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História Incógnito VKook - Taekook - Um dia


Escrita por: BtsNoona

Notas do Autor


Oi leitores-amores <3 como estão?
Espero que gostem desse capítulo, desculpem qualquer erro.
Nos vemos nas notas finais, hein?

Boa leitura!

Capítulo 9 - Um dia


Fanfic / Fanfiction Incógnito VKook - Taekook - Um dia

Um dia. Só isso.

Apenas um mísero dia inteiro na companhia de Kim Taehyung já havia sido suficiente para deixar Jeongguk desnorteado.

Tinha rolado na cama durante uma noite longa e insone, intercalando sonhos sem sentido com pensamentos estranhos a respeito do garoto incógnito. Sem dar permissão, teve sua mente invadida por questões que não sabia responder, nem lhe interessavam ficar remoendo. Não sabia por que aquelas perguntas todas teimavam em aparecer, mas não conseguiu evitá-las.

Será que causara uma boa impressão? Eles não haviam falado nada sobre saírem juntos no futuro. Taehyung ia querer sair consigo novamente? Eles se falariam na escola?

Forçou-se a não pensar mais em nada disso.

Apesar das perguntas borbulhando em sua cabeça sem convite prévio, considerou-se bem menos aturdido do que na noite da véspera. Céus! Não tinha conseguido formular nem um pensamento lógico até aquela manhã, e ficara rindo para a tela do celular como um perfeito idiota. O que diabos dera em si?

Resolveu repassar os acontecimentos da tarde anterior, mesmo duvidando que isso pudesse levá-lo a novas conclusões sobre o garoto incógnito ou como se sentia em relação a ele.

Também, não tinha muitas conclusões para se chegar.

Ir ao Pixel Palace com Taehyung tinha sido completamente diferente das vezes que fora com Jimin ou outros colegas. Jeongguk costumava ser competitivo demais, e por algum motivo esse lado seu não florescera na companhia do castanho. Talvez porque ele mesmo parecia não ter o menor interesse em vencer nos jogos, e apenas contentava-se em brincar, ávido, como uma criança que tem hora para voltar para casa. Notou que ele aproveitara cada segundo de cada jogo, como se aquela fosse alguma oportunidade extraordinária.

Taehyung fazia tudo parecer assim, meio extraordinário. Mágico.

Foi só ao chegar ao colégio, abrir o caderno na aula e deparar-se com seu antigo desenho do planetinha, que Jeongguk se lembrou da existência do diário. Estranho. Costumava passar o dia todo pensando em quando seria a próxima oportunidade de ler uma passagem, ou refletindo sobre algo que havia sido escrito. Mas o dia anterior tinha sido tão cheio de acontecimentos que o caderno de couro nem lhe passara pela cabeça.

Jeongguk foi pego desprevenido quando o sinal do intervalo tocou. Andava tão perdido em pensamentos confusos que mal havia notado o tempo passar. Começou a estranhar o próprio comportamento, ciente de que estava ficando obsessivo com o assunto. Taehyung era seu amigo agora? O que pensava de si?

Quem diabos era aquele alma ruim?

Sentar-se a mesa do refeitório com Jimin e Songyi fez com que Jeongguk se sentisse diferente de todos os dias. Anômalo, deslocado. Parecia fazer tempos desde a última vez que almoçara com eles, mesmo que estivesse ali ainda no dia anterior, e se encaixar nos assuntos dos outros dois tornou-se uma tarefa árdua. Assuntos comuns como provas, trabalhos e o baile de formatura – que estava cada vez mais perto – soaram desinteressantes e fúteis. Não era como conversar com o garoto incógnito, geralmente tão apaixonado pelo próprio discurso, completamente investido em qualquer temática que resolvesse discutir. Mesmo que falasse de coisas amenas, para ele tudo parecia digno de despertar opiniões passionais, reflexões profundas, ou reações expressivas.

Ali, não sentia nada. Manteve-se alheio durante a maior parte do tempo, sem conseguir absorver de verdade aquele falatório sem sentido.

- Jeongguk, você devia ir num médico, sério. – Songyi reclamou – Ou melhor, um psiquiatra! Você está pirando.

Na verdade, um psiquiatra não parecia assim uma ideia tão má. Ele mesmo já era adepto dessa teoria: Estava pirando.

Era a única explicação.

- Não exagera, Songyi. Ele só está um pouco distraído esses dias, certo? – O loiro lançou lhe um olhar cúmplice e Jeongguk afirmou com um aceno de cabeça – Você saiu ontem de tarde? Está com cara de cansado.

Claro, mal tinha dormido. Devia estar com olheiras assombrosas.

- Fui no Pixel Palace. - Disse, e se arrependeu logo em seguida.

Jimin forçou um semblante de indignação. Oh, não. Ele ia perguntar o porquê de não ter sido chamado. Ia querer saber com quem foi até lá.

- E não me avisou! – Fez-se de ofendido – Que absurdo! Com quem você foi, então?

Lembrava-se muito bem do que seu amigo imaginava ser a relação que tinha com Taehyung. Sabia que Jimin estava errado, e agora era tarde para desmentir. Não podia puxar de novo aquele assunto sem acabar ficando ainda mais enrolado, e preferiu deixar quieto. Que ele pensasse o que quisesse, dane-se.

Mas como Jimin reagiria ao saber que Taehyung e Jeongguk haviam saído juntos, sozinhos? Ele poderia maliciar a coisa toda e o mais novo ficou receoso quanto a confessar a verdade.

Mentir ou não mentir, eis a questão. Costumava ir ao Pixel Palace sozinho, e a afirmação não soaria completamente absurda. Mas ao mesmo tempo, detestava ter que mentir para o melhor amigo.

Suspirou pesadamente, negando com um aceno de cabeça.

- Com Taehyung.

Jimin arqueou tanto as sobrancelhas que o mais novo pensou que elas chegariam a encostar no couro cabeludo. Cheon Songyi fez cara de quem não estava entendendo lhufas, a boca contorcida numa careta e as sobrancelhas franzidas em confusão.

Merda.

- Ah! Sério? – O loiro exclamou, sem conseguir disfarçar sua surpresa, e Jeongguk sentiu vontade de chutá-lo por baixo da mesa. Aquela demonstração só serviria para atiçar ainda mais a curiosidade faminta de Songyi e, por mais que fosse sua amiga, era uma baita fofoqueira. – Entendi. Que legal.

A última frase foi dita num tom quase tedioso. – Ele havia compreendido o olhar de reprovação que Jeongguk lhe dera.

Ainda assim, Songyi não pareceu satisfeita.

- Quem é Taehyung?

Ficou aliviado ao saber que ela não conhecia o castanho. Se sentiria um tremendo estúpido caso descobrisse que seus dois melhores amigos sabiam quem era o garoto incógnito e ele não.

Abriu a boca para responder à pergunta, mas hesitou e acabou perdendo as palavras.

Quem era Kim Taehyung? Andava tentando descobrir exatamente isso.

Quem era Kim Taehyung para si?

- É um amigo novo dele. – Jimin apressou-se a responder, frente ao silêncio suspeito do mais novo, e Songyi semicerrou os olhos, desconfiada – Ele está no terceiro também. Vai se formar comigo.

Como ainda não tinha pensado nisso? Andava se esquecendo daquele pequeno detalhe, o baile do último ano, a gigantesca festa que – antes de encontrar o diário – Jeongguk estava tão ansioso para comparecer. E Taehyung se formaria também.

Mas será que ele iria ao baile?

- Novo amigo? – A ruiva continuou a questionar, interrompendo seu fluxo de pensamentos – Desde quando você faz novos amigos?

- Desde quando eu não posso ter novos amigos? – Retrucou, visivelmente incomodado pelo interesse dela no assunto. Já estava ficando sem paciência!

Songyi cruzou os braços magros e fez uma careta de indignação.

Ah, não. Aí vem...

- Posso saber onde vocês se conheceram pelo menos, ou isso também é um segredinho de vocês dois? – Indagou em resposta, alternando o olhar inquisidor entre Jeongguk e Jimin. Ela não era o tipo de pessoa que aceitava as coisas de cabeça baixa, e às vezes era muito irritante.

- No ponto de ônibus – Respondeu irrefletidamente. Tinha que tomar mais cuidado com o que dizia, Cheon Songyi não era nada boba.

- No ponto de ônibus? Mas o que diabos você estava fazendo no-

Não chegou a terminar a frase, desviando o olhar para algum ponto ao lado de Jeongguk. O rosto dela passou de uma careta debochada para extrema surpresa em menos de um segundo.

Virou a cabeça para contemplar o que havia surgido de tão importante para que Songyi desistisse de sua investigação, e seu rosto deve ter ficado tão branco quanto uma folha de papel.

Lua. Ali, parada de pé bem ao seu lado: Elizabeth Lutterback.

Linda, os longos cabelos castanhos caindo em cascata sobre as costas. Seu rosto era frio, os grandes olhos azuis opacos, vidrados em Jeongguk de uma forma tão invasiva que o faz sentir como se estivesse nu.

Desviou o olhar, desconcertado. Pôde ver a careta enojada de Songyi e a expressão confusa de Jimin. Todo mundo sabia quem ela era, e só o fato de ter aparecido no refeitório já chamava atenção dos alunos curiosos. Teve a impressão de que todo mundo ficou mais quieto do que antes.

Sentiu um frio intenso na barriga, e não teve coragem de olhá-la nos olhos, mas parecia óbvio que ela estava ali para falar com ele.

- Jeon Jeongguk. – Ouviu a voz grave e feminina confirmar seus medos. Arregalou os olhos, mirando com afinco o sanduíche em cima da mesa. – Precisamos conversar.

Jeongguk engoliu em seco.

Ela não era muito de palavras. Na verdade, achava-a assustadora.

Sem saber direito o que estava fazendo, afastou a cadeira para trás com um barulho arranhado e se levantou.

Não fazia ideia do que Elizabeth Lutterback podia querer com ele, mas com certeza tinha a ver com Taehyung, e isso já bastava para deixá-lo aflito.

Colocou a mochila verde militar nas costas e acompanhou a garota em silêncio, sentindo o peso de todos os olhares nas suas costas o caminho inteiro.

Saíram para o pátio externo e Elizabeth Lutterback parou ao lado de uma das colunas de mármore. Ela encostou-se displicentemente na parede branca do edifício, com os braços cruzados e um olhar exigente. Liz tinha um ar meio rebelde, indomável, de quem faz o que quer. Ela o lembrava de sua amiga Songyi e pensou que – justamente por serem parecidas – as duas não se dariam nada bem.

Ficaram calados por alguns segundos e Jeongguk recusou-se a abrir a boca e perguntar o motivo de estarem ali. Não queria cometer nenhum ato falho e acabar dizendo algo que não deveria – coisa que andava acontecendo com frequência demais para seu gosto nesses últimos tempos.

- Taehyung me contou que você o levou a uma lan house. – Ela disse num tom de descaso. Sua voz era grave, nada do que se esperava de uma garota com traços tão suaves e quase angelicais – Foi legal da sua parte. Ele parecia bem feliz hoje.

Mordeu os lábios por dentro, segurando o ímpeto de abrir um sorriso. Elizabeth ainda estava falando de um jeito seco demais, e Jeongguk sabia que seu discurso não terminaria por ali. Mas não pôde evitar sentir-se quente por dentro ao imaginar um Taehyung entusiasmado, comentando com a amiga sobre o passeio dos dois. Queria perguntar a Liz o que ele havia dito, mas se forçou a ficar calado e confirmou com um aceno de cabeça.

- Só que você precisa ser mais cuidadoso com Taehyung. Ele se machucou.

- Ele está bem? – Finalmente abriu a boca, sem conseguir segurar a própria língua.

Sentiu um arrepio percorrer a espinha ao encarar o azul cristalino de seus olhos gélidos.

- Do tornozelo? Sim. Mas ele está mancando, e esse é o problema. – Jeongguk franziu as sobrancelhas, sem saber o que ela estava tentando dizer. – Tem um garoto idiota na nossa sala que gosta de implicar com o Tae, e ele fez umas piadinhas de mau gosto hoje. Achei que Taehyung ficou chateado.

O alma ruim, finalmente. Jeongguk sentiu o sangue ferver e o coração palpitar acelerado ao pensar que estava bem próximo de enfim descobrir quem era aquele maldito.

- Que tipo de piadinhas? – Perguntou entredentes, tentando esconder o próprio incômodo, mas ciente de que não estava tendo muito sucesso.

- Quando ele chegou mancando na aula hoje de manhã, o idiota perguntou se ele tinha perdido a virgindade noite passada. – Explicou, e Jeongguk cerrou os punhos com força – Todo mundo riu, porque aqueles tontos tem medo de virar o alvo dele.

- Então deixam Taehyung ser o alvo?

Liz deu de ombros.

- As pessoas pensam em se proteger em primeiro lugar, e Taehyung é um alvo fácil. Ele não se defende, e faz parecer que não se importa, apesar de ser uma baboseira. Ele obviamente se importa.

Seu tom de voz se tornou mais ameno e Jeongguk notou que ela se preocupava de verdade com o garoto incógnito. Ela claramente estava tentando cuidar dele.

Taehyung tinha boas amigas.

- Qual é o nome dele?

- Eu não posso falar.

Não pode falar?

- O nome, Liz. Eu só quero que você me dê o nome dele.

- Não vou dizer. Mas já aviso que não dá para encrencar com o cara, não mesmo. Acredite, eu faria isso se pudesse. – Ela tentou se justificar – Olha, se eu achasse que contar iria ajudar Taehyung de alguma forma, eu diria. Mas não vai. Está estampado na sua testa que você ficou todo irritadinho, e isso só me dá a certeza de que eu não posso te contar. Você vai piorar as coisas.

Se por “piorar as coisas” ela queria dizer dar uma surra tão bem dada naquele idiota que ele não se atreveria a mexer com Taehyung nunca mais na vida, estava certa. Era exatamente o que Jeongguk pretendia fazer, mas não conseguia ver como aquilo pioraria as coisas.

- Me dê o nome e eu resolvo – Insistiu.

- Não. Taehyung não ia gostar nada disso, e eu estou controlando as coisas da forma como posso, acredite. O bastardo não é alguém com quem se possa mexer e sair impune, mas peço para que tome mais cuidado. Qualquer coisinha boba pode ser um gatilho para aquele babaca, e se tornar algo muito mais grave.

Por uma fração de segundo, Jeongguk sentiu-se pior do que lixo. Doía-lhe saber que ele tinha feito algo que provocara uma dessas brincadeiras imbecis do alma ruim.

Ele queria melhorar a vida de Taehyung, não piorar.

- Você acha que eu devo me afastar dele?

A mera pergunta fazia seu estômago dar cambalhotas incômodas. Não queria ouvir uma resposta positiva.

- Não, eu penso o contrário. Acho que faz bem a ele conhecer pessoas e lugares diferentes. Só queria te dar o alerta.

Ela se desencostou da parede e começou a andar em direção a estátua da Virgem Maria. Jeongguk ficou parado no lugar, atônito. Não sabia o que pensar sobre o que ela tinha dito, nem se deveria continuar a segui-la ou voltar para sua mesa habitual no refeitório.

Liz esclareceu a segunda questão, parando no lugar e se virando para encará-lo.

- Você vem?

Pensou por alguns segundos no que deveria fazer, mas aquela informação sobre a piada maliciosa do alma ruim apenas servira para aumentar sua vontade de reencontrar Taehyung. Para saber se ele estava bem.

Sem dizer uma palavra, ele seguiu a garota estrangeira até o esconderijo secreto do garoto incógnito.

Vislumbrou mais uma vez a estátua coberta de musgo da Virgem Maria. Passar o intervalo ali era o oposto de ficar trancafiado no refeitório, o burburinho de adolescentes conversando ao fundo, as luzes artificiais e o cheiro engordurado de fast food. Jeongguk sentiu a brisa fria do outono tocar-lhe o rosto, silêncio absoluto reinando a não se pelos pássaros que passeavam acima dele, cantarolando sons agradáveis. O sol quente afagava sua pele clara e tudo parecia bem mais colorido do lado de fora. Mais vivo.

Estava divagando sobre o tempo ao se aproximar de Hyeyeon e Taehyung, sentados de pernas cruzadas no chão de cimento. O garoto incógnito abriu um sorriso largo e retangular quando eles chegaram, provocando-lhe um frio na barriga.

- Jeongguk? – Taehyung ergueu as sobrancelhas em sua direção, e o moreno respondeu com um sorriso antes de tomar a liberdade de se sentar ao lado do mais velho, sem pedir licença.

- Oi hyung. – Cumprimentou, achando graça da expressão incrédula estampada no rosto do garoto incógnito.

- Achei ele perdido no meio do caminho. – Liz explicou, e Taehyung olhou para ela de um jeito desconfiado.

- Nós estávamos falando de você agorinha mesmo! – Hyeyeon exclamou com sua voz fina, parecendo muito fofa com um boné sobre a franja escura.

Jeongguk sentiu as bochechas esquentarem ao pensar que ele estava contando sobre o passeio dos dois para todo mundo, e virou o rosto para encarar Taehyung. Podia jurar que ele estava um pouquinho corado também, mas talvez fosse só impressão.

- Taehyung estava me contando sobre o tal Pixel Palace – Ela continuou – Eu não gosto de vídeo games, e a Liz também não, mas ele fez tanta propaganda desse lugar que me deu até vontade de ir! Sério, ele contou que você vai lá sempre. Talvez numa próxima você possa nos levar também, Tae disse que tem um jogo de terror que eu ia gostar.

Ficou feliz por Han Hyeyeon gostar tanto de falar. Mal dava tempo para momentos constrangedores e evitava que ele próprio dissesse alguma bobagem.

Taehyung não parecia chateado como Liz havia descrito há alguns minutos. Ele presenteou Jeongguk com sorrisos retangulares e gargalhadas contagiantes, nem um pouco tímido. Contou que passara sua primeira noite em claro aos sete anos de idade, numa tentativa de contar todas as estrelas do céu. Disse que não era bom em esportes e nem sabia dançar muito bem, mas gostava de caminhar sem rumo por aí. Descreveu um apanhado de histórias, algumas das quais Jeongguk já conhecia pelo diário.

Mas não citou o alma ruim.

Jeongguk não conseguiu tirar o troço da cabeça e passou o restante das aulas do dia encucado com o que Liz havia lhe dito. Queria chegar logo em casa e folhear o diário, procurar mais informações sobre aquele garoto cruel, já que aparentemente ninguém lhe contaria o nome.

Havia descoberto a identidade de Kim Taehyung e certamente poderia descobrir a do alma ruim também.

Por mais que não precisasse ler o diário – agora podia ir diretamente à fonte e conversar com o garoto incógnito – mesmo assim Jeongguk não tinha intimidade para tocar naquele assunto com ele. Também, não podia deixar Taehyung descobrir que sabia sobre o alma ruim. Ele ficaria constrangido.

Estava determinado. Colocou a mochila verde militar nas costas e saiu do colégio, feliz com o frio que fazia do lado de fora. Amava o frio, e estava ansioso para que o inverno chegasse logo, para que pudesse usar as toucas multicoloridas de sua coleção. Pensou que Taehyung não devia estar muito ansioso para a nova estação, já que ele amava o sol e o calor.

Resolveu colocar os seus deveres de casa em dia – sob os gritos e ameaças da Sra. Jeon. Dessa vez teve que dar razão à sua mãe: seus deveres estavam em sua maioria muito atrasados. Foi só no início da noite, ao vestir seu pijama e apoiar as costas confortavelmente em seu travesseiro, que Jeongguk decidiu que era hora de procurar pistas e descobrir de uma vez por todas quem era aquele garoto maldito.

Querido Diário,

Hoje queria falar sobre o meu vizinho e amigo, Hobi. Não, não vou usar o nome real dele porque eu decidi proteger a identidade das pessoas. Até o alma ruim eu resolvi proteger! O único nome real que tem aqui é o do Ramén – acho que ele não se importaria.

O Hobi é um cara muito divertido. Ele adora jogar vídeo games e dançar aleatoriamente, mesmo que sozinho no quarto – coisa que às vezes eu vejo porque a janela do quarto dele é bem na frente da minha – e quando nós éramos mais novos até conversávamos pela janela com um daqueles telefones feitos de copos e barbante. Não dava muito certo, claro, e a gente acabava tendo que berrar, mas era bem legal.

Sempre fiquei triste pelo Hobi não estudar no mesmo colégio que eu pra me fazer companhia, mas hoje em dia acho que foi melhor assim. Não queria que ele escutasse as coisas que os outros garotos falam de mim pelos corredores, eu ia ficar com vergonha. Na verdade, acho que teria medo de ele deixar de ser meu amigo se soubesse.

Mas eu falei de tudo isso porque queria chegar num ponto, Diário. Depois que o alma ruim e os outros começaram a falar que eu gosto de meninos, não consegui mais tirar isso da cabeça. A pessoa com quem eu mais gosto de passar meu tempo nesse mundo é o Hobi, e eu sempre o achei muito bonito. Então, se eu realmente gostasse de meninos, talvez eu estivesse gostando do Hobi e nem tinha me tocado disso?

Sério, não me julgue, por favor. Eu não consigo parar de pensar nisso e não tem ninguém com quem eu possa conversar sobre o assunto. Eu comecei esse diário porque a única pessoa com quem sinto que posso conversar além da Ray, é o Hobi, mas tem certas coisas que eu não quero contar nem pra eles. Mas precisava desabafar de alguma forma.

Droga, agora eu estou com vergonha. Até você, caderno velho, vai me colocar em uma caixinha estereotipada e pressupor que eu sou um garoto anormal?

Por favor, não faz isso. Você é tudo o que eu tenho.

Hobi? Quem diabos era Hobi?

Devia estar feliz por saber que Taehyung tinha outro amigo – um garoto para variar – mas não conseguiu ignorar o próprio incômodo.

Se Taehyung não se sentia confortável em confidenciar seus segredos nem para aquele amigo antigo, que chance teria ele? Percebeu que acabara de chegar na vida do garoto incógnito e já estava querendo sentar na janela.

Refletiu sobra a passagem e decidiu que o fato de o Incógnito cogitar estar interessado demais no tal de Hobi não era importante. Jeongguk não iria estereotipá-lo, nem pressupor que era anormal. Não, não deveria dar tanta atenção a esse fato. A questão realmente importante é que ele estava confuso e não tinha com quem conversar sobre assuntos que o deixam constrangido.

Queria ser o confidente. Não iria julgá-lo, mesmo. Não tinha nada que Taehyung pudesse dizer que faria com que se afastasse dele. Já estava dependente de seu jeito excêntrico e seu sorriso brilhante. Se ele gostava daquele amigo, não tinha problema. Talvez pudesse ajudar, mesmo não tendo a menor experiência no assunto. Ou talvez pudesse só ouvi-lo e quem sabe isso ajudaria de alguma forma.

Checou a data no diário e viu que a passagem tinha sido escrita em meados de maio. Já fazia cinco meses. O que será que Taehyung fizera sobre o assunto? Ainda estaria em dúvida?

Teria se confessado?

Folheou mais algumas páginas do diário, a fim de tentar descobrir o que acontecera em seguida. Só encontrou trechos de poesias deprimentes e algumas linhas aleatórias e curtas.

Não consigo dormir mais, infelizmente. Estou cansado de pensar.

Não gosto que os outros façam suposições sobre mim, Diário. Principalmente você!

Ele pareceu mesmo ter brigado com o caderno de couro, e Jeongguk não conseguiu encontrar – pelos três dias seguintes ao trecho de maio – nenhuma passagem de Taehyung falando das coisas que ama. Era como se aquele fosse ainda mais outro Taehyung, um terceiro. Não o tímido e adorável, nem o espontâneo e expressivo.

Um Taehyung quebrado.

Sentiu uma coisa ruim apossar de si e se forçou a fechar o diário e largá-lo para lá. Nossa, um aperto no peito enorme! Ler aquilo não havia lhe feito nada bem e ele precisava se distrair com qualquer coisa, qualquer bobagem que pudesse tirar aquela sensação horrível.

Vislumbrou O Grande Gatsby, há dias abandonado no criado-mudo. Precisava terminar de ler logo, o tempo estava se esgotando e Jeongguk teria que devolver o livro em breve. Logo faria dez dias desde que havia ido à biblioteca municipal com Taehyung.

Mas se concentrar na história daquele tal de Jay, obcecado por sua amada Daisy-de-voz-de-dinheiro, foi impossível. Tinha coisas demais rondando na mente.

O alma ruim, esse tal de Hobi, o aviso de Liz. O Taehyung quebrado.

Precisava ler só mais o próximo trecho decente do diário ou não conseguiria tranquilizar a própria mente. Encontrou uma parte um pouquinho mais longa que as outras, mas era um poema. Jeongguk não gostava muito de poemas.

Ainda assim, resolveu ler.

Há um pássaro azul em meu peito que quer sair
mas sou duro demais com ele,
eu digo, fique aí, não deixarei que ninguém o veja

Há um pássaro azul em meu peito que quer sair
mas sou bastante esperto,
deixo que ele saia somente em algumas noites
quando todos estão dormindo.

Eu digo: Sei que você está aí, então não fique triste
depois, o coloco de volta em seu lugar,
mas ele ainda canta um pouquinho lá dentro,
não deixo que morra completamente
e nós dormimos juntos
assim
como nosso pacto secreto
e isto é bom o suficiente para fazer um homem chorar.

Mas eu não choro,
e você?

Fechou o diário. Não dava para ler mais. O poema só fizera aumentar aquele aperto sufocante ao redor do peito e fez com que se sentisse o próprio pássaro azul. Preso.

Taehyung se considerava preso dentro de si mesmo.

Não compreendeu de todo o motivo, mas antes que finalmente caísse no sono, Jeongguk chorou.


Notas Finais


E aí meus chuchus? Faz pouco mais de uma semana, eu já estava com saudades!
Gostaram desse capítulo? Espero do fundo do meu coraçãozinho que sim.
Estou tendo pouco tempo para escrever /: estudo jornalismo, então estou sempre escrevendo alguma reportagem para a facul, o que infelizmente deixa menos tempo para minhas amadas fics :( bubu.
Então por favor não desistam de mim, e COMENTEM! Tá bom? tá.

Sério, não esqueçam de comentar (nem por preguiça - se a carapuça servir!) pra me dar um ânimo amigo e me deixar toda felizinha e serelepe.

e conversem comigo também <3
twitter @ btsnoona_
curiouscat / btsnoona
instagram @ larissalair

Nos vemos em breve, eu espero.
Beijocas amoras,

~BtsNoona


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