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História (In)findo - (In)consciente


Escrita por: darit

Notas do Autor


Musica citada no capitulo nas notas finais.

Capítulo 3 - (In)consciente


Porque o vazio que ecoava em seu peito era maior do que poderia suportar; porque a dor de se sentir quebrado e irrelevante era mais do que sua mente frágil poderia suportar... porque... Yuri listava aos poucos o porquê da decisão que estava prestes a tomar, as palavras rugiam alto, a voz em sua mente ria em desdém, “fraco”, ela sussurrava entre o riso e Yuri se desesperava cada vez mais. – Fraco. – Repetia para si mesmo, mas o que fazer se doía demais? As lagrimas se perdiam na garganta; o celular jogado ao lado do corpo vibrava indicando mais uma ligação perdida. Tudo em seu íntimo era a mais pura bagunça e suas ideias se perdiam na iminência do fim.

A voz robótica que ecoava do celular de Victor o trazia uma sensação ruim, seu estomago embrulhava a cada novo sinal de caixa postal; onde estaria Yuri agora, o que ele estaria fazendo? Victor tinha medo daquela resposta, tinha medo do que esperar quando o encontrasse, desejava vê-lo bem, nem que fosse para manda-lo embora novamente. O caminho de sua casa até a do outro, parecia deveras infinitamente longo e aquilo o deixava nervoso. Victor estava angustiado, seus nervos à flor da pele; se perguntava a todo instante de onde vinha aquele medo enquanto sussurrava que tudo bem, tudo estava bem, Yuri definitivamente estava bem... ele queria acreditar nisso, mas o medo que fluía pelos sus poros o lembrava que talvez não fosse verdade.

Fim, afinal o que era a existência? O que era o fim? Yuri refletia sentado no chão do banheiro; dos seus olhos vermelhos nem mais uma lagrima fluía, a calmaria que se instalara em si lembrava aos poucos aquela que vem antes da tempestade. Seus olhos vazios pareciam o recuo das ondas antes da destruição causada pelo tsunami e ele sorriu. Existência: estado de quem o do que subsiste, sobrevive; o fato de se viver, de estar vivo, vida... ambíguo demais para sua mente frágil; existir era viver? Mas o que era viver? O que é se estar vivo? Teria ele a capacidade para sobreviver a mais aquilo, para se pôr de pé e sustentar-se com uma força que definitivamente acreditava não ter? Seus dedos estavam trêmulos, o sorriso que emoldurava seu rosto pálido beirava o macabro, em sua mente uma pequena melodia ecoava, onde ouvira aquele piano tantas vezes antes? Por que a tristeza que essa melodia o trazia agora parecia tão errada?

Yuri lembrou-se, quantas vezes Victor havia a tocado para si? Quantas vezes aqueles dedos longos desliavam pelas teclas do piano como se fosse simples demais, como se qualquer um pudesse o fazer; aquela melodia o trazia conforto as vezes, o enchia de melancolia; então por que agora o deixava tão triste, por que sua mente insistia que ele deveria lembrar qual o nome, por que essa deveria ser a última coisa a preencher seus pensamentos?

Por alguns instantes Yuri se esqueceu da dor, as notas tão vividas em sua mente embalavam seu corpo enquanto caminhava pelo apartamento, seus pés descalços hora ou outra se feriam contra os cacos de vidro no chão, mas não doía mais, tudo era tão indolor, talvez Yuri não fosse mais capaz de sentir. O quão fundo ele deveria ter mergulhado nesse oceano de insatisfações e incertezas para que a pressão em sua mente fosse tão gritante ao ponto de deixa-lo em estado de puro torpor? Quão grande seria a sua a sua dor para o fazer não sentir mais nada? Nas gavetas do armário buscou algo que servisse aos seus planos, não poderia falhar dessa vez, não quando sua própria existência era uma falha do universo, uma brincadeira de mal gosto.

Os frascos que ocupavam a gaveta o fizeram sorrir e se perguntar a quanto tempo não tomava aqueles medicamentos; as laminas que havia conseguido no banheiro tinham um brilho tênue demais, talvez um pouco mais vivido do que o seu próprio brilho inexistente. Sentado na sala, deixou que o som da TV entupisse seus tímpanos, alguns comprimidos caindo das suas mãos tremulas enquanto os levava até a boca; o corte firme e profundo nos pulsos era incongruente com os tremores que percorriam seu corpo. Mais uma vez a melodia soou em sua mente sobrepondo-se ao barulho da TV, Yuri queria lembrar-se; mesmo que tudo se perdesse aos poucos na sua débil extenuação a melodia seguia consigo, já quase se aproximado do fim. Yuri acreditou ter ouvido batidas em sua porta quando a melodia do piano parou... “Stay in Memory, Yuri”, Victor o dissera uma vez enquanto tocava... “Para que fique em sua memória assim como o nome diz...” Victor sorria daquela vez; Yuri sentiria falta daquele sorriso, foi seu último pensamento antes de tudo virar nada.

A porta arrombada a força fora apenas mais um sinal do claro desespero, Victor desejava não acreditar nos seus olhos quando teve a visão do corpo pálido de Yuri juntamente com o sangue que tingia tudo em um tom rubro demais; seu grito chamara a atenção de todos no andar; recusava-se a largar o corpo semimorto mesmo quando o socorro havia chegado. Yuri ainda não estava morto os socorristas diziam... ele estava...

- (In)consciente. – Aquilo que Victor não desejava, mas Yuri preferiu escolher.


Notas Finais


Musica: https://www.youtube.com/watch?v=_vjjq-HyetM (Stay in Memory - Yiruma)


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