História Incógnita - Cinco

Então eu senti os seus braços me levantarem e as minhas costas se chocarem com a cama macia. Os lençóis de cor azul marinho eram extremamente macios , como se fossem feitos de sopros e dentes de leão.

Senti seus lábios quentes roçarem no meu ombro em direção ao meu pescoço e puxei-o para mais perto bagunçando no ato, os seus lindos cabelos loiros.

Colou ainda mais nossos corpos e arfei ao sentir a sua respiração quente e rápida no meu seio esquerdo. Traçou uma trilha de beijos até as minhas coxas e ficou a brincar na região, mordendo e chupando a parte interna das minhas pernas.

O toque era suave, confortável e desesperado, um toque que eu tinha aprendido a adorar e ansiar por mais.

Me puxou para um beijo molhado e quando nos separamos, meu olhar cruzou com o seu e fiquei um tanto atordoada.

Acordei com falta de ar. Não acredito que sonhei com Luke de novo!

Olhei no relógio que situava-se em cima da mesinha: 3:43 AM. Ótimo, além de ter tido essa merda desse sonho ainda não vou conseguir dormir novamente. Levantei-me e fui em direção ao lavatório, girei a torneira e deixei que meu rosto desfrutasse de um delicioso choque térmico.

Irritada, peguei minha caixinha de cigarros e meu telefone, em madrugadas como essa, tudo que me restava era fumar e escutar música- e talvez me lamentar pelo sonho não ter ocorrido na realidade.

Fui até a minha sacada e de lá escalei a “minha árvore”, o galho era um dos mais altos e eu tinha visão do mar bem longe.

Ascendi o meu cigarro e coloquei “What are you afraid Of?- The Family rain” para tocar no meu celular. Era uma música animada, encorajadora e ao mesmo tempo um pouco triste. Não tinha nada a ver com o que eu estava sentindo, mas eu gostava dela e foi a primeira que apareceu no meu histórico.

Dei as primeiras tragadas no pequeno cigarro e me permiti secar uma única lágrima solitária que poderia evaporar a qualquer  momento com a temperatura do meu rosto.

Eu odiava sonhar com Luke, odiava com todas as forças, por que sonhar com ele significava ser obrigada a reviver nossos melhores momentos e ser obrigada a sentir saudades e isso era uma completa ruína.

“A sério Ruby, vai me obrigar a ficar cheirando esse cigarro fedorento até de madrugada?”, a voz familiar me tirou dos meus pensamentos.

“Me deixa em paz Michael.”, disse com a voz notavelmente tremula.

“Sabe, você não devia fumar, é bonita, tem um cabelo e pele suaves, fumar é o mesmo que jogar tudo fora.”

Ah Michael, não é fumando que eu vou jogar tudo fora.

“Eu realmente estou pouco me fodendo.”, falei e continuei a espiar o horizonte azul.

“Estava chorando?”,o garoto que estava a poucos metros de mim, sentado em uma cadeira com os pés apoiados na varanda perguntou arregalando os olhos. “Oh meu deus você estava corando!”

Jura ?

“Espere aí, eu vou até você!”, ele disse subindo em um dos galhos que ficavam perto de seu alcance. E subitamente lá estava ele sentado ao meu lado com as pernas a balançar e encarando o mesmo horizonte cálido que eu.

“O que aconteceu?”, perguntou enquanto afastava o meu cabelo do meu rosto.

“Nada, Michael, não aconteceu nada.”, respondi começando a ficar impaciente.

“Eu não vou sair daqui até te ajudar com isso, o que é que foi ?”,perguntou novamente.

“Por que está acordado até agora ?”,o perguntei com uma pontada de curiosidade.

“Eu estava compondo mas isso não vem ao caso, não mude de assunto.”, me respondeu ficando impaciente também.

“Eu só tive um sonho ruim, nada demais, eu não sei por que se preocupa tanto.”

Começou a tocar “Cigarrete Daydreams- Cage the elephant”, e eu não pude evitar de soltar uma risada irônica. Michael estava falando sobre cigarros minutos atrás.

Ficamos em silêncio por uns bons minutos, e eu, para não perder o costume, estava repassando todas as cenas do sonho que tive com Luke. Sentindo saudades, desejo, ciúmes, raiva, tudo ao mesmo tempo.

"Qual é a sua cor favorita?" , ele perguntou subitamente.

"Azul", respondi sem entender e sem dar importância.

"Por que ?"

"Por que me lembra o mar."

"Já parou para pensar se as suas cores fossem diferentes das minhas?"ele falou e olhou para mim empolgado." Se o que você enxerga azul eu enxergasse vermelho mas nós dois chamaríamos tal objeto de azul por que fomos ensinados que o nome dele era azul?" ele continuou com sua teoria enquanto gesticulava.

"Isso faz sentido, ninguém sabe se os cérebros vão processar as cores da mesma forma por que não dá para invadir pensamentos." E ainda bem que não dá.

"Isso só provaria o quanto as pessoas são influenciáveis, criariam padrões especulativos já que ninguém enxergaria o mundo com as mesmas cores."Ele continuou enquanto estalava os dedos. "Digo, se isso estiver certo, podemos jogar todos os padrões fora por que o loiro, branco dos olhos azuis pode ser laranja, verde dos olhos marrons. "Ele continuava a dissertar sobre a teoria das cores enquanto eu sentia a brisa quente do mar arrepiar os pelos das pernas que balançavam do galho onde estávamos.

"Michael Clifford?"o chamei olhando-o com olhos arregalados e piscantes.

"Ruby Hattaway?", respondeu retirando uma mecha de frente dos meus olhos novamente.

"Você é uma pessoa a ser estudada." afirmei e voltei a observar as ondas intermináveis parando finalmente de relembrar o sonho.

"Ruby vai dormir.", disse e riu baixinho.

"Que merda Gordon.", respondi rindo também