História Incontrolável - Capítulo 25

Liliane morava bem mais perto do que Louis imaginou, mas mesmo assim eles já estavam atrasados quando Harry parou a moto na frente da casa dela.

-Seu pai já está aí? – Harry perguntou ao não ver o carro de Mark ali.

-Sim, ele veio bem cedo pra cá hoje, ela foi buscá-lo.

-E então... Eles estão oficialmente namorando? – Harry segurou a mão de Louis enquanto eles caminhavam até a porta da casa.

-Oficialmente tipo nós dois? Com direito a um belo pedido de namoro e tudo?

-Exatamente... Tipo nós dois!

-Não sei. – Louis riu. –Mas acho que esse almoço também é justamente para oficializar as coisas entre eles, sabe?

Harry assentiu ao mesmo tempo em que eles tocavam a campainha e, instantes depois, a porta já estava sendo aberta por uma Liliane aparentemente nervosa e um Mark sorridente ao seu lado.

-Olá, rapazes. – ela os cumprimentou ansiosamente, os dedos remexiam os cabelos soltos e Louis notou que ela usava um vestido lindo.

-Olá... – Louis sorriu sinceramente. –Desculpem o atraso.

-Não foi nada, não precisa se desculpar por isso. – ela abriu mais a porta e eles estavam entrando quando um caminhão enorme e barulhento apareceu na rua e estacionou bem na casa da frente.

Louis logo percebeu que Harry olhou com certa curiosidade para o veículo.

-Aquela é a casa do Gabe. – Harry explicou a pergunta silenciosa que o olhar de Louis lhe lançou.

-É um caminhão de mudança? – Mark também observou enquanto o motorista descia com outro rapaz do caminhão e andava até a casa.

-Sim, eu soube que eles iriam se mudar. – Liliane deu de ombros.

Aquela informação inesperada fez Harry arquear as sobrancelhas e Louis sorriu.

-Eu também não estava sabendo disso, mas acho que é uma boa notícia, não é?! – o olhar que Mark lançou aos rapazes foi carregado de alívio, ele ainda se preocupava com as atitudes do Gabe, então se o garoto e a família iriam mesmo se mudar era realmente uma boa notícia, um problema a menos. –Venham, entrem logo.

Eles enfim entraram, Harry cumprimentou tanto Mark quanto Liliane e Louis recebeu um abraço do pai.

-É uma bela casa. – Louis elogiou enquanto eram guiados para a sala de jantar, onde a mesa já estava arrumada.

-Obrigada. – Liliane estava claramente aliviada por ver como Louis estava sendo amigável. –É pequena, mas eu amo morar aqui, herança de família, era dos meus pais, foi onde eu cresci e fui criada.

Na sala de jantar a mesa, que tinha lugar para exatas quatro pessoas, estava lindamente arrumada, tinha até mesmo um modesto, mas belo arranjo floral no centro... Aparentemente Liliane tinha mesmo se esforçado para ser um almoço agradável e isso fez Louis ficar um pouco mais a vontade, tanto que quando ela foi até a cozinha pegar a comida ele se ofereceu para ajudá-la, deixando Harry e Mark sozinhos na mesa.

-Tudo bem? – a pergunta de Mark fez Harry parar de olhar para as muitas pinturas penduradas na parede e se virar para ele.

-Sim... Hum, obrigado por ter me convidado para o almoço também. – às vezes Harry ainda se sentia um pouco estranho perto de Mark, o que era normal devido a todo o jeito como eles já se relacionaram no passado, mas aquela estranheza estava diminuindo cada vez mais.

-Eu sabia que o Louis se sentiria mais a vontade com a sua presença aqui... E, bem, você é o namorado do meu filho e vocês não se desgrudam... Você já faz parte da família, Harry. – as palavras ditas por Mark pegaram Harry tão desprevenido que o choque transpareceu em suas feições. –Além disso, nessas últimas semanas você me provou como eu estava errado no jeito como te julguei.

Mark ainda sentia-se surpreso pelas mudanças em Harry, ele ainda tinha a língua afiada e aquela aura rebelde e atrevida, mas não tinha se envolvido em nenhuma confusão nas últimas semanas... Talvez tudo o que ele precisasse era de alguém que lhe mostrasse que ele podia ser feliz sendo ele mesmo, sem ter que recorrer à adrenalina das corridas ou as festas que duravam a noite toda... E, Mark tinha notado, Louis era aquela pessoa.

-Obrigado. – Harry murmurou um pouco sem jeito. –Eu também não te julguei muito bem no passado, então estamos quites em relação a isso.

Mark sorriu e Harry se sentiu aquecido por dentro, ele tinha a família do Zayn que era como uma verdadeira família para ele, a tia que mesmo distante ele sabia que se importava, mas a ideia de também fazer parte da família do Louis o deixava inexplicavelmente feliz.

-Tudo bem aqui? – Louis perguntou ao voltar com Liliane e encontrar Mark e Harry se olhando silenciosamente.

-Claro, tudo ótimo. – Mark riu com a preocupação do filho, mas foi o sorriso de Harry que fez Louis ter certeza de que estava mesmo tudo bem.

-Antes de começarmos a almoçar eu gostaria de falar algo rapidinho. – Liliane disse quando todos estavam sentados ao redor da mesa.

Harry olhou divertido para Louis, que o cutucou por baixo da mesa.

-Vai pedir a mão do Mark oficialmente para o Louis? – Harry brincou.

-Harry! – Louis o cutucou de novo enquanto escondia um sorrisinho.

-Eu ficaria honrado! – Mark entrou na brincadeira e Liliane revirou os olhos.

-Não é isso... Ainda. – ela riu. –Mas, sério, meninos... Eu queria esclarecer algo com vocês dois e me desculpar porque eu sei que um tempo atrás compliquei um pouco as coisas quando contei para o Mark que os vi juntos no hospital, mas eu juro que foi totalmente sem querer, eu só percebi que tinha falado demais quando a informação já havia escapado.

-Foi mesmo um assunto um pouco delicado na época, mas está tudo bem agora. – Louis foi sincero. –Não precisa se preocupar com isso.

-Obrigada, eu não queria que vocês ficassem com uma má impressão minha. – Liliane disse e segurou a mão de Mark, que sorria para ela.

-Tudo bem, a fofoca foi perdoada e esquecida. – Harry não se segurou e levou outro leve chute de Louis por baixo da mesa, mas Mark e Liliane apenas riram e o almoço enfim começou.

   ****

A comida estava deliciosa, e foi devidamente elogiada, o que deixou Liliane feliz e satisfeita, a conversa foi extremamente agradável e, ao fim da sobremesa, qualquer um que os visse ali juntos teria certeza de que eram mesmo uma família.

-O Harry parece estar muito mais feliz desde que vocês dois ficaram juntos. – Liliane comentou com Louis quando Harry foi até o banheiro e Mark estava atendendo uma ligação do trabalho.

-Ah, ele me faz muito feliz também. – Louis se acomodou melhor no sofá onde eles estavam, a sala da casa dela era tão aconchegante.

-Todos aqui na cidade vimos como foi difícil para ele depois da morte da Anne. – Liliane murmurou. –Uma vez quando ele foi até o hospital, depois de uma das tantas brigas em que se envolvia, eu até tentei conversar um pouco, mas ele não deu muita confiança.

-Acho que eu dei sorte de chegar num momento em que ele estava pronto para deixar alguém se aproximar e ajudar de alguma forma. – Louis ponderou.

-Agora entendo ainda mais o motivo do Mark se orgulhar tanto de você. – ela disse. –Ele se arrepende muito de ter sido tão idiota no passado.

-Sim, eu sei. - Louis riu ao assentir. –Mas vocês estão bem felizes também, não é?!

-Acho que as coisas estão ficando mais sérias para nós dois agora. – ela sorriu ao dizer. –E sim, o seu pai me faz muito feliz.

Louis entendia aquele sorrisinho apaixonado no rosto dela, ele tinha certeza de que sempre sorria do mesmo jeito ao falar sobre Harry.

-Esses quadros são lindos. – Harry comentou ao voltar para a sala e se sentar ao lado de Louis, passando um braço pelos ombros dele, que se recostou contra o peito do Styles.

-São de uma amiga minha, ela é uma artista incrível. – Liliane estava respondendo quando Mark também voltou para a sala e se acomodou ao lado dela.

-Estão falando das pinturas? – ele deduziu. –Porque o Styles aqui é um artista bem impressionante também.

-Mesmo? – ela se surpreendeu, sabia do talento de Anne, qualquer um na cidade sabia, mas não sobre o Harry.

-Não sei se sou tão impressionante assim, mas eu voltei a desenhar e pintar recentemente e... Enfim, é algo que amo fazer. – Harry deu de ombros ao falar.

-Na verdade ele é mesmo bem impressionante, o talento dele é incrível. – Louis foi rápido em complementar.

-Fiquei curiosa agora, eu sempre me interessei muito por essa arte. – Liliane disse.

-Ele me deu algumas das pinturas que fez, posso te mostrar quando você aparecer lá em casa. – Louis disse, se referindo à casa do pai que agora, finalmente depois de tantos anos, ele já sentia como sendo seu lar também.

-Eu adoraria. – ela se empolgou.

-Não crie muitas expectativas não... O Louis sempre me enxerga melhor do que realmente sou. – Harry falou meio sem querer e ficou inesperadamente sem jeito quando Louis estalou um beijo no canto dos seus lábios.

-A única hora em que Harry fica modesto e tímido é quando estamos falando sobre a arte dele. – Louis disse com carinho e depois olhou com intensidade para o namorado. –E eu te enxergo exatamente como você é.

-Vocês formam um lindo casal... E não estou falando só da beleza física. – Liliane sorriu para eles.

-Obrigado. – Louis riu e encostou o rosto sobre o peito de Harry.

-E vocês já decidiram como será quando o Louis for para Londres? O dia está cada vez mais próximo. – a pergunta foi feita por Mark enquanto ele observava como o filho estava feliz ali nos braços do namorado.

Sempre que Mark via Louis e Harry juntos e a expressão feliz e apaixonada no rosto do filho, ele sentia a já conhecida pontada de culpa por ter deixado um preconceito estúpido criar uma barreira tão grande entre eles no passado. Louis já o perdoou e os dois conversavam muito sobre tudo aquilo, mas Mark tinha certeza de que ainda precisava de um pouco de tempo para perdoar a si mesmo.

-Chegamos a algumas conclusões. – Louis respondeu a pergunta anteriormente feita. –Nós temos certeza que queremos continuar namorando e o Harry decidiu que em breve também irá para Londres, ele quer estudar artes por lá.

-Nossa! São decisões bem importantes. – Mark disse.

-E decisões incríveis também. – Liliane completou. –Aliás, a minha amiga que fez todos esses quadros espalhados pelas paredes aqui de casa leciona em uma escola de artes muito boa em Londres, e fica bem perto da universidade para a qual você vai, Louis... E eu sei qual é porque o seu pai vive mencionando e dizendo o quanto está orgulhoso.

-Isso é incrível. – Louis se empolgou com a informação.

-Se você quiser saber mais sobre essa escola de artes eu ficarei feliz em ajudar, Harry. – Liliane ofereceu. –Posso te colocar em contato com a minha amiga também.

-Eu quero sim. – Harry não hesitou em aceitar. –Obrigado, eu estou planejando ir no próximo ano com Zayn e Liam, mas pretendo passar todo final de semana com o Louis, então isso me dará a chance de conhecer lugares onde eu possa estudar, procurar um canto para morar... E já ter algum contato em uma escola de artes por lá é um ótimo começo.

-Principalmente se ficar perto de onde eu estarei. – Louis olhou de forma agradecida para Liliane antes de se concentrar no rosto de Harry, os dois tinham os mesmos sorrisos largos e o mesmo brilho de esperança e expectativa no olhar.

   ****

Louis não havia tido a menor ideia do que deveria ter esperado daquele almoço, mas certamente foi muito melhor do que poderia ter imaginado e estava se sentindo incrivelmente feliz e aliviado por tudo ter dado tão certo quando ele e Harry foram se despedir, eles até gostariam de ter permanecido por mais tempo, mas ainda precisavam comprar o presente que levariam para o Joe na festa mais tarde.

-Juízo nessa festa, hein! – Mark os alertou enquanto ele e Liliane acompanhavam os dois até a porta.

-Pode deixar, pai.

-Eu sou o juízo em pessoa, Mark! – Harry fez a expressão mais inocente possível e até mesmo Mark riu.

Abraços e apertos de mãos foram acompanhados de mais despedidas e Louis abriu um largo sorriso quando Mark o apertou com força em um abraço demorado.

-A namorada está aprovada. – Louis brincou ao sussurrar no ouvido dele.

-Obrigado por ter vindo, filho.

-Foi muito bom. – Louis disse quando eles se afastaram e se virou para Liliane. –Precisamos fazer isso de novo antes de eu ir embora.

-Claro. – ela não parava de sorrir.

-Na próxima vez será lá em casa. – Mark disse. –E você já está convidado, Harry.

-Eu irei sim. – Harry não achava que aquele almoço poderia ajudá-lo a se sentir melhor, mas foi exatamente o que aconteceu.

Mark continuaria ali com Liliane pelo resto do dia até precisar ir trabalhar, então os dois voltaram para dentro da casa enquanto Harry e Louis seguiam para a moto do Styles.

-Isso foi surpreendentemente bom, não acha? – Louis comentou. –Ela pode até acabar ajudando com a escola de artes em Londres.

-Sim, foi mesmo bem legal, eu nem tive vontade de chamá-la de doutora fofoqueira. – Harry riu, se encostou em sua moto e puxou Louis para os seus braços, beijando-o. –O Mark também disse algo que me surpreendeu hoje.

-Sério? O quê? – Louis passou os braços pelo pescoço de Harry e se encaixou melhor entre as pernas dele.

-Ele disse que eu já faço parte da família, sabe... Da sua família.

-Mas é claro que você faz, baby. – Louis também se sentiu surpreso por saber que o pai havia dito aquilo e o agradeceria depois porque estava óbvio como ouvir aquilo fez bem ao Harry. –A minha mãe já está louca para te conhecer, tenho certeza que tanto ela quanto minhas irmãs e o Dan vão te adorar e eu fico a cada segundo mais apaixonado por você... Então já pode se considerar um pouquinho Tomlinson também.

-É bom ouvir isso. – Harry não foi capaz de esconder o grande sorriso que se formava em seu rosto. –Especialmente hoje que eu estava me sentindo tão emocionalmente instável pela manhã.

Louis assentiu com compreensão, ele amava o jeito como Harry falava de forma cada vez mais aberta e honesta sobre como se sentia, de como ele confiava cada vez mais nele, então ele segurou o rosto do Styles e o puxou para que ficasse mais perto do seu e beijou a covinha linda que apareceu junto com o sorriso de Harry, logo as bocas estavam unidas em um beijo apaixonado. Louis acariciou o pescoço e a nuca de Harry antes de embrenhar os dedos nos cabelos cada vez mais compridos, fazendo Harry grunhir baixinho ao puxá-los.

-Harry... – Louis ofegou quando o Styles sugou seus lábios e tentou reunir toda a sua força de vontade para se afastar, afinal de contas ainda estavam parados na frente da casa da Liliane, mas ele nem conseguiu terminar de falar porque um barulho alto vindo do outro lado da rua os assustou.

Tanto Harry quanto Louis olharam automaticamente na direção de onde veio o barulho e soltaram um suspiro frustrado ao darem de cara com Gabe. Eles estavam tão imersos no momento que compartilhavam e no alívio e felicidade do almoço ter sido tão bom que sequer se lembraram de que Gabe morava ali na frente ou deram atenção para o caminhão de mudança que continuava estacionado ali.

Gabe estava carregando uma grande caixa quando viu Harry e Louis se beijando ali na frente e isso o fez jogar a caixa com tanta força dentro do caminhão que o barulho foi bem alto.

-Cuidado aí! – uma voz masculina gritou de dentro da casa, que estava com a porta entreaberta, mas ninguém saiu de lá e Gabe continuou parado perto do caminhão, olhando com raiva e nojo para o casal do outro lado.

-Essa vizinhança já foi mais bem frequentada. – Gabe não segurou a língua.

-Ah, não se preocupe não, cara, pelo visto você está de mudança, então a vizinhança ficará bem melhor. – Harry também não conseguiu se conter, ultimamente ele tinha sido muito bom em ignorar as besteiras que Gabe ou qualquer outro dizia, mas ficou irritado por justamente aquele babaca ter interrompido o momento deles.

-Vocês ficam se agarrando na frente da minha casa e depois ainda reclamam que sou eu que provoco!

-Você se dá muita importância se acha mesmo que nós dois estávamos nos beijando aqui só para te provocar. – Louis revirou os olhos. –Vamos embora, Harry.

-Bichinhas de merda! – Gabe chegou mais perto do meio-fio da calçada. –Me livrar dessa cidade pelo menos vai me livrar também de ter que olhar para a cara de vocês e daqueles seus amiguinhos nojentos.

-Saber que você vai se mudar é uma das melhores notícias que já recebi, obrigado por deixar o meu dia muito melhor. – a ironia de Harry deixou Gabe ainda mais irritado.

-Talvez eu devesse quebrar essa tua cara antes de ir. – Gabe cruzou os braços. –Ou a cara do seu namoradinho, eu já estou me mandando dessa cidade de merda mesmo, o papai policial não vai poder fazer nada comigo.

-Ameace chegar perto do meu namorado de novo e não será só o seu nariz que eu vou quebrar dessa vez! – Harry tentou dar a volta na moto, mas Louis ficou na frente dele.

-O meu papai policial, como você mesmo disse, está dentro daquela casa ali... – Louis apontou para a casa de Liliane enquanto encarava o Gabe com frieza. –Então é melhor você parar com o seu showzinho preconceituoso, seu merdinha!

-Do que você me chamou?

-De merdinha, ouviu bem agora? – Harry retrucou no momento em que um homem saiu de dentro da casa de Gabe.

-O que está acontecendo aqui? – ele perguntou e Harry, que já conhecia o pai de Gabe e sabia que ele não era muito melhor do que o filho, revirou os olhos.

-Os dois estavam se agarrando aqui na frente e isso é nojento, pai! – Gabe explicou com irritação.

Louis viu, pelo jeito como o pai de Gabe olhou para ele e Harry, que o homem concordava com o filho, mas ele apenas apertou um dos ombros de Gabe.

-Venha para dentro. – foi só o que o homem disse.

-Mas e esses bichinhas vão...

-Do que você chamou o meu filho? – todos estavam tão focados na discussão que não perceberam que Mark e Liliane também tinham ouvido a confusão, saído da casa e agora se aproximavam deles.

Gabe resmungou quando viu Mark, nas últimas semanas ele tinha feito o possível para ficar longe de Louis e Harry, mas na semana passada o pai dele havia recebido uma proposta de trabalho irrecusável em outra cidade e Gabe estava meio irritado com aquela mudança repentina e às pressas, encontrar Harry e Louis se beijando na frente da sua casa fez a irritação dele explodir.

-Está tudo bem, Mark. – o pai de Gabe franziu o cenho. –O Gabe viu os dois se agarrando aqui na rua e ficou um pouco incomodado.

-Não sei o porquê desse incômodo todo. – Liliane disse.

-Vamos admitir que isso não é muito agradável. – o pai de Gabe retrucou com um pouco de rispidez.

-Não estou entendendo, Peter. – Mark olhou diretamente para o pai de Gabe. –Até porque eu mesmo já vi o seu filho se agarrando com algumas garotas pela cidade e não parecia estar sendo incômodo algum.

-Ah, Mark, é completamente diferente!

-Já vimos de quem o Gabe puxou toda a estupidez dele. – Harry bufou.

-Tenha um pouco de respeito, garoto. – o tom de Peter foi exigente.

-Ensine o significado dessa palavra para o seu filho primeiro. – Louis não se conteve. –Não é a primeira vez que ele nos perturba com todo esse preconceito e ignorância que exalam dele.

-E é bom ele não ameaçar bater no meu namorado de novo. – Harry disse, a rua que os separava era bem estreita e sem movimento, então eles não precisavam falar muito alto para se ouvirem, mas mesmo assim já estavam começando a atrair a atenção de alguns vizinhos.

-Ele fez isso? – a expressão de Mark ficou ainda mais séria e irritada. –Ele te ameaçou, Louis?

-Ele não fará nada. – Peter resolveu interferir rapidamente. –Nós iremos embora ainda nessa noite, então vamos encerrar isso por aqui.

-É bom mesmo! – Mark exclamou. –Porque eu já estou de saco cheio das besteiras do seu filho.

Gabe queria poder retrucar algo, mas o olhar do pai o fez ficar calado.

-Tanto faz. – com um resmungo Peter puxou Gabe para dentro da casa deles.

Louis suspirou quando a porta deles foi batida com força.

-Pelo menos essa será a última vez que o veremos. – ele se recostou contra Harry, que o abraçou. –O ruim é saber que existem muitos iguais ao Gabe por aí.

-Infelizmente isso é verdade, talvez a vida ensine algumas coisas ao Gabe com o passar do tempo ou talvez ele continue assim porque algumas pessoas não mudam, mas no fim das contas só o amor importa e precisamos acreditar que é sempre o amor que vence no final. – o pequeno discurso de Liliane fez os três sorrirem para ela.

Mark estava aliviado por ter percebido a tempo como agiu feito um idiota no passado e por não ter se tornado alguém como o Gabe ou o pai dele, mas ele também sentiu certo medo por pensar que o filho poderia cruzar com outras pessoas assim pela vida e prometeu a si mesmo que sempre faria o possível e impossível para que Louis, e mesmo Harry, se sentissem amados e protegidos quando ele estivesse por perto.

E Harry estava mais do que pronto para deixar pra trás Gabe e todas as merdas que ele o fez passar... Ele sabia da possibilidade de ainda cruzar com outros idiotas como o Gabe no futuro, mas agora se sentia muito mais capaz de ignorá-los e não deixá-los lhe fazerem tanto mal.

Abraçando Louis com força, Harry suspirou profundamente e deixou ir embora toda a raiva que aquela discussão havia lhe causado, ele sentiu o perfume gostoso do namorado e sorriu, deixando-se inundar por todos os sentimentos maravilhosos que Louis lhe despertava.

   ****

Louis fez questão de não tocar mais no nome do Gabe pelo resto da tarde enquanto ele e Harry andavam pela cidade e compravam os presentes que cada um levaria para o Joe. Gabe já era assunto do passado!

Comprar os presentes nem foi tão difícil assim porque Harry até que conhecia bem os gostos do amigo, eles ainda tiveram tempo de parar e comer algo no fim da tarde, mas estavam indo tomar um banho e se trocar quando receberam uma ligação do Zayn dizendo que ele, Liam, Niall e algumas outras poucas pessoas já estavam na casa do Joe arrumando tudo para a festa e exigindo a presença e ajuda dos dois, por isso eles acabaram indo direto para lá.

Os pais de Joe precisaram fazer uma viagem urgente naquele fim de semana e estavam se sentindo tão culpados por não passarem o aniversário do filho ao lado dele que liberaram a casa para aquela festa acontecer, mas fizeram Joe prometer que nada seria estragado ou quebrado e por isso quando Louis e Harry chegaram e entraram, porque a porta já estava aberta, eles deram de cara com algumas pessoas afastando os móveis da sala e retirando os objetos mais frágeis e valiosos do local.

-Ainda bem que vocês chegaram! – Liam parou de tentar empurrar sozinho uma poltrona enorme e suspirou. –Preciso de ajuda aqui.

-Vai lá, baby. – Louis disse e deu um tapinha na bunda de Harry. –Coloque esses seus braços fortes para trabalhar.

 -Espertinho. – Harry revirou os olhos, mas entregou para Louis a sacola com os presentes que ele estava segurando e foi ajudar Liam. -Cadê o Zayn que não está aqui te ajudando?

-Ele foi com Nina e uns caras comprar mais bebidas e pegar o bolo porque não dá para ter aniversário sem bolo.

-E o aniversariante? – Louis ainda não tinha visto Joe por ali.

-Adivinha?! Foi só o Niall chegar para os dois subirem de fininho e se trancarem no quarto do Joe, depois eles ainda têm a coragem de fingir que nada está acontecendo. – o tom de voz de Liam estava carregado de diversão enquanto ele falava e Louis e Harry começaram a rir.

Eles ainda estavam rindo quando Zayn e os outros voltaram com mais bebidas e o enorme bolo que foi levado para a cozinha.

-Ei, vocês já fizeram quase tudo por aqui. – Zayn parou ao lado de Louis e passou um braço pelos ombros dele.

-Não com a sua ajuda, já que você deu um jeito de fugir do trabalho pesado. – Liam arqueou uma sobrancelha, mas um sorriso amoroso surgiu no canto de sua boca.

-O quê? Eu... – mas a explicação de Zayn foi interrompida por um barulho vindo da cozinha.

-Se isso for eles destruindo o bolo eu vou matar esses idiotas. – Liam bufou antes de ir para a cozinha.

-Isso será divertido. – Harry gargalhou enquanto o seguia.

-Liam assumiu o papel de organizar a festa hoje e está meio estressado, mas eu vou fazer com que ele relaxe daqui a pouco. – o sorriso malicioso de Zayn não deixou dúvidas sobre os métodos que ele usaria para fazer Liam relaxar.

-Oh, não comece a contar os detalhes, por favor! – Louis o empurrou de leve e Zayn deu risada.

-O Harry parece bem. – Zayn observou. –Deu tudo certo no almoço?

-Sim, foi bem melhor do que imaginei... E o Harry também tomou algumas decisões que eu acho que você vai gostar.

-Sobre Londres? – os olhos de Zayn brilharam.

-É, mas vou deixar que ele mesmo te conte. – Louis sempre acharia linda a amizade deles dois, ele sabia que Zayn tinha sido essencial para que Harry não se perdesse completamente depois da morte da mãe.

-Você não faz ideia de como isso me deixa feliz. – Zayn mantinha o braço ao redor dos ombros de Louis. –Eu estava preocupado com ele por causa da semana que vem.

-Eu sei... Os cinco anos da morte da Anne, né?! – Louis suspirou. –Ele está um pouco instável por isso, hoje de manhã mesmo foi complicado.

-É sempre um dia muito difícil para ele.

-Ele tem sorte de ter você como amigo. – Louis disse com toda a sinceridade.

-E de ter você como namorado.

-E nós também temos muita sorte em tê-lo.

-Agora essa conversa está ficando muito sentimental. – a risada de Zayn ecoou pela sala. –Vamos ver o que está acontecendo naquela cozinha e depois eu juro que vou arrombar a porta do quarto do Joe se ele e o Niall não descerem para ajudar!

Eles seguiram lado a lado para a cozinha, Zayn com o braço ainda ao redor dos ombros de Louis, e Harry abriu um enorme e lindo sorriso ao vê-los... Todos se sentindo incrivelmente sortudos por terem uns aos outros!