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História Inscrições - Capítulo Único


Escrita por: singlullabies

Notas do Autor


Hey, galerinha! Já voltei. SuperCorp tomou conta da minha vida mesmo hahaha' Espero que gostem dessa one e relevem o fato dela ser escrita em forma de pequenas cenas. Era a única forma de encaixar como eu gostaria.

Boa leitura!

Capítulo 1 - Capítulo Único


Like a river flows, surely to the sea
Darling, so it goes... Some things are mean to be.

Take my hand, take my whole life too.
For I can't help falling in love with you...

 

Ela tinha quase dezesseis anos quando as inscrições apareceram em sua pele – um K e um Z escritos em uma caligrafia delicada e bem feita. Lena sabia o que aquilo significava. Finalmente deixaria de ser a pessoa esquisita na escola que não tinha as iniciais de sua alma gêmea tatuadas em seu corpo. Estava extremamente feliz, mesmo sabendo que teve de esperar quase dois anos a mais que todos os seus colegas por aquilo.

Normalmente as inscrições apareciam na pele das pessoas aos quatorze anos; se depois dessa idade as iniciais não surgissem, provavelmente você não teria uma alma gêmea e seria uma ovelha negra na sociedade. Não que Lena já não o fosse – ser uma criança adotada lhe havia trazido seus percalços.

Mas nada daquilo importava quando Lena mostrava as inscrições para um Lex orgulhoso e recebia um abraço forte e carinhoso do irmão.

x-x

Poucos dias depois Lena percebeu que suas inscrições não eram tão simples quanto aparentavam – é claro que nada poderia ser simples com ela. O K e Z de outrora haviam mudado para K e D e Lena foi deixada confusa e perguntando-se o que causara aquilo. Ela havia sido designada a outra alma gêmea?

Lena era pouco digna da anterior?

Ficara horas na frente do espelho de seu banheiro, o dedo contornando a letra D, mil pensamentos correndo por sua mente. Não entendia aquilo – uma vez que você ganha suas inscrições, elas só mudam quando você encontra sua alma gêmea pela primeira vez, quando elas tornam-se completas. Mas a de Lena havia mudado e ela havia perguntado para Lex sobre isso.

— Por as iniciais mudaram, Lex? Tem alguma coisa de errada comigo?

— Não tem nada de errado com você, maninha. — ele havia garantido, um sorriso persistente em seu rosto. — Você é incrível e tenho certeza que sua alma gêmea também vai ser.

— Obrigada. — Lena sorriu seu melhor sorriso e abraçou seu irmão apertado. — Eu amo você, Lex.

— E eu amo você, Lena.

Porque naquele momento, Lena acreditava em tudo que seu irmão lhe diz. E se ele confia tanto que alguém iria amar Lena assim, ela não poderia deixar de acreditar em suas palavras.

x-x

Poucas semanas depois o lugar de suas inscrições muda outra vez e Lena sabe o que significa – alguma coisa havia aparecido. Tudo parecia queimar e a morena precisa se desculpar para ir ao banheiro. Ela não gosta do olhar aborrecido que a professora de Inglês envia em sua direção, mas não há nada que possa fazer.

O caminho até o banheiro parece durar para sempre e desabotoar a camisa de seu uniforme toma grande energia, mas finalmente Lena vê. Um suspiro horrorizado escapa de seus lábios quando, junto as mesmas inicias que havia acostumado a ver todos os dias, aparecia um emblema que conhecia bem.

O mesmo emblema que adornava o peito de Superman.

Ela nunca mostra a adição em suas inscrições para Lex.

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Lena tem vinte e três anos e ainda não encontrou sua alma gêmea. Aquele que usa o mesmo emblema de Superman. Então ela se diverte com todas as pessoas que demonstram algum interesse por ela – homens, mulheres. Ela realmente não se importa. Ela bebe, vai a festas, viaja e já conheceu mais cidades no mundo do que a maior parte das pessoas com quem conviveu na vida.

O que a perturba é o buraco profundo que sente em seu coração. É a falta de conexão que vem com estar junto de sua alma gêmea. Lena quer sentir todas aquelas coisas que todo mundo diz; quer sentir as borboletas. Mas também sabe que aquele sonho é um sonho distante. E que mesmo que encontre sua metade, dificilmente vai conseguir fazer um relacionamento funcionar.

Porque ela é irmã de Lex e ele odeia tudo que Superman representa.

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Lena tem vinte e cinco anos quando Lex tenta destruir Superman mais uma vez e acaba quase destruindo Metropolis toda. Ela não consegue acreditar no quão louco seu irmão está ficando em seu ódio desenfreado pelo Kryptoniano – beirando a insanidade.

Isso torna tudo cada vez mais difícil para ela. Em algum lugar no mundo sua alma gêmea vivia e Lena se via cada vez mais longe de conseguir estar junto dela. Porque ela ama seu irmão e não havia um mundo onde visse possível amar seu irmão e estar com quem suas inscrições mostravam. Então ela chora. Lágrimas grossas correm de seus olhos e soluços feios escapam de seu peito e Lena olha para as nuvens pesadas através da janela de seu apartamento e pergunta-se se o mundo algum dia vai ser justo com ela.

Ela sabe que não vai.

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O dia que Supergirl revela-se para o mundo é agridoce para Lena – ela estava sentada em seu escritório em Metropolis, tentando reparar todo o dano que Lex causara a imagem da Corporação Luthor, quando os noticiários começam a falar da mulher que salvara um avião em National City.

Foi assim com Superman também e a morena pergunta-se com um sorriso se aquilo é coisa de Kryptoniano. Não pode deixar de sentir seu coração bater errático no peito quando percebe que sua alma gêmea está tão perto de si. Lena luta com todas as forças para não pegar o primeiro avião até a cidade e encontrar quem já tinha seu coração nas mãos e não sabia.

Mas ela não pode.

Deus, ela não pode. E ela queria tanto. Porque agora Lex está na cadeia, mas sua mãe começa a demonstrar um rancor absurdo por alienígenas. Lena quer saber se a mulher sempre pensou assim e foi boa em esconder ou se aquilo é desenvolvimento recente, mas recusa-se a perguntar.

Lena sonha com olhos azuis e cabelos loiros todas as noites depois daquilo.       

x-x

Ela passa os próximos meses com a televisão do escritório sempre ligada no canal de notícias de National City e com a página da CatCo Magazine aberta em segundo plano em seu computador e celular. Sua assistente franze as sobrancelhas quando entra em sua sala pela primeira vez e Lena pode imaginar o que está passando em sua mente.

“Mais um Luthor perseguindo um Super.”

Ela não deixa de estar errada. Mas Lena só quer saber (precisa saber) como Supergirl está lidando com tudo. E cada vez que vê notícias da alienígena sendo atingida em lutas, seu coração falha uma batida e a morena precisa de toda a força que encontra em si para ficar plantada em seu escritório e não sair em uma cruzada absurda até a outra cidade.

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A chance de ir para National City aparece pouco mais de um ano depois que Supergirl surge. Lena já havia feito o possível pela Corporação Luthor em Metropolis e agora precisa lidar com a filial na cidade da super heroína. Ela tenta convencer-se de que só está indo até lá pela empresa, mas seu coração sabe que esse não é o único motivo.

Uma voz no fundo de sua mente fica repetindo que a repentina mudança de ares tem olhos azuis como o céu e cabelos cor de mel. Lena bloqueia esse pensamento e afoga-se em trabalho pelos próximos dias, numa frustrante tentativa de esquecer que divide a mesma cidade com quem quer tanto encontrar.

Afinal de contas, tinha projetos para supervisionar e o mais recente chamava-se Venture.

x-x

Acontece que a nave quase explode e se não fosse por Superman e Supergirl, muitas vidas teriam sido perdidas e Lena jamais se perdoaria por aquilo. Era para ela estar naquele lançamento, pelo amor de Deus.

É por isso que concorda em receber Clark Kent, o repórter de Metropolis, em seu escritório no dia seguinte. Ela balbucia algo sobre ter uma explicação para não estar no Venture e sobre a cerimônia que teria de fazer no outro dia sobre seu novo projeto (renomear a companhia da família para L-Corp), enquanto coloca sua bolsa e casaco num suporte no canto da sala e franze o cenho quando nota o tom levemente sarcástico de Clark.

— Que sorte. — aquele tom Lena reconhece bem em qualquer lugar e precisa fingir um sorriso antes de virar para os convidados.

Sorte é Superman salvar o dia. — responde na voz mais controlada que consegue reunir.

Clark solta uma risada fraca.

— Não é algo que você espera um Luthor dizer.

Lena tem uma resposta sarcástica na ponta da língua quando outra voz interrompe.

— Supergirl estava lá também.

Seus olhos correm para a loira parada ao lado de Clark e uma pergunta escapa de seus lábios antes que possa pensar. — E quem é você, exatamente?

É claro que Lena já tem a resposta antes da mulher pensar em responder – o lugar de suas inscrições começa a queimar e a morena precisa caminhar rapidamente até a mesa da água para mascarar a dor.

— Kara Danvers. — ela gagueja e Lena sabe que a loira também sentiu. — Mas eu não estou com o Planeta Diário. Estou com a CatCo Magazine, mais ou menos.

Lena quer rir e chorar. Porque é claro que Supergirl também seria uma repórter. Parecia que a fruta não caia muito longe do pé com os Super's – afinal, Superman estava parado em sua frente e comprovando aquilo.

Então ela brinca com a jovem repórter enquanto caminha para a mesa e tem a satisfação de ver Supergirl tropeçar em suas palavras novamente. Satisfação que esvai-se rapidamente, porque a dor volta ainda mais forte e Lena precisa morder sua pergunta por entre dentes cerrados.

— Será que podemos acelerar essa entrevista? — seus olhos estão colados em Clark, porque Lena sabe que se olhar para Kara Danvers, não poderá responsabilizada por seus atos. — Pergunte o que quiser, sr. Kent. Eu tive algo haver com a explosão do Venture?

— Você teve?

Aquilo a faz engolir. — Não me perguntaria isso se meu sobrenome fosse Smith.

— Não, mas não é. — Clark morde sarcasticamente e Lena odeia. — É Luthor.

E naquele momento a morena sabe que o Homem de Aço jamais permitiria sua prima estar junto com uma Luthor, não importa o que as inscrições em ambas as peles dissessem.

— Sinto um pouco de aço embaixo desse trigo do Kansas. — murmura entre os dentes, encarando a face estoica de Clark e então sorri.

]Sua expressão não altera, mas o recado foi repassado. Lena sabe quem Clark Kent é e Clark sabe que ela sabe disso. Ela era uma Luthor, afinal.

Mas quando começa a contar um pouco de sua história e seus projetos, é os olhos azuis de Kara Danvers que busca. Porque Lena não precisa da aprovação do Homem de Aço, mas a mataria saber que Kara a julgaria por seu sobrenome como todo mundo daquela cidade. Ela se importava com o que a loira pensava sobre ela.

Então entrega o pendrive com todas as informações pertinentes a Venture para Clark, que parece surpreso por alguns instantes antes de mascarar suas emoções novamente.

— Me dê uma chance, sr. Kent. — implora, tendo muito mais em jogo do que somente seu nome. — Eu vim aqui para um novo começo. Me deixe ter um.

— Tenha um bom dia, srta. Luthor. — Clark oferece um pequeno sorriso e Lena considera aquilo uma vitória.

Então seus olhos voltam para Kara, que mexe desconfortável em seus óculos.

— Tenha um bom dia.

Ela gagueja novamente antes de sair e por mais que Lena queira que ela fique, sabe que não é uma boa ideia. Não agora, pelo menos.

x-x

Depois que os dois deixam seu escritório, Lena praticamente tropeça até o banheiro. Ela precisa ver. Precisa ter certeza de que a dor que sentira era real. Precisava ter certeza de que aquela mulher, olhos azuis e cabelos claros... aquela linda mulher era quem achava ser.

E era. Porque, completo em letras pretas e caligrafia impecável, o nome de Kara Danvers repousava tranquilamente dentro do símbolo que tanto a abalava. Tatuado acima de seu coração.

x-x

Alguém tenta a matar e Superman e Supergirl estão lá para a salvar. Mas é claro que nada é simples, porque a voz misteriosa tem drones espalhados na cidade, prontos para matar todos os humanos. E ela sabe que sua vida vale menos que a dos inocentes de National City.

Então ela fecha os olhos e espera pelo seu destino, sabendo que os heróis jamais deixariam algo acontecer com todas aquelas pessoas. Mas Supergirl fica, destrói um dos drones e é atingida pelo outro. O coração de Lena quase para de bater quando observa o corpo cair em velocidade contra o heliporto do prédio e então eles são atingidos novamente.

Um dos tiros acerta seu piloto e o helicóptero começa a perder altitude e Lena sabe que aquele é o fim. Até que algo os segura e coloca cuidadosamente no chão e a morena é presenteada com a visão de olhos azuis e cabelos loiros esvoaçantes.

— Você está segura agora. — Supergirl murmura e Lena quase atira-se em seus braços.

— Que inferno foi aquilo?

— Alguém está tentando te matar. — é a resposta que ganha e a morena quer chorar.

Porque é claro que tudo daria errado justo quando estava quase dando certo.

x-x

Lena está na sacada de seu apartamento, um copo de whisky na mão e olhando as luzes de National City quando Kara aparece vestida de Supergirl (como ela sabia seu endereço é um mistério para a morena). Seu rosto está fechado e sério, os olhos azuis sem aquele brilho que costumava ver e Lena sabe que a super heroína não está ali para uma visita casual.

— Supergirl, a que devo a honra?

Pergunta, sacudindo a bebida em suas mãos.

— Você não pode ir na cerimônia amanhã. — a loira responde e Lena pode ouvir o aço em sua voz.

— E porque não?

— Estão tentando te matar. — pontua irritada. — Você precisa ser louca para continuar com essa bobagem sabendo dos riscos.

— Eu sou uma Luthor. — Lena murmura amargamente, fazendo Kara arquear a sobrancelha. — Como você deve estar bem ciente, loucura corre na família.

Kara abre e fecha a boca por longos segundos, sem conseguir encontrar uma réplica e Lena sorri tristemente. Ela nunca vai conseguir passar seu sobrenome e ser feliz. Ela sabe disso. O silêncio da loira só comprova seus pensamentos.

— Eu não acredito nisso. — Kara fala por fim, mais suavemente do que antes. — Seu sobrenome não te define, srta. Luthor.

— Não?

— Não. — há tanta certeza em sua voz e Lena esforça-se para acreditar. — Você está tentando construir um nome para si mesma longe de tudo isso e eu acredito em você.

— Então você sabe que eu preciso estar lá amanhã, Supergirl.

Kara suspira. — Eu não posso deixar você fazer isso.

— E porque não?

O minuto que a loira demora para responder é o mais longo da vida inteira de Lena e seu coração acelera quando Kara invade seu espaço pessoal e coloca uma mão suavemente sobre seu coração. Olhos azuis brilhantes carregados de promessas a encaram e Lena sente como se fosse desmaiar.

— Porque eu sei o que você esconde nas suas inscrições. — começa, falando num murmúrio tão suave que Lena não ouviria se já não estivesse tão próxima. — É meu nome que está escrito ali. Assim como é o seu que está escrito em mim. E eu não vou me perdoar se algo acontecer com você e eu não puder fazer nada para evitar.

Lena engole em seco, as palavras presas na garganta.

— Então, por favor... Não faça a cerimônia até pegarmos quem quer que esteja tentando te matar. É a única coisa que lhe peço.

Leva mais um minuto para que Lena possa responder, muito perturbada pela proximidade de Kara. Seu coração trovejava no peito e ela podia jurar que até os humanos poderiam o ouvir.

Eu não posso. — geme derrotada, mesmo querendo concordar com qualquer coisa que Kara lhe pedir.

Por favor...

— Me desculpe. — dá um passo para trás, tremendo com o frio que a falta do corpo de Kara já traz. — Me desculpe... Eu não posso não fazer isso, Kara. Eu não posso deixar esse monstro ganhar.

— Então me deixe estar lá. — a loira implora.

— Tudo bem. — cede e um sorriso pequeno aparece na face antes sombria.

— Obrigada, Lena.

Kara murmura antes de voar para longe. Lena fica ali, reproduzindo a suavidade com a qual a loira falara seu nome e sentindo o perfume que parecia ter impregnado em sua pele. Um perfume suave que a faz sorrir mesmo com todo aquele caos.

x-x

É Lex que tentara a matar. Descobrir aquilo tem a mesma sensação que dezenas de facadas em seu coração e Lena mal evita entrar em colapso na praça da cidade, diante de inúmeras pessoas que não falhariam em apontar-lhe dedos.

A única coisa que a mantem sã é o par de olhos azuis preocupados que a encaram enquanto é escoltada até a delegacia de polícia para relatar o incidente. Tudo que mais queria naquele momento era correr para os braços de Kara, dizendo foda-se para qualquer outra coisa.

Foda-se seu sobrenome maldito.

Foda-se o que diriam sobre uma Luthor abraçando Supergirl.

Foda-se para seu destino maldito.

Mas Lena não fez nada daquilo. Porque se recusava a quebrar diante de pessoas que a chamariam de fraca e jamais daria aquela satisfação para Lex. Por mais quebrada que estivesse em saber do que seu irmão era capaz. Por mais machucada que estivesse por perder definitivamente quem fora seu herói por tantos anos.

Sua tatuagem queima e quando passa por Kara, vê a loira agarrando seu traje no mesmo lugar e aquilo a consola. Porque sabe que Kara também está sentindo aquilo tudo e que Kara também queria desesperadamente estar junto dela.

Era assim que almas gêmeas funcionavam e Lena sentia-se terrivelmente mal por isso pela primeira vez em sua vida.

x-x

Já era noite quando Lena chegou ao seu apartamento depois de uma longa tarde na delegacia. O que mais queria era tirar o peso daquele dia de seu corpo e chorar todas as lágrimas que prendera por horas – lágrimas de um coração partido em pedaços.

Foi quando olhou pela janela e a encontrou lá – parada casualmente contra as grades da sacada, braços cruzados contra o peito e olhando intensamente em sua direção. É claro que Kara estaria lá. Lena não sabia porque tinha duvidado.

Ela abre a porta de vidro e a loira caminha para dentro, parando no meio da sala de estar e virando em sua direção.

— Como foi? — sonda, olhos azuis procurando algo em seu rosto.

— Terrível, — responde largando a bolsa com um baque suave na mesa. — como você deve imaginar. Vou precisar depor amanhã novamente.

— Hum...

O silêncio é desconfortável e Lena não pode evitar mudar de um pé para o outro nervosamente.

— O que você está fazendo aqui, Kara?

— Eu não sei. — Kara desvia os olhos dos seus, mordendo os lábios. — Eu só... eu estava preocupada, eu acho.

— Bom, como você pode ver eu estou inteira. — murmura amargamente, sentindo seu coração rachar. — Você não precisa se preocupar.

Termina, virando as costas para a loira e começando a caminhar em direção ao seu quarto. Não consegue dar mais que alguns passos antes de sentir uma mão quente em seu braço e ser girada em direção a Kara – o que Lena vê em seus olhos a faz engolir.

Por favor, Lena. Não vire as costas para mim.

— Eu não sei o que você quer de mim, Supergirl. — murmura e os ombros de Kara caem. — Eu não posso fazer isso.

— Isso o que?

— Te querer. — admite. — Eu só não posso. Eu não posso deixar você quebrar meu coração. — sua voz está cada vez mais baixa e seus olhos não conseguem encarar os azuis. — Eu sei quem você é para mim, tenho seu nome gravado na minha pele. Mas eu não posso fazer isso. Não agora.

As palavras parecem queimar Kara, porque assim que cruzam os lábios de Lena, a mão que antes estava em seu braço recua. E dói falar aquilo tudo. É como se um pedaço de sua alma fosse arrancado. Mas Lena sabe que é o melhor a se fazer; mesmo que doa e a quebre.

— Nós podemos... será que podemos ser... amigas?

Aquela palavra paira como uma ameaça no espaço entre as duas. Lena não sabe o que estava pensando quando as proferiu e mesmo assim não voltaria atrás em sua decisão. Não estava pronta para um relacionamento amoroso com Kara – não sabia quando estaria. Mas não poderia imaginar uma vida sem ela agora que sabia quem a linda loira era.

Seu coração.

E Lena estaria condenada se, por sua decisão impulsiva, perdesse Kara de vez.

— Eu... eu gostaria disso. — Kara soltou um suspiro e depois sorriu e Lena pode enfim relaxar levemente. — Não estou pronta para nada também. Mas não quero ficar fora de sua vida. Então... amigas?

Yeah. — o sorriso de Lena é falso e ela sabe que Kara percebe. — Amigas.

Porque era aquilo que poderiam ser agora. Amigas. Havia muita história ruim entre Luthor’s e Super’s e as duas precisariam lidar com ela antes de tentar qualquer coisa mais profunda.

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É um pouco estranho no começo – ser só amiga de sua alma gêmea. De alguma forma, as duas encontram um equilíbrio. Ou quase. Porque Lena flerta por natureza e Kara é pura demais para aquele mundo. A loira cora e tropeça nas palavras cada vez que a morena a elogia ou solta algum comentário mais direto.

Lena conheceu seus amigos e família e pode dizer que quase todos já aqueceram para a ideia dela ser a alma gêmea de Kara e aquilo a faz feliz. Porque eles se tornaram uma espécie de família para Lena e aquela sensação não fazia parte de sua vida há anos. Ela não sabia que precisava tanto de carinho até ter ele entregue livremente por aquelas pessoas de quem nunca cogitara receber.

Era uma vida boa.

x-x

Cinco meses depois da oferta de amizade Kara a beija pela primeira vez. É totalmente inesperado e aquilo torna tudo ainda mais delicioso. As duas estão no apartamento de Lena, braços enrolados uma na outra e um filme passando na televisão. A morena percebe que Kara não encarava a tela e quando vira seu rosto para perguntar o que estava acontecendo, é surpreendia pelo par mais suave de lábios que já provara na vida.

Ela sente fogos de artifício e borboletas e vertigens que quase a fazem desmaiar. Kara é quente como um cobertor e Lena deixa-se perder nas sensações que seu toque a traz. Não é nada como já sentiu antes e a morena não pode evitar suspirar contenta entre meio ao beijo.

— Eu fiz algo errado? — Kara pergunta rompendo o contato e a olhando em confusão.

Oh, Kara... — Lena sorri, porque com Kara a encarando daquela forma, uma ruga de preocupação entre as sobrancelhas, não pode fazer outra coisa. — Você não fez nada de errado. Você fez certo.

E o sorriso brilhante da loira ofusca qualquer coisa que possa estar acontecendo ao seu redor. Porque era aquilo que Lena procurou em todas as pessoas com quem esteve. Era aquela sensação que buscara desde o dia que descobrira a inscrição em sua pele.

 Aquilo era amar e ser amada.


Notas Finais




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