2022
Jidá, Arábia Saudita
Base Americana
Pov. Lauren Jauregui
Sentia meu estomago embrulhar conforme eu andava em direção ao palco onde daria meu pequeno e breve discurso.
Eram poucas palavras, mas ainda sim, eu diria tanta coisa. Um erro se quer e eu mancharia a última gota que restara da honra mítica americana.
Respirei fundo e sorri, gentil, saudando a pequena plateia de rostos conhecidos com 'Bom Dia'.
Apesar de nervosa, eu proferia as palavras com segurança, sem me deixar abalar. O que eu transparecia era o que a América transpareceria, e a América não poderia se dar ao luxo de falhar, não naquele momento.
À cerca de quase um ano, o Daesh (o que nós americanos pintamos preconceituosamente como "Estado Islâmico") invadiu uma das bases da CIA em New York, fazendo reféns. Mas eles não estavam interessados em negociações ou simplesmente em provocar terror - o motivo da invasão tinha proporções vergonhosas para o governo americano. E então a história se repetiu, assim como descobriram o dedo americano na tentativa de retardar a reforma islâmica no Iraque, descobriram que também, na verdade foi o governo americano que estava por trás do 11 de Setembro - o governo que matou seu próprio povo, aterrorizou seus cidadãos por petróleo.
Mas eu não podia pensar naquilo, não naquele momento.
Aquele momento era um momento de redenção, o momento em que o governo americano tentava limpar sua imagem, mas pra mim, era muito mais do que aquilo.
No meado de 2018 tropas da Al-Qaeda dominaram o Afeganistão, e desde então, vem ocorrido confrontos entre Al-Qaeda, Daesh e Talibãs pelo controle do Afeganistão.
E a situação não parava por ai - eles eram como pragas, que iam se alastrando. O Irã foi o primeiro a ser ocupado, logo em seguida o Iraque. E Dai continuou, tomaram posse de quase todo o Oriente Médio. Até as últimas frequentes tentativas de invasão à Meca e Medina, para tomar o poder da Arábia Saudita.
Minhas palavras eram simples: não transpareciam qualquer envolvimento do governo americano com os ataques de 2001, e nem corroborava com as mídias que diziam que muitos atos de boa fé do governo eram na verdade joguete.
"E finalizando meu amigos, lhes digo com uma frase de um livro de minha preferência, de que Nenhum homem é em sua totalidade ou em sua composição, mau, apenas tem escolhas ruins. Em um momento tão crucial para a história, não só do Oriente Médio, mas também da humanidade, não poderíamos nos calar; pois faze-lo seria permanecer e auxiliar o opressor. E em palavras de Dante, repito meus amigos, "Há um espaço no inferno para todos aqueles que se mantem neutros diante de crise moral", corri os olhos pela platéia com minhas palavras convictas, "Não podemos novamente negar a nossa humanidade, não podemos dar as costas como resposta ao sofrimento de um povo; não deixaremos que o mundo se esqueça do Oriente Médio mais uma vez, que feche os olhos diante de sua dor, que, quando vista com humanidade o suficiente, também é a nossa dor. A dor de um só povo, de uma só raça, de uma só etnia: a dor da raça humana", conclui por fim, recebendo uma enxurrada de aplausos.
Aplaudiram-me de pé, e eu, humildemente agradeci.
Naqueles rostos iluminados de inspiração, eu senti muito mais do que a certeza do sucesso da missão; além da esperança que inundava meu peito, eu sentia um bom presságio.
Sentia que a partir daquele dia, minha vida tomaria caminhos dos quais fugiriam do meu controle, e que o destino de tais caminhos superariam as proporções das minhas próprias expectativas - intimamente, eu sentia em segredo o quão isso era bom.
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