Teus grandes e brilhantes olhos refletem a podridão e também a beleza do mundo, mas tu não as diferencia pois tua inocência é ainda abundante e intocada. Teu corpo pequeno e frágil é embalado com extremo cuidado por seus pais e tu é tratado como a preciosidade que realmente é.
A fragilidade e a delicadeza conferem-lhe aparência angelical e aproximam-te mais ainda do que poderíamos chamar de anjo. Mas nem mesmo os anjos têm ao certo a medida da maldade e tu não é capaz de distinguir quando o perigo, muitas vezes disfarçado, se aproxima. Nem mesmo nós, os adultos, somos capazes de distinguir. Quem dirá você, pequenino?
Espera-se que tenha a vida toda pela frente, mas tu não chegará muito longe. Tu não tens ainda sequer dois anos; és pequeno, mas o sofrimento será grande. Um desgraçado qualquer, digno de nojo, maculará seu corpo, roubará tua inocência abençoada e, ainda não satisfeito, irá tirar-lhe também a vida. Não restará de ti e de sua família destruída, nada além de cinzas. Quem irá te salvar, pequeno? Temo que ninguém.
A crueldade imensurável vêm disfarçada em pele de cordeiro. E o lobo pode estar à espreita dentro de sua própria casa.
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