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História Innocent Sinner - Tension


Escrita por: elusive

Notas do Autor


Oláá! Postando hoje por necessidade de me animar porque hoje a sofrência e a ansiedade estão me atacando (ok mas ninguém sim porta), ainda bem que eu já tinha isso aqui escrito!
Originalmente eu tinha dividido esse capítulo em dois, mas estava curto demais, então juntei tudo :P
Muito obrigada as fofuras que leram o primeiro capítulo e deram uma chance para essa fic, a tia San fica muito contente com seus comentários e favoritos ❤

Capítulo 2 - Tension


Fanfic / Fanfiction Innocent Sinner - Tension

Prisão Estadual Ironwood, condado de Riverside, Califórnia

Dias atuais

Era a primeira vez em quinze anos que se via livre do uniforme laranja.

Acabava de cumprir sua pena por homicídio doloso e homicídio passional que, graças a seu advogado, fora reduzida de vinte para quinze anos. O que para ele não fazia tanta diferença assim. Do lado de fora esperava sua carona para se ver longe daquele deserto árido de Ironwood. O sol lhe aquecia as bochechas e machucava os olhos. Pedira a Zachary, o único amigo que ainda o visitava, óculos de sol e um boné junto às roupas, mas tudo o que recebeu pela manhã foi um par de tênis, jeans e uma regata, tudo em preto.

A solidão do lugar não ajudava Sanders a se sentir aliviado com a liberdade. Nem mesmo sabia como seria sua vida dali para frente. Seus pais não o perdoaram pelo o que fez e, após o julgamento, nem sequer disseram adeus ao filho. Zacky mantinha contato uma vez ao ano, mas tinha sua própria vida pouco resolvida para se preocupar em ajudar o amigo homicida.

Sanders andava em círculos sentindo o sol queimar sua nuca e o calor do chão subir-lhe pelas pernas. Perguntou-se quanto tempo mais Zacky demoraria.

Know your enemy

O único carro que apareceu na estrada e contornou o enorme círculo de asfalto em volta da prisão foi um Chevrolet Cruze preto. Estacionou silenciosamente ao lado de Matthew e desceram o vidro fumê da porta do carona.

— Senhor Shadows? — um homem sério apareceu na janela. Tinha provavelmente a mesma idade que Matthew, a boca fina quase em linha reta e olhos escondidos por lentes escuras de um Ray-Ban.

— Sim? — respondeu duvidoso. Shadows era seu apelido de adolescência e também como o chamavam na cadeia.

— Serviços especiais para o senhor. Sobe aí.

Matthew não se moveu.

— Zachary nos pediu para fazer esse grande favor e pede desculpas por não vir pessoalmente. — o rapaz soava impaciente e ligeiramente arrogante. — Agora, se não se importar, ainda temos que pegar mais quatro horas de volta à Huntington Beach.

Não fazia ideia de quem era aquele cara, mas decidiu se arriscar, afinal, ele sabia seu apelido e o nome de seu amigo. Não tinha muito mais o que perder da vida mesmo.

Entrou no conforto do carro e sentiu a lufada de ar-condicionado em sua direção. Jogou a sacola de pano semivazia no chão e cruzou os braços.

— Por favor, o cinto de segurança senhor Shadows. — foi o motorista de voz feminina quem o alertou. — Não queremos que você se machuque, não é mesmo?

Ele se divertiria com o que parecia ter sido uma ironia se lhe fosse dado a oportunidade de rir, mas assim que puxou o cinto de segurança sentiu uma picada em sua coxa direita e desfaleceu imediatamente com o efeito da droga injetada.

* * *

— Ah, vamos Syn, não seja ciumento. Admita que ele ficou mais bonito com o tempo.

A motorista ziguezagueava a cem quilômetros por hora e a rádio tocava Rage Against The Machine num bom volume. Infelizmente, para ela, o tráfego da rodovia a impedia de acelerar mais.

— Veja como ele era horrível nessa época, parecendo um veadinho. — ela riu sozinha balançando uma fotografia para o companheiro mal-humorado ao seu lado.

Ele bufou tirando a fotografia da mão dela. Mostrava Matthew em seus dezenove anos junto a um grupo de amigos, todos com cabelos ensebados por gel, roupas completamente pretas, olhos e unhas pintadas e feições falsamente malvadas.

— Ah, a maravilha dos anos dois mil. Por que eles usavam essas maquiagens horríveis?

A moça sorriu enquanto se balançava com a música. Ele jogou a foto no chão do carro, desinteressado para continuar alimentando aquela conversa sobre a vítima. Sem escrúpulos, pousou sua mão na coxa da mulher e acariciou com um aperto. A calça skinny preta deixava visível o seu trabalho muscular e a delineação de suas pernas femininas. Ela mantinha um sorrisinho malicioso nos lábios vermelhos e não desviava os olhos da estrada.

— Você pode acabar causando um acidente com essa mão aí. E temos que manter nosso garotão são e salvo, Syn.

— Você tem me obrigado a me satisfazer sozinho... — ele reclamou com o olhar lascivo sobre ela.

Ela se focou nele por um tempo retribuindo o mesmo olhar e com um sorriso nascendo no canto dos lábios rodou o volante para mudar de via com rapidez.

— Porra! — ele xingou por ter batido a cabeça com movimento brusco e repentino.

Ela riu e checou o retrovisor. Matthew começava a se mover lentamente.

— Você deveria dar outra dose para o muralha, ele está acordando e ainda temos trinta minutos de viagem. Você não quer que ele te enforque por trás quando o efeito passar, quer?

Synyster aplicou mais meia dose de sedativo e observou os movimentos da vítima cessarem outra vez.

— Você acha que eles vão o matar? Ou pedirão para a gente concluir o serviço? — o rapaz perguntou analisando o grande homem dopado no banco traseiro.

— Eles não vão querer que Shadows morra.

— Não?

— Bom, é óbvio que o que querem é vingança. O velho está esperando por isso há quinze anos. Quinze anos de ódio não são supridos em um simples assassinato. Ele não vai se satisfazer com a morte dele. Então, não, Shadows não vai morrer. Não tão cedo, pelo menos. O que é bom, Brian, porque significa que teremos muito trabalho pela frente.

— Certo. Mas por que você ainda teima em me chamar de Brian?

— Porque você fica mais gostoso quando está irritado. Brian. — e mordiscou o lábio com malícia.

— Você ainda vai me matar um dia, Toni.

— Tenha certeza disso.

* * *

Sanders sentia como se sua cabeça fosse explodir e a perna que recebera a injeção ainda estava dolorida por causa da falta de delicadeza no momento da aplicação. A testa ardia a ponto de fazê-lo gemer quando tentou abrir os olhos. O pescoço deveria estar a muito tempo curvado naquela posição porque enrijecera. Suas mãos e pés estavam atados. Quando tentou sacudir o corpo o ruído metálico acusou que estava preso por algemas.

Os olhos foram aos poucos se acostumaram com a luz branca e ele pôde perceber que estava sozinho, preso a uma cadeira de ferro no meio de um quarto vazio. No fundo, ao lado esquerdo, uma escada de madeira com parte do corrimão quebrado, o que o fez acreditar que poderia estar em um porão.

Still in a room without a view

— Boa tarde Sanders.

A voz feminina resvalou-lhe o pé do ouvido tão repentinamente que o fez dar um sobressalto de susto. A sua presença e seus passos eram absolutamente silenciosos e gatunos.

— Ou prefere Shadows? — ela apareceu em sua frente com um sorriso torto e divertido.

Ela era bem baixa. Uma provável diferença de trinta centímetros em relação à altura dele. Os membros definidos comprovavam que ela deveria frequentar academia ou, no mínimo, praticar artes marciais. Sanders não conseguiu deixar de notar que, um pouco abaixo da sua linha de visão, um quadril largo e feminino sustentava um short justo. Ele, que não havia tido relações sexuais nos últimos três anos na cadeia, tentou desviar o olhar para evitar piores situações causadas por seus impulsos corporais.

— Para quem você trabalha? — disse já não lembrando o que ela havia perguntado.

— Você é mais esperto do que eu imaginei. — ela continuou sorridente. — Normalmente a primeira pergunta é “onde estou?” ou “o que estou fazendo aqui?”. Mas, respondendo à sua pergunta: acredito que você deve se lembrar de alguém pelo sobrenome Hetfield. Bom, é claro que se lembra, não é? Sua namorada era uma Hetfield.

— James Hetfield. Eu deveria ter adivinhado.

— Exato! Ah, eu gosto de trabalhar com pessoas inteligentes. — seu tom parecia irônico e ela se mantinha de braços cruzados perambulando na frente dele.

— O que ele quer comigo? — perguntou esticando a coluna vertebral. — Por que ele simplesmente não vem até mim? O que uma garota como você tem a ver com isso?

— Tecnicamente nada. — ela balançou os ombros e saiu do campo de visão dele. — Mas é o meu trabalho. E não se preocupe, ele vai vir te fazer uma visitinha. Agora, sobre o que ele quer... É óbvio, não? Vingança. Você matou a única filha dele e foi preso por isso. Ele ficou puto, é claro, porque queria ter colocado as mãos em você e acabado com a sua raça, mas às vezes a justiça faz o seu trabalho, não é? Então ele esteve te esperando por todo esse tempo.

— Por que ele não me mata de uma vez? O que ele quer? Eu não tenho mais nada!

— Água? — ela ignorou a última pergunta e apareceu com uma garrafa de plástico nas mãos, do bocal pendia um canudo cor de rosa. Ele franziu o cenho. — Ah, não se preocupe, não teria graça envenenar você. — ela bebeu um pouco da água sujando o canudo com o restinho de um batom vermelho borrado. — Viu?

Ele suspirou e esticou o pescoço para sorver a água pelo canudo enquanto ela segurava a garrafinha. Sentia-se ridículo, mas notou que no momento sua sede era mais preocupante que sua pose.

— Você não me respondeu se prefere Sanders ou Shadows. Ou Matthew. Ou Matt. Do que ela te chamava?

Entendeu que ela se referia à namorada assassinada.

— Matt. — respondeu dando uma pausa na água. — Então pode escolher entre as outras três opções, eu não me importo.

— Você não acha Shadows ridículo? Quero dizer, eu sei como é. Todos me chamam de Hunter. — ela tirou o canudo da boca dele e o impediu de terminar o conteúdo, seguindo em frente e largando a garrafa numa mesa vazia encostada à parede. Ele lambeu os lábios, irritando-se por querer mais. — Mas quando te batizam de Toni Harvey acho que ser chamada de Hunter não é a pior opção. Até porque esse nome condiz com a minha realidade. — ela piscou um olho e sorriu com o canto do lábio outra vez, dando as costas e deixando Matthew com a visão de seu bumbum contornado pela malha escura. — Agora é hora de darmos algum sentido real para seu nome, senhor Shadows.

E, com o dedo no interruptor da parede, desligou a luz branca deixando todo o porão em silêncio e escuridão.

* * *

Deveria passar das dez da noite quando o velho, porém conservado, Mustang vermelho chegou ao seu destino. As ruas da vizinhança no subúrbio eram largas e desertas, o que fazia parecer com que a noite fosse ainda mais escura e misteriosa.

O homem que saltou do carro para tocar a campainha trazia cabelo e barbicha grisalhos e braços marcados por tatuagens antigas. Poderia ser facilmente comparado a um chefe de gangue de motoqueiros, mas nunca se metera em nenhum tipo de afiliação gângster.

A porta da frente se abriu depois de um tempo em espera.

— Senhor Hetfield! Por favor...

Ele entrou antes que a moça terminasse a sentença.

Now I got no patience

So sick of complacence

— Onde ele está? — estava inquieto e irritadiço. — Me diga!

— Senhor, acalme-se. — ela pediu com calma e parcimônia, fazendo o convidado perder cada vez mais a própria paciência. — Ele não vai sair voando de lá. Está no porão.

O homem mal deu um passo para frente e fora impedido pela baixinha.

— Acalme-se. — repetiu, desta vez com o olhar duro. — A primeira parcela do pagamento, por favor?

Hetfield bufou e tirou de dentro do colete jeans um envelope pardo.

— Ótimo. — ela voltou a sorrir. — Agora podemos começar nosso passeio.

Ele a acompanhou até o porão escuro e frio. Quando a luz se acendeu, revelando um assassino algemado e cabisbaixo, Hetfield engoliu o bolo de ansiedade que estava grudado em sua garganta.

— Ah, seu bastardo miserável...

Nem mesmo a moça viu aquele soco vindo. O punho acertou em cheio a maçã do rosto de Sanders, que até então ainda estava atordoado com a solidão e o silêncio do lugar. Após o primeiro, os segundos seguintes foram suficientes para mais uma dupla de murros.

— Hetfield! HETFIELD!

Com sua força ele jogou Sanders para o chão, ainda preso à cadeira, e já se punha em cima do rapaz para continuar extravasando seu ódio. Hunter se embolou no meio deles, conseguindo desvencilhar o homem do prisioneiro somente depois de aplicá-lo um mata-leão no pescoço.

— Porra, James! — ela berrou outra vez se levantando enquanto o mais velho tossia devido ao quase estrangulamento recebido. — Acalme-se!

— Seu filho da puta, verme desgraçado! — Hetfield cuspiu em Sanders com desgosto. — Como você quer que eu me mantenha calmo perto dele, Hunter?

— Você vai matá-lo antes da hora se continuar assim. — ela fez força para levantar o agredido do chão. — Primeiro momento: conversa. Foi isso que combinamos, lembra?

Matthew já tinha um olho quase fechado graças aos golpes aplicados em sua face. A boca também tinha cortes e sangrava por dentro deixando os dentes manchados.

Hetfield tentou encher os pulmões de ar.

Sanders — o homem sibilou com tamanho desgosto que soava como se o nome provocasse um gosto ruim na boca. — Você tem a mesma cara nojenta que tinha quando foi preso. Eu pensei que a prisão daria um jeito nesse seu nariz empinado, mas você é narcisista demais, não é garoto?

Matthew não respondeu. Cuspiu no chão o sangue que começava a se misturar com saliva antes de voltar a encarar o homem.

— Você não se importa, não é mesmo? — o rosto cansado continuava a expressar nojo e desgosto. — Não se importa de ter matado a minha filha, de ter tirado de mim meu bem mais precioso. Ela era tudo o que eu tinha, Sanders. Você não faz ideia de como um pai solteiro se sente quando a polícia te liga informando que sua única filha adolescente foi encontrada morta em casa, vítima da barbárie do próprio namorado. Você não faz ideia da dor que senti e ainda assim você não dá a mínima para isso. Você nem mesmo foi capaz de fingir uma desculpa, seu covarde.

— Eu não seria cínico a esse ponto. — Matthew sussurrou entredentes.

Hetfield socou-o outra vez, o ódio o consumindo.

Fist in ya face, in the place

— Eu vou fazer você sofrer, garoto. — ele agarrou o colarinho da regata do mais jovem, apertando a ponto de sufocar sua garganta. — Você vai implorar para que eu o mate. Ainda vou ouvi-lo implorando pela morte, porque a sua vida vai ser um inferno a partir de hoje. E o demônio? — James sorriu ameaçadoramente. — Este sou eu mesmo, em carne e osso.

— Sinto muito em decepcioná-lo, James, — Matthew mostrou os dentes sujos de sangue, a voz soando arrastada. — mas se for você quem vai fazer da minha vida um inferno, então estou pronto para viver eternamente.

Outro soco em direção ao sorriso cínico, desta vez fazendo a cadeira de metal cambalear e quase voltar para o chão.

— Sua arrogância é invejável, Sanders.


Notas Finais


Eitcha jeová! Segura os homi!
Nesse capítulo vocês puderam ter uma pequena noção sobre a personalidade dos personagens principais e também sobre o que vai rolar com nosso pobre Shad, mas espero que tenha dado um gostinho de quero mais para vocês ficarem curiosos com o desenrolar do enredo, então me digam o que acharam ;)

Ah e a música desse capítulo foi Know Your Enemy do Rage Against The Machine
É isso aí! Vejo vocês no próximo~~


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