História Insane Desire. - Neon lights maybe are the best

Dois dias se passaram e Bambam já estava em casa, era seu primeiro de volta ao lar e tudo que ele pedia era apenas uma coisa.

- Vamos a uma lanchonete! – Bambam pedia enquanto dava leves pulinhos alegres. – Vocês não iriam negar isso a um menino engessado não é?

- Okay, nós vamos com você até lá. – Jaebum falou enquanto pegava a carteira.

- FINALMENTE! – Bambam gritou.

Todos nós caminhamos pela rua tentando achar uma lanchonete descente, até que todos decidiram ir até uma perto da esquina. O que eu evitava estava prestes a acontecer.

Eles iriam à lanchonete onde Jay trabalhava.

- Vocês não querem ir até aquela outra? – Indaguei. – Só andar mais um pouco...

- Essa aqui está boa Mark. – YoungJae falou. – Tem alguma coisa contra bolinhos de chocolate? – Falou apontando para a placa que mostrava desconto nos bolinhos.

- Eu não sei o Mark, mas eu não tenho nada contra bolinhos, aliás, QUERO. – Bambam falou rindo. – Vamos logo.

Todos entraram aos poucos e Jinyoung olhou para mim, que estava parado em frente à lanchonete pensando no que faria se avisasse Jay.

- Você não vem? – Jinyoung perguntou confuso.

- Vou sim. – Dei um suspiro e um sorriso falso.

Sentamo-nos perto da janela e eu permaneci olhando para baixo enquanto os meninos conversavam e riam. Eu não queria ter contato visual algum caso Jay viesse para nos atender. Porém, falando no diabo...

- Boa tarde. – Uma voz disse calmamente. – Oque vão querer?

Puta que pariu, era Jay.

Olhei para cima rapidamente apenas para conferir... E eu estava certo.

Jay sorria, mas quando me viu lançou um olhar um pouco confuso. Anotou os pedidos dos meninos e antes de sair soltou a bomba na minha cara.

- Olá Mark. – disse enquanto saía da mesa.

Meu sangue gelou, maldito Jay.

- O conhece? – Jaebum perguntou subitamente.

- É... Mais ou menos... – Falei passando a mão por trás da cabeça.

Estávamos todos conversando e por baixo da mesa senti a mão de Jinyoung passar pela minha, eu a segurei e fiz um leve carinho com os meus dedos. Ele me olhou com aquele sorriso lindo que fazia seus olhos fecharem e deixava-o a pessoa mais fofa do mundo.

Um tempo depois, Jay voltou e colocou o café e os bolinhos que Jaebum havia pedido na mesa. Olhei para Jinyoung e ele estava vidrado em Jay, tentando procurar algo, e ele achou.

- Merda. – Pensei. – Ele viu o crachá.

Jinyoung me olhou com um sorriso irônico, eu sabia que ele estava totalmente puto com a situação, mas não fez nenhum showzinho, apenas tirou a mão dele da minha e permaneceu sentado do meu lado conversando com os meninos.

- Parece que encontrou o seu sortudo. – Jay disse, como sempre, sem nenhuma vergonha na cara.

Jinyoung olhou para mim e para Jay e eu apenas virei meu olhar para baixo, decepcionado ao extremo.

- Oque? – Jinyoung perguntou com os olhos cerrados para Jay.

Jay apenas levantou as duas mãos para cima, na altura do peito e fez uma expressão de quem não sabia de nada.

- O Mark sabe. – Sorriu e saiu da mesa novamente.

- Que porra é essa Mark? – Jinyoung falou um pouco alterado. – Sortudo?

- É que... Na outra vez que vim aqui ele me perguntou quem era o “sortudo” que eu estava esperando. – Falei passando a mão pelos olhos já imaginando oque viria a seguir.

- Ah... – Jinyoung falou sem estar convencido. – Deixa pra lá.

Eu sabia que ele não estava normal e os meninos perceberam isso, então YoungJae tentou fazer o clima ficar mais... Agradável.

- Bem... – YoungJae coçou a garganta. – Quem quer donuts?

- EU! – Bambam gritou com a boca cheia de bolinhos de chocolate.

- Você nem terminou os seus bolinhos! – Yugyeom falou.

Bambam deu de ombros.

- Quanto mais, melhor. – Falou comendo mais um dos bolinhos.

Olhei disfarçadamente para o balcão e Jay estava apoiado a ele, mordendo a caneta e me dando um sorriso debochado. Eu queria matar aquele garoto.

- Não consegue desprender os olhos dele? – Jinyoung falou baixo, porém eu senti o ódio nas palavras dele.

Eu não quis olhar para o lado e ter que ver Jinyoung me olhar com aquele típico olhar de “Você é um bosta e eu te odeio. “ então apenas respondi calmamente ainda olhando para Jay.

- Eu não estou contente com a situação, se é isso oque você pensa. – Falei sério.

- Então olha para mim. – Senti as mãos de Jinyoung puxarem meu queixo em sua direção. – Ignora esse cara, eu não quero brigar com você por causa de macho nenhum.

Eu sorri, ele estava se esforçando tanto, eu amava aquele garoto.

- “Macho.” – Falei contendo a risada.

Ele gargalhou e voltou a segurar minha mão, assim voltamos a entrar na conversa com os garotos. Mais bipolar que Park Jinyoung? Não existe.

Após passarmos mais ou menos uma hora, batendo papo e comendo, decidimos ir embora.  Chegamos em casa cansados, sentamos na sala e ficamos largados no sofá.

- Eu sinto como se eu fosse explodir. – Bambam falou enquanto encarava sua barriga. – Parece que vou parir alguém daqui a pouco.

- Cuidado sair um alien dai. – Jinyoung falou para Bambam, e o mesmo o olhou surpreso,

- Será que é possível? – Bambam realmente estava pensando sobre o assunto. – Seria muito perturbador.

- Sabia oque seria perturbador? – Yugyeom falou se aproximando de Bambam. – Isso!

Yugyeom prendeu Bambam e começou a fazer cosquinhas, fazendo o garoto quase implorar para parar. Não demorou nem alguns segundos e todos foram para cima de Bambam para um ataque iminente de cosquinhas.

- CHEGAAAA! – Bambam gritou enquanto gargalhava e todos nós nos afastamos. – VOCÊS NÃO PERDOAM NEM UM ENGESSAOD? QUE TIPO DE MONSTROS VOCÊS SÃO?

- Aqueles que querem te ver sorrir seu idiota. – Jaebum falou enquanto ajeitava a touca na cabeça. – Há alguns dias atrás você estava praticamente em coma, e agora está aqui, deveria agradecer que está rindo.

- Você sabia que cócegas era uma forma de tortura antigamente? – Bambam falou enquanto passava a mão pelo gesso em seu braço.

- Aonde leu isso? – Indaguei.

- Um grande amigo me falou.

- A internet? – Jinyoung pareceu sério.

A sala permaneceu em silêncio durante alguns longos segundos.

- Sim... – Bambam olhou para baixo, decepcionado.

O celular de Bambam começou a tocar repentinamente e quando olhou a chamada, pareceu assustado.

- Minha mãe... – Falou se levantando. – Calma ae galera.  – E foi para o quarto, sozinho.

Aproveitamos que Bambam não estava lá para falarmos sobre o assunto de que a hospitalização do menor, talvez tenha gerado certo furdunço na mídia.

- Vocês viram oque aconteceu na internet... Por causa do Bambam não é? – YoungJae falou enquanto segurava a mão de JB. – Talvez isso repercutiu demais.

- O que de diferente aconteceu? – Yugyeom falou. – Normalmente, tudo que fazemos vira uma bola de neve e todos ficam sabendo. Nada novo sob o sol.

- Isso é oque eu sempre falo... – Falei enquanto fazia uma expressão irônica de “eu sempre aviso isso, mas ninguém se importa.”.

Jinyoung virou diretamente pra mim quando falei isso. Ele com certeza entendeu oque eu quis dizer. Eu sempre falava sobre essa tempestade em copo d’agua que todos faziam em cima de nós quando algo acontecia, e isso envolvia nosso suposto “namoro” também. Se todos já nos julgavam quando nós apenas interagíamos em publico, imagina se namorássemos? Eu não consigo ver tantas pessoas caindo matando em cima de mim, dos meninos e principalmente de Jinyoung.

Eu observava YoungJae e Jaebum, eles nunca foram tão expostos, mas como eu disse, eles tacavam o grande foda-se. Mas porque não os julgavam? Eu sempre acreditei que fosse porque todos achavam que os dois eram lindos juntos, mas talvez não seja por isso, até porque Jaebum não está com YoungJae por causa de shipps. O julgamento que eles recebiam na mídia, não era lá essas coisas, tudo parecia perfeito, Mas porque para mim era tão difícil? Eu apenas queria ser aceito como sou, mas se nem eu me aceito direito, quem dirá uma sociedade preconceituosa...

- Oque quer dizer com isso Mark? – Meus pensamentos foram interrompidos pela voz de Jinyoung.

Olhei para o rosto dele e para o dos meninos, eles pareciam curiosos, sério que ninguém entendeu oque eu estava querendo dizer com “Isso é oque eu sempre falo”?

- Eu apenas falei que eu sempre digo isso... – Falei calmo. – Eu sempre digo que tudo que fazemos vira uma noticia estrondosa que às vezes nem é motivo para tanto alarde.

Eles me olharam parecendo satisfeitos com a resposta, menos Jinyoung. O lado sentimental dele às vezes falava mais alto e ele não conseguia esconder suas emoções. Desse jeito, vi seu rosto ficar decepcionado, como se lembrasse de que os momentos que passava comigo, talvez sempre tivesse que ser às escondidas.

- A noticia se espalhou rapidamente. – Jaebum completou oque YoungJae estava querendo dizer. – Falaram que ele estava em estado grave no hospital e isso preocupou os fãs de uma maneira absurda.

- Meu instagram não para de chegar mensagens de apoio e de curiosidade. – Jackson falou enquanto rolava a tela do celular. – Eu não sei mais oque fazer nessa bagaça.

Bambam voltou do quarto parecendo desanimado.

- Pois é... – Ele disse se sentando ao chão entre as pernas de Yugyeom. – Minha mãe me disse que a noticia se espalhou rapidamente e agora todos pensam que eu tô morrendo.

Não conseguimos segurar a risada.

- QUAL É GENTE. – Bambam disse batendo o braço não engessado nas pernas, muito puto com a nossa risada. – EU NÃO QUERO SER DADO COMO MORTO.

- Calma seu mongol – Yugyeom passava as mãos no cabelo de Bambam, bagunçando-o. – Você não vai ser dado como morto não. Se você postar na historia do instagram que está bem, geral vai esquecer que isso tudo aconteceu.

- Ah... É verdade né. Vou fazer isso agora.

Dito e feito, ele pegou o celular e gravou um vídeo de segundos mostrando o braço engessado e fazendo palhaçadas pra indicar que estava bem.

Já era umas 7 da noite e os meninos estavam cada um no seu canto. Jackson estava tomando banho, como sempre, demorando mil anos no banheiro. Bambam e Yugyeom estavam assistindo a um filme de comédia barata na sala. Jinyoung estava lendo na mesa da cozinha, e por fim o casalzinho, quer dizer, Jaebum e YoungJae estavam na rua, como sempre.

Eu estava no quarto, pensando no que poderia fazer. Eu queria ligar para Jay e perguntar oque tinha acontecido hoje, pois ele não tinha cara de quem fazia essas merdas aleatórias do nada.

Decidi ligar.

- Alô? – Uma voz calma atendeu o celular.

- Jay? – Falei sério.

- Sim, sou eu... Quem é?

- Sou eu... Mark. – Estava tampando os olhos com a mão direita enquanto segurava o celular com a esquerda. – Você pode sair?

- Ah... – Ouvi uma risada de deboche. – Posso sim. Aonde quer ir?

- Me encontra naquele bar perto do restaurante que você trabalha... – Falei temendo que desse uma merda muito grande. – É mais perto.

- Te encontro lá em 10 minutos. Adeus capitão.

Eu desliguei o celular e fiquei me olhando no espelho pensando no que falaria e como falaria. Mas decidi ir sem medo.

Sai do quarto e caminhei pelo corredor, passei pela cozinha rapidamente, mas Jinyoung me abordou.

- Ei... – A voz veio da cozinha. Fazendo-me voltar alguns passos.

- Oi... - Falei,

- Aonde vai todo apressado? – Jinyoung disse sorrindo.

- Tenho que resolver um assunto. – Puta que pariu, porque eu falei aquilo? Estava na cara que ele sabia que eu iria encontrar Jay.

Jinyoung me olhou desconfiado, mas logo ignorou e voltou a sorrir, oque eu estranhei, pois normalmente ele ficaria pistola e me mataria.

- Tudo bem então. – Ele me deu um beijo na bochecha e voltou a ler o livro.

Fiquei surpreso, fiz minha cara de “oque que acabou de acontecer aqui” e permaneci em choque.

- Está... Tudo bem? – Falei com os olhos cerrados.

- Sim, porque não estaria? – Ele disse enquanto me imitava, com os olhos cerrados.

Dei um leve sorriso.

- Nada não. – Falei, ainda sorrindo. – Mais tarde eu volto.

Sai de casa e caminhei até a rua movimentada perto da onde morávamos. Aquela rua sempre estava movimentada, independente do horário. Lembro-me de que quando ficamos bêbados e Jinyoung e YoungJae tiveram que cuidar de nós na rua, eram três da manhã e ainda havia bares abertos e lotados. Algo comum de se ver, ainda mais com o número grande de turistas que chegam à Coréia e saem para se divertir.

Parei em frente ao bar que havia combinado com Jay. Hesitei por um momento, mas decidi acabar com aquilo de vez. Adentrei o bar e vi que em meio às luzes vermelhas e azuis neon, estava Jay, sentado observando ao redor. Eu não podia negar que aquele garoto tinha uma vibe totalmente diferente, ele parecia sério e um pouco dominador, mas na verdade também era um palhaço... Calma Mark, lembre-se de que ele te fudeu e te deixou numa situação constrangedora na frente do cara que você ama.

Sentei-me no assento que ficava de frente para Jay.

- Então, você veio. – Jay falou enquanto tomava um copo com algo dentro.

- Sim, eu vim. – Olhei para o copo e vi que o liquido ali era cerveja. – Você bebe cerveja?

- Às vezes. – Falou. – Você quer alguma coisa?

- Não, obrigado... – Falei sério. Queria chegar logo ao assunto que eu realmente queria tratar com ele, mas fui interrompido antes mesmo de falar.

- Escuta essa música... – Ele apoiou o cotovelo na mesa e apontou para cima, como se estivesse me fazendo querer focar no som, fechou os olhos e sorriu. – Ela é muito boa.

Estava tocando o remix de IDFC do Black Bear. Aquela música realmente mexia comigo, era uma coisa impressionante.

Mas eu tinha que focar.

- Sim, essa música é uma das minhas preferidas, mas eu preciso falar sério com você. – Falei curto e grosso, não gostava de ser assim, mas não poderia prender isso.

Jay voltou à atenção apenas para mim.

- Fale,

Engoli seco, como ele saiu de um sorriso encantador para uma expressão tão séria? Era um mistério.

- Por que você me ferrou daquele jeito no restaurante hoje mais cedo? – Perguntei direto novamente.

Jay suspirou e sua expressão mudou para algo como arrependimento (?)

- Na real... Eu fiquei decepcionado com você e fiz aquilo. – Falou. – Não faço essas coisas, mas eu não aguentei,

- Decepcionado? – Indaguei. – Com oque?

- Com o fato de você não ter me ligado. Mas pior ainda com o fato de você estar com outro garoto com você. – Jay falou, parecendo irritado, mas não alterou a voz um minuto se quer.

- Eu... – A situação estava embaraçosa e eu não sabia oque falar. – Eu não queria causar toda essa confusão. Mas o tal “sortudo” é alguém que eu amo, e que estava brigado comigo naquele dia, uma situação complicada.

Jay suspirou, eu sentia sua respiração pesada.

- Então... Você gosta de alguém? – Ele disse calmamente, me causando certa desconfiança.

- É... Sim. – Falei.

- Eu entendo. – Ele passou as duas mãos no rosto. – Eu entendo mesmo. Eu... Costumo gostar de pessoas que não sentem o mesmo que eu, entende? E isso aconteceu novamente.

- Jay... Eu... – Fui interrompido.

- Não Mark, não precisa se desculpar. – Ele sorriu, mas eu ainda sentia a tristeza no fundo dos seus olhos. – Peço desculpas por ter feito oque fiz, eu não sou assim... Espero não ter causado mais conflito.

A sinceridade de Jay estava me abalando.

- Jay, está tudo bem, por incrível que pareça, nós nos resolvemos rapidamente e ele não está mais com raiva... eu acho. Nós infelizmente ainda brigamos muito por coisas bobas porque... é complicado. – Parei de falar, com medo de contar sobre o nosso suposto relacionamento.

- Você ama esse garoto? – Jay perguntou, sincero.

- Sim, eu amo.

- Então, volte para casa e fale isso para ele, fale muito. Antes que seja tarde e você se arrependa no final. – Jay estava quase chorando. – Não deixe que o orgulho atrapalhe vocês dois. Ele me pareceu uma ótima pessoa, e acho que ele merece uma coisa boa... O seu amor.

Eu estava chocado. Não sabia desse lado sincero e carinhoso de Jay, isso me tocou muito.

- Jay... – Falei segurando as mãos dele. – Você vai encontrar alguém que te ame do jeito que você merece. Talvez demore, mas vai acontecer, eu tenho certeza.

Assim que acabei de falar, nós nos encaramos por alguns segundos e Jay veio em minha direção dando um beijo rápido. Eu permaneci no mesmo lugar, sem ter entendido oque havia acabado de se passar. Ele começou a chorar, mas havia um leve sorriso em seu rosto.

- Obrigada Mark. – Ele enxugou as lágrimas. – E me desculpe por... Ter te beijado... Foi automático.

Eu ri.

- Tudo bem. Pelo menos nós não estamos brigados. Eu realmente achei que teria que quebrar esse copo na sua cabeça. – Falei enquanto sorria.

Jay riu alto, mas logo o seu sorriso desapareceu.

- Vá atrás do amor da sua vida, e não o deixe escapar. – Jay se levantou e antes de sair me olhou rapidamente, dando um “tchauzinho” assim como ele fez quando me conheceu no restaurante.

Eu apenas me virei para frente, e novamente me vi sozinho numa mesa em um canto. A música ainda tocava e eu apenas me recostei no assento e olhei para as luzes vermelhas e azuis neons enquanto pensava no que eu estava passando.

Amar é complicado.