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História Inimigos de infância (romance gay) - Saudações e adeus


Escrita por: Escritora_Ana

Notas do Autor


Eu demorei um certo tempo para conseguir escrever esse capítulo e eu espero que meu trabalho não tenha sido em vão e eu tenha feito de fato um bom trabalho.

Esse capítulo está um pouco grande, não sei se isso é bom ou ruim, mas eu espero que toda emoção seja sentida por vocês do fundo do meu coração.

Eu preparei uma playlist para esse capítulo. Músicas num geral que me inspiram para escrever esse capítulo e que caso você queira mais ouvir enquanto lêem.

- Demons- Imagine Dragons.
- Take me the Church- Rozier.
- Talk me down- Troye Sivan.
- Never be alone- Shawn Mendes.
- Joanne- Lady Gaga.
- Helena- My chemical romance.

Agora sem mais delongas espero que gostem e por favor não me matem. Amo vocês 🖤

Enjoy It

Capítulo 32 - Saudações e adeus


Fanfic / Fanfiction Inimigos de infância (romance gay) - Saudações e adeus

 

Capitulo - Saudações e Adeus. 

Eu nunca fui muito fã de hospitais. Quando eu era criança, hospital era sinônimo de agulha, seja para tirar sangue ou para tomar vacina. Mas levando em conta que ambas as opções são horrorosas, acho que não fazia muita diferença na hora de me dar motivos para evitar ao máximo ir a um hospital.

Vejo que meu medo de hospitais não mudou muito com os anos, pois quando eu atravessei a porta de giratória do hospital onde Cody estava internado, um gelo na espinha percorreu o meu corpo quase que me desconcertando por inteiro.

O caminho para cá não havia sido um dos melhores, o silêncio havia reinado e a chuva do lado de fora do carro, tinha deixado tudo ainda mais intenso.

Minha mãe estava ao meu lado mais a frente, enquanto o meu pai se mantinha mais atrás, afastado. Passos largos num corredor comprido e branco demais, rumo a recepção do hospital.

Tudo isso era tão real que chega a me dar enjoo. Cody está mesmo aqui ? Logo ele que acreditava que quando alguém ia para um hospital era porque iria morrer. Talvez essa fosse mais uma ironia da vida.

Ao chegar na recepção, caminho até um balcão onde havia uma mulher negra usando um terninho azul falando no telefone.

Ao ver a minha aproximação, ela desligou o telefone e sorriu para mim. Acho que ela é treinada para sorrir para as pessoas que vão ao hospital, sendo elas pacientes ou acompanhantes, deve ser para tranquiliza-las num momento relativamente ruim.

- Boa noite, meu nome é Jasmin, como posso ajudar?- Ela fala de uma forma ensaiada.

Agora a observando bem, eu podia ver que apesar dela aparentar ter uns 25 anos, ela parecia cansada e deprimida. Imagino que trabalhar em um hospital 24 horas causa isso nas pessoas.

- Meu irmão, ele sofreu um acidente e está internado aqui, seu nome é Cody Kenton Martin.- Digo engolindo em seco.

Cody nunca gostou muito desse nome do meio.

- Um minuto.- Diz Jasmin, enquanto começava digitava rapidamente no computador a sua frente.

Passo a mão pelo meu cabelo e apoio meus cotovelos na bancada.

- Tudo bem, querido?- Ouço minha mãe dizer ao meu lado. Ela coloca sua mão sobre o meu ombro de um forma maternal.

"Não, mãe, eu definitivamente não estou bem. Meu irmão foi atropelado pelo meu namorado, que a propósito eu não vejo a semanas graças ao meu pai babaca que não aceita meu relacionamento. Como eu poderia estar bem com isso?"

Eu gostaria de dizer, mas o que saiu foi:

- Estou ou pelo menos, vou ficar quando Cody ir para casa.- Digo num suspiro.

- Ele foi transferido para a UTI, o médico responsável vai informar vocês do seu quadro clínico em breve.- A recepcionista fala e nós assentimos voltando nossa atenção para ela.- Podem aguardar ali por ele.- Ela diz apontando para a sala de espera.

- Obrigado.- Digo sorrindo.

Jasmin sorri. E quando eu estava prestes a me virar, ela fala:

- E mais uma coisa, tem um garoto bonitão sentado ali na recepção, ele que veio com o seu irmão na ambulância. Ele parecia bem atordoado, toda hora ele vem aqui pedir notícias do Cody.- Ela comunica.- Imagino que vocês devam o conhecer.- Ela diz apontando para trás de mim.

Me viro para trás e me deparo com Ethan atrás de mim. Sentado na primeira fileira de cadeiras da sala. Ele usava uma camisa azul com respingos de sangue e calças jeans surradas. Seus cabelos apontavam para todos os lados e ele estava olhando para o chão, enquanto balançava incessantemente a perna.

- A polícia estava aqui mais cedo, conversaram com o garoto e imagino que tenham ligado para vocês para informar sobre o acidente.- Informa Jasmin.

Eu estava incapaz de me mover e olhar para qualquer coisa que não fosse o menino de olhos azuis à minha frente.

Eu queria correr até ele, abraço-lo e enquanto me afundava em seu aperto, fingir que essa bomba que jogaram na minha cabeça nunca existiu. Mas isso não seria possível graças ao meu pai.

- Esse garoto na recepção é o causador do acidente do meu filho.- Disse meu pai amargo ao lado da minha mãe.

Olho para ele incrédulo.

- Agora ele é seu filho?- Falo o olhando com desdém.- Foi um acidente. Estava chovendo e Ethan não conseguiu ver Cody, por isso acabou o atropelando.- Digo vacilando nas palavras.- Ele nunca faria algo assim de propósito, não seja ridículo.

Jasmin que apenas fazia seu trabalho, olhava nossa cena num misto de cansaço e confusão.

- Olha, vocês obviamente não querem saber minha opinião, mas eu vou falar ela assim mesmo.- Jasmin umedeceu os lábios e continuou.- Eu não conheço nenhum de vocês e vocês têm obviamente muitos problemas familiares que eu nem consigo imaginar. Mas a questão é, quando os policiais vieram até aqui e tentaram levar o garoto bonitão para a delegacia para fazer umas perguntas e ele se negou, obrigando os policias a ter de fazer o interrogatório aqui mesmo. O que eu vi no olhar daquele garoto foi arrependimento e força de vontade. Então, desculpa senhor, mas aquele garoto não merece essa atitude vindo de você.- Ela concluiu apontando para Ethan.

Surpreso. Arqueio minhas sobrancelhas e olho para o meu pai.

- Ela está certa, Cristian, você pode não aceitar o relacionamento do nosso filho com o Ethan, mas não pode culpa-lo por algo assim.- Diz minha mãe.

Eu estava esperando naquele momento um surto vindo do meu pai, mas o que aconteceu foi totalmente fora das minhas espectativas.

- Está certo, eu estou sendo insensato.- Diz meu pai olhando para seus pés.- Vá falar com ele, eu sei que você quer. - Continuou ele olhando para mim agora.

- Está falando sério?- Pergunto surpreso.

- Vocês precisam conversar, vá.- Diz minha mãe.- Eu e seu pai, vamos tomar um café na lanchonete do hospital.

Sorrio e olho para Jasmin.

- Você é um anjo.- Digo a ela e ela sorri.- Obrigado.- Falo olhando para Jasmin e para os meus pais.

Me viro novamente para Ethan. Ele ainda mantinha a cabeça baixa totalmente aéreo.

Caminho lentamente até ele e me sento ao seu lado.

- Eu sei o que está pensando...- Digo, o fazendo olhar para mim.

Quando Ethan se virou para mim, seu olhar que antes era perdido se iluminou e ele sorriu. Mesmo no meio daquela tempestade, poderia afinal haver um raio de sol.

- Liam...- Ele murmurou e suas mãos tocaram o meu rosto com delicadeza.

Seu toque era leve e seus olhos vagavam meu rosto com descrença, quase como se ele não acreditasse que aquilo era mesmo real.

Olho para suas mãos em meu rosto e engulo em seco. Tinhas sangue seco entre seus dedos, sangue de Cody. E ele parecia ter percebido que eu reparei nisso, pois logo afastou sua mão do meu rosto e suspirou.

- Eu pensei em ir em casa me trocar, mas...Eu estava preocupado com o seu irmão e eu também estava esperando você chegar.- Ele disse olhando para suas mãos. 

Olhando para suas mãos ansioso, Ethan Reed parecia tão indefeso. Nada parecido com o Ethan Reed que ele costuma ser e que parecia sempre ter uma piada na ponta da língua. Apartamento até a rocha mais sólida, pode ser partir.

- Então você sabe que o tal garoto loiro era o Cody.- Comento mordendo os lábios.

- Na hora estava muito escuro e tinha muito sangue, eu não o reconheci.- Ele explicou.- Mas eles me disseram, eles me disseram e eu não acreditei. Não podia ser ele, não o seu irmão.

Ele disse e eu senti a pressão de cada uma daquelas palavra na minha cabeça, me deixando zonzo.

- Eu sei o que está pensando...- Repito.- Você está pensando que tudo isso é sua culpa. Seja o acidente do Cody ou toda essa coisa com o meu pai. Eu não te culpo por nada disso, mas também não te julgar por pensar assim. É realmente um peso entanto para carregar na consciência.

Ethan respirou fundo e voltou a me olhar.

- Eu queria tanto que isso que a gente tem desse certo, porquê Liam, eu gosto mesmo de você.- Ele diz pegando minha mão e me olhando nos olhos.- Mas olha o que eu fiz, olha a dor que eu estou causando na sua família e em você. Se antes seus pais me odiavam, agora então...

Toco o rosto de Ethan com a minha mão livre e sorrio de lado. Até mesmo sujo, molhado e com olheiras gigantescas, aquele desgraçado conseguia ser lindo.

- As coisas vão se acertar com o tempo, Cody vai sair dessa e sobre os meus pais...Eles podem não ser os melhores pais do mundo, mas acho que eles estão começando a caminhar para algo bom.- Digo sorrindo de lado.

Ethan assente.

- Nós vamos ficar bem. Eu tenho fé.- Afirma Ethan, antes de soltar minha mão e me abraçar.

Seus braços estavam aonde eles precisavam estar desde que eu entrei naquele hospital. Envoltos de mim, me passando toda segurança que eu precisava.

- Pensei que você fosse um homem sem fé.- Comento, enquanto afundava meu rosto no pescoço de Ethan.

- Eu posso não ter uma religião definida, mas eu acredito em deus.-  Ele comenta rindo.- E eu acredito em nós dois.

Aperto ainda mais Ethan contra mim.

- Eu te amo.- Falo em seu ouvido.

- Eu sei, tem como não me amar?

Eu e Ethan nos separamos. Somente para em questão de segundos, Ethan colocar sua mão na minha nuca e cola nossos lábios como não fazíamos a semanas.

Seu toque era doce e nele havia saudade com uma pitada a mais de perdição. Seus lábios se moviam sobre os meus com segurança e nossos corpos parecia já conhecer o toque um do outro com uma familiaridade avassaladora.

Ethan afasta o rosto dando alguns selinhos. Mas quando finalmente nós nos separamos, Ethan sorri e me sonda com seus penetrantes olhos azuis.

- Acho que perdi meu moletom para você.- Ele diz rindo.- Mas tudo bem, eu deixo. Apesar de que ele ficar bem melhor em mim.

Reviro os olhos e deito minha cabeça sobre o ombro de Ethan. Nós estávamos lado a lado agora e mesmo a situação não sendo uma das melhores, eu estava feliz em estar ali com ele.

Um silêncio se formou entre nós, mas não de uma forma ruim, e sim, de uma forma reconfortante.

- Cody estava no terceiro ano da faculdade de medicina. Quando chegasse no quinto, ele teria que fazer residência em algum hospital, caso ele saia dessa, seria irônico se ele escolhe-se esse aqui para fazer o estágio.- Comento e Ethan entrelaça nossos dedos.

Ele olha para minha mão direita e para a aliança em meu dedo anelar. Então leva minha mão até sua boca e a beija.

- Ele vai sair dessa.

Poucos segundo depois, um homem alto de cabelos castanhos apareceu no recepção do hospital. Ele vestia um jaleco branco e carregava uma prancheta em sua mão, então ele obviamente era médico.

O médico caminhou até Jasmin e disse algo para ela, mas ela apenas assentiu e apontou para mim.

Observo a cena com os ombros tensos. Principalmente quando o médico se virou para mim e sorriu triste.

- Você deve ser o irmão do Cody, correto?- Pergunta o homem e concordo com a cabeça de forma mecânica.- Eu sou Andrew, o médico do seu irmão. Seus pais vieram com você?

- Sim, acho que eles estão na lanchonete do hospital.- Respondo.- Mas então, como está o Cody?- Pergunto ansioso. Parte de mim estava exitante pela resposta.

Sinto a mão de Ethan entrelaçada a minha, e com isso consigo me acalmar um pouco.

- O caso do seu irmão é preocupante.-Ele fala olhando para mim com alguns papéis nas mãos.- Ele quebrou duas costelas e o braço direito, além de ter alguns arranhões pelo corpo. Mas o que realmente me preocupa é que o seu irmão bateu com a cabeça no chão com o impacto da moto durante o acidente, o que torna possível um traumatismo craniano grave. Principalmente porque ele chegou no hospital inconsciente.

Ele respira fundo, possivelmente tentando ganhar fôlego para continuar. Imagino que não deva ser fácil dar esse tipo de notícia para alguém. Só não é mais difícil do que recebê-las em si.

- Levaram o seu irmão faz alguns minutos para fazer uma tomografia para ver se há de fato danos no cérebro ou possíveis fraturas no crânio. Prometo que assim que tiver notícias, informarei a vocês.- Concluiu com um sorriso solidário no final.

- Obrigado por tudo que está fazendo.- Digo sorrindo.

- É o meu trabalho e eu fico muito feliz por ajudar, só precisamos esperar o resultado dos exames para ter um diagnóstico oficial. Mas seu irmão está bem até o atual momento, nós o levamos para o quarto e demos alguns antibioticos para dor e um sedativo para ele descansar.

Balanço a cabeça e olho para os meus pés.

- Eu posso vê-lo? Prometo ser breve.- Pergunto mordendo os lábios.

O médico abre a boca e depois a fecha num suspiro.

- Seu irmão precisa descansar.- Ele diz com o rosto fechado.

- Por favor, cinco minutos no máximo.- Suplico ficando em pé.

O médico me olha nos olhos e assente com a cabeça minimamente.

- Tudo bem. Apenas 5 minutos, nada mais.

- Obrigado.

Me viro para Ethan e lhe dou um selinho.

- Eu já volto- Falo e ele sorri.

Volto minha atenção para o médico e quando ele começa a andar, eu o sigo.

Nós viramos em um corredor branco com várias portas, dentre elas havia quartos hospitalares e consultórios médicos.

- Seu irmão está sobre efeito de um sedativo, então ele deve estar meio grogue e provavelmente dormirá em breve.- Disse Andrew parando em frente a uma porta azul.- Você tem cinco minutos.- Ele avisa e depois vai embora.

Respiro fundo e abro a porta a minha frente.

Adentro o quarto e encontro Cody sobre uma cama. Ele estava com os olhos meio abertos e o rosto coberto por arranhões. Ele também estava com um monte de fios conectados a ele e haviam aparelhos ao seu lado medindo seus batimentos cardíacos. Graças a Deus, os sons que saíam da máquina estavam constantes, o que eu presumo que seja bom.

Percebo que Cody tinha uma faixa envolta da sua cabeça sobre seus cabelos loiros e um gesso em seu braço direito.

- Oi, maninho.- Diz Cody baixo.

Caminho até sua cama lentamente, eu estava tremendo e minhas pernas pareciam não responder ao meu comando mais simples.

- Você está bem?- Pergunto, indo até uma cadeira ao lado da cama dele e me sentando.

Cody com dificuldade levanta seu braço engessado e geme com o movimento.

- Já estive melhor.- Ele diz sorrindo de lado.

Balanço a cabeça e umedeço meus lábios.

- Nossos pais estão aqui no hospital comigo. Eles estão muito preocupados com você.- Comento e Cody me olha com ironia.

- Eles estão preocupados com a conta do hospital, isso sim. Mas pode falar para eles que eu darei meu jeito, não preciso da ajuda deles.- Diz Cody com um pouco de raiva na voz.

Cody sempre foi muito auto-suficiente. Ainda mais depois do meu pai ter o expulsado de casa.

- Não, você não entende, eles realmente estão preocupados. Eu não sei o que deu neles, mas eles parecem estar mudando...Talvez seja o efeito da culpa. Papai até me deixou falar com Ethan aqui no hospital.- Falo animado.

Cody arregala os olhos por um momento, mas logo eles voltam a seu semblante desacreditado.

- Ethan está aqui também?- Pergunta Cody sorrindo malicioso. Ele está mudando de assunto, como sempre.

Fico sério por um momento, eu precisava contar para Cody que foi Ethan que o atropelou, mesmo que isso não seja nada fácil para mim ou para ele.

- Sobre isso, eu acho que você precisa saber de uma coisa.- Falo receoso.- Quem te atropelou foi o Ethan, por isso ele está aqui. Foi um acidente...Ethan não queria...ele...

Cody olha para mim surpreso, mas logo sua expressão muda para pena ou compaixão.

- Está tudo bem, não foi culpa dele. Eu que atravessei a rua sem olhar para os lados e estava chovendo, o que não facilitou as coisas.- Diz Cody dando de ombros.

Há um silêncio entre a gente, por um momento penso que Cody havia dormido por causa dos medicamentos. Mas então, Cody bufa me fazendo o olhar confuso.

- Hospitais são muito entediantes. Não sei se quero mais ser médico.- Murmura Cody e eu rio.

Pego a mão de Cody sobre a cama e o olho. Seus olhos estavam quase fechados e sua voz estava falhando.

- Você vai ficar bem, certo?- Pergunto baixo.

Vê-lo ali naquela situação me deixava assustado. Eu estava tentando ao máximo ser otimista, mas é tão difícil ver seu irmão mais velho numa cama, machucado, e mesmo assim pensar que tudo vai ficar bem.

Eu estava tentando ser o mais forte possível até agora, mas eu estava abalado e principalmente cansado, percebo que lágrimas escorrem pelo meu rosto e me permito sentir todas as emoções que eu controlava até o momento.

Olho para Cody e vejo que ele havia apagado.

- Por favor, fique bem, eu não sei se poderei viver nesse mundo de animais sem seus conselhos idiotas e seu apoio moral.- Digo entre lágrimas. Eu provavelmente não estaria chorando caso Cody estivesse acordado.- Eu quero poder ver você se formando na faculdade, quero também que você vá na minha formatura do ensino médio e me ajude a escolher qual faculdade eu irei cursar...

Respiro fundo e enxugo minhas lágrimas com o braço, molhando o moletom amarelo limão de Ethan.

- Eu sei que estou sendo egoísta em partes, e peço desculpas por isso, mas você é meu irmão mais velho e eu não consigo imaginar minha vida sem você.- Admito e aperto forte a mão de Cody.

Soluço com meu choro.

- Você se lembra de quando o papai te expulsou de casa, e eu vi você no seu quarto chorando enquanto arrumava suas coisas para ir embora ? Quando você percebeu que eu estava te olhando, você enxugou suas lágrimas e sorriu.- Sorrio triste.- "Nós somos irmãos, e nem mesmo nossos pais poderão nos separar." Você me disse naquele dia. E você está certo, nada poderá nos separar. Nunca.

Suspiro e enxugo minhas lágrimas uma última vez. E então olho para Cody, sua expressão era serena, mas algo estava errado. Sangue escorria pelas suas orelhas e nariz, e ele estava suando.

Me levanto da cadeira assustado e grito pelo médico. Que depois de alguns segundos entra no quarto correndo.

Cody estava tremendo e tendo alguns espasmos musculares. A máquina que monitorava os batimentos cardíacos dele não parava de apitar.

Andrew que havia acabado de entrar no quarto, corre até Cody e abre os olhos dele com uma das mãos.

- As pupilas dele estão muito dilatadas.- Comenta Andrew se afastando de Cody.

O médico olha para mim nervoso.

- Os exames de Cody saíram. O caso dele é de traumatismo craniano grave e aparentemente ele está tendo uma hemorragia cerebral.- Explica Andrew rapidamente.- Espere na recepção, nós vamos levar seu irmão para a sala de cirurgia agora.

[•••]

Na recepção, eu não conseguia parar de andar de uma lado para o outro. Ethan já estava ficando nervoso por eu não parar quieto.

Meus pais estavam na sala também, mas eles se mantinham​ afastados de mim e Ethan, sentados do outro lado da sala. Eu não culpo eles.

O clima não era bom, havia muita tensão no ar e aquela espera toda não estava ajudando.

Cody havia ido para a sala de operação fazia mais de duas horas. Eu sei que essas coisas demoram, mas eles não poderiam dar notícias ?

- Dá para você sentar? Eu já estou nauseado.- Diz Ethan com a voz controlada, enquanto apoiava seus cotovelos nas pernas.- Eu sei que você está nervoso, mas andar de um lado para o outro sem parar não irá ajudar em nada.

Bufo e me sento ao lado de Ethan.

- Eu sei, mas...Eu conversei com ele no quarto, ele parecia bem...E agora isso? Não entendo.- Murmuro olhando para Ethan.

- As coisas às vezes são assim, repentinas.- Comenta Ethan suavizando sua voz. Havia algo por trás daquilo que Ethan disse, mas eu não sabia exatamente o quê.

Eu sabia que tudo isso estava sendo duro para ele também, assim como para os meus pais, mas eu acho que eu estava com uma carga a mais de preocupação do que todo mundo ali.

- Tudo vai dar certo.- Disse para mim mesmo tentando me acalmar, mesmo que sendo em vão.

Passou-se alguns minutos, e enquanto eu balançava minhas pernas ansioso e mantinha minha cabeça baixa. Andrew entrou na sala ainda usando luvas e uma roupa cirúrgica azul machada em diversas partes de sangue.

Andrew mantinha os olhos baixos e passava a mão pela sua cabeça.

Me levanto, assim como Ethan e meus pais, todos esperando uma resposta.

- E então?- Pergunto tomando uma postura rígida mesmo estando despedaçado por dentro.

O médico tirou suas luvas e suspirou.

- Nós fizemos nosso melhor, mas tivemos algumas complicações.- Fala Andrew tristemente.

- Que tipo de complicações?- pergunto sentindo meus olhos marejarem.

Sinto a mão de Ethan sobre meu ombro me dando apoio.

- Eu sinto muito, mas Cody teve uma parada cardíaca e não resistiu.- Foi o que eu ouvi antes de tudo ficar escuro e o mundo mais silencioso.

Eu nunca havia temido a morte, e nunca pensei no quanto ela poderia mudar as nossas vidas. E nada do que eu imaginava compreender sobre a perda era comparado á dor agonizante que eu sentia agora.


Notas Finais


Espero que tenham gostado, chorado e também espero que vocês não me matem.

Ave atque vale, Cody. Saudações e Adeus.

Beijinhos da Tia Ana 😚


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