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História Innocent Sinner - Inside


Escrita por: elusive

Notas do Autor


Olha quem chegou, finalmente!
Sei que estou demorando muuito para atualizar IS gente, mas eu tava passando por uma trava terrível :( estou me esforçando para melhorar aos poucos, prova disso é que escrevi o 2/3 restante desse capítulo agora a noite porque queria postar logo! Tenham só um pouco maids de paciência comigo, sim? <3
Bora lá~

Capítulo 6 - Inside


Fanfic / Fanfiction Innocent Sinner - Inside

A injeção fez efeito rápido e o sangramento diminuiu consideravelmente. Hunter tirou a gaze para verificar se não havia ficado pedaços de vidro no ferimento, mas estava vazio. Ela limpou a abertura com cuidado e tapou-a com gaze limpa e esparadrapo. Aproveitou para passar mais remédio cicatrizante nos machucados do rosto. O olho estava bem menos inchado agora, e as bolsas debaixo dos olhos estavam esverdeadas.

Ele estava silencioso, a cabeça apoiada na coxa dela e o corpo musculoso colado ao chão frio. Os olhos estavam distantes e opacos e os cílios quase não se moviam. Ela moveu sua cabeça para o chão e buscou a garrafa de vinho para fazê-lo tomar um gole junto com um comprimido. Ele se levantou de volta à cadeira e engoliu o remédio com uma dose grande da bebida. Hunter percebeu que estava com as mãos vazias diante do prisioneiro e, apesar de ele não demonstrar nenhuma reação contra ela, puxou a pistola de volta para sua cintura.

Ela o prendeu de volta, por precaução, e subiu as escadas. Voltou ao porão trazendo um colchonete, travesseiro, cobertor e água para que ele não desidratasse. Esticou o colchonete fino no canto mais escuro do porão junto à parede e deixou que Matthew viesse até a cama improvisada. Prendeu a algema dele numa corrente chumbada na parede, o que o deixava mais livre para se movimentar.

— Tratamento especial para você hoje, grandão. — jogou o travesseiro e o cobertor para ele que já se acomodava colando as costas na parede fria. — Agora precisamos inventar uma história para esse seu corte. Hetfield não vai gostar nem um pouco de saber que desalgemei você.

Ele esvaziou metade da garrafa de água num único gole, mas não disse nada, apenas respirou fundo e jogou a cabeça para trás, arrependendo-se imediatamente de ter executado o movimento que fazia o corte no pescoço arder.

— Acho bom você dormir, amanhã o dia vai ser cheio. Com Zacky vindo te ver e tudo o mais...

Ela conseguiu prender a atenção dele com a menção do nome. Os olhos verdes caíram sobre os dela e esperaram para que ela continuasse.

— Saudades de seu amigo? — ela deixou um sorrisinho vir para o canto da boca. — Posso preparar a pipoca para assistir o show de vocês, amanhã?

— Não tenho nada para falar com Zachary. — ele murmurou.

— Mesmo? Você parecia tão arrogante no primeiro dia, tão cheio de si... O que houve com o cara que riu descaradamente das ameaças de Hetfield? Coloque-o para fora, é muito mais interessante do que esse Matthew depressivo.

— Eu não estou depressivo.

— Oh, não? — ela riu. — E o que foi toda essa cena que você fez agora a pouco? Você está a um passo para a loucura, Sanders. Eu faço mais dinheiro se conseguir te manter são por bastante tempo, portanto recomponha-se.

— Eu não pretendo ficar muito tempo por aqui. — ele a encarava com o olhar duro, mas no fundo de suas íris coloridas havia cansaço e tristeza.

— Nem se atreva a foder com o meu serviço.

Ela girou nos calcanhares dando-lhe as costas e tomou direção à escada, mas foi impedida assim que levou o dedo ao interruptor.

— Espera... — pediu.

— O que é?

Hunter viu o peito musculoso subir e descer com a respiração longa e profunda. Ele mordiscou o lábio, pensativo, e voltou com aqueles olhos carregados para ela.

— Eu acho que podemos fazer um acordo.

A moça ficou calada por um longo segundo antes de soltar uma gargalhada exagerada.

— Eu não estou com humor para brincadeiras, Sanders.

— Não estou brincando. Me ouça. — ele respirou fundo outra vez. — Você precisa me manter vivo e eu preciso me manter mentalmente estável para o que quer que Hetfield planeje fazer comigo. Para isso, preciso extravasar o que sinto. Preciso que você me ajude, ou não poderei ajudar você com seu trabalho.

Ela franziu a testa e cruzou os braços, curiosa.

— Estou falando sério. — sua voz soava cansada e ele se esforçava para ser ouvido claramente. — Já estou fodido mesmo. Quero dizer, você está certa: eu estou ficando maluco. E quanto mais instável eu estiver, mais vou desejar a morte rápida. A verdade é que eu não quero morrer, muito menos pelas mãos daquele velho, mas só conseguirei lutar pela vida se você me ajudar.

Getting lost within myself

Nothing matters, no one else

Hunter ponderou por um tempo antes de descruzar as mãos e levá-las para os quadris.

— E o que te faz acreditar que eu ajudaria você?

— O dinheiro que você vai conseguir tirar de Hetfield se eu ficar mais tempo aqui, como você disse.

— Eu também posso fazer uma boa grana pegando uma faca serrilhada para cortar seus dedos bem lentamente. — ela estava com uma expressão séria e quase irritada.

Matthew desviou o olhar dela e encostou a cabeça, puxando o cobertor velho e desbotado para cobrir os ombros. Hunter notou que ele havia desistido e soltou a respiração ruidosamente pelo nariz. Puxou a cadeira de madeira que ficava perto da velha banheira esmaltada e sentou-se de frente para seu prisioneiro.

— Está bem, idiota. O que é que você precisa?

Ele não levantou os olhos para ela.

— Diga logo!

— Você já deixou claro que entende de mentes, o que acha que eu preciso?

Ela umedeceu os lábios secos e coçou a nuca. Não por dúvida, mas porque sabia bem o que Matthew precisava e não queria dar a ele o que pedia. Nunca tinha tomado aquela posição antes, nem com prisioneiros, nem com qualquer outra pessoa, mas sabia que ela mesmo havia se colocado naquela posição, já que fez questão de relembrar Matthew de seus dias na prisão.

— Isso está soando como se você estivesse pedindo por sexo. — ela comentou somente para se entreter.

— Não estou recusando, mas agora não tenho humor para isso.

Ela revirou os olhos e se permitiu sorrir antes de parar e olhar com atenção para o rapaz. Ele ainda vestia a camiseta larga de mangas e sua pele parecia quase tão pálida e sem vida quanto o tecido branco, com exceção dos pontos ainda esverdeados e arroxeados em seu rosto. Seus lábios ligeiramente carnudos pareciam precisar de mais água e os olhos verdes se escondiam atrás das pálpebras ligeiramente inchadas. Apesar de tudo, Sanders ainda parecia sustentar algum tipo de revolta em sua expressão. Uma face que se esforçava em parecer malvada mesmo quando o coração estava em pedaços.

— Posso começar? — ele pediu.

— Não sei fazer o papel de psicóloga, Sanders. E não ache que estou sendo sua amiguinha.

— Faz muito sentindo uma amiga me manter prisioneiro num porão frio como esse.

— Ainda bem que você sabe.

Ele se deitou no colchão fino fazendo as correntes que o prendiam tilintarem e fechou os olhos para sintetizar tudo que seu corpo sentia e as coisas que sua mente gritava. Odiava o fato de estar se entregando daquele modo à Hunter e às suas táticas mentais, mas já não estava em estado de pensar muito sobre suas escolhas e dar atenção ao seu orgulho ferido. Sua falta de sanidade o assustava e o consumia no breu das noites naquele porão. O trauma o atingia com a mesma força daqueles primeiros meses após o assassinato.

— Você já perdeu a cabeça alguma vez na vida? — ele perguntou com a voz baixa, os olhos fechados.

— Não estamos aqui para falar de mim.

— Aquela não foi a primeira vez, sabe? — ele continuou, ignorando o tom dela. — Eu sempre fui um garoto estúpido e egoísta. Fui criado assim. Minha mãe passava muito tempo trabalhando no hospital e me deixava nas mãos de meu pai, o que foi um péssimo exemplo para mim. Eu sempre perdia a cabeça, mas o máximo que conseguia era foder a vida de alguns idiotas ou pegar alguma detenção na escola. Meu pai tinha aquela merda de arma em casa e me dizia que eu poderia usar sempre que precisasse. Eu já estava há muito tempo desconfiado de Cali e acho que faria qualquer merda naquele dia, como socar o miserável que estivesse com ela até que meus punhos doessem, mas ao ver Jimmy no lugar de amante...

Hunter preferia não ouvir a história novamente, mas se deixou acreditar que a narrativa daquela tragédia pelo ponto de vista do assassino era um pouco mais interessante.

— Você entenderia o que senti se conhecesse Jimmy.

— Não, não entenderia.

— Eles deveriam ter entendido. — continuou cortando-a. — Zacky e Johnny, eles o conheciam, deveriam entender minha revolta.

Hunter se curvou e apoiou os cotovelos nos joelhos e o queixo nas mãos para observá-lo naquele transe que ele mesmo se induzia.

— Sanders? — chamou com a voz mais controlada e baixa. — Por que não se foca em como está se sentindo hoje? Eu já conheço toda a história.

 — Como posso estar me sentindo, Hunter? — ele abriu os olhos, mas fitou o teto escuro. — Eu não sei mais quem sou eu. Há anos perdi meu eu. Aquele garoto estúpido, rebelde e rude se foi no dia em que viu sua mãe dar-lhe as costas, enojada pelo seu próprio filho. Ele se foi e deixou puro vazio dentro de mim. Eu não sou nada... E se não sou nada, deveria morrer de vez e acabar com tudo isso, mas tenho medo.

Emptiness is filling me

To the point of agony

[…] I was me, but now he's gone

— Do que você tem medo?

— Do vazio eterno.

— Você já vive num vazio.

— Mas ainda sinto alguma coisa. Dor, remorso, amargura, raiva... Ainda sinto. E ainda preciso experimentar mais sentimentos.

— Quais? — ela estava começando a se interessar pela conversa.

— Um dos meus psicólogos uma vez me deu um livro... Eu não me lembro da história, era bem ruim, na verdade, mas uma coisa eu me lembro. Dizia: ninguém deveria perecer neste mundo sem ter a experiência de ser amado ou de, ao menos, doar-se ao outro.

Matthew caiu em silêncio por um tempo e Hunter seguiu-o. Na procura do que dizer ao homem, sua própria mente começava a divagar.

— Seguindo essa linha de pensamento, você acha que poderia morrer hoje, Hunter? — ele tentou mover a cabeça, mas o pescoço dolorido o impediu.

Ela franziu os lábios e as sobrancelhas numa linha reta.

— Eu espero que sim. Por que eu mesmo não poderia.

Apesar da pouca iluminação, Hunter viu um par de lágrimas tímidas caírem dos olhos em direção às orelhas de Matthew. Ele fechou as pálpebras novamente e encheu os pulmões de ar para controlar o que parecia tomá-lo por inteiro e sem rédeas.

— Você acha que eu deveria desistir de vez? — ele perguntou quase sussurrando. — Talvez eu deva mesmo morrer sem ser amado.

— Talvez você não seja digno de receber amor, mas é certamente capaz de doá-lo. Corações frios são os que ardem mais forte.

— E onde foi que você leu isso? — ele forçou um breve sorriso no rosto abrindo os olhos para fitá-la.

— Dentro de mim mesma.

Ele sustentou o olhar dela no seu e sentiu um nódulo se formar em sua garganta. Não pelo machucado no pescoço ou pela posição desconfortável que tinha, mas pela profundidade e intensidade que a mulher carregava naqueles olhos e que até então estavam tão escondidos por sua superficialidade forjada. Matthew saberia identificar uma alma tão vazia quanto a sua. E apesar de não ter feito aquilo com a intenção de penetrar a escuridão de Hunter, sentia que não era somente ele quem estava em pedaços.

— O que aconteceu com você? — ele perguntou. — Você parece ter seus segredos também.

— Eu tenho controle sobre mim, Matthew. — ela mal movimentou os lábios e nem mesmo piscou os olhos. Ele sentiu como se ela pudesse ler sua mente tão facilmente como um livro aberto. — Você não penetra minha intimidade muito mais do que eu deixo você ir.

Now I've told you this once before

You can't control me

— Posso penetrar coisas mais profundas, se você quiser. — ele prendeu um sorrisinho que queria aparecer no canto da boca.

— Vá para o inferno.

Ela se levantou da cadeira, mas teve a mão puxada antes mesmo de conseguir se virar.

— Desculpe.

As mãos deles se tocaram delicadamente e os dedos roçaram prendendo-se pelas pontas. Ambos queriam se desvencilhar do toque, mas nenhum dos dois tomou a atitude brusca de separar rapidamente as mãos. Um pouco de eletricidade percorreu os pedaços de pele que se encostavam e os manteve ali.

— Pensei que essa palavra não existisse no seu vocabulário.

— Vamos ter mais conversas como essa? — ele perguntou com os olhos quase suplicantes.

— Boa noite, Sanders. Prepare-se para as visitas de amanhã.

E ela finalmente deu as costas, deixando a mão masculina cair no chão e todo o corpo dele se perder na escuridão.

* * *

Bebericava um chocolate quente instantâneo no sofá da sala enquanto seus olhos se prendiam ao noticiário que passava na TV, mas seus ouvidos pareciam zumbir e ela não conseguia ouvir nada do que era dito pelo jornalista semi calvo. Estava frio o bastante para ela se encolher entre as almofadas e ela se deixava imaginar o quão mais frio estaria lá embaixo. O chão duro, o colchão áspero, o mofo impregnado no cobertor e a negritude tão intensa que impedia qualquer olho humano de se adequar a falta de luz.

Começou a se perguntar se estava tendo algum tipo de compaixão pelo prisioneiro. A verdade era que nunca acompanhara tão de perto o passar dos dias para suas vítimas. Nunca precisou trazer alguém para o seu porão. Bom, talvez algumas vezes, mas nenhum durou mais do que vinte e quatro horas inteiras. Ela estava mesmo sob controle de si mesma? E era, afinal, tão insensível e apática como acreditava ser? Sanders era, afinal, um caso diferente. Ela sabia exatamente como lidar com bandidos, traficantes, pedófilos e assassinos nojentos, mas seu atual prisioneiro não se encaixava em nenhuma das categorias.

Brian a alertara dos perigos. Ela sabia ser má com pessoas realmente más, mas saberia ela ser profissional o suficiente para lidar com uma pessoa tão quebrada e instável quanto ele? Uma pessoa tão semelhante a si mesma?

Hunter sabia que precisava de Brian ali naquele momento. Nem que fosse para fazer seu corpo vibrar sobre o dele numa madrugada de sexo quente, já que transar com o companheiro era uma das poucas coisas que preenchiam seu próprio vazio existencial. A quentura dele, suas palavras sujas, os carinhos e beijos antes de dormir. Tudo aquilo poderia ajudá-la mo momento e afastar aquelas dúvidas que a perturbavam. Quis ligar para ele e pedir para que voltasse imediatamente para casa, mas desistiu de apertar o botão que faria a chamada. Ele não era seu boneco e ela sabia que não podia mais ter aquele tipo de atitude com ele. Decidiu que dormiria aquela noite com a dor de cabeça insistente e com o lado direito da cama vazio e gelado.

I stand alone

Inside


Notas Finais


E então? Tá fazendo sentindo para vocês o que tá acontecendo com essas duas cabecinhas loucas? O que é que tá realmente rolando entre Hunter e Sanders? Até onde a Hunter vai aguentar? E até onde o Matt vai ficar bem da cabeça?? Apostem seus dólares nos comentários! haha

Prometo escrever e postar com mais rapidez! Mais uma vez, não se esqueçam de mim! Ainda tem coisa tensa para vir :3
E as músicas do cap foram: Fade to Black - Metallica / I Stand Alone - Godsmack


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