História Infinity - Capítulo um

Minha mãe chegou exausta em casa, trabalhava 12 horas por dia como garçonete, percebi que ela estava com algumas sacolas nos braços. Como nosso apartamento é no último andar, e não tem elevador, corri para ajudá-la, pois ela tem um problema sério na coluna.

- Poxa mãe, deveria ter me gritado que iria ajudar a senhora, você sabe que não pode fazer esforço! - Repreendi minha mãe, sabia que era ao contrário, "a mãe q deve chamar a atenção do filho", mas eu gostaria de zelar pela coluna dela, ela se esforçava muito no trabalho, isso acabou piorando seu estado.

- Eu esqueci, não se preocupe minha filha, eu que sou sua mãe! Eu que tenho q dar um puxão de orelha. - Ela respondeu brincalhona, não sei como ela ainda consegue brincar com isso. Peguei as sacolas da mão dela e coloquei na bancada da cozinha.

- Mamãeee - Gritou Christopher correndo para os braços de Helena. Não sei como cansada ela ainda consegue dar atenção para o Chris e para a Valentina, se fosse e já teria enlouquecido! - Mamãe, vamos blincar de cavalinho? - Ele perguntou.

- filho, hoje a mamãe está cansada, deixa pra próxima. - Ela disse e ele assentiu.

- Chris, por quê você não vem me ajudar com as compras aqui? - perguntei. - Depois eu ponho você pra dormir e leio uma história.

- Tudo bem - Ele respondeu cabisbaixo.

Tirei de tudo de dentro do saco do supermercado, e fui colocando dentro dos armários e da geladeira, peguei os remédios da mamãe e coloquei dentro de uma gaveta, onde ficava todos os remédios dela. Christopher foi me ajudando com as coisas mais fáceis possíveis, às vezes o levantava para colocar algumas coisas no armário, o engraçado é que ele se divertia.

- Vai ver desenho meu amor, vou tomar meu banho e já coloco você para dormir. - Disse bagunçando o cabelo dele.

Fui ao banheiro para me ajeitar para dormir, demorei cerca de vinte minutos, e quando cheguei na sala, meu irmãozinho estava "desmaiado" no sofá, com um pouco de esforço levei meu irmão para cama, porra, ele tem 4 anos mas também não é uma pena!
Deitei ele na cama e afaguei seus macios cabelos castanhos.
Fui olhar Valentina, para ver se ela estava viva, sim eu tenho esse mania, quando a criança é muito novinha e ainda não sabe falar eu fico prestando atenção nela para ver se ela está respirando, percebi que estava tudo certo e fui para ao quarto ao lado, que dormia eu, e minha mãe. Coitada, doía tanto meu coração ver ela assim cansada, mas logo logo vou começar a fazer faculdade para ajudá-la em casa! Amanhã é meu aniversario de dezoito anos mesmo! Deitei na cama e fiquei pensando na vida, como seria ela se alguém dia minha mãe faltasse, seria um pesadelo! Chacoalhei minha cabeça tentando afastar esse pensamento e acabei dormindo.

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 Maninhaaaa, bom dia - Chris gritou pulando na cama.

- Chris! Desça já! Você vai acordar a neném - Repreendi, o mesmo pediu desculpas em um murmuro que eu quase não escutei, e foi para a sala. A minha sorte é que ele é uma criança muito educada, pede desculpas na hora, se fez algo errado não foi por mal.

Fui ao quarto dele e de Valentina, ela parecia um anjo dormindo, se eu a visse numa vitrine iria falar que era uma bonequinha de porcelana, com os cabelos castanhos iguais aos meus e do Chris. Fui à cozinha para preparar o café, percebi que estava faltando comida mas resolvi não falar nada com a minha mãe quando ela voltasse, para não incomoda-la, resolvi fazer ovo mexido para o Chris, não sou uma chefe na cozinha mas sei o básico para sobreviver, terminei de fazer o ovo mexido, peguei o rosto do suco de laranja e o coloquei os dois sobre a bancada da cozinha, ele já foi corroendo comer, resolvi pegar apenas um pedaço do seu ovo mexido e um gole do suco para economizar um pouco da comida.

Fui pegar a Valentina para dar um pouquinho de leite a ela, como ela não tinha tempo de ficar com a Charlotte, ela deixava leite num recipiente e deixava na geladeira, todo dia ela fazia isso, menos no domingo. Peguei o recipiente e coloquei o leite na mamadeira, botei na pia para depois lavar, fui ao quarto e alimentei a pequena.

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Estava vendo desenho com o meu irmãozinho, vejo minha mãe chegando em casa com uma cara nada boa, parecia que ela tinha chorado, fiquei preocupada, ela nunca chorara na nossa frente, achei estranho, percebi que ela fez um sinal para eu entrar no quarto, já sabia que não era boa notícia, entrei no quarto e lá ela me disse que Hérnia de Disco se agravou, e teria que operar amanhã, tinha 48% de dar certo, mas ela queria arriscar, se não iria ter que usar a cadeira de rodas para sempre.

Não acreditei, fiquei a encarando esperando que ela desse uma gargalhada e falasse que estava brincando, mas isso não aconteceu.

Não sabia o que falar, apenas assenti e a abracei com  toda força, que meus braços ficaram dormentes.

- Vai ficar tudo bem minha filha - Minha mãe disse se desvencilhando do abraço, e dando um pequeno sorriso triste.- Só me prometa uma coisa, se acontecer algo comigo cuide dos seus irmãos.- Uma grande lágrima se formou nos meus olhos, e tudo estava meio embaçado.

- Prometo mamãe - Disse com um fio de voz.

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Estávamos indo para o hospital, estava com o Chris nos braços e minha mãe com a Valentina, já tinha explicado toda a situação ao Chris, como ele é criança pensou que era algo simples, que ela sairia da SO super bem, queria pensar igual a ele.

Chegamos ao hospital e ajudei minha mãe botar as vestimentas para a cirurgia, fiquei no leito com ela até o médico vir buscas

- Vamos? - Dr. Burcker perguntou.

Coloquei Valentina perto de minha mãe para ela a abraçar, Chris deu um abraço bem apertado, e eu a abracei também.

- Mãe estamos esperando a senhora! - Disse já chorando.- Por favor fique viva! Amamos a senhora.

- Eu também amo vocês - Disse sorrindo.

Ficamos na sala de espera, Valentina chorando, Chris fazendo pirraça, e eu desesperada, estava chorando junto com a bebê.  A cirurgia demorou em cerca umas 12 horas.

- Senhorita Parker, infelizmente houve complicações na cirurgia, sua mãe não resistiu, sinto muito. - Ele disse e se retirou.

Não acreditei, a ficha não tinha caído, então eu comecei a chorar. O que eu ia fazer? Tenho dois irmãos mais novos? Como vou cuidar deles? Como vou sustentar a casa? Onde eu vou trabalhar, e a minha faculdade? Foi tudo por água a baixo, desde os meus 13 anos planejando acontece isso, resolvi ir pra casa, resolvi contar pro meu irmão quando estivéssemos em casa. Coloquei Valentina no berço e fui falar com ele.

- Christopher vem aqui, fazendo favor. - O chamei.

- Oi - ele respondeu, estava tão calmo, vai me dar um peso na consciência acabar com essa felicidade

- Você vai ter que ser forte.- Comecei - Lembra que a mãe tinha que fazer uma cirurgia? - Ele assentiu - infelizmente ela não conseguiu sobreviver, e papai do céu achou que era a hora dela ir morar junto com ele. - Disse com lágrimas nos olhos, ele ficou quieto por um tempo e começou a chorar.

- Então a mamãe moleu? - Ele perguntou chorando e eu assenti.

No dia seguinte, seria o enterro dela, não estava preparada mas iria.

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Chegamos do enterro, e como eu já era de maior, estava pensando no que iria fazer, como iria cuidar deles, quando a Valentina crescesse, como eu iria contar que a mãe dela morreu, e nosso pai sumiu? Ela teria uma boa formação? Primeiro fiquei pensando se entregaria eles para a adoção, mas eu os amo tanto, não teria essa coragem, então resolvi me mudar para a cidade vizinha. Columbus.