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História Instinto de Gato - Chuva


Escrita por: kkleves

Capítulo 14 - Chuva


Naquele dia em especial, Saya foi acordada pela sua mãe, havia dormido demais, realmente estava sem vontade de levantar e ir para a aula. Tinha acabado sonhando com o dia em que Kensuke havia se declarado para ela. Claro que estava triste, tudo aconteceu tão rápido que ela não pôde fazer nada. Onde será que Neo estava? Provavelmente deve ter entendido tudo errado. Já fazia duas semanas desde então.

Saya criou coragem e levantou da cama, por mais que estivesse desanimada e triste, foi em direção a escrivaninha onde havia deixado o colar que Neo havia derrubado, muito provavelmente ele tinha comprado para ela, o que a deixava muito feliz, era a única coisa que tinha dele e desde então estava sempre usando, pois se sentia mais perto dele.

A cabeça dela estava cheia com várias memórias, pensamentos, arrependimentos e planos para o futuro. Saya estava parada olhando o colar enquanto esses pensamentos passavam sobre a sua cabeça, uma coisa foi ligando a outra e quando ela voltou a si, percebeu que não podia passar muito tempo pensando, já estava atrasada e se não se apressasse iria perder a primeira aula, mesmo que não tivesse nada muito importante naquele dia, não podia faltar.

A escola ficava perto da casa dela, portanto era uma das alunas que não dormia nos dormitórios, apesar de ser perto, apertou o passo para compensar o tempo perdido.

Ir para a escola não era mais a mesma coisa, ela sentia que Neo não estaria lá, por isso perdia o ânimo. Antes havia ficado desesperada e queria passar mais tempo na escola com medo que ele aparecesse por lá de repente e ninguém estivesse lá para ajudá-lo. Quem sabe o que ele pode estar passando? Ou o que tipo de loucuras resolveu fazer? E se o único lugar que poderia buscar ajuda era na escola.

Claro que esses pensamentos dela eram exagerados e a prova disso é que havia passado vários dias e nenhum sinal dele na escola e nem em lugar nenhum.

Talvez ele estivesse bem, só que Saya não conseguia parar de se preocupar com ele. O jeito como saiu correndo e também o desaparecimento dele, não eram coisas normais de se acontecer. E do jeito que aquele garoto era, qualquer podia ter acontecido.

Conseguiu com tempo de sobra chegar na escola, foi direto para a sala de aula, colocou suas coisas bem arrumadas na cadeira, olhou em volta para as pessoas que estavam por ali e nenhum sinal de Neo, chateada, resolveu sentar na cadeira e pensar.

E enquanto observava as outras pessoas conversarem estranhamente uma ideia brilhante surgiu na cabeça dela, e se Neo tivesse passado pela escola e ela não tivesse visto? Talvez alguém saberia. Karine? Não, ela estaria ocupada demais. Erick? Ele também deve estar ocupado. Ela continuava pensando em alguém enquanto Richard passou em sua frente como se respondesse o que ela estava perguntando.

O representante da sala gostava demais de manter a ordem e por isso se preocupava bastante com todos os alunos. Richard sabia o paradeiro de cada um deles, para que ninguém se metesse em encrencas ou para que ele mesmo ajudasse acaso alguém estivesse precisando de ajuda.

Saya levantou-se e foi até ele que estava lendo alguns papeis que pareciam ser importantes. Por isso resolveu escolher melhor as palavras antes de começar perguntando sobre o que queria.

–Richard, você está ocupado?

Ele voltou a atenção para a garota que estava parada ao seu lado esperando uma resposta.

–Bom, não muito, pode falar. –Respondeu enquanto sorria.

–Eu queria perguntar se.... Você tem visto o Neo por aí? –Perguntou ela enquanto ia direto ao ponto.

Richard ficou surpreso com a pergunta e ao mesmo triste por pensar nisso. Realmente não sabia onde o colega de trabalho dele estava.

–Não. Nem aqui e nem no trabalho. Já faz uma semana. Eu também gostaria de saber. –Respondeu ele com um tom de tristeza.

Saya não ficou contente com a resposta, realmente esperava saber o paradeiro de Neo ali, só que é claro que as coisas não eram tão fáceis assim.

–Entendo. –Disse ela expressando sua tristeza.

Voltou a se sentar enquanto na sua cabeça só havia uma pergunta: “Onde será que ele se meteu? ”.

Enquanto estava distraída, Sunny havia chegado na sala, foi até a mesa cumprimenta-la, só que Saya estava muito pensativa e chateada, o que deixou Sunny pensativa também, sabia que era por causa do desaparecimento de Neo, daquele jeito parecia que as coisas ficariam pior.

Havia algo que ela podia fazer? Talvez Len pudesse ajudar, afinal os dois estavam sempre juntos, era bem capaz que tivesse alguma pista. Apesar de que até então, ele não tinha falado nada e parecia estar a procura também. Era bem capaz que não iria conseguir nada, só que não custa perguntar né.

Só que estranhamente Len estava atrasado. Estranho porque ele sempre é pontual, o que aconteceu para que ele se atrasasse? Era possível ele se atrasar?

O professor entrou na sala e as duas tiveram que voltar a atenção para o professor, Saya, entretanto olhou para o espaço vazio que estava a cadeira que Neo sempre sentava e como ela queria que ele estivesse ali, como ela queria explicar o mal-entendido que havia acontecido e também falar o que sentia. Como ela queria ter falado mais com ele, passado mais tempo ou feito mais coisas. Só que agora não podia.

–Neo.... Onde você está? –Perguntou Saya para si mesma.

Assim, as aulas começaram e nenhum sinal de Len naquele dia, o que deixou Sunny totalmente desconfiada. Ela resolveu esperar por mais dois dias antes de tomar conclusões precipitadas, havia a possibilidade de ele ter ficado doente ou algo parecido. Apesar de ser raro.

Só que esses dois dias passaram e nenhum sinal dos dois. Foi quando a desconfiança de Sunny subiu as alturas, tinha certeza de que os dois estavam juntos. E por isso ela precisava falar com Saya.

Naquele dia, Saya estava preparada para ir para casa, diferente da amiga, ela estava muito triste, todos os dias esperava até o ultimo segundo para dizer: “Neo não venho hoje”. Estava se sentindo muito culpada e não havia nada que pudesse fazer. Foi quando na saída encontrou Sunny esperando por ela, no fundo já sabia o que era, não queria falar sobre aquilo, mas por ser a “Sunny” dava para falar.

Como tinham muito para conversar resolveram sentar em um dos bancos que ficavam no pátio, de tarde a escola era aberta para ir e vir, principalmente por causa da atividade dos clubes.

–Eu sei que você está preocupada com o sumiço de Neo. –Disse Sunny tentando ser direta.

Saya não conseguia esconder sua tristeza, principalmente da sua melhor amiga.

–Sim. –Afirmou ela sem jeito.

Claramente Sunny ficou irritada vendo que a amiga estava triste.

–Olha, o único que poderia nos ajudar é o idiota do meu namorado, só que pelo visto ele sumiu também. Parece que os dois combinaram isso desde o começo. –Disse ela irritada.

Saya, no entanto não via sentido naquilo.

–Não.... Não é possível. Até porque Len estava vindo normalmente na escola até pouco tempo atrás se eles tivessem planejado isso desde o começo, era bem capaz que os dois sumissem juntos. Fora que é bem improvável que ele tenha mentido para nós quando fomos perguntar sobre Neo, não lembra como ele também estava preocupado?

Saya tinha razão, o que levava a apenas um caminho.

–Sim, tem razão. O que significa que.... –Disse Sunny esperando a amiga completar que pensou por um momento, fazendo uma expressão de surpresa quando teve a resposta.

–Ele teve contato com o Neo! –Respondeu Saya entusiasmada.

–Exatamente! –Concordou Sunny.

Se Neo havia se encontrado com Len, então Saya havia outras perguntas na cabeça.

–E quando você acha que isso aconteceu? –Perguntou ela.

–Acredito que seja no dia anterior de quando Len faltou.

–Então, Neo estava por perto? –Pensou Saya enquanto ficava triste por ele ter estado tão perto e mesmo assim tão longe.

–Não fique triste, isso significa que Neo está bem. E se Len está com ele as chances de os dois estarem bem são muito altas. Sem dúvidas devem estar planejando alguma coisa. –Disse Sunny rapidamente para não deixar a amiga voltar a ficar triste.

–Mas, o que seria essa coisa a ponto deles desaparecem? –Perguntou Saya triste.

–Bom, não há como eu saber. Só que duvido que estejam com problemas. Relaxa. –Respondeu sinceramente de um jeito que deixaria ela melhor.

Só que por mais que Sunny falasse essas coisas, não tinha como Saya não ficar preocupada. Ficava difícil manter a calma quando não se pode fazer nada.

Foi quando Sunny fez uma cara de quem teve uma brilhante ideia, tão brilhante quanto o sol.

–Pelo visto você não vai conseguir deixar de se preocupar, né? Está na sua cara. Então, o que acha de a gente investigar?

–Investigar? –Perguntou Saya sem entender a ideia dela.

–Isso. Você não acha que está tempo demais parada? Não quer tomar alguma atitude? Nada melhor do que nós seguirmos a pista deles. –Explicou Sunny.

–Parece divertido, qual sua ideia? –Perguntou Saya animada.

–Acredito que como Neo visitou Len recentemente, talvez no quarto do dormitório deles ainda tenha algum vestígio da presença dele.

Realmente. Se Saya fosse no quarto do Neo com certeza acharia pistas sobre o paradeiro dele. Só que tinha um pequeno problema.

–Sunny, é o dormitório masculino, como você espera que entremos lá numa boa? Os outros garotos vão ficar nos olhando e não vai ser uma situação agradável, fora que garotas são proibidas. E mesmo que conseguíssemos chegar no quarto deles, ainda precisaríamos de uma chave para entrar. Como vamos fazer isso?

–Tem razão. Podemos pensar mais sobre isso depois. Só que não é uma boa ideia? –Perguntou Sunny animada.

–Sim. –Afirmou Saya com medo das coisas darem errado.

Então, um silêncio tomou conta, enquanto Sunny pensava melhor sobre qual seria o próximo passo das duas.

–O que acha de falarmos com a Karine para ver se conseguimos a chave do quarto dos dois? Com certeza ela por ser a diretora deve ter uma.

–Tem razão. Apesar de que eu acho que ela não vai deixar. –Disse Saya tentando ser realista.

–Deixa de ser assim e vamos. Eu tenho certeza que você quer ir. –Afirmou Sunny enquanto levantava do banco.

Sem dúvidas ela tinha razão, Saya realmente queria ir e tentar, mesmo que tivesse certeza de que não daria certo. Então, as duas foram até a diretoria para ver se encontravam com a diretora, como a porta estava fechada, o que significava que ela estava ocupada, resolveram bater.

Enquanto elas esperavam, Erick estava passando por ali e resolveu ver com elas o que queriam por curiosidade e também para que não tivessem que atrapalhar a Karine que estava resolvendo vários assuntos complicados ao mesmo tempo.

–Olá meninas do que precisam? Talvez eu possa ajuda-las. –Perguntou Erick tentando ser direto e simpático ao mesmo tempo.

Infelizmente não tinha como as duas falarem com ele, afinal dava para persuadir a Karine, mas ele sem dúvidas seria impossível.

–Vice-Diretor... –Disse Saya sem jeito por não saber como não dizer não.

–Precisamos falar com a Karine. –Respondeu Sunny rapidamente cortando a Saya.

–Tão especifico assim? –Perguntou ele surpreso e ao mesmo tempo chateado por não conseguir resolver o problema delas.

–Sim, desculpe. –Respondeu Sunny de um jeito seco.

Erick claramente estava chateado, afinal não gostava quando as pessoas queriam a ajuda da Karine em vez dele, se sentia inútil. Mas, tinha que admitir que havia algumas coisas que ele não conseguia fazer como conversar com garotas.

–Bom, tudo bem, então.... Como vão os estudos? –Perguntou ele fazendo um esforço para ter alguma conversa com elas.

–Vão bem. –Respondeu Sunny friamente enquanto Saya olhava curiosa.

–Continuem assim. –Respondeu ele cortando o assunto enquanto virava de costas.

O Vice-Diretor continuou andando tentando esquecer que teve aquela conversa, aquilo tinha sido muito extremamente constrangedor, algo que ninguém queria passar. Erick estava muito mal por não saber conversar com garotas, claramente ele parecia um tiozão de trinta anos fazendo piadas com pavê e resolveu que o melhor seria deixar para Karine.

–Você podia ter sido mais gentil com ele coitado. –Disse Saya assim que o vice-diretor já estava longe o suficiente.

–Se eu não respondesse assim ele com certeza iria ficar nos incomodando. –Explicou Sunny.

–Eu nunca vi agir desse jeito, a Sunny que eu conheço iria se irritar e xingar ele. –Disse Saya rindo.

–Pois é, parece que aprendi um pouco com o jeito frio do Len. –Disse Sunny orgulhosa.

Enquanto elas conversavam e riam, Karine finalmente havia um tempo para elas e não demorou muito para que chamasse as duas.

–Podem entrar. –Disse ela.

Elas entraram sem medo, até porque não tinha porque ter medo, não é como se elas tivessem aprontado algo ou fossem pedir algo muito difícil de ser atendido.

Saya nunca esteve antes na diretoria, maior parte das pessoas que vão para lá é porque aprontavam alguma coisa e ela sempre foi muito comportada.

A sala da Karine tinha um tom marrom escuro, o que dava a sensação de seriedade, tinha um cheiro de coisas antigas, vários moveis de madeira, vários livros gigantescos na prateleira, duas cadeiras pretas de escritório na frente da mesa dela que em cima tinha além de um calendário, um computador e um vaso de flores da cor azul petróleo, algumas coisinhas fofas que quebravam completamente a seriedade da sala. Pensou se Karine que havia pensado em todo o planejamento daquela sala ou se já era assim desde quando foi construída.

Enquanto observavam a sala, Karine olhou para elas com um olhar cansado e ao mesmo tempo esperançoso, como se elas fossem uma salvação no meio daquela pilha de trabalho que ela tinha que fazer. Afinal cuidar dos problemas dos alunos à entretinha.

–Podem se sentar. –Disse ela enquanto fazia um gesto que mostrava as duas cadeiras. –Então. O que querem? –Perguntou assim que as duas se sentaram.

Saya olhou para Sunny esperando que dissesse alguma coisa, então ela tomou a iniciativa.

–Obviamente viemos pedir algo.

–O que seria isso? –Perguntou Karine curiosa.

Sunny respirou fundo, pensou um pouco antes de falar para juntar todos os fatos.

–Faz algumas semanas desde a última vez que vimos Neo, a Saya está muito preocupada com o paradeiro dele para piorar a situação o seu melhor amigo Len, sumiu já faz dois dias, acredito que Neo teve contato com ele.

Claramente aquilo tocou Karine, a posição dela mudou bastante quando ouviu o nome de Neo. Pela forma como ela estava dava para ver claramente que estava muito preocupada.

–Sim, eu soube que Neo está desaparecido, só não sabia que seu amigo também havia sumido. Eu não sei o que fazer, pode ser que tenha piorado e com isso ter resolvido se isolar novamente.

Saya não sabia que a situação de Neo estava tão ruim assim, as palavras da diretora deixaram ela mais preocupada e ao mesmo tempo curiosa, o que havia acontecido antes com ele?

–Nós resolvemos que queremos investigar. –Disse Sunny.

–E como vocês duas pretendem fazer isso? –Perguntou a Diretora desafiando elas.

–Pensamos em dar uma olhada no quarto dos dois. –Respondeu Sunny.

Karine, no entanto, não gostou muito da ideia.

–Sabe que é proibido garotas nos dormitórios masculinos, assim como é proibido garotos nos dormitórios femininos.

–Sim, só que temos um plano para entrar sem que ninguém nos perceba. Só precisamos da chave para o quarto deles. –Disse Sunny enquanto Saya olhava para ela com uma cara de surpresa, afinal ela não sabia dessa parte.

–Hmm... Interessante o plano de vocês. Só que não seria mais fácil eu mandar o Erick ir no quarto deles? Por que eu deveria deixar isso com vocês?

E essa era a parte onde a Karine tinha razão e não tinha algo que as duas pudessem dizer com cem por cento de certeza que ela iria aceitar, tudo que elas podiam fazer era arriscar em alguma coisa, porém Sunny estava completamente sem ideias.

–Porque nós vamos investigar. –Disse Saya.

Sunny ficou surpresa vendo que a amiga tinha uma ideia.

–Acredito que Erick, não tenha tanto tempo. Talvez até tenha tempo para ir até o quarto deles e ver o que tem lá. Só que nós queremos ir além disso, queremos descobrir o que aconteceu com Neo.

Karine ficou pensativa, a garota tinha razão.

–É verdade, ele não teria tempo para ir a fundo, estamos fechando o semestre e as coisas aqui estão bastante agitadas com problemas de notas e faltas.

–Por isso que digo que somente nós podemos fazer isso. –Garantiu Saya.

Karine então ficou apreensiva e começou a pensar sobre o que as duas garotas a frente dela estavam pensando em fazer, era uma proposta tentadora, de fato.

–Realmente, aliviaria um pouco a carga do Erick.

–Sei que está tão preocupada com Neo quanto eu estou, você quer saber onde ele está, só que não pode largar suas responsabilidades. Deixe com a gente. –Disse Saya mais confiante ainda.

–Em circunstâncias normais, eu não deixaria. Só que vocês têm razão, eu não tenho escolha. –Respondeu ela enquanto suspirava.

Karine levantou da sua mesa e em um dos armários que estava trancado, ela abriu e pegou uma chave, fechou o armário e então voltou-se a sentar.

–Só lembrando, não estou fazendo isso como diretora. E sim totalmente pelo meu lado emocional.

As duas concordaram com o que ela havia dito

–Vou confiar em vocês meninas, quando tiverem acabado devolvam a chave para mim e somente a mim, quero que tudo que vocês descubram por menor que seja reportem a mim, mas, nada de aprontar pelo dormitório masculino, senão eu mesma vou aplicar uma punição muito severa. –Disse ela totalmente séria.

Karine, então entregou para elas uma chave mestra, capaz de abrir todos os quartos e portas do dormitório.

–Obrigada. –Agradeceu Saya sorrindo.

E antes delas irem Karine resolveu dar um último aviso.

–Uma última coisa, tentem não serem vistas, tudo bem? Não quero confusão. Sejam as mais discretas possível como se vocês nunca tivessem passado por ali. Como um gato. –Karine disse isso rindo ao se lembrar de Neo. –E boa sorte.

Karine voltou sua atenção para o seu computador enquanto Saya e Sunny saíram de sua sala.

Com a chave na mão, elas começaram a andar pela escola enquanto estavam felizes por terem conseguido, Saya não acreditava que era possível, enquanto Sunny estava completamente surpresa pelo modo como a amiga havia agido.

–Nossa Saya, não sabia que você sabia negociar daquela forma.

–Eu li em uma revista alguns dias atrás, era algo parecido com técnicas de conseguir aquilo que você quer por meio de conversa. Achei que seria útil algum dia.

–Quem diria...

Só que Sunny ainda sentia que havia algo diferente na amiga, com certeza não era só por causa de uma simples revista e sim com a personalidade dela, parecia estar extremamente determinada.

Saindo da escola, as duas então ficaram paradas observando os carros passarem, enquanto organizavam os pensamentos.

–Então. –As duas disseram uma para outra.

–O que vamos fazer agora? –Perguntou Saya.

–Vamos ter que nos infiltrar no dormitório masculino. Oras.

–Você disse que tinha um plano para nós não sermos vistas não? –Perguntou Saya totalmente desconfiada.

–Eu menti. –Admitiu Sunny.

–Sunny... –Disse Saya enquanto olhava com um olhar de decepção.

–O que? Se eu não tivesse feito isso, a diretora nunca iria deixar. –Tentou se explicar Sunny.

–Você não tem jeito mesmo. –Disse Saya enquanto ria.

–Mas, relaxa. Vou pensar em algo.

–Não vá se esforçar demais.

–Tudo bem, deixa comigo.

Já estava ficando tarde, logo o sol iria se pôr, elas se despediram e cada uma foi para casa, Saya estava mais feliz por estar fazendo algo para achar o Neo e por alguma razão sabia que o encontraria.

Os professores avisaram que no dia seguinte não teria aula, no entanto Saya foi mesmo assim porque Sunny havia chamado, tinha um plano perfeito na cabeça. Esperou por ela na frente da escola que não demorou para aparecer e estava toda animada, era óbvio que a ideia era boa e pelo nível de animação dela sem dúvidas era mais do que só “boa”.

–Você está com cara de quem pensou em um plano infalível. –Disse Saya enquanto ria.

–Sim e como.... Envolve o clube de moda, por isso preciso que vamos para lá.

Sunny sem esperar puxou a amiga para irem até lá, como ela fazia parte do clube tinha a chave, os outros membros estavam ocupados no dia, então elas estavam sozinhas.

Saya ficou surpresa com as coisas que tinha dentro daquela sala, havia manequins, diversas fitas métricas, uma lousa, mesa grande, armários com vários tecidos diferentes e algumas roupas prontas diversas.

Elas entraram, Sunny foi até atrás da mesa, respirou fundo e disse:

–O plano é o seguinte: Vamos nos vestir de homens.

–Que?! –Perguntou Saya surpresa.

–Se vestir como homens, se você vai a Roma aja com os Romanos. É o único jeito de passarmos sem que ninguém nos percebesse, afinal algo usual passa despercebido, diferente de algo que ninguém está acostumado a ver.

–Faz sentido, mas... –Disse Saya tentando mudar a cabeça da amiga.

–Por isso que a gente precisava das coisas que tem no clube, eu não acho que vão ligar se pegamos algumas coisas emprestadas. –Explicou Sunny enquanto cortava a Saya.

–Você acha que não tem outra opção? Não é loucura?

–Outra opção? Talvez tenha. Mas, não temos nada melhor por enquanto temos?

Saya concordou com a cabeça.

–Por isso temos que fazer o que está no nosso alcance. E ainda mais, vai me dizer que não faria uma loucura pelo Neo? Mesmo depois dele fazer várias por você.

Ela pensava em como Sunny tinha razão, esse tempo todo Neo estava sempre atrás dela, tinha que fazer algo por ele também.

–Se você concorda comigo, então me ajuda a escolher uma roupa para gente.              

Com isso Saya tomou atitude para pensar em um traje, só que veio a dúvida, o que elas iriam vestir?

–O que os garotos normalmente vestem? –Perguntou ela curiosa.

–Então, normalmente são roupas um pouco maior e largas, não é muito diferente do que as meninas vestem. O problema é o estilo.

Foi quando Saya teve uma ideia perfeita.

–O que acha de a gente usar os uniformes da escola? –Sugeriu ela enquanto segurava as roupas.

–Muito boa ideia, assim não precisamos ficar pensando muito. Vou arrumar algo para prender nossos cabelos, umas perucas e uma faixa para cobrir os seios.

Já era um pouco tarde quando elas terminaram de se vestir, então foram em direção ao dormitório masculino. Em partes Saya estava se divertindo por parecer muito com um menino, por outro lado se sentia desconfortável, será que não havia outra alternativa, mesmo?

O dormitório masculino parecia tão assustador do lado de fora, Saya nunca esteve antes em um quarto de garoto, imagine em um dormitório onde só tinha garotos. Realmente se ela fosse descoberta estaria muito encrencada, os boatos iam se espalhar bem rápido e a reputação dela seria manchada.

Saya estava começando a ficar nervosa e com medo, olhou para Sunny que estava calma, então voltou ao estado normal, afinal não estava sozinha, se qualquer coisa acontecesse tinha amiga dela para ajudar.

Elas subiram as escadas, a cada passo ficava mais difícil de andar.

“Aja naturalmente” –pensavam elas.

O que era engraçado é que elas nunca tinham entrado em um dormitório mesmo feminino, então não sabiam como seria entrar em um e muito menos em um masculino. Apesar de que na visão de Sunny parecia muito com um hotel ou um shopping, tinha lojas que vendiam material escolar, uniformes, sucos, um refeitório bem grande. Era um lugar que parecia bastante divertido, Saya havia pensado, afinal você poderia encontrar com seus amigos a qualquer momento por ali.

–Psiu, Saya. Não se distraia. –Sussurrou Sunny.

Saya voltou a atenção para a amiga que já estava perto das escadas, percebeu que não tinha tempo para ficar ali admirando o lugar, resolveu apertar o passo, só que não percebeu o garoto que estava na sua frente e acabou esbarrando e caindo no chão.

–Ei, você está bem, cara? –Disse ele enquanto estendia a mão para ela.

Sunny que estava já na metade da escada ficou desesperada, o plano era não falar com ninguém, o que Saya ia fazer?

–Estou. –Respondeu ela tentando fazer voz grossa para disfarçar.

O garoto olhou desconfiado, Saya começou a ficar nervosa e suar frio, claramente ele sabia que ela era uma garota.

–Ei, tem alguma coisa errada.

Pronto, ele havia descoberto e iria espalhar para todo mundo que ela estava no dormitório masculino. Provavelmente entrava secretamente para ter um caso com algum garoto ou pior para espionar os outros garotos.

–Eu nunca te vi aqui. –Disse ele confuso.

Aquelas palavras fizeram Saya soltar um longo suspiro, Sunny descia as escadas com pressa enquanto estava tão nervosa quanto ela, talvez até mais.

–Qual seu nome, cara? –Perguntou ele confuso.

–Thomas.

–Thomas? Sério? Eu nunca te vi por aqui... E olha que sou bastante observador. Eu posso jurar que te conheço de outro lugar. –Disse ele intrigado.

–Desculpa, estamos ocupados precisamos ir. –Disse Sunny cortando o assunto enquanto puxava a amiga.

–Tudo bem, eu sou o Maeda, prometo que vou lembrar de onde vi vocês e daí eu te falo.

Elas subiram as escadas depressa, o mais rápido que puderam para um lugar onde não havia ninguém.

–Meu deus Saya, essa foi por pouco. Como você está?

Saya estava em choque e realmente assustada, não conseguia falar nada.

–Saya? Saya!!

Sunny levou a amiga para beber água e depois de recuperada a primeira coisa que ela falou foi:

–Aquilo foi assustador.

–Eu sei, eu sei. –Disse Sunny enquanto passava a mão na cabeça da amiga.

–Vamos continuar. –Disse Saya determinada.

–Sim.

O quarto foi mais fácil de achar, na plaquinha do lado da porta estava escrito: “Neo Lancaster e Len Fullmoon”, parecia igual a todos os outros. Saya sentiu um certo frio na barriga antes de entrar no quarto por várias razões, iria entrar no quarto do Neo. Sempre havia observado ele de longe e agora iria entrar em um lugar que era bem íntimo, como podia?

–Estou entrando. –Disse Sunny enquanto abria a maçaneta.

–Já? –Pensou ela –Como ela consegue entrar sem sentir nem um pouco de remorso.

Estava tudo escuro e elas não conseguiam ver nada. Saya não se aguentou de esperar e procurou logo um interruptor que acendeu a luz, com isso elas conseguiram ver o quarto todo arrumado, o que era estranho, estava tão arrumado que era impossível dizer que alguém esteve ali.

–Que surpresa. –Disse Sunny.

–O que?

–Está tudo arrumado. Garotos não eram para ser desorganizados? O que está acontecendo aqui?

–Eram? –Perguntou Saya confusa enquanto fechava a porta.

Sunny foi entrando no quarto para verificar como estava e ver se achava alguma coisa.

–Bom, está na hora de procurar. –Disse ela para a Saya. –Vamos nos separar e ver se achamos algo, eu vou ver o banheiro. Você dá uma olhada nas camas.

Saya começou a olhar os beliches e por alguma razão sabia que Neo dormia na parte de cima, tinha cara de quem gostava de dormir em lugares altos, começou a imaginar que o garoto que ela amava deitava todos os dias ali, o que será que ele pensava antes de dormir?

–“Cof cof”. Achou alguma coisa? –Perguntou Sunny vendo que a amiga estava viajando.

–Eu dei uma olhada, só que não vi nada. –Respondeu ela.

–Olha Saya, eu sei que você está preocupada, só que você tem que acreditar que ele está bem.

–Será? –Perguntou ela com um tom de tristeza. –Eu não consigo tirar a imagem dele deitado no hospital. Quando soube que havia desmaiado, eu fui na hora visita-lo. Ainda tive sorte pelo o médico ser o pai do Kensuke que estava cuidando dele por isso me deixou vê-lo.

–Sei que tudo isso é difícil, só que você tem que confiar nele assim como eu confio no Len, se os dois estão juntos duvido muito que estejam em apuros. Len não deixaria ele fazer nenhuma loucura.

–É verdade.... Você tem razão Sunny. –Respondeu Saya mais calma.

–Vamos nos concentrar naquilo que nós podemos fazer por enquanto que é procurar por pistas.

Então, elas reviraram o quarto de cima a baixo, procuraram nas mesas, no banheiro, no chuveiro, na escrivaninha, nas poltronas, na janela e em qualquer lugar que achavam que iriam encontrar algo. Estavam procurando por algo que pudesse dizer sobre onde eles teriam ido. Qualquer coisa servia, só que infelizmente não acharam nada.

–Não é possível que meninos sejam tão organizados desse jeito. Não deixaram nada para trás? –Perguntou Sunny indignada

Parecia que não havia nada para achar, tudo estava no lugar e bem arrumado, Sunny já havia desistido foi quando por sorte Saya viu a ponta de um papel debaixo do tapete, ficou feliz por finalmente ter achado algo, só não sabia que aquele papel seria a resposta para algumas das perguntas que elas tinham.



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