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História Inconstante - 23


Escrita por: Rebscorrea

Notas do Autor


Oi gente tudo bem? Eu ia postar esse capítulo só amanhã mas estou animada para que vcs leiam. Obrigada por acompanharem a história até aqui, por todos os comentários e por não desistirem da história ❤❤❤❤
Espero que vocês gostem!!!

Capítulo 23 - 23


Os dias tinham passado mais devagar do que o normal para Harper. A ansiedade era tanta, que sua mente mesmo sem querer, tinha feito ela se esquecer das coisas que poderiam acontecer, das surpresas que a vida pode trazer quando estamos muito felizes. Seus pais não tinham ligado e em momento algum tentaram contato com ela, se tivesse um detetive particular a vigiando, ela não teria percebido. Conhecendo os pais que tinha, qualquer possibilidade ainda era superestimada e não seria uma surpresa da qual ela se agradaria.  


Harper acordou antes do horário e não demorou muito para se arrumar, suas coisas já estavam prontas há alguns dias. Ela havia repensado aquele primeiro dia de aula milhares e milhares de vezes, planejado cada detalhe dele, desde o momento que chegasse na faculdade até o instante em voltaria para casa.


- Finalmente - disse Luke quando ela entregou o capacete para ele depois de descer da moto, os dois observavam a entrada da universidade - eu sabia que você ia conseguir.


- Eu nem acredito que tudo isso está acontecendo - disse ela com um misto de admiração e expectativa.


Luke se despediu deixando sua garota viver um momento que era só dela. Por mais que ele incentivasse e estivesse feliz por ela, aquele era o momento dela se sentir realizada, dando seus passos sozinha e construindo a carreira que sempre quis. 


Depois das duas primeiras aulas, Harper foi até a reitoria pegar um formulário sobre os professores disponíveis para serem tutores, ela não queria perder nada e já estava avaliando por qual projeto começaria.


- Eu tinha certeza que ia valer a pena esperar.


Harper ficou paralisada com o susto que tomou. Não era apenas susto, parecia que ela tinha visto um fantasma, mas era pior que isso.


- O que foi Harper? Não achou que você ia aprontar tudo isso e nós iríamos deixar você aí achando que estava tudo bem - Daphne olhava para ela com tanta satisfação que se alguém visse a cena ficaria extremamente confuso. 


Os pais pareciam tão felizes em vê-la, mas o pânico estampado no rosto da garota deixava claro que ela estava quase correndo perigo.


- Você sai de casa, quase nos faz sofrer um acidente e quando vê seus pais é essa a reação que você tem? - Max perguntava de forma cínica - não está feliz em nos ver? Não está feliz em ver seus pais Harper? Achou que nós não te acharíamos?


- Eu não vou a lugar nenhum com vocês - disse a garota voltando a si - vocês podem tentar me internar, me tirar daqui a força mas eu não vou.


- Acha que nós também não sabíamos disso? - Daphne parecia finalmente conseguir o que queria - você já provou que não se importa com nada, nem com a sua família, nem com o nome que carrega, com nada do que planejamos para o seu futuro.


- Então porque vieram atrás de mim?


- Você ainda vai querer insistir nessa loucura por quanto tempo? - Max encarava a filha - nós não temos todo o tempo do mundo. A vida não é esse conto de fadas que você pensa que é Harper. Você já está bem crescida para achar que esse tipo de paixãozinha vai durar a vida toda, que vocês vão ficar juntos pra sempre. Isso não vai dar em nada.


- Vocês não entenderam ainda que essa é a vida que eu quero, que eu sonhei com isso por anos?


- Ah nós entendemos - disse Daphne - mas também entendemos que não fomos diretos com você. Todo mundo tem seu preço Harper.


- Eu não vou me vender, ainda mais pra vocês dois.


- Nós temos uma proposta pra você - disse Max - nós deixamos você fazer faculdade de artes, se especializar nisso...


- Sei - disse ela com deboche - e o que vocês querem em troca?


- Você volta pra casa e deixa esse garoto.


- Eu sabia. As coisas sempre tem que ser como vocês acham que tem que ser, vocês não aceitam que existem pessoas que não querem levar a vida que vocês levam, que não ligam para o nome que as pessoas carregam e sim para o que elas são de verdade.


- Você vai acabar cedendo.


- Como pode ter tanta certeza? - Harper encarava a mãe esperando a última carta que ela tinha na manga - você não sabe o que temos, não sabe o quão verdadeiro é. Acha que eu simplesmente vou aceitar uma oferta?


- Vamos tirar você do testamento - disse Max - e caso você cometa o mesmo erro de novo e acabe engravidando, saiba que não vamos reconhecer a criança como nosso neto.


- Eu não esperava menos de vocês. Isso só prova que vocês nunca conheceram a filha que tiveram. Vocês querem tirar o dinheiro, vão em frente, podem fazer isso eu não ligo. Eu posso muito bem trabalhar e me sustentar. E caso eu fique grávida de novo, não se preocupem, vocês não vão nem chegar a conhecer o meu filho. Agora com licença eu estou com pressa e preciso voltar para a minha aula.



Harper deixou os pais tremendo de raiva. Por não ter pensado que eles poderiam aparecer na faculdade como fizeram, por ser ingênua e pensar que eles não fariam uma última tentativa. Mas principalmente por eles tentarem comprá-la. Ela parou no corredor e respirou fundo, essa foi a última vez, provavelmente não voltaria a ver seus pais, eles a tirariam do testamento e contariam a todos que ela era uma filha rebelde é que eles fizeram de tudo pra que ela fosse feliz. Mesmo sabendo de tudo isso ela ergueu a cabeça e se lembrou que já tinha conquistado muita coisa, ela só precisava continuar seguindo em frente.


******



*Aproximadamente dois meses depois*


Luke e Harper caminhavam em silêncio pela praia, já faziam quase sete meses desde a suspeita dela de estar grávida. Mesmo que nenhum dos dois quisessem falar sobre isso, seus pensamentos estavam conectados nas possibilidades do que poderia ter sido. Caso ela não tivesse sofrido o acidente, já estaria quase tendo o bebê. Ela sentiu uma lágrima escorrer pelo seu rosto.



- Eu sinto falta dele - disse ela enquanto Luke a abraçava - mesmo sem saber como era o rostinho dele, como ele seria e como nos chamaria. 


- Ele sempre vai ser a nossa melhor obra, o que fizemos de melhor - disse Luke limpando as lágrimas dela - ele foi muito amado, mesmo que tenha sido extremamente curto o tempo que ele ficou aqui - disse ele colocando a mão na barriga dela - você cuidou dele da melhor forma possível.


- Eu sei que podemos ter outro filho - disse ela - mas ele vai ser sempre o nosso primeiro.


Luke se levantou e ajudou ela a fazer o mesmo. Estava um dia estranho, não pela chuva ou pelo vento frio, mas a combinação de ambos com o sentimento que invadia os dois. Eles andavam de volta para o galpão torcendo pra que aquele dia acabasse logo. Os olhos de Harper vagavam involuntariamente pela praia perto do cais, mesmo sem querer eles captavam tudo.


- Luke - ela fez o garoto parar abruptamente - tem uma criança ali - disse apontando para algumas árvores alí perto.


- Não Harper - disse Luke que não tinha visto nada - deve ser as sombras pregando peças.


Novamente ela viu, era um pequeno ser que estava se escondendo.


- Luke eu não estou louca - disse ela apontando na direção que tinha visto - tem uma criança se escondendo ali.


Ele ficou observando, tentando ver o que ela já tinha visto.


- O que aquela criança está fazendo ali? - perguntou ele enquanto puxava ela em direção as árvores.


- Eu não sei, está frio e aqui não é um lugar pra crianças - Harper estava preocupada - eu disse que não estava louca.


Eles se aproximaram vendo o pequeno ser que tentava correr.


- Espera - disse Luke enquanto a pegava no colo. Ela deveria ter uns quatro anos, era tão pequena e indefesa - qual o seu nome pequena?


- Ei - disse Harper a pegando dos braços de Luke - o que você está fazendo aqui sozinha? Cade o seu papai e a sua mamãe? - a garotinha apenas levantou os ombros, estava suja e tinha alguns arranhões no rosto.


- Luke precisamos procurar os pais dela, eles devem estar desesperados.



Eles saíram perguntando pras pessoas se alguém conhecia aquela criança mas todos respondiam que não. Luke foi até a delegacia se informar, talvez alguém tivesse dado queixa, mas ninguém tinha feito isso.


- O que fazemos com ela? - Harper perguntou com a garota nos braços - não podemos deixar ela por ai.


- Vamos levar ela pra casa - disse Luke - ela parece estar com fome, precisa dormir e... Ela gostou de você - disse ele vendo como a menina não queria largar Harper.


- Precisamos comprar alguma roupa pra ela, com essas ela não pode ficar - ele apenas concordou.



Luke as deixou no galpão e foi comprar as coisas que Harper tinha pedido, ele sabia que ela cuidaria da garotinha da melhor forma possível, mesmo que fosse apenas por uma noite. Harper tinha preparado o banho pra ela que olhava atentamente para cada canto do galpão, como se estivesse perguntando o que aconteceria.



- O que você estava fazendo sozinha lá? - perguntou Harper novamente para a menina, que novamente levantou os ombros - vem, vou te dar um banho bem gostoso - ela pegou a menina no colo a levando para o banheiro. Harper tinha deixado a banheira cheia de espuma e a criança riu com isso.


- Harper - chamou Luke enquanto entrava com mais sacolas do que o esperado.


- Estamos aqui - gritou ela do banheiro.



Ele riu quando viu a bagunça que elas estavam fazendo.


- Acho que alguém se empolgou um pouco - Harper observou Luke ainda com as sacolas.


- Eu vim ver como essa pequena está - disse ele deixando as sacolas e se juntando a Harper.


- Agora bem cheirosa e mais a vontade. O que um banho de espuma não faz?!


- Qual o seu nome pequena? - ele perguntou enquanto Harper a enrolava na toalha, mas novamente ela apenas levantou os ombros e sorriu. Ela tinha algumas manchas roxas nos bracinhos e isso fez Luke olhar preocupado pra Harper - você é muito valente sabia? - ele levou a menina pra cama enquanto Harper pegava o pijama que ele tinha comprado.


- É assim que vamos te chamar: Valentina. Você gosta? - ela fez que sim com a cabeça e sorriu.



Harper trocou ela e penteou seus cabelos, Valentina parecia gostar. Ela ficou brincando com Luke enquanto Harper preparava a mamadeira. Ele a pegou no colo e deu de mama pra ela enquanto Harper tomava banho. Ela sorriu ao sair do banheiro e ver a cena: Luke contando uma história enquanto Valentina insistia em mexer no piercing dele.


- Acho que não sou só eu que gosta desse piercing - ela brincou enquanto Valentina ia para o colo dela - fala pra ele vai tomar banho - disse Harper fazendo a menina rir.


- Só vou se ganhar um beijo - disse Luke e Valentina logo se jogou em seus braços.


Eles já estavam apaixonados por aquela menininha que tinha transformado aquele dia tão triste em um momento especial.


- Precisamos dar queixa - disse Luke ao sair do banho e ver as duas deitadas, Valentina dormia nos braços de Harper.


- Porque alguém faria isso com ela? É tão pequena e indefesa. Por quantas coisas horríveis ela deve ter passado para ficar sozinha e machucada - disse ela acariciando o cabelo da menina.


- Eu não sei - disse ele se deitando e abraçando as duas - mas se existe pessoas sem coração a ponto de fazer isso, nós temos e vamos cuidar dela - ele deu  beijo na menina e um em Harper - se ela foi abandonada nós vamos descobrir, e seremos os pais dela.


*****


Harper acordou ouvindo risadas, a de Luke ela já conhecia, mas havia outra, uma risada gostosa e inocente. Ela se virou vendo Luke brincar a menina que estava adorando aquilo.


- Olha só quem acordou - disse ele indo pra cama - bom dia.


- Bom dia - disse ela - bom dia princesa - disse ela pegando Valentina - você estava brincando é? - a menina fez que sim com a cabeça.


- Xixi - disse ela pela primeira vez - eles riram e Harper a levou para o banheiro.


- Harper - Luke a abraçou depois que as duas haviam voltando e Valentina olhava os quadros com muita atenção - estou preocupado com ela, ela não fala nada e recuava se eu apontava para as marcas no braço dela.


- Ela deve ter sofrido muito, mas vamos cuidar dela. Espero que ela não volte para a pessoa que fez isso.


- Ela não vai, não vamos deixar. Vamos cuidar dela - disse ele a beijando e logo em seguida sentindo suas pernas sendo agarradas. Valentina estava no meio deles.


- Você quer um beijo também? - Harper perguntou enquanto Luke a pegava no colo - vamos encher você de beijinhos - disse ela enquanto a menina abraçava cada um de um lado, unido os ainda mais.


Luke e Harper foram com Valentina para a delegacia fazer o boletim de ocorrência. Por mais que isso fosse o correto a fazer, Harper estava com o coração apertado por não saber o que aconteceria com a menina. A situação era delicada e ela sabia disso, para uma criança tão pequena ser encontrada só é machucada, algo muito grave já tinha acontecido.



- Boa tarde - disse Harper para um policial que estava no balcão - precisamos fazer um boletim.


- Sobre? - perguntou o ele sem olhar pra ela.


- Encontramos essa criança - disse Luke - ela estava sozinha na praia e queremos saber se não tem ninguém procurando ela, não tem queixas?


- Eu vou verificar - disse o homem procurando alguns relatórios e voltando em seguida - não há queixa sobre desaparecimento de nenhuma menina no perfil dela.


-  E o que fazemos? - perguntou Harper sem ter informações do que aconteceria.


- Olha moça vocês não podem deixa lá aqui, ela vai para o conselho tutelar e provavelmente para um orfanato.


- Ah que ótimo, ela não pode ir para o orfanato, a situação não vai ficar totalmente resolvida. Ela está machucada e provavelmente sofreu agressões até a encontrarmos. Não tem outra solução? - ela não esperou ele responder - tudo bem se não tiver, nós ficamos com ela.


- Olha garota - disse o policial estúpido - ou você deixa ela aqui e ela vai para o conselho tutelar e para um orfanato, ou você fica com ela.


- Com toda certeza eu fico com ela.


- Então fazemos o boletim que você encontrou a menina, um pedido de visita da assistente social e uma audiência com o juiz. Porque você diz que não vai deixar ela ir para o conselho tutelar, então vai adotar ela?


- Sim nós vamos - disse Luke com firmeza.


Eles fizeram o boletim e preencheram os documentos necessários para um pedido de adoção com urgência.



- E o que fazemos enquanto isso? - Harper perguntou.


- Nada, seguem suas vidas e esperam alguém dar queixa sobre a menina, caso isso não aconteça em um mês a audiência será marcada.


- Obrigada.


Eles deixaram a delegacia com um misto de preocupação e alívio. Nenhum dos dois queria que a pequena Valentina fosse embora, mas a preocupação maior naquele momento não era apenas ela ir, e sim voltar para a pessoa que a estava maltratando. 


Por mais que parecesse loucura, Harper sabia que não tinha encontrado a garotinha por acaso. Era um presente, a resposta para uma pergunta que ela fazia desde o acidente.


- Eu liguei para os meus pais e eles falaram para irmos lá esse fim de semana - disse Luke quando sairam da delegacia.


- Tudo bem - disse Harper - vou ter que conversar com a sua mãe sobre os horários.


- Temos uma garotinha pra cuidar agora - disse ele dando um sorriso pra Valen que não queria sair do colo de Harper.


- Estou preocupada - disse ela - com o que vai acontecer nesse mês.


- Vamos cuidar dela - disse Luke - e esperar, não tem mais nada que possamos fazer.


A real preocupação de Harper era o que poderia acontecer depois daquele mês. Eles já tinham se apaixonado pela pequena desde o momento em que a encontraram, e se apaixonariam ainda mais no mês em que ela estivesse com eles. Harper e Luke não tinham um histórico muito bom de expectativas que se realizavam como eles queriam, o medo deles naquele momento era ficar com ela e dar a pequena todo o amor que eles desejavam dar ao filho deles e um mês depois, alguem a levar embora. Eles a levaram para comer e as pessoas que olhavam podiam jurar que ela era filha deles.


- Não adianta ficar preocupada com isso agora - disse Luke parecendo ler os pensamentos de Harper enquanto ela ajudava Valentina a comer.


- Eu sei que não mas... Não sei se aguento uma perda dessa outra vez.


- Talvez não haja perda. Não é possivel que algo tão bom aconteça e seja tirado de nós assim, não de novo.


Harper queria muito acreditar que o universo não faria isso com eles novamente. Mas era tão complicado manter as esperanças quando ela não fazia a menor idéia se ficaria mesmo com Valentina. Parte dela sabia que essa era a resposta do porque tudo aquilo tinha acontecido, mas a outra parte tinha medo que fosse apenas um sonho do qual ela poderia acordar a qualquer momento.



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