Chegamos na casa do Rafael. Eu estava meio encomodado com algumas coisas, e queria tirar a limpo.
- Mãe - chamei sua atenção enquanto desciamos do carro.
- Oi.
- Meus cabelos, cílios e sobrancelhas.... Irão... Cair?
- Não - ela termina de fechar o carro e olha pra mim - o tumor não é maligno, podemos acabar com ele com essa cirurgia. E se Deus quiser, você não precisará fazer outra quimioterapia depois da cirurgia.
- Hum... Que bom...
- Se bem que você ficaria lindo com o cabelo raspado - disse minha mãe rindo. Eu dei uma risada sarcástica.
Entramos e fomos recebidos pelo Rafael, que deu um abraço na minha mãe, e em mim.
- Você parece melhor... - disse ele para mim.
- Pois é, me sinto melhor. - disse dando um sorriso.
- Só não abusa - disse minha mãe, quebrando o clima.
Minha mãe parecia exausta. Ela poderia ter tirado licença, o médico até disse a ela, e estava disposto a dar a ela, mas ela pensou no Dr. Felipe e no Rafael, disse que não poderia deixa-los.
- Cadê o Dr. Felipe, Rafael? - pergunta minha mãe.
- Ele teve que ir mais cedo. Um paciente dele está quase morrendo. - disse o Rafael.
- Já tomou seu café da manhã?
- Já sim, obrigado.
- Okay, então vou organizar tudo na cozinha, e fazer um almoço maravilhoso.
- Mal posso esperar. - disse o Rafael.
Minha mãe foi até a cozinha. E eu fiquei de pé alí, sem saber o que fazer. O Rafael por outro lado estava me olhando, e me deixando completamente constrangido.
- O que foi? - perguntei vermelho, mas com a voz calma.
- Amo ficar te olhando. - ele disse, e naquele instante pude ver seus olhos verdes-turquesa brilharem.
Típico. Típico do que alguém falaria para conquistar alguém, e não vou ser trouxa a ponto de acreditar nessa baboseira.
- Okay né kkk.
- O que quer fazer? - ele me pergunta, eu simplesmente dou de ombros - Mas tem que ser antes da minha aula. O Professor participar vai vir dar aula.
- Que bom...
- Bom nada... Queria passar cada minuto com você.
- Mas você precisa estudar... - disse na convicção de terminar esse assunto.
- Ei, seria bom se você participasse, já que não vai na escola por causa do .... - ele fica quieto. - enfim....
- Melhor não, tô com um pouco de dor de cabeça.
- Você que sabe... - ele parece pensar um pouco - Já sei, vem comigo...
Ele sai me puxando para uns lados da casa que não sabia que existia. Até que paramos em um grande salão, que tinha uma vista linda do jardim, e tinha janelas enormes, e bem no centro do salão, um enorme piano de cauda preto, e um banco de coro preto.
- Uau - soltei.
- Gostou? - ele pergunta com um sorriso enquanto vira a cabeça.
- Sim, amei, muito lindo.
- Quer tocar? - ele pergunta.
- Como sabe que eu sei tocar? - agora fiquei intrigado.
- Eu... Já interroguei sua mãe - ele ri.
- Ela te disse que eu falei que nunca mais ia tocar em um piano novamente? - pergunto.
- Sim, ela me disse. Só não me disse a causa. - ele disse balançando a camisa.
- Não a culpe. - respirei fundo - Ela não sabe.
- Mas, qual é?
- Eu amo muito piano, violao também, mas eu falei que nunca mais iria tocar um dos dois novamente. - se bem que já quebrei essa promessa.
- Ainda não me respondeu...
- Eu peguei ódio. Porque quem me ensinou foi o Carlos.
- Carlos é seu pai?
- Sim.
- E que mal tem nisso? - ele levanta um sombrancelha
- Um dia eu te conto.
- Mas entao..... Vai tocar?
Eu me sentei no banco, estava aflito, eu confesso. Mas não posso deixar isso me controlar. Coloquei meus dedos sobre as teclas e comecei a tocar minha música favorita, Bella's Lullaby. Cada tom da melodia me fazia vibrar, e com isso eu me sentia diferente, talvez receptivo. Só sei que a música me fez estremecer por dentro, ao ponto de amolecer meu coração. E quando vi, já estava escorrendo lágrima do meu olho.
- Você está bem? - pergunta o Rafael, logo que termino a música.
- Pra falar a verdade... - solto tudo de ruim, em apenas um suspiro, - Estou ótimo.
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