O castelo tanto por fora quanto por dentro era assustador como sempre, o lugar era escuro e o fogo que clareava apenas dava um toque mais sombrio. Marco suava de nervoso e suas pernas pareciam não querer mais andar, ao saber que ia conhecer os pais de seu namorado aquele lugar definitivamente ficava mais assustador, ele apenas gostaria de segurar a mão de Tom e fugir, mas era tarde. Tom bateu na porta e avisou a chegada e Marco tentava controlar seu nervosismo. Marco estava esperando que um dos gárgulas estranhos avisassem a chegada e abrissem a porta gigante, mas a visão foi diferente, quem abriu a porta foi uma mulher, ela estava vestida de um curto e decotado vestido preto que ia até metade de sua coxa, ela também estava usando um salto-agulha preta e seu cabelo negro era longo indo até sua panturrilha e ela tinha chifres como de um boi na mesma cor que as de Tom, a pele dela porém era bem mais vermelha, ela também tinha um terceiro olho em sua testa, olhos vermelhos e um olhar venenoso, mas o perturbador na moça era a cobra viva que ela carregava enroscada em seus ombros e braços. A mulher olhou com nojo e desaprovação para Tom:
— Quem é essa humana com um cheiro de suor deplorável? — Perguntou, Marco engoliu seco.
— Mãe... — Tom disse com um Tom de voz menos animado que o normal — Essa é minha namorada, princesa Marco
Foi nesse momento que o coração de Marco quase parou, seu pior medo foi confirmado. Ele já tinha lutado contra monstros, mas ele não podia lutar contra ela, ela é a mãe do namorado dele, e estava claro que ela já não o aprovava.
— Oi — Ele acenou e ela não parecia nem um pouco feliz.
— Tem ideia de quem eu sou, garota? — Ela perguntou — Faça reverência, como uma dama! Sinceramente, Tom! Isso foi o melhor que conseguiu? — A mulher o encarou esperando a reverência, depois de uns momentos sem paciência e reação Marco a fez do modo que imaginava. A mulher se virou de costas — Sigam-me
— Precisamos conversar — Marco sussurrou e Tom fez sinal com as mãos implorando:
— Desculpe — Sussurrou de volta
O corredor parecia mais longo do que das outras vezes que ele tinha ido ali, era como se fosse um corredor infinito de tanta pressão que a Mãe de Tom colocava em cima deles.
— Manima! — Ouviram um grosso grito vindo do final do corredor, na sala de jantar. Tom engoliu seco.
— Já vou! — Respondeu a mãe de Tom com um tanto de raiva
— Mulher! — Um grito demônio chamou outra vez do mesmo lugar — Eu estou com fome! Se apresse!
— Eu já vou, caralho! — Respondeu abrindo a porta da sala de jantar com força. Tom e Marco a seguiam. Quando percebeu a presença de Dai, pai de Tom, Marco teve um sentimento que aquilo ia piorar, já sem paciência ele apenas ficou parado fitando-o. — O que estão fazendo parados aí! Reverência! — Disse Manima os empurrando para o chão
Ambos fizeram reverência e Marco estava contando os segundos para explodir, não que ele fosse do tipo irritado ou impaciente, mas ele não conseguiria se imaginar ter que ir visitá-los ou ver a cara deles sempre, quando Marco estava se levantando o pai de Tom começou a dar uma gargalhada.
— Se apresente e venha cá, querida!
"Por que ele me chamar de querida me irrita mais do que o modo que eles estão agindo?" Pensou Marco
— Minha namorada! Princesa Marco! — Respondeu Tom rápido com medo que Marco não fosse faze-lo.
— Eu não estava falando com você! — Disse Dai — Venha! — Sinalizou para Marco se aproximar. Extremamente incomodado ele chegou mais perto de Dai que logo pegou sua mão e cheirou — Humana...? — Ele começou a rir — Tom, pode parar com brincadeiras agora! Uma humana! Esse meu filho brincalhão! — Ele olhou em volta — Vai, cadê ela?
— Pai, está na sua frente! — Respondeu Tom, impaciente.
Dai parou de rir imediatamente e seus olhos ficaram vermelhos de raiva— Está brincando, não é?
Manima acendeu um cigarro e se sentou na cadeira com uma garrafa de cachaça na mão — Eu queria que estivesse.
— Tom...
— Pai!
— Ah, Por que cargas d'água não podemos simplesmente sentar e jantar! — Marco gritou com o fim de sua paciência, Tom e Manima arregalaram os olhos em sua direção, foi nesse momento que ele achou que sua vida ia acabar, mas Dai começou apenas a rir de novo o que fez Manima derrubar o cigarro que estava em sua boca.
— Atitude! É disso que eu gosto! — Ele bateu na mesa — Pode se sentar!
Marco olhou para Tom, confuso, e Tom ainda mais confuso deu um sorriso orgulhoso. Marco se sentou ao lado esquerdo da mesa em frente a Manima e Tom ao lado dele.
— Então....Marco? — Dai olhou para Manima para saber se tinha acertado o nome.
— Algum nome masculino e estranho assim...— Respondeu Manima — Humanos são estranhos, como espera que eu lembre?
— Não seja mal educada — Disse Dai
— Como se você fosse o rei da educação — Manima assoprou a fumaça na cara dele e Dai começou a rir, Dai abriu um sorriso tossindo pela fumaça inesperada, e por um segundo isso fez Marco pensar que talvez eles fossem só mais uma família normal. — Ei, garota! — Manima Chamou Marco que olhou em sua direção — Não se deixe levar pelas pessoas, pode soltar as frangas porque aqui ninguém...bem, vamos te julgar, mas não precisa ficar sendo santinha — Ela deu uma pausa para beber mais cachaça direto da garrafa, então começou a rir — Os caras ficam falando que temos que ficar lavando a louça e cuidando dos filhos...— ela riu mais — Eles se sentem fracos com mulheres poderosas como eu, por isso não se ache obrigada a nada!
Foi nesse momento que Marco se sentiu mal, eles podiam ser cruéis e estranhos, mas não pareciam ser tão ruins agora.
— Mãe, você está bêbada — Disse Tom
— Olha como fala comigo, garoto! — Ela tomou mais um pouco de cachaça — Eu sou cachaceira, mas ainda sou sua mãe!
— Ela tem razão, deixa ela beber — Dai disse enquanto enfiava uma coxa de galinha enorme na boca. — Pelo menos assim ela fica exigindo menos respeito de mim e mais de você.
— Precisamos conversar agora — Marco sussurrou para Tom
— Tudo bem — Sussurrou de volta e se lebantou — Já voltamos! — Disse dando a mão para marco levantar também.
— Não façam nada que eu faria! — Disse Dai o que fez Tom revirar os olhos. Tom então o levou conduziu pelo caminho até seu quarto.
— O que queria falar?
— Não posso continuar mentindo para eles, Tom — Respondeu — Eles são seus pais
— Marco....Marco! Você viu como eles são!
— Mas agora não parecem tão ruins assim — Disse o fitando
— Porque minha mãe está bêbada! E meu pai está muito ocupado amando aquele frango...
— Mas eu não posso fingir ser uma garota para sempre, Tom!
— Só mais um pouquinho — Implorou
— Não, Tom!
Tom estava segurando sua raiva, tanto de seus pais quanto de Marco não ser nem um pouco flexível — Eu disse para fingir mais um pouco — Seus olhos estavam vermelhos de raiva
Marco ia retrucar com ele, mas no momento que ele abriu a boca a porta abriu forte.
— Então é isso...meu próprio filho! — A mãe de Tom apareceu com os olhos brilhando vermelhos de raiva.
— Mãe o que está fazendo aqui?
— Eu vim ver se vocês estavam transando e olha o que eu encontrei! Dois garotos mentirosos! — A mãe de Tom colocou fogo no vestido e no cabelo de Marco que pararam ao revelar sua aparência verdadeira.
— Tom!— Dai disse furioso — Um garoto?! Você mentiu para nós! — Dai se aproximou pegando Tom pelo pescoço — Seu garotinho idiota!
Ao ver aquilo Marco explodiu de raiva, ele não poderia deixar que machucassem Tom então correu na direção deles e usou os golpes de karatê para derrubar Dai que começou a rir.
— Seu filho da...! Eu sempre soube e você sempre soube que nossa família representa os piores erros da humanidade, mas ser Gay, um viado na nossa família, isso é uma vergonha! — Dai gritou
— É exatamente por representarmos os piores erros da humanidade que vocês dois são homofóbicos! — Tom retrucou, os dentes de Manima ficaram rígidos de raiva:
— Você vai se casar com aquela garota queira ou não! Talvez ela seja capaz de consertar você!
Marco estava prestes a responder a ela, mas Tom disse antes — Você é a única que precisa ser consertada aqui é você!
Manima ficou possessa de raiva e jogou o salto alto que atingiu o braço de Tom
— Nós estamos indo, Marco! — Tom pegou ele pelo braço e levantou uma corrente de fogo para levá-lo para casa
— Nem precisa voltar! — Manima gritou.
Tom deu uma ultima olhada para ela — Eu nem quero
Quando chegaram na casa de Marco eles apareceram na sala. Já era noite e estava frio, ao contrário do sempre quente clima do submundo, Tom fez algo que Marco nunca esperou que ele fizesse. Ele caiu de joelhos no chão e começou a chorar.
— Tom? — Marco ficou confuso — Tom! Calma! — Ele se abaixou e o abraçou— Tom eu estou aqui! — Tom ficou em estado de choque por uns segundos, mas depois o abraçou forte o que fez Marco chorar também.
— Me desculpe por isso...
— Podemos seguir o seu plano de morar em baixo da ponte — Marco brincou o que fez tom continuar a chorar e o abraçar, Marco secou suas lágrimas.
Então ambos ouviram o barulho de passos e se viraram na direção
— Para que tanto choro, Mi hijo? — Disse o Pai de Marco se aproximando ao lado de sua mãe
— Pai...nós... — Marco ficou sem saber o que dizer
— Oh, quem é esse? — Perguntou a Mãe de Marco
Tom já estava começando a sentir como se fosse incômodo e Marco suspirou — Esse é meu namorado, Tom — Disse e Tom engoliu seco
— Oh! Então é ele! — O pai de Marco abriu um sorriso — Um prazer, sou Rafael Diaz, Pai do Marco
— E eu sou Angie Diaz — Disse a mãe de Marco
Uma lágrima escorreu pelo rosto de Tom que ele secou
— Oh, para que chorar? Esse é um dia feliz! Nós finalmente conhecemos o namorado do Marco!
— Venha! Venha! Devem estar com fome o jantar está pronto.
Marco levantou sorrindo e deu a mão para Tom levantar — Venha, Tom...vai gostar deles
Tom abriu um sorriso — Vamos! — Marco o ajudou a levantar e ambos foram em direção a mesa.
— Marco! Tom! Estão de volta! — Star veio correndo — Não comecem o jantar sem mim!
Todos se sentaram e Anggie chegou com os cachorrinhos— Ninguém nem me esperou — Anggie se sentou a mesa — Ei! Oi, Tom!
A mãe de Marco começou a colocar a comida na mesa enquanto o pai de Marco conversava com Tom sobre coisas constrangedoras de Marco que brigava com ele, Anggie e Star estava brincando com os cachorrinhos e falando sobre o Oskar, Janna entrou pela janela e se sentou a mesa.
Marco sussurrou para Tom — Somos sua família também. — Tom sorriu olhando para todos ali.
— Sim, são...— Respondeu contente
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.