1. Spirit Fanfics >
  2. Inside the Movie >
  3. Oito

História Inside the Movie - Oito


Escrita por: Cold_Sky

Notas do Autor


Olá, como estão? Espero que não tenham achado que eu ia sumir de novo. Foi só um contratempo para vir postar mesmo. XD Boa leitura, gente!

Capítulo 9 - Oito


 

Oito

 

CHEGO AO apartamento com três presentes. Um é de Luke, outro de Claire, Chris e Matt e um de Zach.

Nina voltou pra casa hoje de manhã, o que me deu muito trabalho. Como eu não cozinho, fui depressa à padaria da esquina e comprei pão integral, bolo e biscoitos e suco. Ian havia avisado que ela não comeu antes de sair do hospital, achamos que ela só queria ir embora rapidamente. Fisicamente ela estava bem, a médica disse que só precisava de cinco semanas de resguardo, tratamento para qualquer grávida. Mas e psicologicamente?

Fiz de tudo para deixar o apartamento confortável para ela. Levantei muito antes do horário, limpei seu quarto e deixei a cama livre. Deixei todas as janelas abertas um pouco, o cheiro de hospital é horrível, Nina vai precisar de ar. Quando chegou, só foi direto para o quarto sem dizer uma palavra. Não quis comer, e disse estar bem quando perguntei.

Será se é problema ficar abalada? Ian foi alertado de que ela poderia ter depressão, isso o assustou tanto quanto a mim. Embora só o tempo vá dizer se ela realmente vai ter. Por enquanto, vamos dar espaço para ela se expressar como for.

– Oi! – Entro no quarto dela. Ian está com um prato de sopa numa bandeja, e pão. Mas o pão estava intacto, e a sopa parecia cheia.

– E aí, Kat? Como foi seu dia? – Aparentemente, ele queria distrair.

– Faculdade é sempre igual. – Arqueei as sobrancelhas. Pego a sacola com os presentes e sento ao lado de Ian, no outro lado do pé da cama.

– Como estão as coisas no trabalho? – A voz de Nina é fraca, mas acho que realmente queria saber.

– Nada fora do normal. O diretor perguntou de você, e mandou um cartão de melhoras pra você. – Eu não contei esse como presente. Dei a ela que abriu confusa. – É bonito, ou parece aqueles comprados em papelaria, só com a palavra “Felicidades”?

Eu não o li, só olhei a capa alaranjada, com um Sol nascendo no canto e pássaros voando. Nina me deu o cartão para ler.

“Acredite! Quando Deus toma a frente de nossa vida, Ele nos cuida, Ele nos livra, Ele nos protege, Ele nos faz vencer.”

– Bonito. – Sorri para ela. Não sei o quanto penetrou na sua cabeça, a senti pensativa. – Chris, Claire e Matt mandaram esse aqui.

Nina pegou. Fiquei com medo do que podia ser, era só uma caixinha vermelha. Abriu devagar.

– Quem são Matt e Claire? Só conheci o outro ontem.

– Também são atores que trabalham no filme. Pessoas muito boas, de verdade, ficaram preocupados com ela ontem. Todos querem sua melhora! – Acariciei a perna dela por cima do lençol.

– Isso é dos três?

– Sim. – Respondi e arregalei os olhos ao ver em sua mão uma pulseira dourada e trançada com uma fitinha rosa. No meio um pingente da Torre Eiffel, aos lados estrelas e pedrinhas miúdas.

Olhei para Ian, tão surpreso quanto eu.

– É linda! – Pareceu gostar, principalmente do pingente maior. – Agradeça muito pelo carinho.

– Pode deixar.

A Torre Eiffel deve ser um desejo oculto dela. Nina guardou de volta na caixinha com muito cuidado e deixou na cabeceira ao lado.

Entreguei o de Luke. Foi um presente carinhoso. Um urso de pelúcia, com roupa de médico e um coração “Fique bem” gravado nele. Confesso que esse eu invejei, o bichinho era muito fofo. Mas Nina o abraçou e suspirou.

– Tem o celular dele? Acho que vou ligar e agradecer. – Nina tinha um sorriso no rosto. Não era grande ou brilhante, mas contente por ter um amigo legal.

– Abre o último e eu ligo pra ele, aí você fala. – Dou o de Zach.

O de Zach era uma caixa de chocolate.

– Nem vou poder comer... – Falou tristonha.

– Ponho na geladeira, não vão estragar. Daqui uma semana você pode voltar à alimentação normal, bem devagar. – Pego a caixa.

– Obrigada, podem comer. Também não quero mais sopa, Ian. – Tira todas as caixas e papel de cima e se vira na cama.

O que a gente pode fazer com isso? Ian só recolhe a comida e saí do quarto. Eu limpo os papeis de presente.

– Boa noite, Kat.

Diz para me expulsar do quarto.

 

IR SOZINHA para o trabalho começa me perturbar. Tenho que olhar diariamente para Candice e não tenho Nina para ficar comigo, e ir pra faculdade falando de como a vaca estava com cara de vadia hoje. Luke fica a tarde por lá também, e mesmo assim não podemos conversar sobre qualquer coisa. Xingar Candice até posso, mas não desabafo como com Nina.

As pessoas, as mais educadas, perguntam por Nina. Sinto que algumas só querem saber pra dar outra rasteira nela! Se uma maquiadora sair, entra outra. E todo mundo sabe que Candice gostou da massagem dela. Ou eles querem puxar o saco de Candice também, ou querem indicar o trabalho. Sinceramente, isso é algo que acontece frequentemente aqui. É como fazer um papel: se um não leva, outro pode pegar. Óbvio que tenho raiva, Nina não sofreu um acidente qualquer, também não está com gripe.

Entro sozinha no prédio e fico isolada numa mesa de maquiagem. Ed está ecoando em meus ouvidos. Quanto menos ouvir as pessoas falarem, melhor.

– Ei, onde você estava? – Do jeitinho de sempre, Luke me puxa pelo braço nervoso. – Estou te procurando faz um tempão. Candice mandou um milhão de pessoas atrás de você. Já vi que milhares delas vão perder a cabeça...

– Cheguei há dois minutos, e demorei pra deixar o café de Nina pronto. Mas o que a vaca quer comigo?

– A sala tá vazia, não viu? Hoje p dia é cheio, estão a maioria lá embaixo. – Gesticulou mostrando a sala com menos de dez pessoas. – Como a Nina passou esses dias? Ela gostou do meu presente, né?

Sim, o presente. Ontem ela acabou ficando chateada por conta de suas restrições que nem quis ligar para Luke e agradecer o ursinho.

– Ela amou! Foi atencioso e fofo, é tudo o que ela precisa agora. Ganhou outros presentes também, mas senti que o seu foi o melhor. – Não sabia o que dizer da pulseira dourada.

– Fiquei com medo de lembrar uma criancinha.

– Acho que não! – Sorri. Mas quem sabe tenha lembrado e isso a fez gostar. – Porque dizia que aqui está vazio?

– Ah, estão filmando uma parte importante do filme. Estão todos no set de gravação, Candice quer você lá imediatamente. – Recordando o que veio fazer, Luke falou e começou a guardar minhas maquiagens de volta na bolsa.

– Quer que eu vá lá pra baixo? Para os cenários? – Segurei sua mão e o parei.

Minha cara ficou assustada, como se eu fosse para um sanatório ou pior. Qual o motivo? Gente muito pior que aquelas querendo tirar Nina de vez do trabalho. Tirando esta parte, ela quem deveria estar aqui. Ela é a profissional da área, eu não sou.

– A vaca pediu pra te chamar. Quer contrariar? Ela já está brava com o atraso.

Enruguei a testa. Merda!

Mesmo engolindo em seco eu vou. O diretor do filme é uma pessoa legal e muito gentil. Ele quem deve estar precisando de todos trabalhando por lá. Ignoro pensamentos ruins e chego com Luke numa boa.

– Tem um cara novo gravando hoje, esbarrei com ele na hora que cheguei. Ouvi a voz dele e pareceu inglês.

Ouvia Luke falar, enquanto apreciava como a arte de Hollywood podia ser grande e bonita. O set de gravação era praticamente uma cidade nova. Nunca sai do prédio principal! Eu me via dentro de uma delegacia, com a sala do delegado, sala de interrogatório e uma sela. Ao lado outra cena montada, parecia uma loja de CDs.

– Um ator inglês... Legal! – Falo depois de um tempo.

– E era bonito. Será se ele vai topar fazer maquiagem comigo? – Luke sonhou alto.

– Katerina! Que bom te ver aqui, finalmente. Venha comigo, estou sentada ali e quero fazer meu trabalho com você. – De súbito ouço a voz chata de Candice. Ela pega minha mão e sinto seu olhar sarcástico, mandando eu ter cuidado silenciosamente.

Qual o problema dela? Acho que já disse para me chamar de Kat. A vaca acha que tornaria as coisas mais intimas, e precisamos ser profissionais em tudo. Particularmente, não vejo nada de errado.

– Aqui, pode colocar suas coisas na mesa. – Enquanto ela senta na cadeira de cinema, diz que posso usar a mesa do camarim luminoso à frente.

Ainda fico olhando ao redor.

– Sabe, eu estava pensando, será se você não pode ficar hoje o dia todo? – Ouço de repente, acordando dos meus pensamentos.

– Sinto muito, tenho que estudar e cuidar da minha prima. Eu poderia ficar, aqui é bem legal, mas realmente tenho faculdade.

– Você ainda faz faculdade? Nossa. – Aquilo pareceu novidade pra ela, mas me lembro de dizer no primeiro dia. Isso pra eu perceber como ela presta atenção em uma simples pessoa. Uma palavra que não tenha haver com ela, sai de seu ouvido.

– Sim, eu faço. Toda tarde, a semana toda. – Menti. Quero continuar com minhas segundas feiras livre.

– Poxa... E a sua prima, quando volta? Ela é uma boa massagista, é o tipo de pessoa que preciso ter na minha equipe pessoal. – Colocou o dedo na boca e ficou pensando.

Filha da puta!

Tenho vontade de xingar, mas não faço... Tenho de reprimir.

– Ela volta semana que vem. Não sei se ela aceitaria seu pedido, ela precisar resolver muitas coisas da vida ainda. – Indico que vou começar seu rosto e a mando reclinar.

– Claro, perder um bebê é difícil. – Ficou com um olhar simpático, conseguiu perceber a dor que uma mulher deve sentir.

Será se Candice tem um coração? Lá no fundo, talvez se encontre um.

A loira fecha os olhos e tenta ficar quieta para eu passar pó. Um singelo sorriso está nos lábios dela, acho que contente pelo dia. De soslaio olho as pessoas, vejo muita gente bonita e outras trabalhando. Encontro Luke num camarim não muito distante, com um cara que nunca vi. Cabelos loiros encaracolados e curtos, barba por fazer e olhos simpáticos. O inglês?

Pego o blush para rosar o rosto da vaca. Não tinha muita coisa pra fazer, não entendo porque ela me quer o dia todo.

O diretor chama todos os atores para dentro da cena. Libero a vaca imediatamente, está divina e parecendo uma jovem com a roupa trajada. Era diferente de tudo, estava de jeans e jaqueta por cima de um casaco. Talvez, no fundo, sua personagem Angel seja uma menina.

Luke veio para perto de mim cochichando.

– Olha o inglês que eu falei. – Aponta o cara que estava com ele na maquiagem. Totalmente concentrado, pegando notas mentais da fala do diretor. Candice estava lá, trocava ideias com o novo ator, como se passassem a ação da cena.

– Ele é bem bonito. Parece ser o mais velho dos atores, e experiente também olha a concentração dele.

– Acho que esse olhar mal dele faz parte do papel, não que ele seja sério de verdade. – Silenciosamente concordei com Luke, pois aquele loiro nunca apareceu aqui antes. Seu personagem era um tanto quanto misterioso, surpreendentemente sedutor e atrativo para quem estivesse dentro do set.

O cenário a ser usado era a loja, alguns figurantes se posicionavam e esperavam o take. Havia prateleiras de CDs cenográficos, outros verdadeiros. As paredes de mentira com cartazes de lançamentos de artistas e edições especiais de clássicos da música. Lembro-me de quando saí com Zach!

– Isso tudo não parece real?

– O quê? O azul dos olhos daquele cara? – Luke simplesmente jogou, sem me dar compreensão. Mas ele tinha razão, mais um par de olhos azuis.

– São bonitos. – Não me importei. Olhei outra pessoa chegar, vestido tão diferente como Candice, roupas casuais e mais jovem. – O que acha desse filme?

Chris estava de calça Jean azul, sem querer percebi marcar suas coxas – não é pecado! A blusa cinza era meio largo, mostrava um pouco do peitoral dele. Seu casaco era mais esporta, com bolsos laterais e fechamento em zíper, uma textura quase igual ao couro, a gola e a bainha num cinza mais escuro.

– Só o que vi na internet. Chris Wood é um policial que está cuidando do caso e protegendo a Candice de um maníaco que a atacou. Depois que o maluco volta, a polícia é obrigada a tirar garota da cidade. Função do senhor Wood.

Ah, essa parte eu bem sei. Os dois ficam longe da cidade para se proteger.

– Você quer ir ver na estreia? Seu inglês vai estar no filme, seja como for o personagem. – Dei de ombros.

O inglês era bonito, admito! Mas fico pensando em como Benjamin é atraente e sério ao mesmo tempo. Um policial focado, e as melhores características de um homem apaixonado fazendo-o perder o controle e às vezes jogar de lado as regras da profissão.

– Sei lá! Se estivermos disponíveis...

O silêncio foi pedido em todos os cantos do set. Ia começar! Parte de mim ficou eletrizada por ver a encenação, era minha primeira vez.

Nina podia estar aqui!

O diretor deu o sinal para começar. O foco inicial era em Benjamin e Angel, fazendo vista na loja de CDs. Da distância que eu estava foi ruim ouvir o que diziam, mas o microfone no alto capturava para a câmera. Pelos gestos deles falavam sobre o lugar estar cheio, diria ser uma briga. Acho que os dois estavam à paisana, o que é normal depois de fugir.

É, nunca vi como Chris e Candice se saiam bem juntos. Quando li o roteiro deles não consegui vi nenhuma química para eles, porém senti minha enganação ao vê-los. Era nítido como Benjamin exalava ciúmes de Angel, como também a diferença de idades. Será se era isso? Bem estava desconfortável, mesmo que Angel gritasse seu amor. A loja era composta de jovens saindo para curtir, ele era o único mais velho, que ainda por cima “tomava conta” de Angel.

– Candice faz tanta cara de mocinha... – Minha atuação não chegou aos pés dela nesses minutos. Como Chris conseguiu trabalha naquele dia? Eu ajudei mesmo?

– Isso ou é atuação do melhor nível profissional, ou é costume da cara de sonsa dela. – Luke desdenha.

– Não sei! Você acredita que ela entende a dificuldade da Nina em perder o bebê? Fiquei chocada, mas achei fofo. Uma mulher entende a outra, foi o que senti dela.

– Kat, eu entendo o que sua prima está passando, acha que essa vadia entende!? – Apontou a loira, e diferente de antes discutia com o diretor. Cadê a concentração e o profissionalismo de antes? Luke tem razão, ela só pode ser sonsa.

– Essa mulher é como uma caixinha de surpresas. – Resmungo.

Porque a vaca simplesmente parou a cena? Estava tão perfeito! Desconcentro um segundo para falar com meu amigo e ela estraga a magia de Hollywood.

Vejo pela expressão de Chris o quanto ele está sendo educado e passivo, explicando melhor o que fazer para a loira. Surgiu um pouco mais de entusiasmo nela, embora o diretor não tenha ficado com uma cara muito boa.

A cena volta a ser gravada.

Diferente de antes, o casal não conversa distraidamente. Benjamin ouve música em um aparelho de consulta de produto, enquanto folheia o encarte. Angel ronda o policial, mas não atrai sua atenção, até tirar os fones dele e ouvir sua música. De início Benjamin expressa raiva, mas depois sorri.

– Que vaca talentosa!

Humm... – Entorto a boca. Verdade seja dita!

Eu sei que Chris não faz a barba para parecer adulto ao máximo, embora eu ache que se estivesse sem a cena ficaria mais juvenil e fofa para o casal. A ideia não é essa? Mostrar a sincronia espiritual deles.

Candice mostra o sorriso mais natural, ao falar como se fosse Angel. Benjamin mesmo sério não tira o olhar dela, a beleza o atrai e o faz acompanhar a infantilidade para onde quer que vá. Ela dança minimamente, tirando um sorriso de canto alheio.

– Assim ficou melhor...

– Tanto faz, prefiro uma briga. – Para Luke não fazia diferença como eles agiam amorosamente. Confusão era melhor!

– Não, olhe! É um amor singelo, expresso em como ele curte o jeito de menina de Angel. Até parece que são dois estranhos, mas fica hipnotizado e curioso. Ela quem o puxa!

– Ok. – Luke coça o queixo e analisa. Sinto que falei com o vazio.

– O jeito dele estreitar os olhos é como se estivesse procurando mais nela. Ah, não sou diretora mesmo, esquece.

Dou de ombros.

Quando saí com Zach parte de mim ficou infantil, mas por estar no meio de CDs e pôsteres de bandas que amo. Como será que foi pra ele? Acho que sou insensível, nunca vou amar um homem. Uma parte de mim pesa, aquela cena é estranha e boa.

Tudo para de repente, a loira vibra de como aquilo foi um sucesso e se eu entendi bem não precisa de outro take. Então ela me chama!

Agora eu sei por que preciso ficar acompanhando a gravação. Levo só o pó e o pincel para passar.

– Você achou aquela cena boa? – Ela sussurra pra mim.

– Sim, extremamente bonito para um casal. Porque o diretor não gostou?

Argh... – Revirou os olhos. Espalho pó no rosto dela, mesmo que ache desnecessário. Haverá momentos que ela precisará mais, neste momento ela só quer por capricho. – A briga começa meio do nada, colocamos uma parte a mais no começo, só isso.

Humm... – Tenho dificuldade de acreditar. Saio e a deixo voltar a falar com o diretor e o resto do pessoal.

Ao lado de Luke, observo outra conversação.

– Isso é chato, achei que fosse mais legal.

– Talvez o problema seja Candice questionando exatamente tudo. – Faço cara feia. Por sorte eu não vou ficar aqui. De algumas pessoas posso ter pena, como aquelas que perguntam se Nina está bem, e de outras eu adoro o fato de serem torturadas aqui dentro. – Você sempre fica aqui o dia todo?

– Infelizmente. Minha casa e comida precisam se manter, e a crise faz tudo piorar. Mas por um lado eu penso positivo: se eu cobrar barato, talvez o Clooney me contrate um dia. – Ele riu.

Ah, Luke! Queria ter esse senso de humor dele. Ri suavemente.

A filmagem retorna, e dessa vez mais quente. Primeiro Angel começa conversar com um garoto na loja, um figurante qualquer. Para alguém que está fugindo e protegendo a identidade, isso foi arriscado. Um milhão de vezes fazem essa cena, pois Candice não se satisfaz com nenhum take. Quando ela não acha que não ficou tão brava, acha que o figurante interpretou mal. Como Claire disse!

Uma hora se passe naquela cena. E eu ainda não tinha visto o inglês.

Retoquei o rosto da vaca umas duas vezes, e olha que dessa vez precisou de verdade. Candice fica nervosa e transpira.

– Que droga! Eu sabia que na hora que estas cenas chegassem a coisa ia piorar... – Ela resmunga.

Pelo menos a briga com o figurante acabou. Parece que agora o inglês vai entrar. Fico calada, apenas balançando a cabeça para concordar com ela sempre que fazia pergunta.

– Acha que agora ela surta? Podia explodir de vez em suor... – Falo com Luke.

O garoto ri de mim.

O início da cena foi complicado de fazer. O loiro inglês parece observar o casal, que demora a notar. Assim que se dá conta, Benjamin começa a puxar Angel para perto. Eu não posso descrever muito, é confusão demais para acompanhar. Contudo, cada take feito eu me impressiono com Chris e sua leveza. Os passos dele não têm hesito, o olhar dele é sincero. É uma atuação muito verdadeira. Lembro-me de nós ensaiando.

Com certeza foi uma experiência muito diferente para mim. Tudo em Hollywood é lindo, mas dificilmente temos a chance de ver por dentro das câmeras. Trabalho aqui fez mais de um ano e só agora estou vendo a arte de perto.

Recolhendo meus materiais conversando com Luke, a gente fala como foi gostoso ver a gravação. Este será um grande assunto para fazer Nina se entreter, ela não tem falado muita coisa.

– Com licença, olá. – Alguém toca o meu ombro para falar, é bem sutil e educado. Viro e encontro Claire Holt. Abro um sorriso muito contente. – Desculpe te perturbar, está indo para o almoço?

– Imagina! Posso te ajudar com alguma coisa? Você não estava aqui antes, não a há vi. – Falei com normalidade, desta loira eu gosto.

– Na verdade sim, mas como não participo da cena fiquei de fora. Já acabei minhas filmagens aqui, não lembra?

– É! Eu esqueci. – Ri de leve.

– Oi, Luke! – Falou com o loiro, eles fizeram amizade. Normal ela gostar do humor dele! – Está indo almoçar? Posso te convidar, quero conversar sobre sua prima!? – Com surpresa nos olhos eu encaro a loira.

– Nina gostou muito do presente, obrigada mesmo pela sua atenção. Ainda preciso com Matt e Chris. – Não foi nem um pouco estranho falar deles em primeiro nome. A loira sorriu.

– Imagina! – Vez dela dizer que tudo bem. – Não consegui parar de pensar nela, foi tudo muito rápido e ela é nova para acontecer isso.

– Eu sei! A médica falou que às vezes garotas novas não têm muita imunidade e não conseguem segurar o bebê no início. – Falei com pesar. Entendo aquilo que expliquei, faz parte da minha matéria.

– Mas se sua prima for forte como você, vai levantar a cabeça.

Sorri tão largo que doeu a bochecha.

– Olha, eu conversei com o diretor, que já estava sensibilizado, e ele vai pagar Nina por isso. Não é uma indenização, mas uma ajuda nas despesas do tratamento que ela recebeu. – Claire pegou minha mão e falou cautelosamente.

– Verdade? Muito obrigada.

– Virá no próximo pagamento dela. Não há de quê, meu anjo! – Apertou minha mão. – Quer almoçar comigo?

– Ah, obrigada pelo convite. Mas vou direto pra faculdade, lá eu como apressada mesmo. – Eu ri. Seria muito legal almoçar com ela, ouvindo sua gentileza e amizade brotando com seu jeitinho doce.

– Ok, tenha um bom dia. – Se despediu com um beijo. Também falou com Luke.

Muito difícil não falar com Luke sobre Claire. Ficamos comparando como seria as cenas de hoje se ela as fizesse. Muito mais bonitas!

Caminhamos no saguão do prédio para sair. Para quem ficava dois períodos era só hora do almoço, como para Luke. A entrada estava agitada como sempre, gente principalmente saindo.

– Senhorita Graham. – Ouço meu nome por trás. Mas eu conhecia a voz de Matt. O olhei feio pelo jeito de me chamar. – Como vai, tudo bem?

Luke e eu o cumprimentamos. O garoto ficou um pouco diferente, desconfortável eu diria no chute.

– Tudo se encaixando. Nina amou a pulseira de vocês, e realmente era muito bonita. – Queria dizer o quanto foi exagerado, mas como foi um presente em trio, me contenho.

– Que bom, fico feliz. Chris também quer saber como ela está! – O moreno vinha atrás, o loiro inglês. Luke piorou!

– Oi! – Disse primeiro.

Surpreendendo minha expectativa, Chris me cumprimentou com um abraço. Ok, depois do tanto que recebi ajuda e apoio dele eu não posso estranhar como viramos amigos.

– Nina gostou da pulseira? Paris foi ideia de Claire. – Segurou meus ombros, esperando uma resposta boa. Já não senti um calafrio como noutro dia, depois de ele ter me elogiado.

– Como você disse, é Paris! Óbvio que ela gostou. O carinho de todos vocês é ótimo pra ela continuar a vida, acho que Paris tem algum sentido. – Falo.

– Então devíamos ter dado uma passagem... – Estreitou os olhos e pensou com a mão no queixo.

– Quê? – Indago chocada. Em seguida dou um tapa no braço dele, mandando parar com a graça. Nina não está em condições de viajar, e eu não a deixaria ir para longe sem mim. Não depressiva.

– Isso teria sido muito bom. – Luke ajuda.

– Cala a boca! – Brigo. Os três riem de mim, o inglês que nem devia saber o assunto também.

– Não fique assustada! Sua prima precisa descansar, ele sabe. – Matt se prontificou.

Encaro ambos ainda com suspeita. O jeito de Chris ainda estava brincalhão, risonho e distraído. Sua expressão era tão natural como lá dentro da gravação. Parecia ele mesmo!

– Você as tem ajudado? – Matt pergunta a Luke.

– Sempre que posso. Principalmente apoio emocional para Kat. – Luke segura meus ombros e os esfrega. Um dos melhores amigos que fiz em Los Angeles era esse. Mas senti sua massagem como um pedido para sairmos logo.

– Ele é o máximo. – O abraço. Quando já ia puxar assunto para irmos embora, sou interrompida.

– Quero te apresentar outra pessoa. Este é Joseph Morgan. Entrou nas filmagens agora. – Chris chama o loiro inglês para frente.

Joseph tem um sorriso assustadoramente convidativo, bonito e cordial comigo e Luke. O senti tremer, engolir em seco e suar a testa. Acho que se tivesse passando mal já teria dito.

– Esta é Kat e Luke. – E Luke assim que ouve seu nome estremece.

– Já o conheci de manhã, como vai? É um prazer conhecê-la. Soube o que houve com sua prima, sinto muito. – Joseph pegou minha mão, a beijou e a deixou entre as suas.

– O prazer é meu. Minha prima vai ficar bem, semana que vem irá conhecê-la, sem dúvidas.

– Ótimo!

– Sabe, eu vi sua atuação hoje, você é muito bom. Nada contra meninos... – Abanei a mão ao soltá-la, dizendo que não tinha nada de errado com a atuação de Chris e Matt. O segundo riu, balançou a cabeça e não se importou.

– Sua prima dever ser bonita e gentil como você. Acho que estou ansioso para conhecer a outra jovem.

Com o sotaque inglês, mais sedutor impossível, ouço Joseph falar com um elogio pra cima de mim. Quer dizer, ele falou de Nina também.

– Ah, tá. – Dou um riso soprado, sem jeito.

– O inglês britânico fez você tremer ou só as palavras mesmo? Eu me lembro de fazer elogios a você, mas não reagiu assim. – Fico com vergonha quando Matt diz.

Chris estreita os olhos, duvidoso no que fazem comigo.

Por acaso é uma sessão de ataque?

– Ah... – Penso bastante como sair desta. – Eu devo ter ficado do mesmo jeito. Não venha de conversa!

– Pior que ficou! Estou brincando... – Riu para descontrair minha reação medrosa.

Acho que entendi, depois de muito tempo, porque Luke quer ir embora. Joseph é lindo, é doce e a droga do sotaque... Faz a gente tremer de verdade. Do meu lado, Luke estava muito nervoso, não falava mais nada. E ele gosta de brincar comigo!

– Gostaria de almoçar conosco? Você e seu amigo?! – O belo sotaque perguntou.

Nós dois arregalamos os olhos. E parece que Chris também se surpreendeu.

– Convite incrível, mas temos que ir.

– Vou direto pra faculdade. – Completei Luke. Ele podia ir sem mim, pois vai voltar pra cá após almoçar. Mas bem sei como ele quer evitar.

– Tido bem, fica pra próxima. – Joseph pega minha mão para se despedir. Contenho o riso.

– Tchau, Kat. Perdoe o jeito de Joseph, eu devia saber que faria você ter vergonha. – Chris se impõe.

– Tranquilo! Eu te vejo depois. – Abraçamo-nos novamente.

Ando com Luke para fora, mas fico olhando para trás vendo o sorriso gentil do moreno.

Isso foi estranho! 

 


Notas Finais


A Nina tá muito triste, né? Mas mimo é o que não falta, eu amo esse Ian e essa Kat. Mas o Chris... É a melhor pessoa! Daqui a pouco vamos ver outro lado dele, não muito diferente, só que mais intenso. Protetor, até! ~Tô falando demais aqui...

Beijinhos, gente! Até o próximo capítulo.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...