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História Inside the Movie - Nove


Escrita por: Cold_Sky

Notas do Autor


Oi, gente! Vim bem rápido porque este capítulo me empolgou haha' Espere que também empolgue vocês, ele tá bem forte nas emoções...

Vamos lá!

Capítulo 10 - Nove


 

Nove

 

FAZ ALGUNS dias desde que Nina perdeu o bebê. Ela não sai mais do quarto, tenho medo que ela esteja se culpando por isso, martirizando a cabeça com baboseiras.

Mesmo que ela e Ian estejam passando por isso junto, o garoto é muito mais forte e tenta dar suporte. Embora ela não queira muito o deixar entrar em seus sentimentos momentaneamente.

Ian me pediu que a fizesse sair de casa, talvez a mim ela ouvisse.

“Por favor, Kat! A Nina está muito pálida e sem animo. Preciso que tente fazê-la rir um pouco, pegar cor no rosto.” Ele me pedia. Eu estava no banheiro, trancada, para ela não ouvir que falo com ele.

– Tudo bem Ian, mas eu não garanto muito coisa. Eu a conheço, ela vai demorar a superar! A emoção dela é muito forte. – Apoiava na pia e me olhava no espelho enquanto falava.

“É como a alegria delas quando estamos fazendo alguma coisa junto, tão extrema que me dá medo.” Senti pena do garoto ao celular. A voz triste por seu amor estar triste não me dizia menos do que eu esperava ter dele no momento.

– Estarei te avisando qualquer coisa, ok?

“Sim, obrigado.” Encerrou.

Como eu prometi, tentei levá-la para o cinema, ao Shopping, qualquer lugar que antes ela aceitaria. Foi falho, muito falho, então fiz uns sanduíches e a chamei para ficar na sala comigo, vendo filme. Peguei um lençol para ficarmos encolhidinhas no sofá.

– O que vamos ver? – Ela perguntou.

– Agente 86! – Coloquei no canal. Nina riu de leve, estava mesmo precisando ver um filme de comédia.

Eu queria fazê-la comer um pouco também, tem comido pouco e emagreceu. Não sei se a perde do bebê conta para isso, mas ela está diferente. Peguei o prato de sanduíche da mesinha e peguei um para mim, oferecendo para um para ela ocasionalmente. Se parecesse forçado, Nina nunca aceitaria.

O filme começou e Nina comeu minha comida – rezava para não estar ruim, meus dotes culinários são desconfiáveis. Mas ela não reclamou.

– Como ele é agente e faz tanta besteira? Na vida real já teria sido demitido! – Ela comentava.

– Se eu fosse o chefe, que acabou de levar uma pancada na cara com a mangueira de incêndio, faria isso. – Comentei. Ela concordou com a boca cheia, pegou o suco na mesa e desentalou o que tinha na garganta. Quase engasgou quando foi rir do protagonista engolindo os dardos de veneno.

– Meus Deus... Esse cara! – Ela ficou indignada com as merdas do 86. Acho que ela nunca vira este filme, acertei em cheio na escolha!

– Anne Hathaway, é incrível. E mais ainda se passando por uma loira plastificada. – Eu falei rindo. Nina gargalhou comigo.

– Que homem diz que prefere andar com as coisas presas? – Ela jogou a cabeça pra trás no encosto.

– Não sei, nunca um me disse como prefere: com ou sem cueca. – Zombei.

– Claro, né! – Ela me empurrou no sofá, rindo.

Não me importei de falar que não sou boa com homens. Nina estava um pouco melhor vendo o filme comigo!

– Esse sanduíche é de quê? – Ouço a voz de Nina repentinamente, arrancando meu olhar da TV.

– Sei lá! Ian deixou uma pasta pronta na geladeira, foi só colocar no pão pra comer. – Encolhi o ombro.

Nina riu jogando a cabeça pra trás.

– Por isso eu conhecia o tempero. É de frango, ele faz às vezes e eu gosto. – Sorriu meio tímida, uma parte dela lembrando o quanto Ian tem se dedicado.

Percebo seu olhar mudando, distante e pensativo.

– Quero voltar ao meu trabalho, cuidar da beleza das pessoas. – Deu um longo suspiro.

Abro um sorriso. Podia ver motivação nos olhos dela. Prestes a sair da sua tristeza, Nina queria respirar aquilo que gosta. Por isso uma profissão tem que ser de alma!

– Falando em beleza... Tá na hora de fazer suas sobrancelhas. – Mexi nelas, descontraindo. Nina concordou com a cabeça.

Humm... Isso me lembra de você é Luke tendo um ataque pelo inglês outro dia... – A Nina brincalhona surgiu, sorriso cínico de canto. Onde ela estava? Senti falta.

Puft... Para! Luke foi quem suou como um condenado. Eu só devo ter ficado branca.

Ouvi um risinho, enquanto escondia minha vergonha. Fixei na TV e não olhei pra ela. Era constrangedor.

– Estou doida pra conhecer ele. Luke não para de falar nele, embora saiba que não tem chance.

Daquele dia, só falei de ver a filmagem de pertinho, mas Luke ligou para falar com Nina, ver como estava passando. Óbvio que ele fofocou do inglês.

– Joseph deve ser bonito mesmo, mas supera o Chris?

Hein? – Não sei como aquilo me surpreendeu. Arregalo os olhos e penso em como devo imaginar Chris.

Minha prima olha para ele reparando em tudo. Foi um incômodo.

– Kat! Eu não sou cega. Você é? Ele é um puta moreno. – De novo, não sabia como reagir.

– Olha...

Ok. Percebi a beleza infalível de Chris no dia que nos conhecemos pessoalmente, mas ele é mais que um homem bonito. Por isso somos amigos. Mas quantas mulheres não ligam? Seus olhos azuis devem impedir muitas pessoas de ver seu coração de verdade.

– Deixa de ser boba! Você o conheceu primeiro, é tão lerda assim? Meu Deus, Kat. – Pegou outro sanduíche.

– Não acho certo falar assim dele.

– Certo? Kat, foi uma observação que eu fiz. – Fez uma expressão de dúvida, parecia que eu dizia ser um pecado falar da beleza alheia. – Estudando estética eu tenho um faro pra pessoas bonitas.

Resmungo, totalmente desconfortável. No começo da nossa amizade era estranho, nos cumprimentávamos e ficava sem jeito. Deixei isso de lado, mas a beleza sempre mexe comigo. De alguma forma, é como se me atraísse.

Não vou tocar no assunto!

– Ok, mas não pense nele assim, por favor.

Nina deu de ombros antes de rir.

– Você é impressionante! Só perguntei se o acha bonito.

– Sim, eu acho. – Digo por fim.

Já bastava Luke me confessando o quanto suspirou por Chris no dia da gravação, com os braços dele dando conforto em Candice. Se Nina também fizesse isso, poderia me irritar mais.

 

 

EU NÃO sei se era a batida de laranja que me deixou um pouco alegre, ou talvez a companhia de Luke seja tão contagiosa que estou muito bem. O garoto me ligou hoje de manhã e me disse que precisava sair de casa. Nina conhece um milhão de lugares pela cidade, acabou cedendo à loucura de Luke.

Foi inevitável não vir, é domingo e não tem nada mais interessante para fazer. Nina precisa mesmo se distrair, achei melhor aceitar o convite e avisei a Ian que ela está melhorando. Estamos em um barzinho, sentados numa mesa perto da parede, ambiente calmo, karaokê tocando, algumas mesas vazias e outras ocupadas.

– Ganhando a aposta, hoje eu vou chegar em casa e terei um belo moreno na minha cama. – Luke se gabava de uma tal aposta que fez com um carinha.

Eu bebia com calma, Luke também, enquanto a outra ainda não podia beber tomava apenas refrigerante. Nina escolheu bem o lugar, parecia um lugar de encontro entre amigos e talvez alguns casais. Não era um bar que você via gente bêbada, jogando sinuca ou pôquer.

– Porque confia nele? Ou você o ama e quer fisgar? – Nina o perguntou. Dei um gole na minha batida, olhando o moreno por cima do copo a respondendo.

– Eu só tenho uma amizade colorida com ele. – Luke deu de ombros.

– Os filmes nos provam que amizades assim viram amor mais tarde. – Eu falei. Mas ele fez cara feia. Eu não consegui decifrar se era discordando ou confirmando.

– Já entendi. Esse cara não quer nada sério! – Nina gesticulou, chamando o barman.

– Ele faz um monte de regras, não pra evitar a minha pessoa, mas não deixar tudo maçante.

Senti uma pontada de dor na voz de Luke. Ou talvez fosse a dupla no karaokê cantando Adele que me distraiu. Hello, uma música linda e forte.

Nina pediu uns petiscos, e inclui outra batida pra mim. Ainda era a segunda, e já chegamos aqui faz uma hora. Eu podia extrapolar e sair daqui carregada pelos meus companheiros, amanhã não tenho faculdade, mas vou trabalhar.

– Talvez eu concorde com ele. Eu e Ian saímos muito, sempre uma adrenalina diferente. É o que mantém o fogo! – Ela deu de ombros meio tímida, mesmo que estivesse abatida por um momento, sua vida não mudaria no modo de seguir.

– O que seria maçante? – Virei para Luke e perguntei. Hoje eu estava com um vestido azul escuro e uma legging preta. Minha jaqueta estava na cadeira.

– Dormir junto toda noite depois do sexo. – Ele foi super objetivo. Pensei que fosse um testamento de ocasiões.

Olhei para ambos. Minha prima parecia concordar, era como se eu fosse a estranha no meio do assunto.

– As regras nos proíbem de dormir juntos mais de duas vezes na semana, e precisa ter um intervalo entre as noites. Podemos sair com outras pessoas, nada de controle pelo celular e sem coisas românticas no meio de nós. – Luke deu fim.

– A Kat não tem um namorado pra ver o nosso lado, Luke. – Nosso petisco chegou, eram bolinhos de mel. E minha bebida. Dei um sorriso grato ao barman. – Aprenda, você deve ter autocontrole. Não é querer mostrar que vive perfeitamente sem ele, mas que cuida da sua vida. É saber organizar o tempo livre com ele e não afetar você mesmo.

Hmmm... – Eu resmunguei, mas sem entender nada. Peguei um bolinho e enfiei na boca.

Deixei essa conversa idiota passar. Quando eu me dei conta, estávamos rindo de duas mulheres cantando Mariah Carey.

– Mas bem que ela podia dar uns pegas em alguém, se quisesse. – Nina falou com bom humor, comendo um bolinho.

Olhei para a morena com raiva, enquanto o loiro ficou boquiaberto. O que ele vai pensar? Que sou uma topeira, mas meio tarada.

– Quem seria o cara?

– O nome dele é Zach, e tá caidinho por ela. Vive dando agrados e fazendo favores, já até saíram juntos. – Gesticulou, como se aquilo fosse um compromisso com Zach.

– Os únicos agrados são quentinhas de comida quando eu chego tarde, e ele NOS deu carona uma vez. – Enfatizei a parte da carona que não fora só pra mim. Luke fez uma cara achando razoável, e Nina me fez careta.

– Deixa de ser antipática! Custa dar um beijinho nele? Sua boca não vai cair, você não vai ficar de quatro no chão, você não vai vê-lo nu, só beijar. – Nina falou tão nervosa, desejava que eu ficasse com Zach nem que fosse para diversão.

– Só que um beijo, gera muita coisa no meio da noite. – Luke insinuou.

Desejei ser um avestruz. Eu não posso me imaginar tocando Zach de outra forma, a não ser apertos de mão. Escutei alguém cantar Thinking Out Loud do Ed. A voz era boa, dava pra encarar.

– Aqueles olhos azuis dele são lindos! – Nina cantarolou pra mim.

– O seu namorado também tem olhos azuis. – Falei para ela perceber seu lugar na Terra. Nina me olhou séria.

– Também são lindos, mas Zach e Ian são diferentes. Ian é o meu tipo...

– E você sabe se Zach é o meu tipo? Nina, você está bêbada sem beber? Vai ao banheiro lavar o rosto. – Peguei sua mão.

– Não seja ridícula! Você não acha o Zach bonito?

Nina estreitou os olhos, me fez ficar pensativa. Claro que o achava bonito, mas vai muito além de beleza ter um caso amoroso com alguém.

– Eu quero conhecer ele. Olhos azuis são fascinantes! – Luke sonhou com um loiro.

– Desculpa, mas acho que ele é hétero. – Peguei a mão do garoto sobre a mesa, zombando.

– A Kat enrola o coitado há dois anos, deixe o Luke dar consolo a ele. – A outra me zombou. 

Nina estava tentando, era bom, mas o rumo da conversa... Eu também não estou pura, esse conversa me fez beber o segundo drink bem rapidinho. Revirei os olhos para o comentário da garota e comi um bolinho para encher a barriga.

– Há quanto tempo você não fica com um homem? – Luke perguntou. Fiz cara de paisagem.

Que tipo de pergunta foi essa? Não dá pra contar certamente, mas foi antes de vir para os Estados Unidos. Nina e eu viemos pra cá no último ano do colegial, terminamos em Washington, e depois viemos pra cá. São três anos!

Ou, parando para analisar, uns dez dias.

Bebi um longo gole da minha batida de laranja, terminando-a.

– Alguns dias. – Dei de ombros.

Os dois me olharam atônitos. Nina, depois de dizer que eu me recuso a ficar com Zach, não conseguiu respirar quando me ouviu. Foi um espanto saber que eu fiquei com alguém. Eu realmente não estava ficando bem com essas bebidas!

– Em que sonho você beijou alguém? – Ela perguntou.

– Você é tão engraçada! – Agora ela quem zombava de mim. Fiz um riso forçado.

– Calma, quem foi o boy magia? Era melhor que o Zach? – Luke voltou a sonhar.

– Eu conheço? – Nina ficou eufórica só de pensar, soltando fogos!

Em que merda eu fui me meter! Sem querer arrumar caso, só fazer minha prima sossegar e me deixar com sua mania de arrumar homem, abriram um rombo cheio de perguntas na cabeça dela e de Luke. O que eu faço?

– OK, eu tirei a seca com um colega de curso, ficamos bem rápido na biblioteca. Feliz? Mas não vai se repetir! E não fale para o Zach, eu não quero magoar. – Ordenei.

Deu pra notar que era mentira? Inventei essa de última hora, eu não podia contar nada sobre Chris para minha prima. Como a história deste beijo mexeu com minha vida é um mistério, se eu previsse tudo, jamais teria feito. Mas, com sinceridade, foi bom.

Chamei o barman e pedi outra batida para mim. Não vou pensar nisso como foi no primeiro dia, eu quase tive crise de ansiedade e não consegui ser eu mesmo por um dia. Voltar a isso, não é saudável. Chris é um amigo; vou beber e esquecer.

 

 

ATÉ QUE a minha dor de cabeça não era tão ruim como pensei que fosse ter. Quando Nina e Luke começaram a falar de compras eu comecei a beber sem me importar. Não foi muito prudente, mas só assim eu conseguiria aguentar os dois.

Tento recordar como voltei pra casa e deitei na minha cama, mas tá meio difícil. Levantei e tomei uma ducha bem fria; talvez minha cabeça esfriasse. Aquilo não deu muito certo, só me deu frio. Curiosamente, a roupa que vesti ontem estava pendurada no Box. Tudo bem, sinal que eu estava em pé quando cheguei em casa.

– Bom dia, eu achei que não fosse acordar. – Nina deu uma risada assim que me viu entrar na cozinha. Minha cabeça latejava!

– Dores a parte, eu ainda preciso trabalhar. – Sentei no balcão e puxei a garrafa de café.

– Tudo bem. Durma bastante quando voltar do estúdio, ouviu? – Ela ordenou, parecia uma mãe comigo. Eu concordei com a cabeça, afinal, somos nossa única família aqui.

– Como se sente? – Eu perguntei com um sorriso fraco.

– Bem, obrigada por me animar. Você é a melhor pessoa do mundo! – Nina deu a volta na mesa e beijou minha testa. – Quando não tenta se embebedar, claro! – Ela riu de mim.

Um comprimido foi a minha salvação antes de sair de casa. O murmúrio de gente ia estourar meu cérebro de tão ruim que eu estava. Talvez hoje não seja ruim eu ir para o andar do camarim de Candice trabalhar, é mais silencioso e conseguiria ouvir meus pensamentos. Na sala de maquiagem, todos conversam e riem alto demais, minha cabeça frágil não suportaria.

Assim que chegamos, os seguranças vieram em nossa direção falando nos rádios. Será se são novos aqui? Não, eram os mesmos, que passam por nós todos os dias e estão acostumados com nossa cara. Mas por motivo desconhecido, nos seguraram na entrada.

Entendo que lugares assim devem ter segurança máxima, mas nós trabalhamos nos sets há pouco mais de um ano. Ouvia alguns saltos ecoando do saguão e isso martelou na minha cabeça.

– Com licença, desculpe, mas a senhorita não pode entrar. – Um cara alto, de terno preto e cabelos meio grisalhos falou pra mim.

– Do que está falando? Eu trabalho aqui. – Sem fazer barraco, soltei meu braço da mão dele gentilmente.

– Você pode falar com o menino ali, ele confirma pra você. – Nina apontou o recepcionista. Em seguida, pegou meu braço e me puxou para passar pelos homens.

– Fique calma, eu conheço vocês. Por isso mesmo estou sendo gentil, mas senhorita Graham, temos ordens para não deixá-la passar da porta.

O homem falou e fiquei assustada. Céus, o que houve para isso acontecer comigo? Tento lembrar se ontem eu não dei uma escapada e não fiz nada, mas é falho. Nina me olha apreensiva, engolindo tão seco quanto eu.

– Eu conheço minha prima, ela jamais faria algo errado. Por favor, confirme o nome! – Nina pediu.

– Temos a ficha dela aqui, está certo. Mas infelizmente não sei o que pode ter acontecido. – O homem respondeu. Apesar de seguir as ordens, não me faltou com respeito ou fez grosseria para eu sair o mais rápido possível.

– Isso quer dizer que fui demitida? – Perguntei com medo.

– Exato, senhorita. – Ele falou com dor na voz. Eu respirei fundo, mas ainda sem entender.

Demorei duas batidas para superar a notícia. Eu estava perdida, sem saber o que fazer neste momento, se voltava pra casa ou pedia meus direitos no RH, se pedia uma explicação melhor de tudo. Senti a garganta ficar seca, tive medo de pensar em ser demitida e não ter o que fazer daqui pra frente.

– Que absurdo! Kat é uma excelente trabalhadora, nunca fez nada de errado, pelo contrário. Devia ser a funcionária do século deste lugar. – Nina começou a falar, sua defesa elevando um pouco a voz.

– Senhorirtas, eu estou fazendo o meu trabalho, garanto que nunca gostei de fazer esse tipo de ordens lá de cima. – Lamentou. Eu assenti para o homem, inocente de tudo. O que mais eu podia fazer?

– E o que eu tenho que receber? Onde pego depois? – Tentei não chorar, arrumei a bolsa no ombro e pisquei várias vezes.

Sem emprego, vai ser difícil me manter por um tempo, mas vou arranjar outra coisa até meu estágio no ano que vem estar certo. E a vida em Los Angeles? Bom, terei que segurar os gastos por enquanto.

– Olha, se isso não foi coisa da vaca, eu não sei mais. – Nina ficou frente a frente comigo.

– Não arrume confusão por minha causa, suba que eu vou embora. – Pedi a ela.

– Moças... – O segurança nos chamou. Olhamos para ele, mas algo chamou nossa atenção lá atrás. Ele já sabia da aproximação dela, ficou nervoso e pediu que eu me retirasse educadamente.

Uma loira, usando uma saia alta e uma blusa social chegou até nós e tirou os óculos escuros. Se minha demissão tem dedo dela, eu não sei, mas sua presença mexeu no ar ambiente e talvez significasse algo.

Ninguém mais que Nina encarou Candice com um olhar de fuzil tão forte, eu teria medo se fosse seu alvo como a loira.

– Olá, Charlie. Já deu o recado a senhorita? – Ela falou.

– Sim, senhora. Ela quer saber onde pega suas contas. – O segurança que nos atendia falou calmamente. Candice me olhou com desdém, como um mosquito que devia ser esmagado. Senti por seu olhar que eu não merecia nada. O nó na garganta que precisei engoli quase me engasgou.

– A produção vai lhe mandar tudo. Espere na sua conta! – Acenou de cabeça para mim. Respirei fundo e prensei os lábios, concordando com a cabeça.

Olhando para o meu lado, Nina estava com o rosto vermelho de raiva. Eu também tinha ódio de Candice, mas ele se manifestava por meus olhos, querendo chorar. Porque eu?

– A outra menina pode vir comigo! Você vai ser minha assistente agora, tire a outra, Charlie. – Candice chamou Nina com a mão.

Minha prima bufou, já ia soltar a língua pra dizer o que a vaca merece, mas nós duas não podemos perder o emprego ao mesmo tempo.

– Não faça besteira! – Puxei seu braço.

– Ela gostava de trabalhar com você, como pode deixar te tratar assim? Kat, você tem mais direitos! – Nina segurou meus ombros. – Exija saber o que houve, pelo menos.

– Eu vou ficar bem, pode ir. Uma de nós precisa ter dinheiro, certo? – Umedeci os lábios. A garota revirou os olhos, mas assentiu. Eu preferia sair daqui bem, aceitar a condição e buscar algo novo. Nina se virou para sair. – Senhora Accola...

Merda! Onde eu achava que ia? Candice e minha prima se viraram pra mim. Ambas surpresas por eu ter chamado. A visão do salão rodou toda, fiquei tonta e talvez vomitasse.

– A Senhora... Sabe o motivo da minha... Demissão? – Falei gaguejando.

Se ela não soubesse eu também não ia fazer questão de insistir, mas vou agradecer como sempre a tratei se me ajudar.

Ela voltou-se para mim, olhos mais distraídos que em um parque de diversões com milhões de atrações. Era nítido como não se importava! Quis voltar atrás com a pergunta, só sair pela porta de entrada e ir embora.

– Sim, eu que mandei. – E se virou me dando as costas.

Ahmm? O som da voz nojenta da loira entrou nos meus ouvidos e ficou circulando meu corpo inteiro. O que eu fiz pra ela? Trabalhei exclusivamente para ela os últimos dias, não merecia ser demitida, mas ser tratada bem melhor. Ela até me deu presentes, o que a fez mudar?

Uma traição é muito ruim, ainda mais quando vem de onde menos se espera. Eu sempre soube como Candice é cruel e desalmada, mas daí me atingir é diferente. Comigo ela mostrava paciência, e eu confiei meu tempo a ela quando eu não devia.

– Você... – Hesitei em falar. Ela se aproximou de mim, bem devagar e ficou frente a frente comigo. Respirei fundo, sentindo o perfume dela de tão perto que estava.

– Gostava da sua companhia, mas você tomou muito espaço. Então tive que ceder a essa atitude. E eu ainda te dei um monte de presentes, não reclame!

– Tomei o seu espaço? Do quê tá falando? Eu? E seus presentes não foram grandes coisas. – Comecei a gesticular e indagar ficando nervosa. Não dei o braço a torcer.

Como se eu fosse capaz de tentar competir com ela! Onde eu tomaria seu lugar aqui? Candice tomou o lugar de Claire, ela é a grande nojenta. No mínimo, ela surtou com o cansaço e não tem consciência nenhuma do que faz e diz. Olhei para seus olhos impiedosos e me deixei chorar.

– Charlie, tire essa garota daqui. – Candice saiu de perto e abanou em minha direção, como se eu não fosse nada.

– Senhorita... – Charlie veio até mim.

– Eu sei, não precisa de brutalidade. – Mandei o homem se afastar de mim. Mandei Nina seguir com um olhar sério, pois depois contava sobre o que a vaca me disse. A garota assentiu e seguiu em frente.

– Obrigada por compreender. Se retire! – A vaca indicou a porta.

Ela parecia ser a dona do prédio, mas era só mais uma funcionária assim como eu. Só temos papeis distintos! E mais uma vez, eu era um mosquito indesejado, ou até pior.

– Eu não sou uma imunda, como você está me tratando! – Avancei um passo, fazendo a loira recuar outro e Charlie tentar me segurar.

– Joga ela lá fora! O que espera? Uma ordem!? – Candice ordenou ao segurança presente, se assustando com minha reação repentina.

A minha cabeça doía excessivamente, o álcool de ontem mostrou muito efeito sobre mim. Meu costume de beber é bem pouco, ganhei uma enxaqueca de brinde e o estresse veio me enlouquecer outra vez.

– Eu não sou um lixo! Você é uma vaca, todos de dão apelidos repugnantes assim. – Gritei.

Todo o meu corpo estremeceu, minhas pernas ficaram fracas, mas não caí no chão para demonstrar fraqueza na frente da loira linda e poderosa à minha frente. Minha dignidade foi ferida, algumas pessoas podem estar sabendo de algo que eu não sei, ou pior que isso, ter escutado alguma atrocidade inventada pela loira.

Ah! Tire esse cachorro daqui! Ou você também perde o emprego! – Candice deu um pulo e saiu correndo para longe.

Charlie, não teve outra saída. O segurança de dois por dois me segurou e me levou pra fora, mas tentei resistir e puxar o corpo. Minhas bolsas caíram no chão, eu já nem fazia questão de ter maleta de maquiagem.

– Solta! Eu não sou um cachorro! Só quero saber da minha demissão. – Tentava tirar os braços de Charlie da minha cintura. Senti minha cabeça ferver, o remédio que tomei deve ter saído por todo o suor que escorre da minha testa e das lágrimas que derramo.

A voz da vaca ecoava pelo salão de entrada, dizendo insultos de mim. Nos braços de Charlie eu grunhia de raiva e humilhação. O que eu fiz de errado? Ela puxava Nina consigo, sentia minha prima ter medo por mim e querer enfiar a mão na loira. Mas ela não podia, prometeu!

– Vaca, eu não vou deixar você em paz! – Eu cuspia as palavras. Minha cabeça estava confusa com o redemoinho que se formou.

Do jeito que Charlie tentava me tirar e me sacudia, fiquei mais tonta. Algumas pessoas que chagavam pararam pra ver a confusão que eu fiz. Acho que a própria loira já devia ter ido embora com minha prima agoniada.

– Por favor, a senhorita está dificultando as coisas. É melhor ir embora! – Charlie pedia em meio aos meus gritos de súplica. Não era súplica, mas vontade de correr por dentro daquele saguão e esfregar a cara de Candice.

Fiquei surpresa comigo mesma, eu nunca tive tanta raiva na minha vida. Talvez eu ainda esteja bêbada, ou seja, orgulho ferido mesmo. A humilhação é um trago certo para a explosão de sentimentos. Eu ainda batia em Charlie, que nada merecia de mim e da raiva no peito que crescia forte.

Charlie conseguiu passar comigo pela entrada, levando minha vergonhosa situação para a rua. As pessoas na calçada se assustaram, ficaram paradas ou deram meia volta para não esbarrar em uma imunda que fazia barraco.

– Charlie, solte a garota! – Ouvi uma voz conhecida.

A rua rodava, os prédios brilhavam no sol fraco e minha vista doía. Senti outra pontada na cabeça, na nuca, meu corpo suou frio e desvencilhei nos braços de Charlie. Se o homem fizesse o que lhe foi ordenado, eu desabava no chão. Minhas forças foram perdidas no meio da luta para minha dignidade.

– Eu vou desmaiar, por favor! – Minha voz ficou fraca. O gosto de bílis subiu minha garganta. Isso era culpa da ressaca e o estresse que me causaram.

– Kat? Está me ouvindo? Acalme-se. – A voz conhecida falou bem na minha frente, e um par de mãos segurou meu rosto tirando meus cabelos bagunçados da frente.

Consegui focar o olhar, mesmo fraco e turvo, e mirei na pessoa a minha frente. Era um homem, pela voz e pela postura. Mas o que chamou minha atenção foi um par de olhos azuis me encarando.

Era o Chris. 

 


Notas Finais


Hey! O que acharam?? Suspense para o que o Chris vai fazer com a Kat, e para a demissão dela. Eu falei no início que a Candice seria chata na fic... Me perdoem! Espero vocês no próximo fim de semana. :3


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