História Incógnita - Nove

*Flashback*

“O que tem de almoço mamãe ?”, perguntei fazendo um esforço fora do comum para subir na cadeira, que batia no meu ombro.

“Macarrão com cogumelos Ruby, seu favorito!”, ela disse de sorriso aberto pra mim.Do outro lado da mesa, vi Ashton fazendo cara de nojo.” Não se preocupe Ashton , tem um pedaço da pizza de ontem que eu guardei pra você, sei que odeia cogumelos.”

Ela colocou nossos pratos com comida na mesa e eu fiz um sinal para que ela viesse até mim.Pedi que se abaixasse e disse bem baixinho no seu ouvido:”Eu te amo.”

Ela depositou um beijinho suave na ponta o meu nariz, e fui comer meu macarrão feliz da vida”

Acordei com dor de cabeça e estranhei ao ver que me encontrava na enfermaria do campus.

Olhei em volta, em sequência, Ashton e Michael. Pisquei os olhos me acostumando com a claridade excessiva do ambiente e pude perceber distante, Luke, que ao se tocar que tinha notado a presença dele lá , se virou e foi embora.

Não entendi nada.

“O que eu estou fazendo aqui, pelo amor de Deus ?”, perguntei fitando Ashton.

“Você apagou ontem de madrugada, caiu pra trás, fiquei preocupado e te trouxe aqui.”, explicou.

“Quantas horas são ?”, perguntei preocupada.

“16:40.”, Michael disse bloqueando o celular e guardando-o no bolso esquerdo.

“Estranho, eu tive um sonho, e parece que ele durou uns 30 segundos, como posso ter ficado aqui tanto tempo ?”, falei mais para mim mesma quando a enfermeira chegou.

“Então a bela adormecida acordou?Fiquei preocupada com você docinho, chegou aqui com a cabeça sangrando.”, A enfermeira rechonchuda falava movendo os braços de forma engraçada.

“Posso ir pro meu quarto agora ?”, eu disse e a moça concordou com a ideia.

No caminho Ashton sugeriu que eu fosse para o quarto dele visto que o meu estava uma completa bagunça e ele queria ter certeza de que eu estava bem.

“Você não acha melhor esperar ela melhorar pra contar ?”,escutei Michael dizer num tom surdo, quase inaudível.

“Pois é exatamente o que eu vou fazer.”, o outro respondeu um pouco mais alto.

Tentei ligar os pontos mas nada me vinha à mente. A única coisa de que eu me lembrava na noite passada era de ter beijado Michael na piscina.

“Se tiverem escondendo algo de mim, me contem agora, eu posso ter desmaiado mas eu não sou retardada ok ?”falei em um alto e bom tom.

Ashton suspirou e Michael olhou de canto de olho para o mesmo.

“Você sabe o motivo de ter apagado ontem?”, perguntou calmamente e neguei movendo a cabeça. ”Senta aqui.”

Ele colocou o laptop em cima de suas pernas e entrou em um portal de notícias. Clicou em um vídeo de uma notícia sobre festivais de comida local e eu não estava entendendo nada.

“É sério que eu desmaiei por causa de um festival de comida caseira ?”, perguntei irônica e Ashton revirou os olhos pra mim.

Passou o vídeo até uns quatro minutos e pausou.

“Olhe aqui, eu não estou louco, com quem essa mulher se parece?”, disse apontando para uma mulher na rua.

“Se você tirar o dedo talvez eu consiga descobrir.”, falei.

Olhei uma.

Olhei duas.

Olhei um trilhão de vezes.

Eu só não queria acreditar.

“Não pode ser ela.”, declarei por fim.

“Não adianta negar, Ruby, eu sei o que você está sentindo.”

“Não Ashton, confia em mim você não sabe.”, respirei fundo,”Sua mãe ainda está aqui, com você.”

“Tem razão, minha mãe está aqui, diferentemente do meu pai...”, disse magoado.

“Ah , Ashton me desculpe !É só que eu não posso acreditar nisso, você viu, eu vi a minha mãe ser enterrada ,o único lugar que ela pode estar é debaixo de sete palmos de terra.”, falei nervosa.

“Veja com os seus próprios olhos! Não posso te obrigar a acreditar em mim.”, passou as mãos no cabelo de forma nervosa e se colocou a cabeça entre as pernas.

Esfreguei os olhos na tentativa de conter as lágrimas dentro de mim. Em vão.

Ashton se levantou e saiu, batendo a porta do quarto de forma brusca.Lá fora, escutei Luke perguntando se eu estava bem.

Quando foi que ele começou a se preocupar comigo ?

“Eu preciso de um cigarro.”, pensei alto.

“Não, você não precisa.”, Michael disse sentando-se do me lado.” Eu sei do que você precisa, de um abraço apertado e de um ombro pra chorar.”

Abracei-o sentindo mais distante de um colapso. Por um minuto, tudo estava bem, tudo estava em seu devido lugar, em ordem.

Encontrei em seu abraço a diminuição do espaço entre as suas saudades.A minha e a dela.  Espaço esse que só iria se acabr com um abraço dela.

“Eu to com tanto medo.”,sussurrei.

“Estou aqui pra te ouvir meu bem.”, falou com uma voz doce.

“Eu não se quero que aquela mulher seja ela. E se ela fugiu de mim? E se ela estiver mesmo morta , quem é aquela mulher? E se eu nunca puder encontra-la? E se ela não quiser ser encontrada? São tantas perguntas que eu nem ao menos consigo formular, é tanta coisa. Quando eu achei que finalmente estava tudo bem.”

“Ruby, confia em mim, vai ficar tudo bem. O mundo vai girar e se você precisar encontra-la para ficar em paz, então isso vai acontecer.”, falou e beijou minha testa, sem me soltar do abraço nem por um mísero segundo.

“Eu não sei , mas de tudo que você falou, eu confio em você.”, falei começando a me acalmar, mas só começando mesmo.

“Já é o começo, eu acho que podia adicionar na sua lisa ‘ achar minha mãe’”, disse tentando me animar.

“Obrigada por estar aqui.”, apertei ainda mais o abraço, pois além de reconfortante, o cheiro dele era bom demais.

“Você sabe por que Luke está me seguindo ?Eu vi ele na enfermaria e aqui.”, perguntei tentando desviar o assunto.

“Na verdade sei sim, mas no momento é melhor não se preocupar com ele...”