História Incontrolável - Capítulo 19

Quando Louis acordou já passava das onze da manhã, mas a primeira coisa que ele sentiu foi a falta do corpo quente de Harry ao lado do seu, isso o fez abrir os olhos rapidamente enquanto se espreguiçava, mas não precisou procurar muito para encontrar Harry. O Styles estava sentado na beira da cama, de pernas cruzadas e completamente concentrado no caderno apoiado em seu colo e no lápis deslizando agilmente pelo papel.

Louis ainda se sentia tão feliz por aquela conquista de Harry que voltou a deitar calmamente, sem que o outro percebesse que ele estava acordado, e apenas o admirou por um longo tempo.

Harry parecia estar em outro lugar enquanto desenhava e Louis percebeu que amava aquele brilho tão vívido e intenso nos olhos verdes, os lábios avermelhados eram mordiscados pelos dentes enquanto Harry franzia o cenho se concentrando ainda mais em algum ponto específico do desenho e alguns dos seus cachos, meio revoltos por ainda não terem sido penteados, caíam sobre o belo rosto... Vendo-o daquele jeito, Louis desejou também ter o dom de desenhar e pintar porque Harry sim merecia ser eternizado em alguma obra de arte.

Os dois estavam tão concentrados, Harry em seu desenho e Louis no rosto de Harry, que demoraram um tempo para enfim se olharem nos olhos e sorrirem um para o outro.

-Bom dia. – Harry deixou o caderno e se atirou por cima de Louis, segurando o rosto dele com carinho e beijando-o rapidamente nos lábios antes de Louis afastá-lo com uma gargalhada porque eles sequer tinham escovado os dentes ainda.

-Está desenhando há muito tempo? – Louis perguntou quando Harry se acomodou melhor sobre ele, apoiando o rosto em seu peito e suspirando ao ter os dedos do Tomlinson deslizando carinhosamente pelos seus cabelos.

-Um pouco, já estou quase terminando... É o desenho que irei entregar para o Zayn mais tarde. – Harry contou, seus olhos se fecharam com o carinho recebido e ele pensou que adoraria se todas as suas manhãs fossem assim.

-Posso ver? – Louis pediu e Harry não hesitou em assentir, mas resmungou quando precisou sair da posição confortável em que estava para que Louis pudesse se sentar e alcançar o caderno na beira da cama. –Está lindo, Harry.

-Nem está completo ainda. – murmurou enquanto sentava ao lado de Louis e apoiava o rosto no ombro dele.

No desenho se via as silhuetas de dois garotos de costas, garotos que Louis não teve dificuldade alguma de identificar como Harry e Zayn, cada um tinha um braço passando pelos ombros do outro enquanto olhavam para um lindo mar.

-Minha mãe uma vez nos levou para uma viagem incrível até uma praia linda, foram dias maravilhosos. – Harry explicou.

-O Zayn com certeza vai amar. – Louis virou o rosto para beijar o topo da cabeça de Harry com carinho.

-Quando eu acordei e peguei o caderno para começar esse desenho me deu um medinho estranho. – Harry começou a dizer depois de alguns instantes.

-Medo de quê? – Louis fechou o caderno e segurou uma das mãos de Harry, entrelaçando seus dedos com os dele em um encaixe perfeito.

-Não sei, de não conseguir de novo, de voltar a travar... Foi um longo tempo.

-Eu entendo. – Louis disse. –O seu medo é completamente compreensivo, mas agora que você conseguiu ultrapassar o que estava te travando, tenho certeza de que ficará cada vez mais fácil, esse medo não vai te paralisar mais.

-Acho que você está certo. – Harry queria mais do que tudo que ele estivesse mesmo certo. –Estar desenhando e pintando sempre foi uma das coisas que mais me deixavam feliz, mas também sempre foi algo relacionado à minha mãe, então quando ela se foi... Bem, não sei, às vezes acho que não conseguir mais fazer isso foi um jeito que eu encontrei de me punir um pouco, era como se eu não merecesse mais ser feliz.

Louis abriu a boca para dizer algo, mas percebeu que Harry precisava desabafar mais, então se manteve calado e apenas ouviu.

-Eu estava no quarto ao lado quando ela morreu, dormindo tão profundamente que não percebi nada e... E depois, na manhã seguinte, já era tarde para fazer algo.

Louis esperou mais um tempo, mas Harry não disse mais nada, então ele beijou a mão do Styles amorosamente antes de se virar para ficar de frente para ele e olhar profundamente nos olhos verdes.

-Você, em hipótese alguma, teve culpa de algo, entendeu?! O que aconteceu foi terrível e eu não consigo nem imaginar o quanto isso ainda dói e sempre vai doer em você, mas nada disso foi sua culpa, Harry!

-Eu sei, quer dizer, eu racionalmente sei disso... Mas ainda é um pouco difícil. – Harry suspirou e encostou a testa contra a de Louis. –Mas acho que estou conseguindo lidar melhor com isso agora, ter voltado a desenhar é um bom sinal, não é?!

-Claro que sim. – Louis assentiu. –E você podia procurar alguma ajuda também, tipo...

-Terapia? – Harry afastou um pouco o rosto e arqueou uma sobrancelha. –O Zayn e os pais dele viviam me dizendo isso.

-Você podia ao menos tentar, eu fiz por um tempo quando as coisas estavam mais difíceis com o meu pai, quando ele começou a ficar mais distante, e me ajudou. – Louis disse. –Você podia tentar ao menos uma vez, não é?

-Não sei. – Harry deu de ombros. –Posso pensar nisso.

-Ok. – Louis sorriu. –Agora termina o seu desenho enquanto eu vou ao banheiro e preparo algo pra gente comer.

-Tudo bem, eu também preciso ligar para o Zayn e combinar para ele nos encontrar no bar mais tarde.

-Não se esqueça de pedir para ele chamar Liam e Niall também. – Louis estalou um beijo no pescoço de Harry e recebeu um tapa na bunda ao sair da cama, os dois sorrindo.

Harry o viu sair do quarto e se jogou na cama, deixando um profundo e pesado suspiro escapar, conversar com Louis era sempre tão bom, mesmo falar sobre os assuntos mais difíceis e pesados era mais fácil e leve, ele sempre ficava mal quando falava sobre a mãe ou sobre aquela culpa irracional que sentia pela morte dela, mas conversar sobre aquilo com Louis era diferente, Louis sabia ouvir e sabia exatamente o que e como dizer, e então eles mudavam de assunto de um jeito natural e simples e as coisas ficavam mais leves de novo... Era como se, cada vez que tinha Louis ao seu lado, Harry conseguisse tirar um pouquinho daquela tonelada de pensamentos e sentimentos ruins e obscuros que lotavam sua mente e o seu coração há muito tempo.

Louis era mesmo como uma luz... E Harry não sabia como ficaria quando toda aquela luz fosse para Londres!

   ****

Eles comeram uma mistura de café da manhã e almoço enquanto viam pelas grandes janelas que começava a chover e Harry mandava mensagens para Zayn ir encontrar os dois mais tarde no bar, ele estava ansioso para contar a grande novidade ao amigo, e para lhe entregar o desenho que já estava completamente pronto.

-Zayn disse que Liam e Niall também vão. – Harry falou ao largar o celular e ir ajudar Louis a terminar de lavar a louça. –Eles nos encontrarão no bar.

-Vai ser divertido. – Louis sorriu e deu um rápido beijo em Harry antes de lhe entregar um dos pratos para que ele secasse. –Não vai chamar algum dos seus outros amigos também?

Louis não os conhecia muito, mas tinha certa curiosidade em conhecê-los melhor porque de certa forma eles também faziam parte da vida de Harry, e tudo o que tinha a ver com Harry lhe despertava curiosidade e interesse.

-Não dessa vez. – Harry foi para trás de Louis e o abraçou, beijando-o no pescoço repetidas vezes. –Mas é bem capaz de algum deles estar por lá de qualquer forma.

Louis só esperava que o babaca do Gabe não estivesse por lá também, mas manteve o pensamento apenas para si e não falou nada porque não queria estragar o momento falando sobre o sujeito.

-É engraçado como ultimamente eu sequer tenho tido muita vontade de ir para as festas que fazíamos quase sempre ou mesmo para as corridas. – Harry pensou em voz alta. –Você tem me mantido muito ocupado!

-A culpa é minha, é?! – Louis gargalhou.

-É algo bom. – Harry sorriu e afundou o rosto no pescoço de Louis, amando sentir o perfume gostoso do outro e beijar a pele macia ao alcance dos seus lábios. –Ficar assim com você é melhor do que qualquer outra coisa.

Louis sentiu um quentinho gostoso no coração ao ouvir aquilo e se recostou contra o peito de Harry por alguns instantes, depois se virou de frente para ele e segurou o rosto do Styles.

-Me faz tão bem te ouvir falando isso. – Louis declarou. –Eu... Eu gosto cada vez mais de você.

Era mais do que gostar, a cada dia se tornava um pouquinho mais e mais do que gostar.

-Eu também, Louis. – Harry quase ofegou ao dizer, ele tentava não pensar muito na intensidade daquele sentimento porque era algo muito novo e até mesmo assustador. –Vai ser uma merda quando você for para Londres.

-Nós... – Louis começou, mas parou por um instante e mordiscou os lábios ansiosamente. –Nós ainda temos algum tempo e até lá muita coisa pode acontecer, não é?!

-Claro. – Harry sorriu para tentar aliviar o clima.

-Além disso, hoje é um dia para comemoração. – Louis puxou o rosto de Harry para mais perto do seu e roçou sua boca contra a dele suavemente.

Harry apenas assentiu antes de colocar Louis sentado sobre o balcão ao lado da pia, se encaixar entre as pernas dele e beijá-lo profundamente.

Ambos tinham plena consciência de que estavam evitando dois assuntos importantes ali... A ida de Louis para Londres em algumas semanas e, principalmente, o quanto o sentimento entre eles ficava cada vez mais forte... Mas ambos também temiam falar sobre tudo aquilo, então aprofundaram ainda mais o beijo e se perderam um no outro.

   ****

O resto do dia passou preguiçosamente, continuou a chover por um bom tempo, então eles ficaram por ali mesmo.

Logo depois de eles fazerem um lanche durante a tarde e se acomodarem no sofá, Louis recebeu uma ligação da mãe e conversou um pouco com ela e as irmãs, falando baixinho porque Harry estava dormindo com o rosto apoiado em seu peito.

-Você não tem ideia de como eu fico em paz por tudo estar indo tão bem aí, querido. – Jay disse do outro lado da linha.

Louis podia ouvir as vozes e risadas das irmãs ao fundo e o som o fez sorrir largamente, ele já tinha falado um pouco com cada uma, mas estava morrendo de saudade delas.

-Eu estou muito feliz, mãe. – ele murmurou.

Harry se remexeu e Louis rapidamente usou a mão que não segurava o celular para acariciar o cabelo do Styles, que logo voltou a dormir.

-E sobre o Harry...

-Mãe! – Louis exclamou com um sorriso, ela tinha ficado intrigada quando ele disse que estava na casa do Styles, e suas irmãs mais velhas o encheram de perguntas que ele não respondeu.

-Mas eu nem falei nada ainda. – Jay riu. –Só fiquei curiosa, você parece estar bem próximo dele.

-Eu estou sim. – admitiu. –Ele é incrível e eu tenho passado por uns momentos especiais ao lado dele ultimamente... Mas falo sobre tudo isso depois com mais calma, ok?! Agora me conte mais um pouco sobre como você está... Logo completa sete meses, como estão os bebês?

-Bem, se mexendo loucamente, mas bem... – Jay ainda estava curiosa sobre o envolvimento do filho com Harry, ela confiava plenamente no seu menino e nas escolhas que ele fazia, mas só pelo jeito como ouviu Louis falar sobre Harry percebeu que aquilo já não era mais apenas um caso durante as férias.

-Já estou com saudades, mande um oi para o Dan também. – Louis ainda acariciava os cabelos de Harry.

-Nós todos também estamos com saudade, mas pelo visto ir para Holmes Chapel foi mesmo o melhor que você poderia ter feito.

-Sim, foi mesmo. – Louis olhou para Harry dormindo tão serenamente e sorriu. –Estou cada vez mais próximo do meu pai de novo, já fiz alguns amigos muito bacanas e... Bem, e tem o Harry.

-Então aproveita essas semanas que ainda têm por aí.

-Eu vou, mãe... Eu vou! – Louis suspirou e beijou delicadamente a testa de Harry.

A conversa durou mais um tempo até a ligação ser encerrada e Louis voltar a se aconchegar contra Harry, que ainda dormia, os dois permaneceram deitadinhos ali, encaixados nos braços um do outro, até que Harry acordou e encontrou o olhar carinhoso e atento de Louis sobre si.

-Merda, eu dormi muito? – ele resmungou roucamente.

-Eu gosto de ver você dormir. – Louis disse. –Você fica tão em paz.

-Eu me sinto em paz quando estou com você. – Harry suspirou ainda um pouco sonolento, era como se o seu corpo enfim estivesse conseguindo relaxar e descansar o tanto que não tinha conseguido nos últimos anos.

-Adoro esse seu lado todo doce. – Louis riu carinhosamente, ele ouviu tantas coisas sobre Harry quando chegou na cidade, coisas ditas pelo pai e até mesmo por Niall e Liam... E ele já tinha visto aquele Harry festeiro e até mesmo brigão em ação, mas na maior parte do tempo, ele esteve com um Harry divertido e atencioso, que era sempre atrevido e sexy pra caramba, mas também era sensível, cuidadoso... E, no fundo, Louis já tinha certeza de que aquele era o verdadeiro Harry Styles.

-O que você está pensando que te deixou tão calado de repente? – Harry perguntou.

-Não é nada. – ele desconversou. –Mas já está ficando meio tarde e a chuva deu uma trégua, então é melhor eu ir logo em casa tomar um banho e me trocar para irmos ao bar.

-Eu te levo, só preciso tomar um banho e me arrumar logo também. – Harry se espreguiçou, mas quando tentou sair do sofá, foi puxado por Louis que o segurou ali em seus braços mais um pouco.

-Acho que é melhor eu tomar banho junto com você logo, né?! Nos pouparia tempo porque aí só vou precisar passar na casa do meu pai para me trocar.

-Você tem grandes ideias. – Harry riu e Louis gargalhou alto quando o Styles se levantou e o levou junto, erguendo-o com facilidade em seus braços.

Eles seguiram para o banheiro enquanto trocavam beijos e davam risadas... Mas no fim das contas, o tempo não foi tão poupado assim porque é óbvio que aquele banho acabou demorando muito mais do que o necessário.

   ****

Harry sabia que teria que esperar por Louis do lado de fora porque uma das regras de Mark foi a de que ele não entrasse na casa, por isso ele se recostou contra sua moto enquanto pegava o capacete que Louis havia usado.

-Vou me trocar bem rapidinho e já volto, ok?! – Louis sorriu ao segurar Harry pela jaqueta e puxá-lo para baixo para conseguir alcançar sua boca e beijá-lo.

-Ok. – Harry disse, mas o beijou mais uma e outra e outra vez e eles riram porque não conseguiam parar de se beijar.

-Me deixe ir. – Louis pediu ainda entre risadas e beijos.

-Pode ir. – Harry disse, mas suas mãos continuavam na cintura de Louis e sua boca próxima demais da dele.

-É uma besteira isso de você não poder ir lá dentro. – Louis resmungou.

Harry não se importava nem um pouco de esperar Louis ali fora, era um preço mínimo a se pagar para continuar tendo-o por perto sem Mark perturbá-los e, por sorte, havia parado de chover.

-Não tem problema, sério, vai lá e...

Mas antes de Harry conseguir concluir sua frase, a porta da casa foi aberta e Mark saiu por ela.

-Vi pela janela que vocês estavam aí. – ele disse enquanto se aproximava da moto onde os garotos estavam encostados.

-Eu só vou me trocar rapidinho para sairmos. – Louis já tinha mandado uma mensagem mais cedo contando dos planos para a noite.

-E eu vou esperar aqui fora! – Harry complementou de maneira defensiva.

-Em qual bar vocês vão? – Mark perguntou.

-No do Bill. – Harry explicou, já que Louis mesmo não sabia ainda.

-Tudo bem. – Mark conhecia Bill, os dois eram bons amigos e ele sabia que o cara não deixava as coisas saírem do controle em seu bar, então ficou mais tranquilo. –Eu marquei um jantar com a Liliane quando você me mandou mensagem avisando que iria sair.

-Tudo bem. – Louis percebeu que Harry fez uma leve careta ao som do nome da médica que tinha contado sobre eles um tempo atrás e o cutucou de leve.

-Aliás, eu gostaria que você a conhecesse melhor qualquer dia desses, filho.

-Ah, claro, pode ser. – Louis acabou concordando.

Um silêncio um pouco incômodo recaiu sobre os três por um curto período de tempo, até que Mark o quebrou.

-Harry, eu também gostaria de conversar com você qualquer dia desses.

-Comigo? – ele se espantou. –Mark, eu não descumpri nenhuma das regras que você impôs para que eu continuasse vendo o Louis, não o envolvi em nenhuma confusão ou...

-Não é isso. – Mark o interrompeu, sem deixar de notar como Harry tinha segurado a mão de Louis e entrelaçado os dedos aos dele com força. –Não estou te acusando de nada, só quero conversar... O Louis me contou dos motivos das suas brigas com o Gabe, eu não sabia que ele te perseguia por você ser gay.

Isso deixou Harry bem surpreso, até porque Louis tinha esquecido completamente de comentar com ele sobre a conversa que teve com o pai.

-Gabe é um babaca. – Harry deu de ombros.

-Foi o que eu soube, ele também falou algumas merdas para o Louis, não é?! E...

-Ele não vai mexer com o Louis. – Harry o interrompeu. –Sério, não precisa se preocupar com isso porque eu não vou deixar que ele perturbe o Lou.

Mark sentiu a veracidade nas palavras de Harry e viu no olhar do garoto que ele estava mesmo mais do que disposto a proteger Louis.

-Fico feliz por ouvir isso, mas eu fiquei preocupado com você também. – Mark admitiu.

-Preocupado comigo? – Harry parecia incrédulo.

Louis deu um aperto carinhoso na mão do Styles, ele estava surpreso com aquela conversa do pai, mas também se sentia esperançoso.

-Você pode não acreditar, mas é verdade. – Mark disse. –Eu conversei com o Gabe ontem.

-Sério? – Louis se manifestou, o pai tinha lhe prometido que faria isso, mas ele não achou que seria tão rápido.

-Claro, eu não gostei nada de saber do que ele andou fazendo... Bem, eu disse para ele ficar longe de vocês dois e ele garantiu que ficará, mas acho que o garoto não é muito confiável, né?! Então me avisem se ele aprontar mais alguma, entendeu?

Dizer que Harry estava surpreso era pouco, ele não esperava aquilo do Mark, era verdade que o policial já tinha tentado conversar com ele algumas vezes no passado, mas as conversas nunca deram em nada e a relação dos dois era bem espinhosa desde então.

-Nós avisaremos sim... E obrigado, pai. – Louis sorriu se sentindo realmente grato, o pai tinha ouvido tudo o que ele disse, tinha confiado nele e estava mesmo tentando ajudar.

-E depois ainda quero conversar com você com mais calma, tudo bem, Harry? – ele disse olhando fixamente nos olhos do garoto.

-Tudo bem. – Harry murmurou ainda um pouco incerto.

-Bom. – Mark segurou a chave do carro. –Preciso ir, mas tenham juízo e tente não chegar muito tarde, Louis.

-Pode deixar, pai.

Mark começou a caminhar para o seu carro, mas se virou para os garotos uma última vez.

-E pode esperar pelo Louis lá dentro de casa, Harry... Só não abusem muito, ainda estou de olho. – Mark disse antes de entrar no carro, deixando os dois completamente surpresos para trás, ele esperava não se arrepender de suas decisões, mas algo lhe dizia que ele estava fazendo o certo.

-Puta merda, isso realmente acabou de acontecer? – Harry continuava incrédulo.

-Sim. – Louis riu e se pendurou no pescoço do Styles, beijando-o. –Ele está confiando em mim, ele acreditou em tudo o que eu disse e acho que, finalmente, está percebendo que você não é nenhum monstro.

Harry riu e abraçou Louis com força.

-Você não me disse que tinha falado sobre o Gabe para ele.

-Me desculpe, acabei esquecendo. – Louis murmurou. –Mas estava na hora de ele saber.

-Não sei se vai adiantar muito... Gabe deve estar me odiando ainda mais agora. – Harry disse. –Mas confesso que eu daria tudo para ver a cara dele quando Mark o mandou ficar longe de mim.

-Caras como o Gabe geralmente são bem covardes. – Louis deu de ombros.

-Não acredito que o Mark está mesmo me defendendo, querendo conversar comigo e ainda me deixou entrar na casa dele.

-Ele está realmente se esforçando para se redimir pelos erros do passado. – Louis acariciou o rosto de Harry, seus dedos deslizando delicadamente pelos traços marcantes do Styles.

-É que... Sei lá, são muitas coisas boas acontecendo comigo ultimamente. – Harry afastou os cabelos que caíam sobre a testa de Louis para olhar fixamente nos olhos azuis. –Não estava mais acostumado com isso... Com essa sensação de paz e de felicidade, estou esperando o momento em que alguma merda vai acontecer e...

-Para com isso! – Louis o calou com um beijo. –Já estava mais do que na hora de coisas boas acontecerem com você, ouviu?! Você merece ter uma vida maravilhosa.

Harry apenas assentiu porque estava sentindo os olhos começarem a marejar e não queria chorar ali, mas até pouco tempo atrás, até Louis surgir com aquele olhar carinhoso e gentil, aquele sorriso de tirar o fôlego e os beijos que faziam Harry se sentir nas nuvens, ele não acreditava que merecia ter uma vida maravilhosa... Mas agora, bem, agora era diferente, tudo estava ficando diferente!

-Vem, vamos lá para dentro. – Louis disse com empolgação enquanto voltava a entrelaçar seus dedos aos de Harry e o puxava para dentro da casa.

   ****

Harry olhou para tudo dentro da casa com curiosidade e ainda uma grande incredulidade por estar mesmo ali dentro. Ele deixou Louis guiá-lo pela escada até o segundo andar e para o quarto dele.

-Eu tinha mesmo curiosidade de conhecer o seu quarto. – Harry sorriu e se jogou com tudo na cama.

-Não tem nada para ver por aqui. – Louis foi até o armário e começou a se despir para se trocar.

-Bem, a cama é confortável e a vista daqui é espetacular. – Harry colocou as mãos atrás da cabeça enquanto observava Louis sem vergonha alguma, o olhar percorrendo de maneira ávida o corpo, agora completamente nu, do Tomlinson.

-Para de encarar a minha bunda. – Louis riu ao pegar uma cueca e colocá-la.

-Estraga prazeres. – Harry se levantou da cama e começou a olhar ao redor, realmente não tinha muito para se ver por ali, mas era o quarto de Louis, e ele estava ali dentro com o consentimento do Mark, aquilo ainda era muito surreal e maravilhoso.

-Meu pai nos surpreendeu hoje, né?! – Louis também ainda pensava naquilo, ele estava tão feliz pela atitude do Mark.

-Muito. – Harry concordou. –O que você acha que ele quer conversar comigo?

Essa conversa o preocupava, ele nunca foi muito paciente e Mark nunca o entendeu.

-Não se preocupe com isso. – Louis vestiu um jeans escuro e pegou uma blusa com uma estampa de arco-íris que ele adorava. –Aposto que será uma boa conversa para vocês dois.

-Se você diz. – Harry voltou a se sentar na cama.

Louis escolheu uma jaqueta também escura e a vestiu antes de caminhar até Harry e se sentar sobre o colo dele.

-Vocês só precisam parar de enxergar um ao outro de forma tão negativa. – Louis prendeu os cabelos longos de Harry entre seus dedos.

Um tempo atrás Harry não achava que aquilo poderia acontecer, mas quando Louis sorriu e o beijou ele sentiu que tudo era possível!

   ****

Quando eles chegaram ao bar, Zayn, Liam e Niall já os esperavam do lado de fora.

-Lou! – Niall o abraçou como se fizesse anos que não o via.

-Ei, pessoal. – Louis cumprimentou os três e Harry fez o mesmo.

-Vocês já estão tão casalzinho. – Niall provocou ao ver Harry passando um braço pela cintura de Louis.

-Não seja ciumento, Horan. – Harry retrucou sem se incomodar nem um pouco com o que foi dito pelo outro.

-Vocês são uma graça juntos. – Niall sorriu. –Agora vamos entrar porque ainda agora passou um cara bem gostosinho aqui e eu vi o jeito como ele me olhou.

-Você não perde tempo. – Liam riu.

-Eu preciso falar com o Zayn um instante, já encontramos vocês lá dentro, ok?! – Harry disse quando todos começaram a andar para a entrada do bar.

-Tudo bem. – Niall assentiu despreocupadamente.

Liam também assentiu e deu um beijo rápido em Zayn. Já Louis, que sabia bem o que Harry queria conversar com o amigo, sorriu e o beijou suavemente antes de ir se juntar a Niall e Liam, que esperavam por ele.

-Aconteceu alguma coisa, cara? – Zayn se preocupou, os olhos atentos na expressão do amigo.

-Aconteceu. – Harry mordiscou os lábios e enfiou a mão no bolso da jaqueta, retirando dali o desenho, ele tinha precisado dobrar o papel e o desamassou um pouco antes de entregá-lo para Zayn.

-O que é... – Zayn começou a perguntar, mas parou assim que segurou o papel em mãos e o olhou.

Ele reconhecia o traço do amigo, e os reconhecia ali no desenho, sua mente precisou de alguns instantes para processar o que aquilo realmente significava e a sua garganta se fechou com a emoção que o dominou repentinamente.

-Harry... Você... Ah, você... – ele respirou fundo e olhou para o amigo, vendo que ele também estava emocionado.

-Foi ontem... Eu desenhei o Louis. – Harry explicou. –Ainda não consigo acreditar que aconteceu, eu simplesmente peguei o caderno e lápis que você me deu e... E desenhei.

Um sorriso gigante começou a se formar no rosto de Zayn e Harry sorriu também.

-Eu queria te contar pessoalmente e achei que desenhar algo para você seria bacana... É um jeito de agradecer por você sempre ter ficado do meu lado e nunca ter desistido de mim ou... – Harry não conseguiu terminar porque sua voz começou a embargar.

Mas , de qualquer forma, ele não precisava dizer mais nada. Zayn deu dois passos para encurtar a distância que os separava e o abraçou com a maior força que conseguiu... Eles eram amigos, eram irmãos, e aquele abraço , aquele momento em específico, fez Harry abrir os olhos para o fato de que, apesar de tudo de ruim que tinha lhe acontecido, ele também tinha coisas boas pelas quais ser grato, e a amizade de Zayn sempre seria uma dessas coisas.