História Incubus - Nove

Namjoon (ON)

Apertei os dentes assim que Taehyung apareceu naquele ambiente. Min Yoongi camuflou-se durante meses me infernizando, conseguiu me enganar até a hora que entrei naquele covil e ainda teve a audácia de me enfeitiçar. Estava com raiva. Se Jeon não estivesse ali mandaria aqueles dois demônios de volta para casa sem chances de pisarem na terra tão cedo.

- Bem vindo. –Yoongi saldou seu lacaio ao soltar os lábios do mesmo ganhando o sorriso largo daquele maldito castanho. – Espero que não tenha ciúmes Jungkook

Não poderia usar qualquer feitiço, encantamento ou proteção em frente a um humano e menos ainda em um humano interligado a um demônio. Jungkook poderia perder parte de sua alma ou seu ser se eu fizesse qualquer coisa sem pensar naquele momento. Mas quando ele se retorceu gritando enquanto os dois riam da cena fui obrigado a me por em atividade. Segurei o copo de agua o mais forte possível, me concentrei ignorando os gritos e conjurei um feitiço de proteção o mais rápido que pude.

Seu corpo caiu no chão e em um reflexo rápido joguei a pouca agua que continha no copo nos dois tendo fé que o feitiço tinha sido conjurado o suficiente para enfraquecê-los. Quando ouvi o som da agua queimando as peles o grito de Jeon sessou e agradeci mentalmente por isso apesar de ele estar desacordado. Taehyung me olhava raivoso mostrando suas orbes vermelhas, Yoongi não saiu do lugar e pude ouvir um rosnado crescer em seu peito. Sorri soltando um som nasalado.

- Como detesto ficar esbarrando com essa escoria. – Os olhei demonstrando segurança sobre a situação e jogando o copo na mesa fazendo muito barulho.

- Um caçador. – Sibilou Tae.

- Como conseguiu entrar? – Yoongi levantou-se.

- Assim como você tenho meus truques, Senhor Min- Olhei o castanho que estreitou os olhos para mim. - Achei que haviam lhe dito para esquece-lo Taehyung.

- Caçador, não se meta em assuntos que não são seus..

- Ensine melhor seu serviçal. – Ri para seu jeito abusivo e voltei ao meu tom sério me abaixando e pegando Jeon no colo. – Espero não vê-los mais próximos a ele.

- Você não decide isso. – Yoongi sorria.

- Isso já foi decidido. – Encarei-os. – Uma promessa sem permissão do conselho e forjada com o fogo do inferno condenando uma alma e a privando do livre arbitro. Muito imprudente para um demônio experiente.

Virei as costas e ouvi Taehyung dar passos em minha direção mas acredito que Min o segurou porque ouvi um rosnado . Olhei de canto para trás para ter certeza que sairia dali em segurança e vi Yoongi expor suas garras e atacar o rosto de Tae que colocou a mão sobre o ferimento e ajoelhou-se. Nessa hora agradeci pelo ego que os lideres que essa maldita raça possui.

Olhei Jungkook notando sua pele mais branca que o normal, seus lábios perdiam a cor, o suor escorria por seu corpo notavelmente. Suspirei prevendo meu sofrido futuro. Chutei a porta saindo para a rua e sentindo o ar gelado da noite e xinguei mentalmente procurando um banco pela rua, localizei um na praça atravessando a rua. Olhei para os lados e usando toda minha concentração utilizei de divina velocidade que ganhamos na cerimonia dos anjos. Recostei o corpo de Jeon e utilizei meu celular para chamar meu motorista solicitando que trouxesse outro empregado junto consigo.

Assim que chegaram procurei nos bolsos de Jeon a chave de seu carro as encontrando no bolso da frente e as passei para meu outro ajudante com as especificações do carro e a placa. Peguei o corpo desacordado e o coloquei dentro do carro acomodado. Entrei e partimos rapidamente para minha casa.

[...]

Com o corpo de Jungkook acomodado no sofá de minha sala respirei fundo passando a mão em minha testa enquanto via seus fios estarem completamente úmidos com tanto suor. Tirei o suéter sentando sobre a mesa que havia em frente ao sofá e ficando somente com a camisa polo, encarei minha marca. Eu tinha que chama-lo. Passei os dedos sobre as letras em latim escritas Ad Lucem em um cemi circulo no meu antebraço.No dele está escrito Adsumus.  Formando a frase Aqui estamos para a luz.  Nossa promessa diante dos céus.  

Comecei o encantamento vendo as letras acenderam em dourado uma a uma e apagaram na mesma velocidade. Me restava esperar, e esperava muito o bom humor dele também. Logo meu telefone tocou e lentamente peguei o aparelho, lá estava seu nome Kim SeokJin,  deslizei os dedos na tela atendendo a chama e coloquei em meu ouvido.

- Porque minha marca acendeu em pleno jantar Namjoon? – Jin disse irritado.

- Eles o acharam. – Minha voz soou cansada, apertei a base de meu nariz me preparando para a bronca que levaria.

- Isso explica algumas coisas. – Ouvi seu suspiro fazendo uma reza silenciosa ao não ser repreendido. – Jimin vem relatando como Kook anda cansado e não divide com ele qualquer que seja o problema.

- Nosso feitiço de proteção se desfez? – Perguntei preocupado.

- Não, mas pode ter enfraquecido e eles encontraram um jeito de entrar e localiza-los. – Ficamos em silencio. – Olhe a marca dele. – Apoiei o telefone no ombro e puxei as roupas vendo a marca vermelha como sangue.

- Jin, não esta bom. – Me preocupei.

- Nam, eu tinha que estar ai. Não vai funcionar estando tão longe. – Ele soou realmente preocupado. - Como ele esta?

- Derretendo como um sorvete de baunilha se continuar a perder as cores naturais de um humano. – Tentei aliviar o momento.

- Odeio quando faz isso, você sabe. – E ouvi um barulho alto. – Faça algo útil.

- O jato estará pronto em meia hora e chega ai em mais 40 minutos e mais 40 para você chegar aqui. – Ouvi outro barulho. – Jin o que está fazendo? – Me levantei começando a anda pela sala.

- Socando a parede. – Sua voz oscilou. – O voo não é rápido o suficiente, vou ter que usa-las.

- NÃO! – Gritei no mesmo instante parando meus movimentos. – PRIMIERO PRECISO DE VOCÊ PRESENTE NOS PRÓXIMOS DIAS E SE USA-LAS NÃO TEMOS PODER SUFICIENTE PARA TE MANTE EM PÉ DEPOIS. SEGUNDO EU SEI QUE ELA DOEM, VOCÊ LEMBRA QUE EU SINTO TAMBÉM?

- Nosso dever em primeiro lugar. – Jin tentou me convencer.

- Não tente ser doce comigo agora. Vou usar a energia que puder em cima da marca dele e conter seu espirito. Você fica com os pés no chão e pega a porcaria do avião.

- Nam..

- SEOKJIN  - Respirei fundo. – Se eu sentir a tatuagem das suas assas rasgar a pele das minhas costas eu juro que assim que você pousar no meu terraço eu mesmo vou arranca-las de você e fazer travesseiros com suas penas.

- Foi uma ameaça ou uma piada? – Ouvi sua leve risada. – Se seu jato demorar um segundo a mais quem irá arrancar algo sou eu.

- Obrigado. – Suspirei aliviado.

Desliguei o telefone e já acionei o piloto passando as coordenadas. Voltei minha atenção ao moreno deitado. Posicionei minhas mãos a cima da marca na cintura de Kook e iniciei o encantamento. Minhas mãos esquentaram, uma luz começou a aparecer e intensificou com o decorrer das palavras. Eu devia parar ou esgotaria minhas forças, mas precisava dar todas as chances a Jin. Só parei quando senti meu corpo cair, rapidamente apoiei as mãos no sofá para não cair sobre Jeon. Me sentei no chão escorando minhas costas no sofá, apoiei os braços sobre meu joelhos e abaixei a cabeça sentindo a exaustão me alcançar.

- Jin, por favor .. Chegue rápido. – Pedi mesmo sabendo o tempo que levaria para ele estar ali, mas todo caçador clama por seu anjo.

SeokJin (ON)

Assim que entrei na mansão de Namjoon rapidamente os encontrei na sala. Me preocupei por vê-lo desacordado, mas precisava dar atenção a Jungkook primeiro. Ele parecia estável, Nam deve ter usado a energia até se esgotar para mantê-lo bem até minha chegada, esse caçador idiota tem horas que merece levar uns tapas na cara e em outras eu só queria elogia-lo.

Rapidamente olhei a marca de Jeon e desejei por poucos segundos que os céus me permitissem usar o fogo divino para extinguir aquele maldito íncubus.  Comecei o feitiço colocando minhas mãos sobre o peito do menor, precisava puxar a alma dele. Taehyung havia reacendido a marca trazendo lembranças da vida passada e isso poderia joga-lo no limbo novamente. Logo a luz divina tomou conta do ambiente e senti meus músculos retraírem. Por favor Jeon não esteja tão perdido com seu antigo eu. A luz e apagou. Olhei para o corpo apreensivo e notei as cores voltarem para ele e sua respiração normalizar. Foi como tirar o peso do mundo de minhas costas.

Olhei Namjoon ainda sentado no chão apagado. Respirei fundo e fui até a cozinha pegando uma garra de agua e um copo. Voltei para a sala ficando ao seu lado, servi um copo e joguei em sua cabeça. Demorou um pouco mas logo ele se mexeu balançando a cabeça e me olhando.

- O que esta fazendo? – Perguntou nervoso.

- Te acordando. – Servi o copo novamente e estendi para ele.

- As pessoas precisam saber que Anjos e Demônios são exatamente iguais. – Nam se levantou alcançando o copo. – De nada.

- Me compare novamente com o inferno e passara a ser caçador de papeis no escritório lá em baixo. – Coloquei a jarra sobre a mesa enquanto ele eliminava o liquido do copo.

- Como ele está? – Ele olhou o corpo no sofá .

- Melhor, mas vamos precisar usar a sala. – Suspirei apertando os dedos em minha testa querendo aliviar a tensão.

- Ele está pronto para isso? Não encontramos nenhum jeito de romper o laço que ele possui com aquele demônio Jin.

- Ele tem de estar e qualquer coisa estamos aqui para ajudar os dois a achar o caminho certo. – Me levantei. – Vou me arrumar e você prepare algo para ele comer e o mande lá para cima.

- Você está bem? – Ele me olhou e seu tom me deixou desconcertado, não o olhei e sorri amigavelmente.

-Sim, quando tudo isso acabar ainda vou te punir por sua falta de organização como CEO.  É impossível que tenha realmente de reservar hotel, motorista e ainda esquecido as passagens. – Me direcionei as escadas.

- É muita coisa pra administrar Jin. – Nam coçava a cabeça enquanto olhava o chão e sorri com aquela imagem de arrependido.

- Aceitou a missão quando criança e foi treinado para isso. Seja mais eficiente caçador. – Disse duramente para ele e tornei para meu caminho.

Lembro de quando vi aquele pequeno Namjoon desajeitado e me falaram “Treinara ele para sua próxima missão”. Nós Anjos vivemos por décadas ou até séculos então temos muitos parceiros, poucos recebem a autorização dos céus para beber do liquor dos deuses e se manterem vivos juntos aos anjos para que são prometidos. Lembro de me abaixar e sorrir um pouco apreensivo para aquela criança e então ele tocou meu rosto.

- Você é lindo. – Sorri com sua inocência, ele a perderia rapidamente. – Será meu anjo Jin?  

Acenei confirmando e vi seu sorriso mostrando aquelas doces covinhas que com o decorrer do treinamento dificilmente as via aparecer. Enquanto eu recebi treinamento para agir como um humano comum os caçadores aprendiam a ser como nós e quando tatuavam o bordão em nossos braços dividindo a frase para que ao se conectarem eles recebiam dons necessários para um caçador de demônios. Nam não era meu primeiro parceiro, mas era o parceiro de uma missão importante e seu treinamento foi árduo. O admiro por ter conseguido.

Mas o que ele havia feito semana passada me criou inseguranças e não sabia se podia mais confiar em nosso laço. Talvez fosse melhor levar aos céus e seu conselho o que ocorreu.

- Nam, seu idiota! Porque confessou sentimentos tão abertamente se sabia as regras? – Apertei os dentes me direcionando a minha sala.

Resolveria isso depois de cuidar de Jungkook. Um problema de cada vez.