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História Inquisição - A fogueira


Escrita por: IsisChan015

Notas do Autor


Boa leitura...

Capítulo 13 - A fogueira


Durante anos, tentei correr, gritar, implorar por ajuda, mas nada deu resultado. Corri, mas os meus perseguidores apanharam-me, graças à armadilha que ardilosamente aquele que mais odiei em toda a minha vida preparou, e na qual eu não pode fazer mais nada a não ser deixar-me cair. Gritei, mas ninguém quis me ouvir, porque nunca ninguém iria dar ouvidos a um ser como eu…a não ser ele, Sasuke, ele foi o único que acreditou em mim e que me viu como eu sou, apenas o Naruto e nada mais… e é por isso, é por ele que grito, mesmo que agora grite mentiras, mesmo que isso me traga o seu ódio, continuarei a grita-las, suportarei todas as falsas acusações e direi que são verdadeiras, que sou de facto culpado, apenas porque tenho esperança de que assim o possa salvar. E por isso implorei, não por mim pois por mim ninguém nunca se compadeceu, mas por ele, para que o deixem viver, para que ele mesmo se permita a continuar a viver e mesmo que possa parecer que estou a pedir de mais, e que não tenho o direito de pedir coisa nenhuma, para que possa voltar a ser feliz, mesmo sem me ter ao seu lado para compartilhar dessa felicidade.

Mas agora não tenho mais forças para correr, e mesmo que as tivesse não o faria, pois este foi o destino que escolhi e se a minha morte significa que poderei salvar aquele que amo, quando em vida tudo o que fiz apenas o conduziu ao sofrimento, darei o meu corpo e alma ao carrasco quantas vezes forem necessárias. Não tenho mais voz para gritar e sei que nada me serve implorar, tudo o que podia dizer já foi dito, tudo o que podia fazer já foi feito e resta-me continuar a ter esperança que mesmo aquele monstro que sorriu a cada momento em que o meu corpo era trespassado por mais uma agulha ou esticado mais um centímetro por aquelas cordas dos instrumentos de tortura até ao ponto de todos os meus músculos romperam face a força com que eram puxados e os meus ossos deslocarem só para que permitissem que os meus membros pudessem ser ainda mais estirados, resta-me acreditar que ele ouviu cada palavra das minhas mentiras e das minhas falsas confissões, resta-me esperar que ele mantenha o seu orgulho e altivez face ao nome Uchiha e que mesmo que não acredite que leve os outros a pensar que tal como eu gritei naquela sala de tortura Sasuke tinha sido apenas alguém que eu controlei para poder atingir a sua adorável família e que agora com a minha morte ele voltaria a ser o filho temente a Deus que ele tanto prezava. Tudo mentiras mas que ele não teria dificuldades em tornar verdades, afinal estou a falar do homem que nada mais fez em toda a sua vida que não incluísse manipular quem quer que estivesse à sua volta como peças num jogo de xadrez. E qualquer um acreditaria por ser de mim que estavam a falar, um demónio miserável que até mesmo confessou sob tortura ter matado os próprios pais (tinha que tornar a minha história o mais verosímil possível e isso incluía confessar tal atrocidade mesmo que o verdadeiro responsável estivesse a rejubilar com o meu sofrimento mesmo à minha frente).

Durante todo o tempo em que me maltrataram por muita dor que estivesse a sentir, não deixei que uma única lágrima corresse pelo meu rosto mas quando chegou a hora de me declarar culpado pela morte dos meus pais não pode evitar chorar, enquanto pedia internamente que me perdoassem por deixar que aquele que um dia chamaram de amigo e que tão infamemente os traiu fosse deixado impune, enquanto eu, aquele que morreram para proteger, era morto por tal crime. Mas chorava também por aquele inexplicável sentimento de paz que tinha de cada vez que pensava que eles iriam entender pois tal como eles, eu queria apenas proteger quem amava e que mesmo não os tendo conseguido proteger a eles talvez com o Sasuke fosse diferente… No entanto já nem chorar consigo. Já todas as minhas lágrimas secaram e agora o único líquido que banha a minha face e todo meu corpo é o sangue que escorre pelas minhas inúmeras feridas.

Mal consigo continuar de pé. Fui torturado, sei que já o disse mas a dor faz com que os meus pensamentos se tornem assim… confusos e repetitivos fazendo-me lembrar a cada momento o inferno que gostaria de dizer que atravessei mas que ainda agora me deu as boas vindas. Não me lembro de todas as formas de tortura que utilizaram, não me lembro de quanto tempo durou, apenas me lembro do choro, dos gritos, da dor…mas acima de tudo lembro-me de como os meus torturadores me olhavam, os olhos cheios de ódio, de nojo e lembro-me de os ouvir rir enquanto eu me contorcia de dor e daquele sorriso cínico sempre pressente no rosto daquele que ditava as ordens dizendo como o "bode expiatório" dos seus crimes deveria ser castigado em nome do seu tão proclamado Deus.

Agora finalmente decidiram acabar com tudo. Decidiram acabar com a minha vida. Não pensem que quero morrer, mas não consigo deixar de me sentir aliviado, pelo menos tudo vai acabar, e pelo menos, sei… não sei realmente mas prefiro acreditar que sei… que consegui o que desejei, que Sasuke vai ficar bem e não vai pagar pelo crime de me ter amado. Quanto a mim acho que apenas não quero continuar a viver desta forma, pois a minha vida implicaria a morte dele, e tenho esperança que se neste mundo, apenas conheci o sofrimento, excepto nos parcos momentos em que estive nos seus braços, talvez no outro alguém se lembre de mim e me deixe finalmente ser feliz... Ser feliz… sei que seria feliz se pudesse pelo menos ter a minha nuvenzinha no céu, como as crianças costumam dizer, e velar pela vida de Sasuke para que não tivesse que sofrer com a minha morte e me perdoasse por não ter cumprido a minha palavra de que iríamos fugir juntos. Ou talvez nada disto exista. Talvez esteja a fantasiar nos meus últimos delírios e o que me espera seja arder eternamente no inferno como todos dizem que vai acontecer. Talvez apenas me esteja inutilmente a agarrar a esta última esperança. Eu nunca quis que tivessem pena de mim mas agora desejo que Deus tenha piedade deste seu filho cujo único pecado que cometeu foi ter vindo a este mundo, apenas para poder amar e conquistar o amor de um humano do qual nunca foi merecedor.

Dizem que vou arder nas chamas do inferno para todo o sempre e talvez por isso tenham escolhido me matar desta forma. A morte pela fogueira. É a mais popular entre todas as formas de excussão de bruxas, feiticeiros, vampiros, demónios… É a que atrai mais multidões de fiéis que esperam ansiosamente verem aqueles que foram corrompidos pelo mal serem devolvidos ao inferno a que pertencem. E é por entre esta multidão que caminho agora. As pessoas gritam insultos, atiram-me pedras, algumas batem-me, mas não muitas, a maioria não quer sujar as suas mãos tocando numa criatura tão desprezível como eu. Esse é o trabalho dos carrascos que me torturavam ainda à minutos atrás e que agora caminham a maioria atrás de mim e um, aquele que ira acender a fogueira, à minha frente, puxando-me pela corrente que tenho pressa ao pescoço. Caio. Simplesmente não aguento mais. As minhas pernas já não me obedecem e o meu corpo não para de tremer. Algumas pessoas gritam. Outras aproveitam a oportunidade para me apedrejarem, afinal é mais fácil acertar num alvo quando este esta parado. As minhas forças parecem abandonar o meu corpo num compasso lento e doloroso. Todo começa a andar à roda. Nunca desmaiei antes, mas sinto que é isso que vai acontecer. De repente um dos carrascos que ia atrás de mim levanta-me e força-me a ficar de pé. Mas é claro, que idiotice a minha. Eles não me iriam deixar morrer assim tão facilmente, não depois de tanto trabalho para montar aquele espectáculo.

Vejo ódio no olhar de todos os que me rodeiam, sempre o vi. Mas agora esse ódio trás consigo um brilho de felicidade, para eles é menos um monstro neste mundo e isso é motivo para festejar, mal sabem que o verdadeiro monstro está entre eles a observar tudo de um lugar com vista privilegiada. Não sei onde vou buscar forças mas tento endireitar-me o melhor possível e continuar a caminhar, não vou deixar que me vejam cair desta forma, irei caminhar vitorioso para a minha morte como um rei para a sua coroação, só para que todos saibam que se vou morrer é porque assim desejo porque assim irei salva-lo. Sim, irei salvá-lo, não restam mais dúvidas quanto a isso, não podem restar se quero ter forças para continuar a caminhar por entre este mar de ódio, apenas essa esperança me dá alento e irei me agarrar a esse meu desejo até ao fim com um sorriso nos lábios.

Atravesso toda aquela multidão até ao meio da praça onde foi montado um palco com um poste, ao alto, no centro, rodeado por molhos de feno. Quando subo as escadas que ficam ao lado do palco e sou acorrentado aquele poste a multidão grita ainda mais. Mas não sei o que dizem, na verdade, já não os consigo ouvir. Apenas vejo os seus lábios a mexer enquanto agitam os braços sobre a cabeça. De repente param. Um padre sobe ao palco e começa a falar ao público, uma vez dirige-se a mim mas não consigo perceber o que diz. Não sei se esta a rezar pela minha alma ou a condena-la as profundezas do inferno, o mais certo é ser a segunda. A minha visão começa a desfocar mas ainda vejo quando o padre termina o seu discurso e o publico aclama, é eu tinha razão era mesmo a segunda. Todos saem do palco ficando só eu e o carrasco. O fim esta próximo. Uma última réstia do meu instinto de sobrevivência abatesse sobre mim, algo que eu pensava já não possuir, e a minha força de vontade abandona-me. Quero fugir, gritar, viver mas o meu corpo não se move. Daria tudo, acabaria com o resto do mundo se fosse preciso só para poder voltar a vê-lo, sentir a sua pele macia de encontro à minha e o ténue calor que dela emana, o seu cheiro acolhedor e convidativo enquanto escondo o meu rosto na curva do seu pescoço e o ouço chamar o meu nome enquanto eu sussurro o dele, sim não me importava de ceder ao demónio que sou se isso significasse que o teria comigo nem que fosse mais uma vez, e este sentimento faz com que me odeie a mim mesmo ao mesmo tempo que me lembra o quanto eu o amo e me arrependo por não ter feito isso mesmo, por não ter destruído o resto do mundo se necessário para pudermos estar juntos, enquanto ainda tinha forças para o fazer, enquanto ainda tinha forças para lutar.

Reparo algo húmido a escorrer pelas minhas bochechas e não é sangue. Estou a chorar. Pensava que não conseguia mais chorar mas é a única coisa que posso fazer agora. Vejo o carrasco pegar numa tocha em chamas e atear os fardos de feno que me rodeiam. Sinto o calor a aproximar-se, sinto o cheiro de feno queimado, sinto o fogo a queimar-me, sinto cheiro de carne queimada, e sinto dor. Estou a arder. Estou a queimar devagar. Dor, dor e chamas é tudo o que me rodeia, até que tudo fica escuro. Escuridão. E no meio da escuridão ouço a sua voz a gritar o meu nome. Mas está tão longe. Ele parece estar tão longe que o seu grito se assemelha a um triste murmúrio, ao qual tento me agarrar mas que vai ficando cada vez baixo e longínquo à medida que a dor aumenta e a inconsciência me abraça. Acabou, finalmente acabou todo o meu sofrimento. Já não sinto mais nada. Já não ouço mais nada. Já não mais vejo nada. Morri, não, talvez nunca sequer tenha realmente vivido. Talvez a minha vida tenha sido apenas o pesadelo de alguém cujos únicos momentos de sonho se possam explicar com um único nome: Sasuke.


Notas Finais


Bem... isto não é o final gente... ainda faltam alguns capítulos... então não desesperem...
Até lá...


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