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História Infinita Escuridão - I


Escrita por: marcosgomes360

Capítulo 1 - I


Até que o sol não brilhe, acendamos uma vela na escuridão.”
                                                                                                           Confúcio

 

 

Chiara Gabrielle acordou ao som do despertador. Estava frio e nublado, aliás, como sempre estava em Villarreal. Havia chovido na noite anterior e pela janela ela via que as ruas tinham poças d'água. 

Ela levantou, fez sua higiene no banheiro e se olhou no espelho. Viu uma garota branca de rosto oval, com grandes olhos castanhos e cabelos negros curtos, mais curtos do que o normal. Ela não se achava bonita, mas também nem se importava. Em seus dezesseis anos ela era satisfeita consiga mesma. Vestiu seu uniforme escolar e desceu.

Seu pai, Toni, estava tomando café. Policial, ele passava o dia no plantão. Ele era o único parente vivo de Chiara.

- Bom dia, pai - saudou Chiara.

- Bom dia, Milagre - disse Toni - dormiu bem?

- Nada mal. Pai, hoje à tarde, eu vou ver Thomas na estação.

Thomas era o amigo mais próximo de Chiara. Ele morava em Vilarreal, mas estudava em um colégio de uma cidade vizinha, por isso ele ia e voltava de trem todos os dias.

- Como sempre, não é? - disse ele - tome logo seu café ou vai se atrasar.

Chiara tomou café e se despediu do pai com um beijo. Ela saiu para frente de sua agradável casa de dois andares com poucos cômodos e uma garagem, onde Toni guardava o carro de patrulha. Uma tênue tinta azul dava à casa um ar sóbrio, e a grama era impecável, assim como as flores, que coloriam desde a varanda da frente até a cerca de madeira. Tudo isso era fruto do hobby de jardinagem de Toni.

 

O ônibus amarelo já a aguardava estacionado na calçada. Ela entrou e se acomodou no banco mais escondido onde ninguém a incomodava. A escola em que estudava era rigorosa e exigia uniformes conservadores. Sua gravata incomodava um pouco, mas ela já tinha se acostumado. Os outros alunos conversavam normalmente enquanto o ônibus percorria ruas com casas simpáticas, de uma cidade pequena.

Olhando pela janela embaçada, seus pensamentos se voltaram para seu pai. Ele havia a criado sozinho, pois a mãe de Chiara havia morrido quando ela nasceu. 

Foi um parto sofrido em um hospital, que piorou com um blecaute geral na região. O médico trabalhou no meio das trevas para receber Chiara, mas não conseguiu salvar Edith, que morreu pouco antes das luzes voltarem. Toni quase enlouqueceu. Destruído por dentro, só se acalmou por causa de Chiara. Ao ver aquela doce garotinha, seu coração se aqueceu novamente. Ele lhe deu o nome de Chiara que significa "Clara" em italiano, e lhe apelidou de "Meu Milagre".

Ela havia ouvido essa história durante toda a infância.

***

O ônibus freou na frente da escola. Os alunos saltaram para a calçada, e Chiara se apressou para o prédio de quatro andares em estilo imponente. Ela avançou por corredores com alunos quietos, como a direção exigia. Chegou a sua classe, em que os colegas aguardavam o início da aula.

Alice, uma garota de cabelos loiros longos e ondulados e com olhos azuis que todos achavam meio biruta sorriu e acenou para ela. Assim como seu irmão Connor, mais louro, mais alto e tão biruta quanto. Eles eram a coisa mais próxima que ela podia chamar de "amigos". Chiara se acomodou numa carteira próxima a eles. 

A professora entrou logo após o sinal tocar.

***

 Logo após a aula, Chiara, Alice e Connor foram para a Praça Central, que ficava poucos quarteirões do Colégio. Era um lugar grande, com diversas árvores de folhas frondosas. Uma estrada de perda atravessava o parque até o ponto em começava o aclive de uma montanha não muito alta, e a partir de lá começava uma estrada de terra que serpenteava encravada na grama e entre árvores até o topo. De lá podia se ter uma visão panorâmica da cidade, com o mar tempestuoso à frente e o farol há muito tempo desativado. Eles sempre iam para lá para descansar e jogar conversa fora.

- Adivinhem o que eu descobri na área restrita da Biblioteca Municipal? - disse Alice, tirando da mochila um livro pequeno.

- Não me diga que é mais uma de suas idiotices sobre magia - desdenhou Connor.

A garota abriu o livro. Tinha uma capa de couro meio gasta por cupins, com um ornamento de metal dourado na forma de um pentagrama. Era cheio de gravuras coloridas e textos escritos em símbolos desconhecidos. Pertencia às Bruxas de Sybil, que teriam vivido na região de Vilarreal até o século passado. Alice era fascinada por elas e tinha todo tipo de coisas sobre, desde livros a fantasias.

- Este é um dos cinco livros Sybilinos originais - afirmou a garota -

- Como você entrou na área restrita? – perguntou Chiara - eles não deixam ninguém menor de dezoito anos entrarem lá.

Alice deu um sorriso sem graça. Chiara percebeu o isso queria dizer.

- Você o roubou sua maluquinha! – exclamou chiara - Não pode fazer uma coisa dessas! 

- Eles não vão sentir falta, Chi – ninguém nunca levou à sério as Sybilianas.  

- Você vai receber Tom na estação hoje, não é? - perguntou Alice.

Tom era amigo de Chiara desde sempre. Quando dois anos antes, os pais de Tom decidiram colocá-lo em um colégio de alto nível na cidade vizinha devido as suas excelentes notas, o mais difícil foi perceber que não o veria a maior parte do mês. Eles eram inseparáveis até então.



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