História Inevitável - Sete

-Vênus-

Acordei e já eram duas da tarde novamente. Ari não estava ali, e pelo som do chuveiro ligado, deduzi que ela estava no banho.
Eu me lembrava vagamente da noite anterior, estava bêbada demais pra me lembrar de tudo. Me lembro das danças, das cenas que havia visto por ali, e do gosto dos lábios de Ariana. Eu me sentia culpada, não era para realmente ter acontecido, e eu não sabia como agir em relação àquilo. Eu tinha Benjamin, e aquilo foi uma traição, mas eu jamais contaria, o problema é que eu sabia que faria de novo, e isso me assustava.
Ouvi o chuveiro se desligar, e então após um tempo o barulho do secador de cabelo. Esperei deitada, pronta para fingir estar dormindo, mas enquanto eu pensava em como faria, Ariana aparece e me vê acordada.
-Bom dia! –Ela diz alegre.
-Bom dia. –Digo forçando um sorriso.
Ela continua a olhar as roupas do guarda-roupa e tira a minha roupa da noite anterior de lá, ela havia guardado após eu colocar o pijama.
-Vai lá tomar banho. –Ela diz me entregando as roupas, e eu faço isso assentindo.
Em baixo do chuveiro todo meu mundo girava, e eu pude ver no reflexo do espelho, vários chupões espalhados pela minha pele. Puta merda, eu estava totalmente ferrada. Benjamin iria surtar, e eu não podia faltar nas aulas. Meus pais iriam questionar, pois sabiam que eu não estava com meu namorado.
Porém, eu não conseguia me arrepender daquilo.
Fecho o chuveiro e seco meu cabelos, depois visto-me e volto até o quarto.
-Você já vai para casa?
- Benjamin vai questionar minha falta à escola.
-Ele é seu dono por acaso? Eu ein.
-Ele vai surtar, Ari.
-Ele sempre surta.
-É diferente.
-Você ta dizendo que se arrepende? –Ela me olha provocando-me.
-Não. –Então ela vem até mim e senta na minha frente na cama.
-Então qual o problema?
-É uma traição.
-Ok, não vai se repetir. Agora já foi.
-Não. –Digo mais rápido do que imagino, ao ouvir aquelas palavras “Não vai se repetir”, e ela ri.
-Você é confusa demais. – “Você me confunde”, pensei, mas não disse nada.
-O que eu faço?
-Para de ser fraca. Você fez, agora você tem que arranjar um jeito de sair dessa.
-Que ajuda. –Digo ironicamente. –Vou achar. Vou pra casa.
-Hum-hum. –Ela diz me puxando para si e me beijando novamente. Inesperado. Depois se aproxima de meu ouvido, e após mordiscar minha orelha sussurra.- Relaxe.
Então me levanto e saio dali, caminhando até em casa.

***

Ignorei todos os comentário que recebi em casa, e liguei para Benjamin, porém ele não atendeu, e eu agradeci. Não sabia o que falar, liguei apenas por querer me importar, mas eu estava  confusa demais no momento.
Virei na cama, e abracei meu travesseiro olhando o relógio. Meu celular toca, e quando atendo me surpreendo ao não ser Benjamin, e sim Arthemis.
-Vê! Por que você não foi à aula?
-Longa história, prefiro não tocar no assunto. Sabe do Ben?
-Ele ta bolado por você faltar e não falar nada.-Então reviro os olhos sabendo que ninguém veria mesmo.
-Ah sim. Tentei ligar, mas ele não atendeu.
-Ele saiu com os garotos. Estava pensando em sair contigo, topa?
-Hoje não Tê.
-Por que? O que foi? Você ta bem?
-Não. Sim. Não sei.
-Cinco minutos to aí. –Ela diz e antes que eu pudesse impedi-la, ela desliga o telefone.
Continuo observando o teto, e então ouço a campainha e a voz de Arthemis lá em baixo. Logo ouço passos na escada e Arthemis chega no quarto, me vendo jogada na cama.
-O que aconteceu com você!? –Ela exclama me observando, mas não respondo. –Miga, me responde! Não me ignora!- Então me levanto
 a olhando.
-Fui em uma festa.
-Tá, acho que isso é claro. Ta com cara de ressaca, cabelo cheirando cigarro... Mas e esses chupões?
-Você não vai querer saber.
-Fala logo!-Então olho pra ela com uma expressão de “Me deixa.”- Não vem com essa carinha, só fala.
-Ariana. –Então ela se choca e me encara com olhos arregalados.
-Quê? –Ela solta após longos segundos.
-Você ouviu.
-Sim. Só não acredito. Puta merda Vênus! Se o Ben ver isso...
-Você ta ajudando de uma forma, que olha, ta o máximo!
-Desculpa, é que olha... Você ta bem fodida.  
-Eu sei, karalho!
-Coloca gelo, sei lá.
-Os chupões é o menor dos meus problemas.
-Pera. O que?
-Eu faria de novo.
-Você ta bêbada?-Então reviro os olhos.
-Estou completamente sóbria.
-Então por que você ta falando isso?
-Porque é a verdade. Eu faria de novo. Não me arrependo, por mais que eu tente, não consigo me arrepender. –Digo colocando as mãos sobre o rosto. –Eu to tão fodida. – Então ela me abraça.
-Ok. Você ta mesmo.
-Que que eu faço?
-Primeiro vamos dar um jeito nesses chupões depois a gente vê o resto.
-Ta.

Então Arthemis foi buscar colher, gelo, limão e tudo que fosse recomendado pra tirar essas marcas, e devo dizer, ter a companhia dela era um conforto imenso.