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História Innocent Sinner - Apologies


Escrita por: elusive

Notas do Autor


Preparem-se porque a partir daqui é só drama pra essa história!
Esse capítulo é bem bad vibes, então segurem o coração para a sofrência <3
Boa leitura, minhas gracinhas! E saibam estou muito contente com o retorno que ando recebendo aqui em IS, vocês são uns amores!
Agora sim, vamos lá \o

Capítulo 9 - Apologies


Fanfic / Fanfiction Innocent Sinner - Apologies

Matthew obviamente não estava mais ao seu lado quando ela abriu os olhos naquela manhã. Encheu o peito de ar o máximo que pode e, pela segunda vez seguida, tudo o que queria era ignorar o dia e voltar a dormir para esquecer o mundo lá fora. Dormira melhor do que na noite anterior, mas seu corpo ainda estava cansado e a boca tinha um gosto amargo. Arrastou-se para fora da cama com dificuldade e, ao checar o celular, não havia nenhuma notificação de mensagens ou ligações perdidas. Suspirou.

Pensou que àquela hora da manhã Sanders já estava bem longe. Talvez tivesse lhe roubado algum dinheiro para pegar um ônibus sem destino exato. Seu cérebro quis raciocinar o que teria de explicar para Hetfield e os outros quando perguntassem sobre o prisioneiro, mas no momento ela tinha uma preocupação mais urgente que afligia seu coração: o sumiço de Brian.

Jogou uma camiseta qualquer por cima do corpo e vestiu uma calcinha antes de sair do quarto. Ponderou se deveria fazer café e se tinha apetite para mastigar alguma coisa, mas surpreendeu-se a ponto de parar no meio da sala, franzir o cenho e transformar o rosto numa careta.

— Bom dia! — ele sorria para a expressão da moça. — Dormiu bem?

— O que você está fazendo aqui? — ela acabou soando rude ao falar a primeira coisa que lhe veio à cabeça.

— Ora, você estava errada ao ter tanta certeza que eu iria embora.

— Por que não foi? Você acha que eu vou fazer o quê com você? Te adotar?

— Seria uma opção aceitável. — ele riu.

— Eu não deveria ter transado com você. Acabei deixando você de muito bom humor.

Ela foi até o balcão da cozinha e se esticou para ver o que ele se arriscava a preparar. O cheiro que vinha da frigideira era bom, mas o aspecto denunciava que ele passara do ponto.

— Espero que goste de ovos queimados.

 A mistura que ele jogou no prato dela era uma fatia de bacon muito tostada e ovos mexidos que pareciam muito rijos. O sal estava demais, mas ela comeu assim mesmo, acompanhando a refeição com um copo grande de leite gelado.

Comeram em silêncio. Hunter quis questioná-lo sobre sua escolha. Não entendia porque ele decidira ficar, mas interpretou isso como uma forma de ele demonstrar confiança. Ou talvez ele estivesse achando que ela faria algo por ele com relação à vingança de Hetfield. Preferiu não encher a cabeça de dúvidas e se concentrou em mastigar o bacon crocante.

— Você sabe que vou ter que te prender outra vez, não sabe?

— Desde que você deixe a lâmpada acesa desta vez. Eu falei sério quando contei sobre as visões... Tinha umas coisas estranhas acontecendo naquele porão.

— Aconteceram na sua cabeça, somente. — ela fez uma pausa para beber um gole do leite. — Tem certeza que não quer sumir?

— Vai facilitar as coisas para você, se eu sumir? — ele mastigava casualmente seu bacon apoiando os cotovelos no mármore do balcão.

— Não exatamente.

— Então dê um jeito de eu não ser morto por Hetfield, porque eu vou ficar.

— Você é maluco, Sanders.

Ele deu de ombros e se calou para finalizar o café.

Quando ele acordou naquela manhã chegou a abrir a porta da frente e olhar para a rua vazia ansiando a liberdade, mas algo o fez ficar. Na verdade, sabia que não teria sua independência lá fora. Fugir, mas para onde? Começar uma vida nova, mas como? Perambular sem rumo com o constante medo de dar de cara com Hetfield ou Baker não lhe parecia exatamente uma visão libertadora. Além do mais, ele realmente acreditou quando Hunter dissera que aquilo tudo não duraria por muito mais tempo. Pagaria para ver já que não tinha mesmo muito mais o que perder.

— O que vai fazer hoje? — ele perguntou retirando o prato vazio dela para levar até a pia.

— Não sei.

Abriu a torneira deixando a água esguichar nos pratos brancos.

— Vá atrás dele.

Ela levantou o rosto com dúvida estampada no rosto.

— Brian. Não está preocupada com ele?

Ela desviou o olhar e suspirou profundamente.

— E você? O que faço com você?

— Me leve para o porão. Eu vou ficar quieto, algemado e fingindo que nada aconteceu até você conseguir dar um jeito nas coisas.

* * *

Ela não tinha nenhuma certeza se ele estaria mesmo lá, mas depois de checar outros lugares possíveis, aquela era sua última opção. Não imaginou que ele pudesse ir muito longe por causa de seu pai que ainda estava no hospital, então sabia que Brian estaria na cidade.

Quando começaram a se conhecer ele lhe dissera que aquele era seu lugar favorito na cidade. Era uma das praias mais distantes e vazias, ficava ao norte e quase próxima da fronteira com Newport Beach. O sol não estava tão forte, mas o vento soprava vigoroso fazendo seus cabelos chicotearem o próprio rosto. Ela o avistou assim que tirou os chinelos para afundar os pés na areia fina.

Era impossível não reconhecê-lo, mesmo que de longe. Vestia a mesma roupa do dia anterior, uma camiseta preta meio surrada e jeans igualmente escuros. Ele havia arregaçado a calça até os joelhos e plantou-se com os pés na água, admirando o mar raso e o brilho dos raios de sol na água esverdeada. Ela se aproximou com cautela e lentidão. Deixou os chinelos na areia junto ao par de tênis masculinos e esperou até que a primeira onda viesse molhar seus pés.

— Syn... — ela chamou com a voz quase lhe faltando na garganta.

Ele pareceu se sobressaltar um pouco com a voz que não esperava ouvir, mas não se virou para ela.

— O que está fazendo aqui?

— Precisamos conversar.

Come up to meet you, tell you I'm sorry

[…] I had to find you, tell you I need you

And tell you I set you apart

— Vou ser obrigado a discordar, Harvey.

Ele nunca a chamara pelo sobrenome antes. Seu desinteresse e sua voz seca a fizeram estremecer por dentro.

 — Por favor...

Estava sentindo aquela dor no peito outra vez, uma mistura de aperto sufocante e medo. Ela tinha medo de sentir medo. Temia a fraqueza, mas o pesar a consumia de forma que não conseguia controlar. E, na verdade, nem queria se fazer de difícil. Não era o momento. Ela agora sabia que não poderia perdê-lo. Por que havia sido tão injusta com ele? Por que foi egoísta a ponto de preferir gritar e deixá-lo partir?

Quando Brian finalmente se virou para ela, sua expressão não era o que Hunter queria assistir. Ele tinha raiva nos vincos da testa, cansaço nas olheiras profundas e decepção no olhar. A boca fina se contorcia no que ela gostaria de acreditar que não era aversão. Seu cabelo escuro que começava a crescer estava partido para o lado e a falta de banho apagou seu volume, deixando-o baixo e pastoso. Ainda assim ela sentia vontade de afundar seus dedos nos fios dele.

— Eu cansei de você. — ele disse com a voz desanimada. — Cansei de seu egoísmo e de viver a sua vida. Já não tenho idade para brincar de esconder sentimentos, Toni. Não tenho mais fôlego para você.

Ela não soube o que responder por um longo tempo. Os olhos dele estavam grudados aos seus, e isso a matava de vontade de abraçá-lo. Odiava admitir sua fraqueza, sua paixão real e verdadeira por Brian, mas deveria ter baixado a guarda, dizer o quanto se importava com ele enquanto havia tempo.

— Eu sinto muito... — murmurou. — Por tudo. Pelo meu egoísmo, por não me dedicar a você... A nós.

— Isso não vai mudar nada.

— Eu sei que não... — ela sacudiu a cabeça e respirou fundo. — Eu só quero dizer que sinto muito. Eu faria tudo diferente se tivesse outra chance.

—Não, não faria. Eu conheço você, Toni. Por que está me dizendo essas coisas, afinal? Você se arrependeu de algo? Está com a consciência pesada? Uau, isso já é uma grande surpresa.

— Brian... Me escuta.

— Eu não tenho nada para ouvir de você.

Ela o segurou pelos braços, os dedos se enterrando nos bíceps tensos.

— Por favor, eu preciso que me escute. Preciso que saiba que eu me arrependo de tudo o que lhe disse, de te tratar como se você fosse uma marionete descartável. Você sabe como minha vida é uma merda, Haner. Eu não sei lidar com esses sentimentos, eu preferia que você só me usasse, mas... — parou para tomar fôlego e pressionar os lábios. — Eu sou uma bagunça. Me desculpe por não me entender, por não entender a você... Eu nunca esperei que alguém...

— Te amasse? — ele completou. — Seres humanos são feitos para isso, Toni. E você não é uma exceção, mas preferiu ser.

 — Não, eu não preferi. Só não compreendi o quão grande isso era. O quão real... Me desculpe pelo o que fui com você. Por minha falta de tato e sensibilidade.

I'm sorry I'm bad

I'm sorry I'm blue

I'm sorry about all the things I said to you

And I know I can't take it back

Brian voltou a lhe dar as costas, ignorando-a. O mar cantarolava baixo, as gaivotas gritavam ao fundo e até mesmo o vento forte soprava nos ouvidos, mas Hunter estava entorpecida no grande silêncio de sua alma. Sentia seu corpo ansiar para abraçar o dele, as mãos querendo tocar-lhe a nuca e os cabelos negros, mas sabia que ele poderia se irritar se ela chegasse muito perto e ela não se humilharia a tal ponto.

Uma dose ardida de arrependimento parecia afogá-la. Lembrava-se das inúmeras vezes que Brian tentou convencê-la de viver uma vida normal, de esquecer seu trauma de infância e abrir-se para o mundo. Em todas elas Hunter achou graça de ele ter a capacidade de imaginar que um dia ela seguiria uma rotina comum, ou que levaria aquele relacionamento a um estágio mais avançado. Mas agora sentia culpa, e nem mesmo conseguia esconder a fraqueza atrás de eu ego.

Seria tão mais fácil se seu coração ainda pertencesse àquela garota extremamente impiedosa e insensível que se encontrou com Brian num velho bar. A que não se envolvia e não deixava ser manipulada pelos seus prisioneiros, a que compartilhava com Brian a cama, mas jamais o coração.

— Por que você não vai embora? — ele perguntou depois do eterno silêncio e manteve-se de costas.

— Eu só quero te olhar. — respondeu sem pensar.

— Você teve todo o tempo para me olhar, Toni. Para tomar uma decisão sábia em sua vida, de dar o braço a torcer e seguir comigo, mas agora não há mais nada o que se fazer. Eu sei que você não vai mudar. Só está machucada, arrependida por ter me traído.

— Eu não... — cortou-se antes que a negação chegasse ao fim. Não adiantaria mentir. — Por que está fazendo isso comigo?

Ele riu alto. Ela não soube dizer se por humor ou descaso.

— Você está de brincadeira? — ele se virou para ela com os olhos aguados e a testa fechada em vincos. — Por que estou fazendo isso com você? Por que você não se pergunta a mesma coisa? Por que fez isso comigo? Por que não desistiu quando pedi para que desistisse? Eu lhe disse desde o começo dessa merda toda! Disse que acabaria em tragédia e que você iria muito além. E agora você vem até mim para perguntar por que eu estou fazendo isso com você? Seu pescoço já me diz que você é a única errada nessa situação, Toni. Aproveitou bem a sua noite de sexo selvagem, não foi?

— Isso foi Zachary.

— E você ainda mente... — ele riu outra vez, mas seus olhos deixaram cair lágrimas de raiva.

— Eu juro! Isso não foi... — ela respirou fundo, sentindo o peito se comprimir. — Brian, me perdoe. Você é a única coisa que realmente deu certo em todos esses anos... Não vou conseguir dar um fim a isso sem você do meu lado.

— Você nunca precisou de minha ajuda, não vai ser agora que vou fazer alguma diferença em sua vida. — ele parafraseou-a com um sorriso falso mostrando os dentes enquanto o rosto era molhado pelo choro. — Vá embora, Toni.

— Syn... — chamou com a voz manhosa lhe faltando na garganta. — Eu te amo...

— Vá embora!

O pior parecia não conseguir chorar de frente para ele enquanto o mesmo não conseguia se controlar. O rosto ossudo e cansado se afogava nas lágrimas misturadas e na angústia dos sentimentos. Ela se sentia pesada, o peito doía uma dor indescritivelmente realista e ela achou preferível aguentar uma facada em seu coração do que lidar com o pesar e a perda. Só precisava abraçá-lo, se esconder em seu pescoço e sentir o cheiro de suor e maresia, mas não podia. Não lhe fora permitido tocá-lo nem naquele momento e, certamente, nunca mais.

It's harder to get through the days

[…] Cause everything inside, it never comes out right

And when I see you cry it makes me want to die

* * *

Não soube nem como conseguiu sair daquela praia. Deixar o mar, dar as costas para Brian, entrar no carro e dar a partida para destino nenhum. Seu corpo funcionou de forma automática enquanto seu cérebro parecia ter sido desligado para somente o coração bater em disparada.

Ela se viu estacionar num local desconhecido e vazio, fechar as janelas de vidro fumê e trancar as portas por dentro. O silêncio a consumiu, tomando-lhe de uma vez só. E finalmente, abraçando a solidão, sua maior e fiel companheira, desabou no choro contido.


Notas Finais


Você ainda estão bem? Por que eu não estou D:
Foi bem difícil achar músicas que se encaixassem nesse capítulo, mas escolhi The Scientist do Coldplay e Sorry do Buckcherry. Mais bad que isso, impossível haha

Mas E AGORA? Brian se foi... Será que Hunter enlouquece? Quais as expectativas de vocês??
Se alguém foi manteiga derretida e chorou nesse capítulo, aproveita para comprar uma caixa de lenços para o próximo. Só digo isso.
Nos vemos em breve~


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