sentimento que nunca senti antes, um beijo tão inocente, mas ao mesmo tempo tão profundo que me senti em paz, como se nada no mundo pudesse me tirar aquela sensação de beijar a garota qual eu simplesmente amo por ser ela.

- Eu amo você.  – Sussurrou quando enfim nos permitimos encerrar o beijo. Ter seus olhos fixos nos meus, brilhantes e tão cheios de expectativas me causou a melhor sensação do mundo. Nada se compara ao brilho inocente de suas irises. Lua é tão serena que te faz questionar se alguma vez na vida já teve problemas.

- Eu também amo você.  – Espalmei ambas as mãos em seu rosto e a puxei para mim, unindo nossos lábios de novo. Seria um segundo beijo inofensivo e inocente, mas o estalo em minha mente me fez exigir que se tornasse agressivo ao notar que apenas eu havia me sentido tão bem.

Desci minhas mãos por seus braços e segurei em sua cintura, forçando um pouco o aperto em um pedido mudo para trocarmos de posição. Quando Lua finalmente entendeu meu pedido e deixou seu corpo cair na cama eu arfei ao tê-lo perfeito abaixo do meu, quase engasgando com a própria saliva em constatar a mudança em seus olhos, agora tão intensos, brilhando não mais com a inocência característica, mas sim pela malícia e desejo.


XxX

Abri os olhos o mais lentamente possível por senti-los queimando e minhas pálpebras doloridas. Me deparei com o quarto bagunçado de Luana, com roupas espalhadas pelo chão por ela ser um ser humano bem porquinho, mas dessa vez as minhas de ontem também estavam no meio. Ri de leve e minha garganta ardeu quando engoli a saliva em minha boca, praguejei mentalmente e funguei entendo minha situação. Lua me passou seu resfriado.

- Inferno.  – Xinguei e um arrepio correu por meu corpo quando os braços quentinhos de Luana circularam meu corpo por debaixo do edredom, colando o seu corpo no meu.

- O certo seria um bom dia pela manhã, não um xingamento, Eve.  – Sussurrou com a voz rouca e me virei em sua direção, rodeei seu pescoço com os braços e escondi meu rosto ali, inspirando seu perfume ou tentando, já que não sentia cheiro algum por minhas vias respiratórias estarem fodidas.

- Você me passou seu resfriado, estou toda mal. Minha cabeça dói, meu corpo, garganta e até meus olhos.  – Choraminguei fazendo dengo, coisa que sempre fiz com ela para ganhar carinho, se bem que agora eu não estou exagerando em nada.

- Eu disse que ia se resfriar.  – Sussurrou e senti um beijo no topo da minha cabeça. - Eu estou novinha em folha.  – Comemorou me apertando mais um pouco em seus braços e ri de leve.

- Claro que está, me contaminou, passou para mim suas bactérias e vírus. Agora meu sistema imunológico vai precisar entrar em guerra para me manter no mínimo respirando.  – Dramatizei e sua gargalhada gostosa soou.

- Quanto drama, meu Deus.  – Afastou-se um pouco e sorriu carinhosa. - Que tal você ir tomar um banho? Eu faço seu café da manhã bem reforçado e trago aqui com um comprimido. O que me diz?  – Perguntou percorrendo seus dedos por meu rosto numa carícia.

- Gosto desse plano, gosto muito dele. Principalmente a parte em que você vira minha criada.  – Brinquei e soltei risadas por ela avançar em mim, enchendo meu rosto de beijos.

- Vou fazer seu café. Vai para o banho?  – Perguntou e me encolhi com a falta do calor do seu corpo junto ao meu. Puxei o edredom e cobri a cabeça.

- Só mais cinco minutinhos e eu já vou.  – Murmurei e ouvi o som de sua risada seguir para o banheiro.

-  Sei, te acordo em meia hora, amor.  – Alertou e involuntariamente abri um sorriso com o "amor" vindo dela. O que eu estive fazendo da vida para não nos permiti viver isso? Mas... O que é isso? Lua e eu temos uma amizade colorida? Mas ontem ela disse que me amava e eu também disse. Amigos coloridos se amam? Tipo, tem esse sentimento forte os envolvendo ou é só tesão? Porque eu sinto muito mais que isso pela Lua, muito mais. - EVE, o que você prefere? Panquecas ou omelete?  – Gritou do banheiro e me agarrei ao travesseiro dela. Com certeza valeu muito a pena perder prova e pegar um resfriado para ter ela cuidando de mim assim hoje. Não me importo qual seja nossa relação a partir de hoje se a tiver cuidando de mim assim sempre.

- Os dois, com suco de laranja.  – Tirei o edredom da cabeça e olhei para o banheiro a visualizando escorada no batente da porta com um sorriso de orelha a orelha.

- Os dois?

- Uhum, e uma carinha feliz de calda na panqueca?  – Pedi manhosa e ela se aproximou com o lindo sorriso.

- Qualquer coisa para minha linda namorada.  – Beijou minha testa e senti minhas bochechas quentes. As batidas do meu coração ficaram totalmente errôneas e se já estava difícil respirar antes, agora se tornou impossível.

- Nã-não me lembro de ter ouvido um pedido.  – Tentei brincar e seu sorriso se tornou malicioso.

- Sério? Eu me lembro de você dizendo. Oh... Si-sim Lua. Sim!  – Gemeu numa tentativa de me imitar na noite passada e me senti uma safada por meu corpo ficar animadinho com seus falsos gemidos. Não me reconhecendo por não sentir vergonha disso.

- Quem pede alguém em namoro em um momento assim? Claro que eu diria sim, soletraria meu nome se isso significasse seus dedos continuando o incrível trabalho, confessaria um crime que não cometi. Momento oportuno, não acha?  – Questionei com um sorriso de canto e ele só cresceu com o rubor nas bochechas dela.

- Eu... Eu vou pedir direito.  – Sussurrou envergonhada e acanhada, duas coisas que não combinam com ela e que com certeza a deixam fofa.

- Estou brincando, Lu. Sou sua namorada.  – Sorri grande e ela me acompanhou, dando-me um selinho e praticamente saltitando para sair do quarto. Me aconcheguei na cama e capturei meu celular no criado mudo ao lado. Encontrei no mesmo mil mensagens das meninas da minha sala, perguntando por mim, mensagem do meu pai, da minha mãe me convidando para almoçar com ela hoje, das enfermeiras do hospital, mas a que me chamou a atenção foi a de Elise.


Minha Puta: Como não recebi o Pen-Drive que eu não precisava e você não dormiu em casa... Presumo que meu plano deu certo. Dá um beijo na Lu para mim. Te amo."


Ri de canto e bloquei meu celular o jogando em qualquer canto e me aconcheguei na cama de Lua. Minha irmã é uma puta, mas é minha puta, que merece um grande abraço de urso depois que eu matar a saudade da minha Lua.

 


Notas Finais


E foi isso. Sei que deve ter ficado confuso, mas fazer o que neh? '-'


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