História Infinity - Viemos aqui pra isso?

Acordo e o Rafa ainda está dormindo. Me levanto e pulo em cima dele.

- Bom dia – grito no ouvido dele – Tá na hora da Bela Adormecida acordar. Eu te disse pra não ir dormir tarde, mas não me ouviu

Ele sorri e me abraça, me prendendo junto a ele como se eu fosse um ursinho de pelúcia

- Rafa me solta, socorro – grito tentando sair dali

- Só mais 10 minutinhos – ele murmura

Como ainda estou com sono, adormeço rápido nos braços dele.

- Bom dia – ele grita, ainda me abraçando

- Cala a boca caralho

- Tá na hora da Bela Adormecida acordar – ele diz e começa a rir – Eu te disse pra não ir dormir tarde.

- Carma* é uma merda – digo e cubro minha cabeça com o travesseiro

Ele tira o travesseiro da minha cabeça e o coloca embaixo da cabeça. Ele fica em silencio e começa a alisar o meu cabelo. Olho pra ele e levanto uma sobrancelha

- Vou no banheiro – ele diz e se levanta

3 minutos depois ele volta com um pote de água e levanta sobre a minha cabeça, como se ameaçasse jogar em cima de mim

- Porra,  não faz isso Rafa não faz isso

- Humm... Então me da um beijo na bochecha – Eu solto um riso abafado e me levanto

- Sem problema – Dou um beijo na bochecha dele, empurro o pote com água nele e saio correndo em direção a cozinha

- Merda

Ele corre na minha direção, olho pra trás e estou cercada

- Ah, e o que você vai fazer agora hein Sr. Rafa? – ele odeia quando eu o chamo assim – Por acaso tem nojo de água?

- Não, mas essa é a única blusa que eu tenho aqui

- Uhum

- E agora, acho que você tá me devendo outra festa

- Uhum

- E tem que ser amanha

- Uhum

- Para de falar isso

- Uhum

- Então isso é um sim pra festa?

- Não. Não pense que só porque eu aceitei ir ontem com você significa que eu vou continuar saindo. – Eu olho pro chão – Nós costumávamos sair sempre, nós três. Eu sei que pareço uma idiota, dramática, chorona...

- Shh – Ele me abraça, coloca a mão na minha nuca e eu escoro a cabeça no peito dele. Minutos, que se parecem horas, se passam e eu resolvo finalmente falar

- Eu não vou.

- Está bem, você que sabe...

- É sério, eu não vejo diferença entre ficar aqui e ficar te esperando enquanto você come uma vadia

- Vadia?

- Sim, vadia. Se a menina deixa você comer ela depois de terem trocado apenas um ‘’oi’’, ela é uma vadia.

- Você tá é com ciúmes

- Por que eu teria ciúmes de você?

- Não sei. Talvez porque, hum, eu sou gostoso, lindo, charmoso...

- Ah, okay, okay – interrompo  – Deixa de ser convencido

- Só falei a verdade – ele ri – Vamos tomar café fora daqui 10 minutos

- O que?! Eu não vou! Desde quando você decide as coisas por mim?

- Bom, desde que ainda é cedo para comer fritura, o que tenho certeza que você ia comer, e, desde que você me deve uma. Por favor

- Hum.. Desde quando eu sou a saudável aqui? Não sei...

- Vamos lá, pequena – Levanto uma sobrancelha

- Pequena? Tipo, Little Monster*? Gostei não

- Vamos lá, Annie...

- Espera ai que eu só vou trocar de roupa

Eu vou pro quarto e decido voltar ao preto

Visto uma calça jeans preta, um moletom preto de uma banda e um all star cinza. Solto meu cabelo passo uma maquiagem rápida, também preta.

Quando vou pra sala o Rafa esta sem camisa, e faz uma careta quando me vê

- Serio?

- Sim, vamos. Estou morrendo de fome.

Ele veste a blusa, infelizmente e... ‘’Como seria encostar na barriga dele e sentir os... QUE?! Para com isso, Annie..’’-penso

- Annie?!

- Oi?

- Te perguntei se você tá com meu celular

- H-hum – balanço a cabeça negativamente

- Vou ter que ir sem ele.

- Meu estomago vai sair pela minha boca e eu vou comer ele de tanta fome

- Nem um pouco dramática

- Se eu não comer nada logo acho que eu saio por ai comendo os moveis da casa

Ele murmura algo como: ‘’Se  quiser me comer [...] quero também ’’ eu não entendi, mas deve ter sido coisa da minha cabeça.

Saímos do apartamento em silencio. Acho que não era coisa da minha cabeça; o Rafa sempre fazia essas ''brincadeiras'', falava  um monte de merda e mais o caralho a quatro. O que me incomoda é que, ele parou de faze-las quando a Liv morreu, então, provavelmente por isso, ele falou tão baixo.

No caminho começamos a conversar sobre o porquê de alguns copos de festa serem vermelhos; ele defendeu os copos, dizendo que vermelho é uma cor sexy. Sim, claro, somos jovens de 17 anos debatendo sobre as cores dos copos.

Chegamos no café e me sentei enquanto o Rafa fazia o pedido. ‘’Ah, não’’ – pensei. Três garotas entraram no café, duas delas de moletom e calça... mas a outra: Um short e uma blusa com o maior decote que eu já vi. ‘’Caralho, ela deve tá desesperada por uma transa, porque, pelo amor de...’’ O Rafa senta na mesa ao meu lado e encara a menina, com a boca aberta.

- Rafa – tento abafar uma risada, mas não consigo e abaixo a cabeça – Você tá tipo um cachorrinho querendo seu dono.

- Ela tá me encarando – Olho e vejo que a menina tenta chamar a atenção dele com os seios, enquanto sorri – eu vou ser obrigado a fazer isso. Eu já peguei ela em uma festa

- Eu te falei

- O quê?

- Você quer foder todas as meninas que vê.

A menina se levanta, passa pela mesa, olha pra ele e segue reto

- E toda menina que me vê também me quer. Ela é da escola

Ele se levanta e vai atrás da menina, pro banheiro. ‘’Merda.’’ O banheiro não tem separação de sexo, e é só uma pessoa por vez.

Quem, nesse planeta, fode uma menina em um banheiro, em um café? Tomo meu café enquanto espero... mas porque estou esperando? Me levanto e, no mesmo momento o Rafa sai do banheiro com a menina, cujo cabelo está bagunçado e a respiração ofegante. ‘’Espera... se ela não toma pílula, o Rafa trouxe a porra de uma camisinha pra um café?’’

A menina olha pra mim e sorri

Devolvo o sorriso pra menina, e olho como se estivesse dizendo ‘’Foda-se, eu já comi ele’’. Apesar de nós dois nunca tivermos trocado nem um beijo, ela para de sorrir e vejo que ele café e vou pro apartamento, sem o Rafa. Mas ele nem deve notado que eu sai.

*Little Monster: Música. Na tradução, fala-se sobre um monstrinho e um homem que quer ser seu dono, pois o ama

*Carma: “Lei que afirma [...] que toda ação (boa ou má) gera uma reação que retorna com a mesma qualidade e intensidade a quem a realizou [...]’’