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História Incógnito VKook - Taekook - Um jogo


Escrita por: BtsNoona

Notas do Autor


Olá leitores-amores!
Fiquei acordada até 3:30 da manhã para terminar este capítulo de Incógnito.
Espero que gostem, e nos vemos nas notas finais.
Sem mais delongas,

Boa leitura!

Capítulo 7 - Um jogo


Fanfic / Fanfiction Incógnito VKook - Taekook - Um jogo

 

Um jogo.

Jeongguk sentia vontade de explodir os próprios miolos ao lembrar o episódio de mais cedo.

Depois que havia se sentado para almoçar, o clima aos poucos fora ficando mais confortável entre os quatro, e Taehyung permitiu-se sorrir abertamente. Também tinha escutado a voz da garota inglesa, Liz, mesmo que pouco. Ela realmente não era de falar.

Han Hyeyeon, por outro lado, falava pelos cotovelos. Não deixava espaço para o silêncio incômodo, já que não permitia silêncio hora nenhuma, e o quarteto discutiu assuntos aleatórios, porém comuns. Filmes, aulas, professores do colégio. Nada da visão de mundo única e cativante do garoto incógnito.

Houve, entretanto, um momento memorável em que Jeongguk sentira-se lisonjeado.

Como era o intruso entre o grupo, Hyeyeon apressou-se em fazer diversas perguntas sobre o moreno, deixando-o tímido e por muitas vezes corado. A garota o lembrava sua mãe, que adorava fazer questionários. Apesar de saber que não era nada mais do que natural que perguntassem coisas sobre ele, visto que era a grande novidade do dia, Jeongguk sentiu-se um pouco constrangido.

Já estava cansado de responder às perguntas, quando Taehyung abruptamente interrompeu a amiga.

- Ele faz parte da equipe de luta. – Disse, atraindo os olhares para si. – Ssireum e taekwondo. Certo?

O garoto incógnito fitou-o por alguns segundos e Jeongguk sentiu uma coisa estranha se esquentar no peito. Então ele se lembrava! Quando tinha comentado sobre o assunto no ponto de ônibus, pensou ter sido desinteressante, já que Taehyung não mantivera o tema depois.

Mas ele lembrava.

Jeongguk apenas sorriu e confirmou com a cabeça, sem entender porque sentia as bochechas queimando.

- Então, Hyeyeon, você já deve ter tirado um montão de fotos dele e nem se lembra.

E foi assim que Taehyung conseguira tirar o assunto de si, pelo que Jeongguk agradeceu mentalmente. Depois disso Hyeyeon passou a dissertar sobre fotografia e os vários eventos do colégio que havia sido obrigada a cobrir.

O trio estava no terceiro ano, e Jeongguk no segundo. Ao entrarem no colégio, eles se separariam diante da escada que levava às salas do último ano, e Jeongguk perderia sua chance de convidar Taehyung para ir ao Pixel Palace. Se o encontrasse no ponto de ônibus depois, seria estranho demais e ele poderia parecer um perseguidor. Também não sabia se teria coragem de simplesmente aparecer para almoçar na estátua da Virgem Maria no dia seguinte, sem ser convidado.

Essa era sua única chance.

Elizabeth e Hyeyeon andavam à frente, e quando chegaram às escadas, não pararam para esperar Taehyung, sumindo entre a massa de estudantes que voltavam para suas salas.

Jeongguk agradeceu por isso. Era sua oportunidade, tinha que ser agora.

- Taehyung!

O garoto incógnito se virou com uma expressão indecisa, afastando-se alguns passos da escada aglomerada por alunos e aproximando-se do mais novo.

Não tinha como fugir. Taehyung estava ali, parado de pé a sua frente, com as sobrancelhas erguidas e olhos atentos, esperando que ele dissesse algo. Jeongguk podia sentir o coração batendo feito louco contra o peito e o rosto queimando de vergonha, mas convenceu-se de que não teria outra ocasião como essa tão cedo.

- Você quer, ahn... Jogar um jogo?

“Jogar um jogo?” Mas que frase imbecil!Pensou, controlando-se para não fazer uma careta de desagrado.

- Um jogo?

- É, ahn... Vídeo games. Na lan house, depois da aula. – Taehyung continuou a encará-lo, um ar de incredulidade estampado em seu rosto – Eu queria retribuir por aquele dia na biblioteca.

O castanho confirmou de leve com a cabeça, os lábios pendendo entreabertos, como se finalmente tivesse entendido o que Jeongguk queria dizer.

Deve ter soado patético.

- Hm, segundas eu tenho compromisso depois da aula. – Ouviu a voz grossa ressoar entre o falatório dos adolescentes ao redor – E também não teria como voltar para casa depois, a minha mãe-

- Eu te levo até em casa. – Interrompeu – Podemos ir amanhã, qual é a sua sala? Eu te busco lá.

Sabia que estava sendo ávido demais, e numa situação comum Jeongguk morreria de vergonha por estar falando dessa forma. Não sabia se era porque suas bochechas já estavam quentes de qualquer forma, ou se porque tinha pressa para ir à sala de aula, mas nem se importou. Agora que havia começado, tinha que ir até o fim, e não queria mesmo dar espaço para que Taehyung declinasse seu convite.

- Não. – Disse de súbito, e o semblante de Jeongguk murchou involuntariamente. – Me encontra no ponto de ônibus, amanhã depois da aula.

Então ele se infiltrou no meio da multidão e desapareceu escada acima.

~x~

Não conseguia parar de se mover, tamanha a inquietude. Amaldiçoou o próprio quarto por ser um cubículo tão pequeno que ele mal podia dar quatro passos para cada lado.

Passara o restante das aulas batendo com a cabeça contra a carteira, remoendo a própria vergonha, e mesmo tendo praticamente corrido até em casa não conseguiu se livrar daquela sensação angustiante.

“Você quer, ahn... Jogar um jogo?”

Aish, mas que idiota!

Talvez devesse fazer polichinelos. Ou flexões. Ou qualquer coisa que tirasse sua mente daquele momento tão ridículo e constrangedor.

Na hora não se preocupara em ser ávido demais, ou em insistir para que Taehyung aceitasse o seu convite, mas assim que ele desapareceu pela escada Jeongguk se sentiu a criatura mais estúpida do mundo.

Conseguira, pelo menos, arranjar um encontro no dia seguinte com o garoto incógnito, mas a que custo? Ele devia pensar que Jeongguk era algum tipo de maluco, um maníaco perseguidor, um desses caras esquisitões que ficam forçando a amizade.

E o pior é que não pensava assim tão diferente de si.

Para jogá-lo de vez no fundo do poço, teria que aparecer no ponto de ônibus para encontrar Taehyung no dia seguinte. Não que ele não quisesse – definitivamente queria – mas com que cara apareceria lá depois das abobrinhas que disse? Sentia o rosto enrubescer só de pensar!

“Qual é a sua sala? Eu te busco lá.”

Depois de reviver a conversa milhões de vezes em sua mente, achou aquela sugestão precipitada demais e arrependeu-se de ter dado a ideia. Mas o que não saía da sua cabeça era a forma como o garoto tinha negado essa possibilidade tão rápido! Tentou imaginar o motivo pelo qual Taehyung preferira se encontrar no ponto de ônibus e – para seu enorme desagrado – só conseguiu pensar em um, que não era nada bom.

Ele devia ter vergonha.

Mas por qual motivo? Vergonha de ser visto consigo? Talvez Taehyung não quisesse ser buscado na sala por causa daquele maldito do alma ruim, com medo de suas gozações.

Só de pensar Jeongguk já sentia o sangue ferver. Estava realmente cogitando a ideia dos polichinelos.

E o que faria depois? Não tinha planejado nada! O levaria ao Pixel Palace, e aí? Sobre o que conversariam? Qual vídeo game escolheria? Só tinha pensado em apresentá-lo a algum jogo com armas e nada mais.

Muito bom, Jeon Jeongguk, são poucos os jogos que tem armas! – Pensou.

Também estava ansioso para saber como o Incógnito iria se comportar. Podia ser aquele da personalidade brilhante, que adorava falar e tinha um sorriso fácil. Ou podia ser o outro, o garoto tímido que preferia manter os pensamentos para si e corava de um jeito fofo.

Jeongguk gostava dos dois, mas esperava que fosse o primeiro. Ele mesmo não era muito bom em ficar puxando assunto e a situação talvez acabasse ficando constrangedora.

Queria ver de novo o Taehyung do sorriso retangular e olhos brilhantes, que falava de forma excitada sobre as coisas das quais gostava. O garoto estranho que dizia todo tipo de coisas aleatórias, que tinha sempre seu ponto de vista incomum sobre qualquer tema. O Taehyung que o fascinava.

Por outro lado, o segundo também despertava seu interesse. Podia ser mais quieto e reservado, mas suas expressões faciais eram sempre enérgicas, levemente exageradas, e Jeongguk pensou que ele não devia ser muito bom em esconder o que pensa. Parecia transbordar dele, por todos os poros, aquela personalidade que não conseguia descrever. Era mais. Ele era mais em tudo, até em silêncio.

Precisava mesmo era tirar essa coisa toda da cabeça antes que acabasse fritando os próprios miolos de tanto pensar. Desde quando pensava tanto assim? Não parecia muito consigo. Sempre foi alguém com o temperamento um pouquinho volúvel demais, e não era muito difícil irritá-lo, mas ficar encucado com as coisas daquele jeito obsessivo? Definitivamente não era de seu feitio. Costumava resolver seus problemas de forma rápida, simples e direta.

Desistiu dos polichinelos e obrigou-se a parar de andar de um lado ao outro do quarto feito uma barata tonta. Precisava de uma distração, mas havia se esquecido de comprar a edição nova de seu quadrinho essa semana, a webtoon não parecia tão interessante, dever de casa com certeza não o distrairia e jogos definitivamente não eram uma opção. Nada de “jogar jogos”.

Só lhe restaram duas distrações em mente: O Grande Gatsby e o diário. Queria ler mais do livro para poder, quem sabe, conversar com Taehyung no dia seguinte e dar-lhe suas opiniões. Poderia falar sobre como achava Jay Gatsby um maluco obcecado que tinha feito de tudo um pouco por causa daquela tal de Daisy.

Mas o diário...

Encarou o objeto sobre a cabeceira da cama, implorando para ser lido. A quem diabos estava tentando enganar?

Atirou-se sobre o colchão macio e pegou o diário, abrindo na página em que havia marcado.

Querido Diário,

Depois que o alma ruim e sua trupe de idiotas começaram a me encher o saco sobre essa coisa de gostar de meninos, eu passei a reparar mais nas pessoas na rua. Garotos e garotas. Digamos que resolvi fazer um experimento social.

Na verdade eu nunca tinha pensado muito sobre o assunto, sabe? Essa coisa de atração e tal. Sou avoado demais. Ando na rua imerso nos meus pensamentos aleatórios, e geralmente nem sei a cara, idade ou gênero de quem está ao meu redor. Talvez eu esteja muito ocupado imaginando como eu queria um picolé de manga, e então eu entro num devaneio louco sobre como eles fazem para trazer esse monte de mangas para a Coreia e todos os agrotóxicos que eles devem colocar nas mangas para que elas não estraguem, e aí quando eu vejo já não estou mais com vontade nenhuma de chupar picolé e então eu, talvez, me distrairia com um filhote de cachorro andando pela rua.

Um exemplo inocente – porém verdadeiro – das coisas que se passam pela minha cabeça enquanto eu estou distraído. Então, resolvi me forçar a reparar nas pessoas.

As garotas são muito bonitas. Todas elas são. Elas têm uma aura de feminilidade, eu acho, ou alguma coisa assim, talvez hormônios. Andam por aí como se estivessem dançando, colocam as mãos em frente à boca quando riem – acho muito fofo, eu pareço um idiota quando estou rindo, sou realmente escandaloso – usam acessórios bonitos e pintam os cabelos de montes de cores legais.

Mas não me fizeram sentir nada demais, acho. Nada mais que admiração pela sua suavidade e uma baita vontade de pintar o cabelo! Sério, queria mesmo pintar o cabelo com uma dessas cores vibrantes e deixar esse castanho chato pra lá.

Nossa, acho que minha mãe me mata se eu fizer isso.

Enfim, estou divagando mais uma vez. Os garotos então, vamos lá. Reparei neles também.

São legais, acho. Não se vestem tão bem quanto as meninas, mas alguns usam umas blusas legais, de banda ou anime, com umas camisas xadrez por cima. Acho bonito isso, mas nunca usei nada assim. Eles são... altos?

Você vai ter que me desculpar, Diário, mas eu realmente não sei. Acho que tenho medo dos garotos – não medo de me baterem ou algo do tipo – mas, sei lá. Fico desconfortável perto deles. Deve ser porque a grande maioria não vai muito com a minha cara.

Será que eu sou frígido? Talvez eu não goste de nada mesmo.

Camisa xadrez? Instintivamente lembrou-se de ter uma dessas, jogada no fundo do armário.

Levantou os olhos do diário e encarou o teto. Não sabia o que pensar sobre aquela passagem, e a única coisa que veio a sua cabeça era que ele também não tinha a menor ideia de como as mangas chegavam à Coreia. Deviam ser mesmo cheias de agrotóxicos.

Pensou que Taehyung pensava sobre si mesmo em demasia. Ele se colocava o tempo todo em autoanálise, como se estivesse em uma jornada de autoconhecimento, e Jeongguk o achava corajoso. Não conseguiria fazer o mesmo. Tinha medo de levantar questões que não pudesse responder.

Também, o moreno não tinha muito sobre o que pensar, nem muitas questões a fazer. Sabia bem quem era e do que gostava, e tinha certeza que gostava de garotas. Sempre teve. As achava bonitas, atraentes. Já até chegara a beijar algumas delas e achou o máximo! Beijar garotas era ótimo, e Jeongguk só não tinha namorado até hoje porque não encontrara alguém que valesse a pena. Depois de um tempo, todas elas ficaram meio entediantes.

Ainda não havia encontrado A garota. Também não perdia muito de seu tempo procurando. Um dia ela ia aparecer, a garota certa para si. Não estava com pressa.

De qualquer maneira, ainda queria ser amigo de Taehyung. Ainda queria conhece-lo melhor, desejava escutar aqueles pensamentos malucos saindo da boca dele e queria protegê-lo dos garotos que o incomodavam. Ele podia até ser frígido, e Jeongguk não se importava. O Incógnito continuava sendo a pessoa mais interessante que já conhecera, tão fascinante quanto sempre fora.

Estava ansioso para o dia seguinte.

~x~

- Onde foi que você se enfiou ontem? – Jimin perguntou assim que Jeongguk se sentou em sua costumeira mesa no refeitório. – Você nem apareceu para almoçar!

Songyi apenas manteve-se em silêncio, observando o moreno a espera de sua resposta. Ela estava bebendo um daqueles sucos de amoras em que era viciada. Mal comia, só vivia bebendo suco o dia inteiro.

- Anh... Desculpe, hyung. Eu tinha uma coisa para fazer.

- Foi exatamente o que ele me disse ontem. – Songyi pontuou, com uma cara de desinteresse.

Apesar de fingir que não ligava, Jeongguk sabia que ela estava se mordendo de curiosidade.

Jimin o analisou com os olhos semicerrados enquanto o mais novo fitava o próprio prato de comida, evitando contato visual. Ele exclamou um longo e arrastado “aaah”, quando enfim chegou a sua própria conclusão.

- Entendi. – O amigo lançou lhe um olhar cúmplice – Nesse caso, tudo bem.

Soltou um suspiro aliviado ao notar que – pelo menos da parte de Jimin – não viriam mais perguntas. Era estranho para si, saber o que o amigo andava pensando, mas mais estranho como ele preferia não se meter no assunto.

Não que Jimin fosse um enxerido, não era. Mas os dois costumavam conversar sobre praticamente tudo no mundo, e Jeongguk não entendeu bem porque o amigo preferia deixar aquele assunto em específico quieto. Não quis pensar demais sobre o tema e apenas sentiu-se agradecido por não precisar falar mais nada.

Cheon Songyi, por outro lado, não parecia muito satisfeita. Dava para ver estampado em seu rosto que ela tinha um milhão de perguntas a fazer, e parecia estar tendo dificuldade em contê-las. Seus lábios tingidos de gloss cor de rosa estavam crispados, numa expressão de desagrado. Era óbvio que ela não queria ser mantida por fora do assunto, mas provavelmente estava torcendo para que um dos garotos dissesse algo, livrando-a de parecer mexeriqueira.

Já que nenhum dos dois havia dito nada, Songyi forçou-se a se abster também.

Melhor assim.

O restante do intervalo transcorreu sem mais incidentes e Jeongguk voltou para a classe, a fim de assistir as duas últimas aulas. Era difícil se concentrar sabendo que veria o garoto Incógnito dali a poucas horas e o moreno tentou não pensar demais em como agiria perto dele. Aquilo já estava ficando maçante. Era só Kim Taehyung, só um novo amigo e eles iam apenas jogar vídeo games. Não tinha porque se sentir ansioso.

Era mais fácil dito do que feito. Quando finalmente o sinal bateu, anunciando o fim da última aula, Jeongguk sentiu borboletas no estômago.

E se ele não estiver lá?

Ele tinha que estar, não tinha? Afinal, mesmo que não fosse até o Pixel Palace consigo, Taehyung tinha que pegar o ônibus para voltar para casa. É, ele estaria lá.

Mas e se não quisesse ir consigo?

Tarde demais para ter esse tipo de pensamento. Mesmo que fosse fazer papel de tolo, forçou as pernas lentamente pelo caminho conhecido até o ponto de ônibus. Podia ouvir as palpitações do próprio coração ressoando altas nos ouvidos a cada passo e – apesar das dezenas de alunos correndo e falando alto ao seu redor – o mundo pareceu imerso em absoluto silêncio.

Devia estar cerca de dez passos de distância do seu destino final quando parou de súbito e instintivamente prendeu a respiração por um segundo.

Lá estava ele. Parecia deslocado, alheio à confusão ao seu redor, com a cabeça baixa e os olhos castanhos bem abertos, encarando o vazio, como se procurassem por algo. Não sorria, sua boca só um pouco aberta e as sobrancelhas franzidas, denunciando um sentimento que Jeongguk traduziu como apreensão ou nervosismo.

Aquela criatura fascinante tinha o próprio rosto da inocência. Parecia mesmo uma criança que tinha se perdido dos pais no supermercado, parado no lugar com o olhar ao mesmo tempo tímido e atento. Não se encaixava com nada ao redor, nem com os adolescentes uniformizados, nem com o ponto de ônibus, como se fosse uma flor que acabara de nascer no meio do asfalto, por entre o cimento.

Era tão bonito e singelo que Jeongguk pegou-se sorrindo sem querer.

E então, não estava mais preocupado. Pouco lhe importava como as coisas iriam se suceder, porque por algum motivo a presença de Taehyung o tranquilizara, e teve a sensação de que seja lá o que fosse acontecer, ia ficar tudo bem.

Sentiu um calafrio lhe percorrer a espinha ao notar que o garoto incógnito enfim o vira, e agora tinha os olhos cravados nele. Uma euforia estranha o inundou e Jeongguk permitiu-se abrir um sorriso largo e verdadeiro em sua direção, enquanto apressava-se a cortar a pequena distância que restava entre os dois.

- Ei! – Cumprimentou ao aproximar-se e depois não conseguiu segurar o riso. Não sabia por que estava rindo, e talvez soasse estúpido, mas estava feliz. – Você veio.

Taehyung pareceu achar graça e abriu um sorriso leve, que Jeongguk achou muito, muito fofo.

- Você também veio.

Sentiu-se lisonjeado ao pensar que, talvez, o garoto incógnito também estivesse com medo de que ele não aparecesse.

Acenou afirmativamente com a cabeça, o sorriso ainda estampado no rosto.

- Então, vamos? Está frio aqui fora.

Realmente, estava. Frio demais para o meio do outono, o que sinalizava um inverno rigoroso. O céu estava nublado, mas claro demais para que chovesse, e as folhas das poucas árvores na rua tinham um tom acobreado. Era um dia bonito.

Andando na frente, Jeongguk estava ciente do garoto ao seu encalço. De rabo de olho podia vê-lo encarando os próprios tênis, aqueles conhecidos converses pretos com o tecido desgastado e a cor desbotada. Lembrou-se que ele já havia admitido ser distraído mais de uma vez no diário, e quis saber no que ele devia estar pensando, mas pelo pouco que conhecia a mente fantasiosa de Taehyung, era impossível descobrir.

Não soube exatamente o porquê, mas se virou de súbito na direção do garoto incógnito, talvez para fazer um teste e descobrir se ele realmente estava prestando atenção em alguma coisa. Como esperado, Taehyung quase se trombara com ele e Jeongguk não conseguiu reprimir uma risada leve.

- Você não deveria andar assim, olhando para o chão.

Ele levantou o rosto, seu semblante surpreso e avoado, e Jeongguk pensou que ele tinha uma gama enorme de expressões naquele rosto bonito. Já havia visto muitas delas, mas teve certeza que não havia visto todas.

Ainda.

- Ah... – Ele pareceu ficar constrangido – Desculpe.

Não queria deixá-lo constrangido, na verdade, era a última de suas intenções. Dessa vez estava menos inseguro do que no dia em que foram à biblioteca, e permitiu-se agir de forma mais natural. Talvez assim conseguisse se controlar melhor ao invés de sair falando asneiras de forma ávida e tola.

- Você gosta mesmo de se desculpar, não é? Eu já notei. – Jeongguk sorriu, e a expressão no rosto do outro se suavizou – Não precisa, não fez nada de errado. Só estou preocupado que acabe batendo em alguma coisa.

- É, você está certo. – Taehyung riu – Já aconteceu antes. Vou olhar para frente, ou tentar.

Os dois ficaram em silêncio e Jeongguk estranhamente não se sentiu apreensivo por causa da falta de assunto. Podia falar do livro que estava lendo, ou sobre Hyeyeon e Liz, mas também era bom só andar ao lado do castanho e não pareceu necessário dizer nada. Agora que havia parado de mirar o chão, Taehyung parecia olhar para todos os lados ao mesmo tempo e ficava virando a cabeça para lá e para cá, como uma criança curiosa.

Para sua surpresa, fora o Incógnito quem quebrara o silêncio.

- Então, ahn... – Ele pareceu incerto – E nunca fui a uma lan house antes.

Nunca? Céus! Jeongguk ia à lan houses quase todos os dias desde que estava no fundamental.

- Jura? Você só pode estar de brincadeira! – Exclamou, e Taehyung abriu um sorriso frouxo, provavelmente achando graça da incredulidade do mais novo.

- É sério. Eu nem tenho um vídeo game.

Lembrou-se de que ele nunca havia mencionado vídeo games no diário. Nem tinha notado. Para Jeongguk, todo mundo tinha um vídeo game.

Mas Kim Taehyung realmente não era todo mundo.

- Mesmo? Nossa! – Não se preocupou em esconder a surpresa – Por quê?

- Não sei. – Taehyung deu de ombros – Acho que nunca quis. Minha mãe chegou a me oferecer algumas vezes, como presente de aniversário ou natal, mas eu sempre acabava pedindo alguma outra coisa que eu queria mais. Como livros, ou... – Taehyung pareceu pensar sobre o assunto, deixando transparecer mais uma de suas expressões enérgicas – Uma vez eu pedi um microscópio! Eu sempre vejo as coisas grandes bem de longe, e como elas ficam pequenas. Aí dessa vez me deu uma baita vontade de ver as coisas bem pequenas como grandes. – Disse, e Jeongguk riu com todos os dentes. Ali estava ele, o garoto incógnito, sem filtros. – Pareço estranho?

- Faz todo sentido. – Comentou, evitando responder a pergunta que lhe fora feita.

Era estranho, com certeza. Era a criatura mais estranha que já havia conhecido, mas Jeongguk sabia que isso era ótimo. Não quis mentir para ele, mas também não quis admitir o fato e correr o risco de deixá-lo inseguro ou constrangido.

- E você ainda tem o microscópio? – Tentou prolongar o assunto.

Queria ouvir mais. Queria que o autor daquele diário pitoresco pudesse falar o quanto quisesse, sobre qualquer assunto que lhe viesse à mente criativa.

Pensou que poderia, quem sabe, ser um bom substituto para o caderno perdido.

- Ah, eu até que tenho, mas já não vejo tanta graça nele. Aparentemente as coisas grandes vistas de longe são muito mais interessantes do que as coisas pequenas vistas bem de perto. Tudo parece um monte de borrões, ou umas bolinhas esquisitas, achei muito confuso! – Taehyung riu alto – Talvez eu devesse ter aceitado o vídeo game!

Os dois ainda andavam lado a lado e Jeongguk ficou o observando com um amplo sorriso nos lábios, enquanto ele continuava a rir sonoramente, a boca contorcida naquele já conhecido formato retangular.

Era mágica, a forma como Taehyung ria. O fazia querer rir junto.

Na última passagem que lera do diário, ele havia feito uma breve descrição da própria risada, se lembrou.

Eu pareço um idiota quando estou rindo, sou realmente escandaloso.

Para Jeongguk, Taehyung não parecia nada idiota.

Muito pelo contrário, pensou que poderia ouvi-lo rir daquele jeito contagiante por horas a fio.

Pensou que gostaria de ser o motivo pelo qual ele ria.


Notas Finais


E aí, o que acharam?
Não coube tudo o que tinha para caber nesse capítulo. A grande vantagem, é que eu já comecei a escrever o próximo. <3 OBA!

Bom, espero que tenham gostado. POR FAVOR, não se esqueçam de comentar. Vocês sabem já, eu sou a louca dos comentários, mas vou repetir assim mesmo. Mais comentários = mais atualização, porque vocês me inspiram <3
E eu fico louca pra saber o que vocês estão achando dessa loucura toda.

Quem tem vergonha, curious cat: btsnoona
Quem é sem vergonha, twitter: btsnoona_
eu amo vocês! <3 vamos ser migos!

Nos vemos em breve, eu espero.
Beijocas amoras,
~BtsNoona


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