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História Indiretas - No ponto de ônibus.


Escrita por: markie

Notas do Autor


Olá!! Trazendo uma markjin bem rapidinha e agradável de se ler.
Ela faz parte do winter challenge pelo qual estou participando e deixarei o link nas notas finais.

Tema 14: Sobre um estranho que seu personagem conheceu quando pegava um ônibus.

Obrigada @aestuantic pela capa lindaaaa!!!

Relevem os erros, depois eu reviso direitinho, e boa leitura! <3

Capítulo 1 - No ponto de ônibus.


Toda manhã aquele mesmo garoto caminhava apressado pelas calçadas cobertas pela umidade do inverno. Aparentava estar sempre atrasado, e isso chegava a soar cômico a si mesmo. Poderia haver aberturas de sol ou nuvens carregadas, acinzentadas, era sempre possível observar a maneira rápida que seus calçados ditavam seu ritmo. E Mark Tuan não soube bem como dizer como aquele mesmo garoto tornou-se uma espécie de admiração, contudo assim que notou já era tarde demais para desfazer-se de todo o sentimento.

Naquela manhã em específico estava em seu lugar de praxe: no ponto de ônibus, aguardando o veículo de seu interesse para então seguir durante vinte minutos o percurso para seu colégio. Ele sempre passava às exatas 06h25min na calçada contrária – 5 minutos antes do horário de seu transporte –, com seus fios escuros remexendo-se pela pressa e pelo vento, com sua atenção focada ao aparelho celular e com sua mochila azulada nas costas. Mark Tuan achava adorável a maneira como o desconhecido se portava sem sequer ter trocado alguma palavra com o mesmo.

No entanto, intervindo toda a rotina já organizada, os pés alheios não continuaram seu percurso como de costume e sim rumaram ao seu ponto de ônibus. Perdeu a oportunidade de apreciar sua voz pela música alta nos fones de ouvido quando o rapaz perguntara algo para uma moça que aparentava inquietude. Mas não apenas isso; perdeu também a chance de ouvir o seu riso, que sempre imaginou o mais suave de todos.

Subitamente pegou-se o observando, porém antes que desviasse seus orbes sem ser percebido, os olhos suaves lhe miraram e um sorriso cordial surgiu naquela face.

Seu peito aqueceu-se todo com aquele mínimo gesto.


 

Demorou um pouco para descobrir, por fim, aonde aquele ia todas as manhãs apressado daquela maneira. A verdade era que, aparentemente, ele havia indagado sobre o trajeto de seu ônibus àquela mulher outrora, e que agora frequentava seus mesmos (e mais de) vinte minutos dentro do transporte.

Aquela manhã estava mais gélida do que qualquer outra até então causando dificuldade em encolher-se mais sob seus casacos já grossos. “Está bastante frio hoje, não é?” Dessa vez o ouvira proferir ao seu lado e, após um tempo para confirmar se falava consigo, respondeu-lhe. “Sim, está. Você não gosta?”

“Prefiro a primavera.”

“Bom... É a próxima estação. Já é um alívio, não?” Tentou soar descontraído. A verdade era que Mark não sabia manter uma conversa aleatória num ponto de ônibus.

“Com certeza.” Olhou a forma que o moreno, naquele dia com um gorro sutil, fitava o aparelho celular. “Parece que o ônibus está atrasado hoje. Já são 6h35min.”

“Seu tempo é cronometrado todas as manhãs?”

“Todas não. Mas hoje eu ficaria muito contente se ele não atrasasse.”

Mark apenas deixou o assunto morrer. O ônibus surgindo no fim das ruas lhe dera sentimentos bons, finalmente fugiria daquele ar gelado.



 

A maneira como viraram amigos foi rápida e cômica. Afinal, descobriram durante o percurso gostos em comum que aparentavam serem de outro mundo. E, realmente, aquele rapaz denominado como Park Jinyoung alegrava suas manhãs.

Quando se deu conta, já estava apegado e fissurado em cada reação feita por ele. O sorriso automático que surgia ao vê-lo comentar animadamente sobre algo do que gostava. Mark se preocupava com a forma cuja se apegava às pessoas tão rápido.

No entanto, naquela sexta o moreno não parecia tão feliz. Na verdade estava bem calado e, bom, Mark ainda não sabia se naquela situação Jinyoung preferisse não ser perturbado ou conversar sobre o que lhe afligia. Escolheu, portanto, jogar o famoso “Se quiser conversar, estarei do seu lado. Literalmente.” e até conseguiu arrancar um sorriso curto de seus lábios carnudos.

Durante a breve viagem Mark foi surpreendido pelos dígitos alheios tocando sua mão repousada no próprio colo e, mesmo com todo aquele frio, sentiu-se capaz de aquecer – pelo menos um pouco – o coração do moreno apertando aquele toque.

Foi a primeira vez que Jinyoung tocou-lhe com vontade, compartilhando aquele silêncio lotado de pensamento.



 

Dias se passaram e Mark não tinha mais notícias do amigo do ponto de ônibus. Ele só voltou a aparecer duas semanas depois do ocorrido das mãos dadas e, de quebra, melhor do que a última vez que o vira.

“Você andou sumido. Está tudo bem?” Perguntou tímido, trocando o peso do corpo para a outra perna.

“Sim. Tudo na medida do possível, Mark. Só alguns problemas em casa.” Seus olhos estavam distantes na tela do celular. “E… Posso fazer uma pergunta? O que você faria se alguém terminasse um namoro por sua causa?”

Por alguns instantes a mente de Mark assemelhou-se às telas de computadores dando erro.

“Hm… Eu não acho uma situação agradável.” Foi o máximo que pensou na hora. Aquela pergunta não foi feita para responder dinamicamente. Precisava pensar e considerar todos os pontos possíveis.

“Minha melhor amiga acabou de fazer isso. E por minha causa! Ela acredita que eu tenho sentimentos por ela, mas nós já conversamos sobre isso…” Desabafou num suspiro. “Você gosta de alguém, Mark?”

Park Jinyoung conseguia ser bem direto quando queria. Mudava de assunto num piscar de olhos. E sabia que, mesmo subindo no transporte, não teria êxito em fugir dos olhos esperançosos por alguma resposta. Então ali afirmou ter sentimentos por alguém, deixando claro ser um rapaz, e…

E teve boa parte do trajeto transformado em um questionário sobre tudo o que era amor. Mas quem era Mark para falar daquilo?



 

“E como está o seu garoto?”

Foram dias desde a conversa sobre amor. Mark não achou que sua confissão soaria tão interessante ao moreno. Quem dera fosse o meu garoto…

“Tá tudo bem.”

“Você já pensou em se declarar? Aliás, acho tão injusto você não falar dele comigo! Nós somos amigos agora e já conversamos sobre tantas coisas… Sabe, eu poderia te ajudar! Me conte sobre ele.”

É nessas horas que Mark passava suas digitais pelos cabelos a fim de livrar-se um pouco da timidez que lhe inundava.  Não era como se incomodasse de fato com Jinyoung sendo tão preocupado consigo e seu caso amoroso, ele só não sabia como agir naqueles momentos. Inclusive, como deveria agir?

“Ah, Jinyoung… Você sabe. Ele é mais novo, nos falamos bastante… É muito bonito, é divertido…” Torcia para que o gorro escondesse suas orelhas o suficiente para que o outro não as visse num tom forte de vermelho. “Essas coisas que a gente sente quando gosta de alguém.”

“Faz muito tempo que você gosta desse homem?”

“Algum tempo…”

“Você tem medo de não ser correspondido?” Aquele era o ponto. Park Jinyoung havia atirado o dardo e acertado o centro na primeira tentativa. “Você sabe que só vai saber se você tentar, né?” Por alguns instantes Mark cogitou que, talvez, o mais jovem desconfiasse de seus sentimentos. Contudo, rapidamente descartou porque isso só seria possível se ele lesse mentes.

“É difícil colocar tudo pra fora quando estou com ele. Caso ainda não tenha percebido, eu sou tímido, Jinyoung...”

“Mas, veja, existem diversas maneiras de se confessar para alguém, Mark! Não deixe as tradicionais cartas de lado. É uma maneira ótima de se expressar.” Ideia rapidamente ignorada. Mark era uma negação com papel e caneta igualmente. “Ou você pode treinar em frente o espelho. Ou comigo.”

A última opção despertou interesse no americano que no mesmo instante fitou as íris castanhas do amigo. Não esperava algo semelhante, no entanto, enxergou uma boa oportunidade para falar sem ser descoberto. O coração que batia rápido ensurdecia seus sentidos e, sem notar, já brincava com seus dedos sobre o colo. O ônibus aproximava-se do seu ponto, mas antes que virasse a próxima esquina pediu para que o outro prometesse não lhe caçoar por qualquer coisa possível. Era um pedido besta visando que Jinyoung era incrível, tentou no máximo não deixá-lo ofendido.

“Então… Bom, é difícil falar sobre essas coisas.” Começou olhando para o próprio colo, pensando no que estava fazendo. Entretanto, imaginava que se não fosse naquela hora ele nunca mais conseguiria voltar nesse ponto. “Mas… Você realmente me faz bem. Eu te observava e me apaixonei sem querer. Eu conversava com você e viajava nos teus olhos sem querer. Você sorria e me bagunçava inteiro. Não precisava de palavras; só a sua presença significava muito. E…”

Jinyoung, subitamente, tocou seu queixo e atraiu seus olhos aos próprios. Agora tinha certeza que suas bochechas estariam avermelhadas. Estávamos no fundo do transporte, despreocupando Mark de ganhar a atenção de pessoas indesejadas. E, ali, o outro murmurou tão perto de si que se sentiu tonto.

“Você precisa olhar nos olhos da pessoa pelo menos uma vez enquanto se confessa, Mark.”

Abriu os lábios. Fechou-os em seguida. Entreabriu-os outra vez e deslizou a língua sobre eles devido ao nervosismo. A tela de erro estava outra vez predominando a mente do mais velho, afinal, lá estava Park Jinyoung lhe mirando com intensidade, fazendo seus sentidos apurados a senti-lo. De repente quis muito beijá-lo, mais do que as outras vezes.

“E…” Tentava puxar sua última frase a fim de continuá-la, porém, honestamente, não sabia mais o que dizer. “Eu sinto falta quando você se vai. Eu…” Abaixou o olhar, erguendo-os com uma dose a mais de coragem, fitando fundo o castanho do mais jovem. “Eu gosto de você, Jinyoung.



 

  Não acreditava no que havia acontecido depois de sua confissão que, no fundo, não fora apenas um treinamento. Ele nunca sentira seu coração tão rápido quanto aquela manhã e Jinyoung simplesmente lhe parabenizou, levando o seu nome no final de tudo como apenas parte da interpretação. Mark não conseguia acreditar que a vida havia lhe escolhido para prestar aquele papel de tímido que não consegue expressar o quão gosta de outra pessoa. Ser tímido lhe frustrava, mas ver que Park Jinyoung não pegara seu verde foi mais frustrante ainda.

Foi difícil encará-lo no decorrer dos dias. Ficava inevitável constranger-se quando vivia em suas íris aquela manhã. Achava que nunca mais seria capaz de chegar àquele ponto novamente e, pensando exatamente naquele ponto, estava basicamente convencido a não repetir a cena. Esconderia aqueles sentimentos, nem que se sufocasse. Não desejava sentir aquilo de novo.

No entanto, gradativamente percebia que aquilo era muito mais difícil do que pensava. E, para piorar a situação, via o alerta vermelho piscando incessantemente por causa daquela garota que Jinyoung falara outro dia, a que havia terminado um relacionamento para ficar com ele, que ainda almejava-o.

Subitamente notou que não sabia muito sobre os gostos de Park Jinyoung. Olhou disfarçadamente para o lado, vendo-o concentrado num jogo que o viciou nos últimos dias. Ele estava tão bonito quanto os outros dias. E, quando voltou a atenção aos vidros do veículo, notou que começava a chover.

“Oh.” Jinyoung falou de repente, pausando seu game. Percebeu-o tão perto a ponto de sentir sua respiração em sua pele. “Você trouxe guarda-chuva?”

Mark, por mais cuidadoso que fosse, daquela vez não tinha aquele objeto em mãos. E, depois de negar, não houve palavras que mudassem a ideia de Jinyoung de acompanhá-lo até o colégio. Daquele jeito, mesmo que num completo silêncio, ao seu lado o Tuan sentiu-se cheio de coisas.

Ao se despedir, olhando nos olhos dele, guardou aquele ato como um dos mais importantes. Era frustrante para seu plano de afastar seus sentimentos mais fortes, mas não negava que se apaixonou ainda mais pelo rapaz mais jovem que partia para seu próprio colégio.



 

“Mark?” Ouviu-o chamar, só então notando que havia se distraído por um segundo em seus pensamentos. O café à sua frente ainda fumegava. “O que você acha? Será que ela ficará com raiva se eu a negar pela segunda vez?” Havia se esquecido do assunto em pauta naquela cafeteria.

“Ninguém fica feliz ao levar um pé na bunda, Jinyoung. Ainda mais pela segunda vez. Mas vai depender dela, afinal existem várias possibilidades de ações nesse momento. O que importa é ser sincero.”

“Eu acho engraçado como ela sempre diz eu fico tão feliz de estar ao lado de uma pessoa como você, mas eu me pergunto que pessoa eu sou?” Bebeu do próprio café. “Eu não me acho uma pessoa namorável.” Ligeiramente Mark mostrava interesse arqueando suas sobrancelhas. “Oras, é só olhar pra mim. Você me namoraria?”

Mordeu os lábios em nervosismo. Não esperava uma resposta – ou melhor, uma pergunta – como aquela. Seus olhos de repente tornaram-se fixos na bebida quente, indo contra a energia que Jinyoung impunha a olhá-lo. No entanto, o próprio se pronunciou mais uma vez, deixando-lhe sem alternativas.

Sem demais comentários, era óbvio que namoraria Park Jinyoung.

“O que você vê que não te faz namorável?”

“Eu sou tão sem graça, Mark.”

Não, aquilo não. Ele não aceitava ouvir aquilo.

“Jinyoung… Você é o cara mais legal que eu já conheci. Você não é sem graça. Muito pelo contrário.”

O silêncio que obteve como resposta foi intrigante, embora constrangedor pela mira fixa que recebia. O moreno se mostrava pensativo, até que vestiu um semblante suave com um sorriso de canto.

“Você fica mais transparente a cada vez que te encontro, Mark.” Subitamente tencionou seus músculos, ficando um pouco sem graça de olhá-lo nos olhos.

“O que quer dizer isso?”

“Quero dizer que estou aprendendo a te ler, finalmente.”

 

Mark não sabia se ficava feliz ou aflito com aquela informação.



 

Depois de alguns dias, o Tuan pegou-se refletindo sobre o caso da garota apaixonada por Jinyoung. Notou que agia com certo… descaso sobre ela. Mark nunca aprofundava o assunto e, de quebra, por quais motivos Jinyoung não tentava algo com a mesma?

Mark nunca lhe perguntou.

E a percepção daquilo o levou a outro patamar, onde até agora não possuía coragem para desvendar os gostos do amigo e se o próprio nutria algum sentimento por alguém.

Talvez estivesse ocupado demais enaltecendo sua pele pálida que contrastavam com seus fios negros e os lábios rosados ou simplesmente perdido na própria vergonha por tê-lo tão próximo.

Exatamente como naquele minuto; onde conseguia inspirar o aroma de seu perfume e tomar mais controle sobre si mesmo enquanto sua gravata era ajustada, nada mais nada menos, pelos dedos esguios e sutis daquele garoto.

Mark tinha poucos minutos para ficar apresentável à social que seus pais organizaram na própria casa. Não soube de onde tirou coragem para convidar Jinyoung, mas sabia que não almejava interagir com todos por ali e ter o passe livre dos pais virou a melhor notícia da semana. O Tuan realmente não gostava de eventos sociais.

“Pronto. Você está ótimo.”

“Desculpe pedir ajuda com isso…” Murmurava com a cabeça baixa e suas bochechas avermelhadas. “Meu pai tenta me ensinar a dar nó na gravata desde a primeira vez que precisei usá-la, mas ainda não consigo fazer algo bem feito.”

“Não se preocupe com isso, Mark.” Respondia conforme ajeitava alguns fios de cabelo, ainda próximo do americano. “Quando não sabemos fazer algo, pedimos para quem sabe. Não é assim que a vida funciona?”

Park Jinyoung às vezes possuía respostas pelas quais não sabia rebater.

“Jinyoung...” Chamou segundos depois. “Porque você recusou aquela garota tantas vezes? Ela deve gostar mesmo de você pra terminar outro relacionamento.”

“Mark…” Soltou num riso soprado. “Ela é daquele tipo de pessoa que a cada mês descobre uma paixão nova. Ela não gosta de verdade de mim.” Comentou. “Tanto que anteontem ela já me deixou claro que desistiu e que daria valor para outro rapaz que encontrou pela biblioteca da escola.” Riu fraco, erguendo seus olhos aos do outro. “Além de que… Já sinto interesse em alguém.”  

O coração que martelava incessantemente deixava Mark levemente tonto. O ar lhe faltava por alguns instantes. Seria ele a pessoa mais iludida desse universo se levasse em consideração o olhar insinuativo que recebeu em consideração?

“Vamos descer?” Ele voltou a falar, já se distanciando do Tuan. “Sua mãe pediu para não demorarmos.”

E, mesmo que sentisse vontade de pedir para que esperassem mais um pouco e gastassem mais tempo pelo seu quarto, acabou balançando a cabeça em concordância. Podia parecer estranho em alguma perspectiva na mente do mais velho, no entanto sentia-se necessitado da presença alheia naquele dia.

Depois daquele diálogo, era como se suas emoções doessem enquanto aprisionadas. Como se olhá-lo naquelas roupas tão atípicas do dia a dia somado ao sorriso aberto e aos olhos brilhantes aumentassem seu sentimento a um nível onde seu coração não pudesse aguentar. Mark sabia que alcançaria o seu próprio limite em breve.



 

Após cumprimentarem todos pela sala de estar espaçosa, estabilizaram-se em um canto – assim como Mark desejou – com uma taça de ponche em mãos. O álcool ali era quase inexistente com exceção das champanhes que seu pai gostava de oferecer. Mark gostava de fingir que nem um daqueles amigos de seus progenitores habitavam o mesmo ambiente que si e, portanto, literalmente só tinha olhos para seu amigo. Ambos conversavam trivialidades entre pequenos goles da bebida, o Tuan, como sempre, se sentia confortável daquela maneira.

Isto, claro, até que um filho daqueles rapazes se aproximou e puxou assunto diretamente com Mark. Era Jackson Wang, um chinês simpático cujo já trocara algumas palavras já que era um grande conhecido da família, mas a tensão que emanava cada vez que os olhos dele se cruzavam com o de Jinyoung dissipou todo aquele conforto que sentia até então.

Apoiou-se sutilmente na mesa atrás de si, Jinyoung se localizando à sua esquerda enquanto Jackson à sua direita. Estava tudo na medida do possível, mesmo com aquela tensão praticamente palpável, entretanto era óbvio que o moreno poderia bagunçar-lhe mais um pouco se aproximando e tocando sua mão por cima da beirada do móvel, deslizando-a discretamente e sem pressa alguma até sua cintura. Era claro que poderia se desconcertar um pouco mais ali, na frente de Jackson, certamente na mira de Park Jinyoung – ele não tinha coragem de olhá-lo naquele minuto.

“Eu perdi o seu número quando troquei de telefone, Mark! Será que poderia me passar outra vez?” O chinês proferia normalmente, como se ignorasse a presença do outro amigo.

“Eu ainda não decorei o meu.” Confessou sem jeito, procurando o aparelho no bolso na calça, estendendo-o para o mais jovem. “Deixe o seu número aqui, posso enviar uma mensagem pra você salvá-lo.”

“Obrigado.” Dizia já entregando o celular nas mãos do mais velho, pousando o olhar em Jinyoung. “Vou voltar pra lá agora.” Se referia à companhia de seus pais. “Seu amigo parece não gostar muito de mim.”

E, assim que se fora, Mark pôde respirar fundo. Não sabia o que o silêncio de Jinyoung significava, mas pelo menos a aura estranha se dissipava aos poucos. Levou algum tempo encará-lo, vendo aquele sorriso sem dentes adornando seus lábios, indecifrável. Passou pela sua mente perguntar se estava tudo bem, entretanto, em vez disso, somente retribuiu o ato com timidez para então encarar a bebida ainda em mãos. Deixou-a na mesa, assistindo Jinyoung se distanciar e se pronunciar em seguida.

“Podemos sair daqui por alguns minutos?”



 

“O que aconteceu?” Mark começou, transparecendo inocência na voz e nervosismo em sua mordida de lábio, assim que fechou a porta de seu quarto e estacionou perto dela. Jinyoung se portava diferente de todas as maneiras que vira até o momento e isso lhe deixava ansioso, inquieto.

“Ciúmes, eu acho.” Respondeu diretamente, dando alguns passos pelo recinto, pondo Mark em risco de taquicardia. O que ele encontrou na face de Tuan lhe causou certo riso, seja lá o que fosse. “Depois desse tempo eu entendi que preciso ser direto com você, Mark. Porque mesmo que eu compreenda cada mísero semblante que você vista, você não leva em consideração nada do que eu faço.”

Mark realmente não estava preparado para aquele assunto que surgiu tão de repente.

“Isso… Isso não é verdade. Eu só ficava na dúvida se tudo era real, se existia fundamento.”

“Em todo evento que íamos eu tentava jogar alguma frase que pudesse fazer sentido nesse meio, mas você nunca perguntava sobre o que eu estava querendo dizer.” Comentou com indícios de riso nos lábios, como se fosse cômico – de maneira leve – relembrar a timidez do garoto mais velho.

“Você também merece ouvir tudo o que disse agora, afinal eu já lhe disse tudo, Jinyoung. Mas, infelizmente, você também não me entendeu.” Abaixava o olhar ao não reprimir seus sentimentos, pensando rapidamente nas saídas que teve com o moreno que, àquela altura, entendia sua sentença.

De repente a situação se tornou engraçada.

“Parece que indiretas não funcionam conosco.” Jinyoung disse com humor, colocando-se à frente do acastanhado sutilmente.

“Eu sou tímido demais para ser direto.”

“E para me beijar?” Foi surpreendido pelos dígitos quentes tocando o seu rosto, estabelecendo certo contato visual que resultava em vermelhidão em suas bochechas e num ritmo inigualável de batimentos cardíacos. “Você é tímido demais pra isso?”

“Jinyoung…” Era quase que impossível manter aquele contato.

Mark riu de vergonha, de felicidade, de nervosismo e, antes que pudesse continuar, foi impedido pelos lábios alheios colando-se aos seus. Era como se fogos de artifícios explodissem em seu peito e lhe fizessem agir por si só, tocando devagar o pulso de Jinyoung, aprofundando o ósculo num piscar de olhos.

Sem hesitar, o moreno desceu as mãos até a cintura esguia e trouxe o corpo para perto antes de encostá-lo na porta, vasculhando sua boca, acariciando sua língua, sugando suavemente seu lábio inferior. Era gratificante fazer cada um daqueles atos à medida que Mark se entregava e deixava-se levar pelas carícias, transformando o momento no mais memorável possível.

E, de fato, o beijo de Mark era tão bom quanto imaginava.

Quando o ar fez falta, os braços do Tuan desfaziam vagarosamente o enlace no pescoço de Jinyoung e este diminuía a pressão leve que exercia sobre o outro. Nos lábios vermelhos do americano existia um sorriso que rapidamente tornou-se contagioso e convidativo para diversos selares rápidos. Abraçaram-se e então pudemos suspirar como dignos apaixonados.

“Seu ciúme não faz sentido, Jinyoung.” Mark dizia baixinho, sentindo mais uma vez aquela fragrância que lhe violava inteiro, tomando coragem a partir da mesma. “Porque antes mesmo de falar comigo eu já gostava de você.”

“Que coincidência. Eu fui falar com você exatamente porque me chamava atenção.”

O Tuan não conseguia segurar aquelas risadas breves de vergonha de maneira alguma.

“Não jogue indiretas pra mim daqui em diante. Eu não vou entendê-las.” Distanciou-se o suficiente para olhá-lo nos olhos.

“Não precisamos mais de indiretas, Mark. O que sentimos está bem claro e bem forte entre nós. E é isso o que importa.”

 


Notas Finais


Deixem uma palavrinha antes de saírem, pode ser? <3
Link do desafio: https://spiritfanfics.com/jornais/-winter-challenge-9654111

Espero que tenha sido agradável! Para mais markjins: https://www.spiritfanfiction.com/listas/-markjin-2844936

Até a próxima! <3


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