When my time comes forget the wrong that I've done
Help me leave behind
some reasons to be missed
Don't resent me, and when you're feeling empty
Keep me in your memory, leave out all the rest
Leave out all the res
Ichigo sabia que era o fim. Mas não estava triste, o que sentia era que cumprira seu objetivo e isto o satisfazia. O importante era que salvara o mundo, não sozinho, claro.
Sentiu uma pontada de dor ao se remexer no chão, inclinando a cabeça para direita conseguiu ver Rukia. Ela estava tão bonita. Hakka No Togame foi a mais bela bankai que já viu. Não tinha dúvidas que Rukia era a única que merecia essa zanpakutou, a mais bela de todas.
Rukia notou que o ruivo a encarava e sorriu, não conseguia mais falar, mas não importava, nada mais precisava ser dito, Rukia e Ichigo nunca precisaram de palavrar apenas de um olhar.
O ruivo achou estranho ela estar sorrindo, certamente sentia tanta dor quanto ele. O corpo da pequena estava em parte esmagado, mesmo assim ela sorria para ele e seus olhos violetas/azuis cintilavam ao encontrar com os castanhos dele.
Ichigo fez um dos maiores esforços de sua vida para se aproximar dela. Tocou a pele congelada pela própria bankai. O gelo queimou seu dedo indicador e médio, mas ele não afastou a mão, a manteve junto da face da morena que estava paralisada em um belo sorriso triste. Já estava morta.
Ele não queria isso, queria ter morrido primeiro para não vê-la morrer. O cadáver pequenino e congelado a sua frente o fez sentir mais tristeza do que a certeza de sua própria morte fizera. Por um segundo temeu, mas imediatamente voltou a se conformar. Se tinha que partir, pelo menos seria junto com ela, afinal eles possuíam uma ligação inquebrável.
Estava orgulhoso, eles cumpriram sua última missão. Tinha que ser assim, apenas eles poderiam derrotar Yhwach, a união de seus poderes afastou esse mal e salvou a Soul Society, o mundo real e até o Hueco Mundo.
Quando Urahara chegou ao palácio das almas apoiado por Grimmjow e Nelliel, ele já sabia. Informou que apenas Ichigo e Rukia poderiam derrotar o rei quincy, mas nunca mencionou que isso custaria suas vidas.
– K-Kurosaki-kun! – Ouviu a voz distante de Inoue gritar.
Ele virou o rosto para a garota que corria com lágrimas nos olhos em direção a ele. Ichigo não sabia como, mas tinha certeza que não importava se a ruiva chegasse a tempo ou não, ele não sobreviveria.
Por um instante manteve o olhar em Orihime, era uma amiga verdadeira e faria de tudo para salvar a vida do Kurosaki, mas de nada adiantaria.
Ichigo percebeu que seu último segundo chegara e usou o que lhe restava de força para olhar novamente Rukia. O sorriso gelado ainda se moldava no rosto da garota, ele correspondeu o sorriso e sentiu que estava em paz.
Ainda correndo Orihime invocou Souten Kisshun que cobriu o corpo de Ichigo por completo. Ela sabia que não havia reiatsu nem no ruivo nem em Rukia, mas iria tentar, ela precisava tentar.
– Kurosaki-kun, Kurosa-kun?! – Ela chamava quando se ajoelhou ao lado do escudo de luz amarela que envolvia o cadáver do shinigami.
A ruiva tentou concentrar mais da sua energia espiritual, tanto que sentiu o corpo amolecer e apoiou as mãos no chão, mesmo assim não desfez o campo de cura.
Nesse momento Kuchiki Byakuya ajoelhou ao lado do corpo da irmã mais nova. A camada de gelo proveniente da bankai de Rukia começara a derreter revelando o cabelo negro e parte da pele pálida da garota. Diferente de Inoue, Byakuya nada fez para tentar ajudar a morena, apenas parou ajoelhado ao seu lado, e rezou silenciosamente.
Jamais poderia se perdoar por não ter cumprido a promessa feita a Hisana, mas ao mesmo tempo sentia orgulho de Rukia, como nunca sentiu ou voltaria a sentir em sua vida.
O Kuchiki observou a barreira brilhosa que envolvia Kurosaki Ichigo se desfazer no momento em que a garota humana caiu deitada devido à fraqueza. Inoue, incapaz de ajudar o shinigami substituto, simplesmente rastejou até seu corpo e apoiou a cabeça em seu peito, chorando escandalosamente.
Observando a cena, a certa distância, estava um grupo do mais variado, composto por shinigamis, quincys rebeldes, arrancars e humanos com poderes espirituais. Nenhum deles se movia, tão pouco tinham essa intenção. Eles prestavam seu luto respeitosos e silenciosos.
Distante dali estava Abarai Renji que, embora estivesse desmaiado durante a batalha final, sabia que seus melhores amigos estavam mortos. Sentiu que ia morrer quando a reiatsu de Rukia deixou de existir, mas não morreu e não conseguia entender o porquê. De que adiantava viver se a lua que tanto tentava alcançar já não vivia? Ele pranteou por muito tempo, jogado no chão, pouco se importando com o que acontecia ao seu redor.
Aizen observava toda a cena de uma perspectiva geral, ele os via de todos os ângulos possíveis e, de sua forma deturpada, sentia pesar pelos falecimentos.
Se Aizen estivesse junto de Ichigo e Rukia o desfecho da batalha poderia ter sido diferente, mas ele não estava. Kisuke tinha um plano onde todos eles eram apenas peões e não era lutando contra Yhwach que Sousuke deveria estar, segundo o loiro.
Urahara mandou Aizen para o lugar em que seria mais útil, o trono de Rei das Almas, possibilitando assim a restauração do equilíbrio em todos os mundos e, indiretamente, que Ichigo e Rukia tivessem tempo para derrotar o rei quincy.
No mundo real chovia descomunalmente, a minutos atrás a chuva inesperada e torrencial começou a cair sobre Karakura. Os amigos de Ichigo olhavam para o céu assustados. Desde o surgimento de Rukia sabiam que possuíam uma ligação com o mundo dos espíritos. Nesse momento todos eles tinham certeza que algo muito sério acontecera e que Ichigo estava envolvido.
Na casa da família Kurosaki as gêmeas que esperavam pelo pai e irmão se abraçavam encolhidas na cama de Ichigo. Yuzu chorava alto e seu corpo todo tremia enquanto as lagrimas molhavam ela e a irmã. Karin soluçava quase em silencio sentindo as faces úmidas pelo discreto choro.
Apesar da discrepância entre as reações delas, as duas estavam tristes na mesma medida, pois sentiam a inconsciente dor da perda. Não sabiam nem poderiam saber o que acontecera na Soul Society, apenas sentiam que um pedaço de suas almas fora arrancado cruelmente.
Isshin caminhou lentamente em direção a mórbida cena. A essa altura Byakuya já pegara o corpo descongelado parcialmente esmagado de Rukia nos braços e o tirara do alcance dos olhares de curiosos. Tudo que restava era o corpo de seu filho mais velho sob o abraço apertado de sua colega de classe.
O patriarca Kurosaki não queria interromper o luto da garota, mas precisava ter a chance de falar com o cadáver do filho, mesmo que esse não pudesse ouvi-lo, Isshin queria implorar ao ruivo que entendesse seus motivos.
– Inoue-san… – Levou um certo tempo, mas a garota levantou os olhos inchados de choro do peito do rapaz e encarou o homem. – Me permita ficar sozinho com o Ichigo por um momento.
Orihime não reagiu, apenas olhou para o corpo em seus braços e chorou mais. Depois de alguns instantes ela desvencilhou o abraço e tentou se colocar em pé, deu apenas cinco passos antes de cair e voltar ao seu pranto largada no chão.
Isshin não olhou para a garota, naquele momento pouco lhe importava a boa educação, também não ligava para dor da ruiva, ele tinha sua própria dor com a qual lidar.
– Meu filho, não espero que perdoe esse velho que sou. Pequei contra a memória de sua mãe e contra o dever principal de um pai, eu não cuidei de você. – Isshin sabia que Ichigo não sobreviveria a essa batalha, mas deixou que acontecesse. Colocou a segurança do resto do mundo à frente da do próprio filho, nunca se perdoaria. – Masaki, eu não pude cumprir o que prometi em seu tumulo, não morri antes de nossos três filhos, não poderei te encarar quando chegar minha vez de partir
Em um suspiro que denotava parte da dor que sentia, Isshin segurou a mão de seu filho e a trouxe aos lábios, como fazia quando ele era apenas um bebê, beijou a superfície ferida dos dedos e suas lagrimas desceram. Ele não queria o perdão do primogênito, essa era uma culpa que ele deveria carregar pelo resto de seus dias.
Forgetting all the hurt inside
you've learned to hide so well
Pretending someone else can come
and save me from myself
I can't be who you are, I can't be who you are
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