- Nós temos provas que a incriminam, senhorita Hanna. O que falta agora é assumir o crime. – O delegado provisório que ocupava o lugar do pai de Blair pronunciou, ele estava fazendo fortes acusações, provavelmente cuidaria do caso somente por dois dias, afinal o pai de Blair era o delegado fixo e só não se encontrava ali porque estava junto a sua filha em um hospital renomado de Colorado.
- Eu não vou dizer nada sem meu advogado. – Hanna cruzou suas pernas e em seu rosto brotou um desinteresse no assunto, porém ela encontrava-se totalmente desestruturada por localizar-se naquela situação.
- Como preferir, mas antes, explique como o seu antigo carro foi encontrado jogado numa floresta com sangue da vítima. – O delegado manteve a voz firme.
Hanna sentiu seu coração congelar, seu rosto ficou corado de nervosismo e suas mãos sedosas começaram a suar. Ela ergueu uma mexa de seu cabelo loiro e colocou atrás de sua orelha recordando-se do que havia feito: Na noite em que Toby morreu, Hanna colocou o corpo dele em seu carro e junto com Spencer e Alison levaram até o riacho próximo à casa de Stavo, as três jogaram o corpo entre a correnteza e depois andaram vários quilômetros até encontrarem uma floresta aparentemente inabitada para deixaram o automóvel.
- Acho melhor começar a explicar o que realmente aconteceu naquela noite. – O delegado disse interrompendo o silêncio.
- Tudo bem. – Hanna articulou nervosa, seu coração estava acelerado e sua respiração extremamente ofegante. – Eu estava saindo de casa quando a Emily, uma amiga minha, me telefonou dizendo que havia visto o Damon saindo de um motel, ela até me enviou foto para comprovar a história. Na hora eu fiquei furiosa, o Damon era meu namorado e estava me traindo com alguém. Eu me recordo que ele havia deixado o seu carro comigo na época e o meu estava com ele, então dirigir até sua casa, porém quando adentrei na rua de seu condomínio avistei um garoto, este garoto estava usando as calças jeans e a blusa do time de Beisebol que Damon costumava usar. Naquele instante pensei que era Damon quem usava aquelas roupa e quando o garoto atravessou de uma calçada para a outra, em um momento de insanidade, eu acelerei o carro e o atropelei, porém fiquei surpresa quando observei o Damon no quintal de sua casa, como ele poderia estagnado me olhando sendo que havia terminado de atropelá-lo?
Hanna começou a chorar, relembrar aquilo a deixava sem rumo.
- Continue, Hanna. – Ele pronunciou.
Ela levou ar até seus pulmões.
- Eu saí do carro, meu corpo estava tremendo como jamais tremeu e Damon apareceu correndo atrás de mim perguntando aos gritos o porquê deu ter feito aquilo, eu fitei o corpo atirado no chão totalmente inerte com o sangue escorrendo pelo asfalto e pude notar que não era o Damon, e sim o Toby, ele estava usando roupas do Damon e isso me fez o confundir! Isso não foi algo premeditado.
- Mas encobrir o assassinato foi bastante premeditado! – O delegado rebateu. – Você encobriu sozinha?
- Sim. – Hanna foi curta na resposta, ela não queria levar ninguém consigo, porque caso dissesse a verdade, Alison e Spencer estariam no mesmo patamar de culpa que ela.
***
HOSPITAL CENTRAL DE MANHATTAN
Lydia finalmente despertou de seu sono profundo, a vista dela estava embaçada e ela forçou suas pálpebras para conseguir enxergar onde encontrava-se. Sua visão foi desentulhando gradativamente com o passar do tempo até que ela pudesse discernir com clareza as sombras formadas pela fraqueza de seu olhar. Ela analisou cada parte do lugar e sobressaltou-se ao observar Ezra sentado numa cadeira de metal próximo a maca que ela estava estirada, sua respiração foi acelerando ao notar que localizava-se num hospital junto com o garoto que tinha a jogado de uma ribanceira.
- Surpresa. – Disse Ezra ironicamente enquanto a encarava com um olhar frio e calculista.
- O que você está fazendo aqui, Ezra? – Lydia tentou erguer-se sobre a maca, porém seu corpo estava enfraquecido demais para realizar aquela ação.
- Fique calma. – Ele fez uma pausa, deu um gole em seu café morno e voltou a articular. – Eu não vim para te matar, você me conhece, eu não sou assassino, e na verdade nem quereria estar neste lugar, porém Stefan praticamente me obrigou a te fazer companhia já que sua família está viajando para Chicago.
- Se você acha que me jogar de uma ribanceira e me acusar de assassinato te livra da culpa só por estar me fazendo companhia, meu querido, você está totalmente enganado! – Lydia disse ficando vermelha de raiva.
- Assassinato? – Ezra riu ironicamente. – A Blair está viva.
Lydia ficou pasma com a notícia.
- Viva? – Ela indagou.
- Sim, deformada facialmente, mas viva. – Ezra sentiu seu coração gelar enquanto lembrava-se da Caroline dizendo que nos noticiários de Manhattan estavam estampados o milagre da Waldorf ter sobrevivido a um acidente mortal.
Aquilo não era bom para Ezra. Blair ter sobrevivido poderia acabar com os planos dele de fazer seu irmão, Stefan, sair ileso do acidente, sem contar que Anônima também saiba o que tinha ocorrido, e provavelmente teria provas.
- Você se tornou uma péssima pessoa, Ezra. – Lydia disse. – Ninguém te reconhece mais.
- E alguém te reconhece? – Ezra a questionou arredando sua cadeira ferozmente para perto dela e a encarando. – Diga Lydia, quem é você para dizer sobre moral? Ou terei que te lembrar que o elo mais fraco do grupo é você? Bem, você cresceu no meio de nós, mas nunca foi como a gente. Depois de você ir embora para Miami e abandonar tudo o que tinha, acreditei que estaria forte, mas você voltou há pouco tempo e ainda continua aquela garota fraca que cresceu junto a mim.
- Eu tenho orgulho de ser quem sou hoje, Ezra. – Lydia o fitou. – Olhe ao seu redor, você traia a Aria com a Hanna, me acusou de algo que não fiz e está a todo tempo controlando as pessoas. O Ezra que eu havia conhecido antes de partir nunca faria estas coisas, ele era educado, gentil e...
- Cala a boca! – Ezra gritou varias vezes tentando parar Lydia enquanto ela falava do passado. – Este Ezra idiota não existe mais!
Houve um breve silêncio entre os dois.
- Por que você me abandonou?
– Ezra a questionou erguendo-se e Lydia de inicio não entendeu o que ele queria dizer.
– Diga Lydia, por que foi embora?
- O que? Este é o grande problema que você tem comigo? O motivo de me odiar tanto é por eu ter ido para Miami? – Ela rebateu. –Eu não tinha escolhas, meus pais haviam arrumado um novo trabalho, não poderia ficar aqui, nem mesmo desejando... É complicado.
Ezra socou a parede, aquilo doeu, mas sua fúria anestesiou a dor que sua ação havia proporcionado. Lydia saiba que ele guardava magoas dela, porém nunca imaginou que poderia ser algo tão grande.
- Você acha que também não foi complicado quando partiu? Desculpa te decepcionar mais foi. Foram complicados os dias que passei trancafiado em meu quarto esperando para conversa com você por vídeo, foi complicado ficar agarrado ao celular o dia inteiro esperando uma ligação sua, e o mais complicado foi quando você parou de fazer estas coisas porque havia arrumado alguém, então não reclame sobre quem sou hoje.
Lydia organizou seus pensamentos, naquele instante ela conseguiu compreender que Ezra a amava de um modo diferente do qual sequer imaginava.
- Espera, você tinha sentimentos por mim? – Lydia estava pasma, sua voz travou.
- Isso não vem ao caso agora. – Os olhos de Ezra estavam lacrimejando, ambos encontrava-se em completo silêncio e aquilo o deixava furioso, ele queria respostas de Lydia sobre um relacionamento fracassado que sequer iniciou, e não tê-las acabava com toda sua estrutura de homem bruto que adquiriu conforme o passar dos anos. Ele notou sua mão pingando sangue devido ao murro que havia dado na parede, por um segundo encarou Lydia, porém logo ficou de costas e saiu pela enfermaria em busca de um curativo.
Quando Ezra adentrou no corredor que dava passagem a sala de espera, avistou Stavo e Brooke sentados nos bancos de madeira proporcionados aos acompanhantes de determinados pacientes, por um instante ele pensou em dirigir-se até eles e questionar o motivo de ambos encontrarem-se ali, porém acabou recordando que era provável que estavam localizados naquele local devido a Spencer que havia terminado de sair de uma operação para reconstituir o estômago.
Há dois quartos do de Lydia, Spencer recuperava-se de sua cirurgia de risco. Quando Spencer finalmente terminou de beber um gole d’água, Scott pegou o copo descartável de suas mãos e o colocou sobre a escrivaninha do quarto. Os dois estavam cansados e com medo do que Anônima poderia fazer, não havia jeitos de imaginar as cartas que seriam jogadas sobre a mesa, para a pessoa que os caçavam nada era previsível.
- Você precisa descansar. – Disse Spencer sentindo ainda fincadas em sua barriga, a dor de rasgar sua pele com um pedaço de caco de vidro permanecia viva. – Eu ficarei bem.
Ela olhou Scott ainda com as roupas manchadas de sangue, era sangue dela que havia escorrido pelas vestimentas dele quando o mesmo a pegou no colo.
- Eu não vou te deixar sozinha, Anônima colocou um antídoto em seu estômago, nada é impossível pra ela, ou ele.
Scott colocou a mão sobre a de Spencer, o corpo dela estremeceu.
- Scott, você realmente precisa... – Ela começou a articular, entretanto deu uma pausa quando notou que a energia do hospital havia caído.
- Spencer? – Scott disse erguendo-se na escuridão. – Não solte minha mão. Ele levou a mão em seu bolso, vasculhou até encontrar seu celular, ligou a lanterna do aparelho e iluminou o local. Spencer envolveu os dedos junto aos deles e ajeitou-se sobre a maca, a respiração dos dois dava para ser ouvida dentre o silêncio, porém logo a calmaria propagada rompeu-se dando espaço a gritos.
Scott encarou Spencer que também o encarava, eles processaram os gritos por um instante até que reconheceram a voz, era de Brooke.
- Vamos, precisamos sair daqui. – Disse Scott pegando Spencer em seus braços com determinado cuidado, ela envolveu sua mão no pescoço dele e mordeu seus lábios para controlar a dor que sentiu quando Scott começou a andar.
Eles atravessaram o corredor e notaram tudo extremamente vazio e escuro, foram guiados pelos gritos incessantes de Brooke que agora se misturavam com os de outra garota. Os passos de Scott seguiam a direção do barulho e, Spencer, olhava ao redor para ver se Anônima estava novamente em uma caçada com flechas, todavia tudo o que conseguiu notar era escuridão, pois a lanterna estava direcionada para o chão onde Scott pisava, ele queria ter certeza que não tropeçaria em nada e colocaria a operação de Spencer em risco.
Quando ambos chegaram ao local Spencer sentiu seu estômago revirar, a cena era forte demais e mesmo que seu estômago estivesse praticamente dopado de sedativos contra a dor, sentiu uma aflição enorme quando iniciou sua ânsia de vômito. Logo atrás deles, Ezra surgiu correndo com sua mão enfaixada, ele percorreu até Lydia que gritava descontroladamente ao lado de Stavo e Brooke e a abraçou receoso de que tivesse acontecido algo com ela.
- Meu Deus! – Gritou Stavo esfregando a mão em seu rosto.
Brooke suspirou fundo e observou o corpo de Elena estripado dentre o corredor, a barriga de Elena estava completamente expostas e suas tripas encontravam-se espalhadas por todo o local.
Provavelmente ela já havia sido morta há dois dias e Spencer notou que faltavam alguns dedos na mão da garota, o que deixava evidente que Elena havia sido torturada antes de morrer.
- Isso é insano. – Disse Lydia.
A televisão centrada próxima à estação de atendimento do hospital ligou repentinamente, todos se viraram para olhar o que estava sendo noticiado: Hanna Marin estava sendo presa por assumir o assassinato de Toby Cavanaugh. Toda a empresa local encontrava-se situada no zoneamento e o delegado provisório estava dando uma coletiva de empresa, ele pronunciou algo que deixou todos os garotos passados, Brooke refez a fala dele novamente para entender o que ele realmente queria dizer enquanto voltava a encarar o corpo estirado de Elena.
- Hanna Marin está condenada a cadeira elétrica por praticar assassinato. – Repetiu o delegado.
Lydia sentou-se e respirou pasmada com a noticia, ela estava completamente ferida e praticar tal ação até o corredor piorou seu estado de recuperação. Na tela da TV surgiu uma mensagem, eles entreolharam-se não acreditando no que estavam lendo, mas nada daquilo era muito surreal, quer dizer, a nova demanda de Anônima não era a estrela da noite, não quando se tem o corpo de Elena estripado no corredor e Hanna condenada a morte. Eles leram a mensagem de Anônima exposta na TV:
“Com a Hanna no corredor da morte ela escapará de minhas teias. Não pensem que eu não planejei todo este teatro, quero dizer, ela está presa graças a mim, na verdade eu só criei tal situação para jogar com vocês: Vocês têm exatamente três dias para ajudarem Hanna a fugir do presídio, três dias e nada mais. Caso não armem esta fuga, saibam que eu vou atrás de seus parentes e farei com eles pior do que fiz com Elena. Ninguém escapa de mim, todos vocês são propriedades minhas agora, joguem meu jogo ou obrigarei a jogarem. – Anônima.”
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