História Inside X-men - Tudo bem

Eu me lembro de tudo, quase muito bem. Eu não estava necessariamente bêbada. Mas Charles estava.

Acordei com a luz do sol clareando meu rosto, fazendo eu colocar o braço na frente dos olhos. Senti o braço do Charles por cima de mim, na minha cintura, e senti que ele estava bem colado a mim.
Me virei devagar pra não acordar ele, e fiquei cara a cara com ele. Fiquei olhando os traços do rosto dele, e sorri ao lembrar da noite passada, de como ele tava diferente.

Fiquei por alguns minutos olhando ele. Então ele acordou. Respirando fundo, e depois fazendo uma expressão por causa da claridade, ou por uma possível ressaca, sei lá.
Será que ele vai se lembrar do que aconteceu ontem?

Eu
- Bom dia Charles..

Charles
- Bom..dia - ele falou, com os olhos quase fechados, se sentando na cama, e depois esfregando os olhos.

Eu
- Ressaca?

Charles
- Ai, que dor de cabeça..

Eu
- Você bebeu demais ontem. Se lembra de alguma coisa?

Charles
- Ainda está meio confuso, mas acho que vou lembrar.

Eu
- Como? Depois de todas aquelas doses?

Charles
- Vantagem, ou não, dos meus poderes.

Eu ri.

Ele se levantou.

Charles
- Vou tomar um banho.

Eu
- Posso ir com você? - dei um sorriso malicioso.

Ele ficou me olhando por alguns segundos, depois sorriu também.

Charles
- Só tomar banho é?

Eu
- Sim, só tomar banho - virei de bruços.

Começamos a tomar banho juntos. Ele começou a me beijar, e inevitavelmente aconteceu, calmamente enquanto a água caia.

Saimos do banho e nos vestimos.

Ele ficou com uma expressão diferente.

Charles
- Estou me lembrando de tudo agora. Absolutamente tudo. - ele olhou pra mim e começou a rir um pouco, balançando a cabeça em negação.

Eu
- Você nem parecia o professor Xavier ontem. Tem que ficar bêbado mais vezes. - eu ri.

Charles
- Não mesmo. Já não era pra eu ter bebido você estando comigo, eu ia beber, mas sozinho.

Eu
- E ficar chorando na solidão?

Charles
- Eu ia beber pra ver se esquecia um pouco de pensar sobre nós dois. Mas, pra minha surpresa, a causa da "bebedeira" estava dentro do meu carro. - ele riu.

Eu
- Não adianta tentar esquecer isso, ou tentar fugir. Pelo menos não agora. - abaixei a cabeça, pensando que tudo um dia poderia ter que acabar.

Charles
- Vamos pra casa! - ele deve ter visto minha expressão, e então mudou de assunto. - quero ver se vai conseguir entrar sem ninguém perceber que sumiu, ou se explicar pros seus colegas, e depois pra mim. - ele riu ironicamente, pois ele já sabia que eu não estava e o porquê.

Eu
- São 10:15. Não sei se dá tempo de chegar antes que todos acordem.

Charles
- É melhor inventar outra desculpa.

Eu
- Hum.. posso dizer que acordei bem cedo, e fui ao parque.

Charles
- Mas e a Vampira?

Eu
- Deixei um bilhete pra ela no quarto, falando que eu sairia e talvez demorasse muito a voltar. Que não era pra ela se preocupar e nem me esperar acordada. Hoje digo pra ela que fui numa balada, e depois dormi na casa de uma amiga que está na cidade.

Charles
- E ela vai acreditar?

Eu
- Vai sim. Fica tranquilo.

Voltamos pra escola. Charles me deixou a certa distância da entrada do instituto, e ele entrou com o carro. Algum tempinho depois eu entrei.

Chegamos no instituto 10:45.
Tive que aguentar algumas perguntas.

Noturno
- Onde você tava?

Eu
- Eu acordei cedo e fui ao parque. Eu sei, você pensou "Paulline acordar cedo no sábado?" Mas abri exceções porque queria relaxar um pouco.

E da Vampira também, claro.

Vampira
- Onde é que a senhora foi?

Eu
- Fui numa balada! Amiga, foi demais! Depois fiquei na casa de uma amiga que está na cidade. Que bom que nem notaram que eu sumi ontem a noite. Mas não fala pra ninguém viu?

Vampira
- Ta. Mas me conta mais..

Eu
- Ok. Então, eu... - comecei a inventar várias coisas.

Pronto, consegui despistar as pessoas.

Por quase duas semanas, nós nos falamos muito pouco, ficamos meio afastados, eu não sei porque. Na verdade era a semana depois da semana de provas, ele tinha que avaliar tudo, além de fazer um conselho de classe com os professores. Charles anda muito ocupado, é verdade. Mas nada entre nós mudou, eu acho, só não tivemos tempo ainda. É impossível nessa escola, é impossível sendo um segredo só nosso.
Não sei como tudo isso vai ficar. Talvez aconteça de a  se afastar e devagar não haver mais nada. Mas eu não quero que seja assim.
**

Na segunda, depois da aula, de tarde, teve algo estranho na escola.
Hank e Charles tiveram que sair. Coisa que não acontece muito, porque quando o professor sai o Hank fica, ou quando o Hank sai, o professor fica.
O que eles foram fazer? Será que foram atrás de alguém?

Depois voltaram. Mas no dia seguinte antes das aulas da tarde, teve uma movimentação, bem quando os alunos estavam passando perto da sala de espera do professor.

Não sei o que aconteceu antes, mas escutei a voz alta do professor falando.

Quando cheguei, estavam na sala de espera: o Professor, Hank, Jean, Scott, e Ororo. Tentei entender o que estava acontecendo.

Charles
- Mas é necessário Hank!

Eu
- O que está acontecendo?

Charles estava com as mãos na cintura e uma expressão de preocupação. Ele não me respondeu, Hank respondeu antes.

Hank
- Conflitos com um mutante. Um velho amigo do professor.

Charles
- Eu tenho que resolver isso. Não foi uma boa idéia chamar o Peter e libertar Erik ontem!

Eu
- Quem é Peter? E quem é Erick? - cochichei com a Jean.

Jean
- Pelo pouco que sei, Erik Lehnsherr era um amigo do professor, até eles pensarem de modos diferentes e se separarem. Não sei quem é "Peter" - Ela cochichou comigo.

Hank
- Professor, você tem certeza disso?

Charles
- Sim, eu preciso ir.

Eu
- Mas, isso é perigoso?

Scott
- Acho que sim, esse mutante é classe ômega.

Eu
- Ch... Professor, você...

Charles
- Eu tenho que ir!

Kurt também chegou, e mais uns 7 alunos. Incluindo Vampira e Bob. Logan também estava ali.

Hank
- Eu vou junto, pode precisar de ajuda.

Charles
- Logan, consegue dar conta dos alunos não é?

Logan
- Sim professor.

Charles
- Então mande preparar o x-jato. Saimos em alguns minutos. - ele estava para sair. Mas antes eu falei.

Eu
- Professor! - eu falei bem alto. Meus olhos estavam cheios d'água.

Ele se virou pra mim, e então vendo como eu estava, veio em minha direção.

Então ele fez algo que eu não esperava, mesmo na frente das pessoas.

Ele parou na minha frente, me olhou nos olhos, colocou a mão no lado do meu rosto, primeiro na bochecha e depois senti parte de sua mão na minha nuca, no meu cabelo. Ele deu um beijo na minha testa, seguido por essas palavras:

Charles
- Vai ficar tudo bem! - ele disse, quase sussurrando, olhando nos meus olhos.

Então se virou e saiu. Eu assisti ele sair da sala de espera, ainda com os olhos cheios de lágrimas, mas sem chorar, então me dei conta das pessoas em volta me olhando. Alguns olhando pro chão, mas muitos me olhando.
Observei eles, e bem rápido saí da sala, com uma expressão séria, ainda chateada e preocupada.

Não sei o que eles ficaram pensando depois disso.
**
Fiquei no quarto por um tempo. Eu chorei um pouco.

Eu estava deitada na minha cama. Vampira entrou no quarto.

Vampira
- Ta tudo bem? - ela sentou na beira da minha cama.

Eu
- Ta sim..

Ela ficou quieta por alguns segundos.

Vampira
- Ele é muito importante pra você não é?

Olhei pra ela.

Eu
- O professor? Sim, ele é.

Vampira
-...Percebi.

Eu não sabia o que ela tava pensando sobre isso.

Vampira
- Ele também tem um carinho especial por você né? Deu pra perceber quando ele falou com você antes de sair.

Eu
- O que você quer dizer? Acha que pode ter parecido algo... que não era?

Vampira
- Você quer dizer o que?

Eu
- O que você quer dizer com carinho especial?

Vampira
- Ah, não sei, um carinho especial, de grandes amigos, de pai e filha, de tio e sobrinha, ou de professor e aluna, hum.. ah, não sei explicar direito.

Eu
- Ah.. sim, entendi. - fiquei mais aliviada.

Vampira
- Bom, se fosse há um tempo atrás, eu diria que era algo mais - ela sorriu irônica. - quando parecia que você tava apaixonada por ele. Mas, não tem nada a ver, eu sei.

Eu ri disfarçando.

Eu
- É, não tem nada a ver mesmo.

Ficamos alguns segundos em silêncio.

Eu
- Ainda tô preocupada com ele.

Vampira
- Vai ficar tudo bem. Fica calma. O professor também é um mutante de classe forte.

Respirei fundo, e fiquei quieta.